João Pessoa é uma das capitais onde as eleições estão
emboladas. Acompanhamos atentamente tudo o que ocorre no cenário político daquela
cidade, através das redes sociais e contatos diretos com alguns amigos,
jornalistas, políticos e blogueiros. O cenário da disputa da capital muda
constantemente, não raro, pregando algumas peças. Ora o candidato do PSDB,
senador Cícero Lucena aparece bem posicionado, liderando as pesquisas, ora é o
candidato do PT, Luciano Cartaxo, ora afirmam que uma velha raposa da política
local, o ex-governador José Maranhão esboçou uma reação. Maranhão é um ator
político conhecido do eleitorado de João Pessoa, o que não surpreenderia.
Sempre manteve um bom percentual de votos na capital, o que se constitui um
trunfo. Conforme já comentamos antes, quem não aparece bem – às vezes nem aparece,
não é IBOPE? – é a candidata do governador, Estelizabel Bezerra ou,
simplesmente, Estela Bezerra, por recomendação dos marqueteiros que cuidam de
sua campanha. Certamente será uma das eleições mais disputadas entre as
capitais do país. Hoje o governador Ricardo Coutinho acusou o atual prefeito,
Luciano Agra, de estar apoiando o nome de Luciano Cartaxo, do PT. Ele aparece
numa reunião entre servidores municipais e o candidato petista. Quem acompanha
o Blog do Jolugue já conhece muito bem essa história. Agra, apesar de sua
densidade eleitoral, foi preterido nas prévias do PSB e abandonou a legenda.
Manteve a diplomacia até hoje. É um gentleman. Estelizabel foi um nome tirado
do colete, não sabe por qual das quantas, levando o editor do Blog do Jolugue a
afirmar que ela enfrentaria dificuldades na disputa. Mais um acerto em nossa
contabilidade positiva. Luciano Agra não tem nenhuma
obrigação com o PSB. Está na dele e tem o direito de manifestar suas
preferências que, certamente, não recariam, por razões óbvias, sobr o nome de Estela. Esse
arranjo político com o PT até nos surpreende, uma vez que o PT em João Pessoa, como
de resto, é bastante dividido. Julgou-se que o PT apoiaria Estela, por um
indicativo decidido pela Direção Nacional da Legenda, consoante acordos
firmados em São Paulo, entre Lula e Eduardo Campos. Ali a agremiação deu uma
prova de maturidade e independência, decidindo, em convenção, o lançamento de
um candidato próprio. Na reta final da campanha, parece-nos que o gorvernador
Ricardo Coutinho está vendo chifre em cabeça de cavalo. A verdade é que Estela
não está se entendendo muito bem com o eleitorado da capital. Afinal, conforme
afirmamos desde o início, eleição não é concurso de bumbum, onde a gente dá
nota 10 sem ver a cara nem as propsotas. Os candidatos devem ser escolhidos
mediante a análise fria de uma série de variáveis.
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Garanhuns: Silvino Duarte renuncia em favor de Izaías Régis

Depois de cometer algumas “lambanças” em relação ao pleito de
Garanhuns, o PSB começou a acertar o passo na terrinha da garoa, apoiando o
candidato do PTB, deputado estadual Izaías Régis. O lançamento da candidatura
de Antonio João Dourado, prefeito de Lajedo, decidida ao apagar das luzes dos
prazos estipulados pela Justiça Eleitoral pelos estrategistas do Campo das
Princesas, mostrou-se um equívoco desde o início. João Dourado passou a ter uma rejeição
estupenda, tornando-se inviável sua permanência no pleito. Diante das
circunstâncias, o governador Eduardo Campos selou a paz com o PTB do senador
Armando Monteiro e fechou com a candidatura de Izaías Régis. O pleito não está
definido, não temos o dom da premonição, mas somente um grande tsunami tira a
vitória de Izaías Régis naquela terrinha de friozinho gostoso. Agora nos vem a
notícia de que o candidato do PSDB, Silvino Duarte, renunciou à sua candidatura
para apoiar o deputado Izaías Régis. A avaliação da atual gestão da cidade não
é das melhores e Izaías Régis, num estilo bem palaciano, vem prometendo
implantar uma gestão bastante inovadora na cidade, aplicando-lhes um “choque de
gestão”.
Geraldo Júlio: Ele pode liquidar a fatura no primeiro turno.
A nova pesquisa realizada pelo Instituto Opinião e divulgada
pelo Blog do Magno Martins caiu como pétulas de rosas no Palácio do Campo das
Princesas. Pelos números apresentados pelo Instituto, que fez uma análise estatística dos números, Geraldo Júlio já reuniria
as condições de liquidar a fatura ainda no primeiro turno. Em política tudo é
possível e há de se considerar, inclusive, a ascendência do candidato do PSDB,
Daniel Coelho, fato também confirmado nessa última rodada de pesquisa do
Instituto. Em todo caso, tudo parece caminhar dentro das expectativas dos
coordenadores de campanha do socialista. Diante do quadro desfavorável
enfrentado pelo PT nessas eleições, Lula, que não é nada bobo, tratou logo de
selar a paz com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Num eventual
segundo turno, onde o PT não estiver em litígio com o PSB, a recomendação é a
de que a agremiação apóie o candidato dos socialistas, de acordo com costuras entre
os grãos-mestre das duas legendas. Aqui, se houver um segundo turno sem a presença de Humberto, é quase certo que o partido desarme-se. A possibilidade de um apoio ao PSDB, embora exista, é muito remota.
Fernando Haddad: O quadro eleitoral ainda é complicado em São Paulo
Ao fazermos um comentário no, dia de ontem, sobre as eleições
paulistas, informávamos sobre o clima de otimismo do PT diante de uma possível
reação nas pesquisas do candidato Fernando Haddad. Como política é (prefiro
são) como as nuvens, como aconselhava uma velha raposa da política mineira, logo esse otimismo foi convertido em apreensão pelo staff de campanha do ex-ministro da
Educação do Governo Lula. O Instituto Datafolha veio à boca do palco para
informar que não há o que comemorar. Apesar do impulso do último final de
semana, Haddad perdeu alguns pontinhos e aparece com 15% das intenções de voto,
enquanto seu principal oponente, José Serra, pontua em torno de 21%,
mantendo-se com certa estabilidade. Na realidade, no cenário de hoje, o que
Haddad disputa é quem vai para o segundo turno com Celso Russomanno. Na
verdade, numa análise objetiva dos números, sem a emoção dos petistas, não havia mesmo o que
comemorar. O levantamento do Vox Populi, a pedido do PT, indicou uma ligeira
vantagem de Haddad sobre Serra, não superior a um ponto percentual, ou seja,
Haddad aparecia com 18% enquanto Serra pontuava com 17% das intenções de voto.
Se consideramos a margem de erro, algo em torno de 3%, Haddad poderia,
inclusive, como sugere o resultado do Datafolha, ainda não ter superado Serra.
Na praça paulista o PT trava sua batalha campal, conforme já informamos.
Pretende-se ali, salvar a jóia da coroa do partido. Desbancar o PSDB do seu
ninho mais emplumado, já faz algum tempo, tornou-se uma idéia fixa para Lula.
As circunstâncias da “fadiga de material” estão ajudando o PT nessa empreitada.
O que eles não contavam (ops) era com o elemento novo no imaginário coletivo do
eleitor paulista, hoje muito mais identificado com Celso Russomanno. Como
afirmou o jornalista Josias de Sousa, no seu blog do portal Portal UOl, um ex-azarão, posto que
favorito para vencer o pleito paulista, no momento, apesar dos problemas já apontados pelo
editor do Blog do Jolugue. Um outro fato que pode ser identificado com a
pesquisa do Instituto Datafolha, é preciso entender, entretanto, que ela
possivelmente foi realizada antes do “impulso” do Centro de Tradições, é que é
dúbio concluir que a entrada de Marta Suplicy na campanha opere o milagre da
reversão do quadro. Conforme já afirmamos, o Planalto fez uma aposta demasiada
na capacidade de transferência de votos da senadora.
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Le Monde Diplomatique: Os mistérios do Partido Comunista Chinês
“Depois do 18º Congresso”... Qualquer solicitação de encontro com os dirigentes do Partido Comunista Chinês (PCC) suscita essa resposta. Mesmo os mais eloquentes escolhem a discrição, enquanto esperam o oráculo do congresso, em outubro. O que acontece no lado oeste da Cidade Proibida, atrás dos muros vermelhos?
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por Martine Bulard
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(Estudantes formam a bandeira do Partido Comunista Chinês durante a celebração de seu 90° aniversário)
No bairro de Weigongcun, na ampla calçada que liga Renmin Daxue – a Universidade do Povo, uma das mais velhas de Pequim – à estação de metrô com o mesmo nome, a municipalidade instalou um terminal eletrônico, com tela tátil e sistema interativo, que permite se localizar na cidade. Ao lado desse terminal, telas vermelhas onde desfilam textos do Partido Comunista Chinês (PCC), foice e martelo bem visíveis, com fotos de trabalhadores merecedores e de dirigentes-modelo. A última palavra em tecnologia para se localizar na política comunista? Parece pouco provável que os grupos de estudantes, frequentemente ligados nas novidades da moda – neste mês de junho, short sexy ou minissaia para as meninas, camisa ajustada ou camiseta com inscrições em inglês para os meninos –, captem a mensagem. Assim vai a China, onde a modernidade mais recente convive com os métodos mais arcaicos.
O 18º Congresso do PCC, que será realizado “no segundo semestre de 2012”, segundo o comunicado oficial, reflete esse paradoxo. O partido único que dirige a China desde 1949 imaginou um sistema de renovação das direções centrais. Os mais altos responsáveis pela organização e o Estado (o secretário-geral, que também é presidente da República, o primeiro-ministro e o presidente da Assembleia Nacional Popular) devem se contentar com dois mandatos e não podem governar mais de dez anos. A idade-limite para os membros das instâncias nacionais (comitê central, escritório político, comitê permanente) foi fixada em 68 anos.
O ano de 2012 vai, então, ver uma das maiores mudanças de dirigentes jamais operada num país que se diz comunista. Dos nove membros do Comitê Permanente do Escritório Político (CPEP),1 o coração do povo chinês, sete serão substituídos; 60% a 65% dos titulares das cadeiras do Comitê Central deverão também ceder seu lugar. Sob quais critérios serão designados os promovidos? Boca de siri. Lembrando o clima do tempo da Cidade Proibida, a sucessão no seio do PCC se prepara no maior segredo, empregando obscuros jogos de poder, intrigas maquiavélicas, alianças e golpes baixos.
A mais de 2 mil quilômetros dali, em Cantão, Yuehui (vamos chamá-la assim para evitar que ela tenha problemas), short jeans, corpete de seda, cabelos longos e maquiagem bem estudada, parece com todos os jovens vindos de classes médias, tranquilos na vida, confortáveis nas discussões. Mesmo que seus amigos se recusem a falar de política, Yuehui hesita, mas depois se solta com boa vontade.
Mãe professora, pai funcionário público, ela termina seu mestrado em Direito na prestigiosa Universidade Sun Yat-sen, onde a encontramos. Como seus pais, ela é comunista. “O partido constitui uma espécie de fraternidade, uma rede para ser bem-sucedido”, explica logo de início. “Um pouco como uma associação profissional.” Digamos que isso representa uma garantia que vai ajudá-la a encontrar um bom emprego, com promoção assegurada. Depois de uma pausa, ela precisa, enrubescendo: “Eu sonhava me tornar comunista desde a adolescência”. Como a maioria dos jovens chineses, ela era membro da organização da juventude. “Quando fui escolhida pela direção do partido porque era uma excelente aluna, fiquei muito feliz. Foi como uma recompensa. Uma festa.”
Cinco anos depois, o entusiasmo desapareceu. “Se tivesse de fazer tudo de novo, eu não faria. Isso me criou muitas obrigações. Tenho de ir a inúmeras reuniões, o que toma tempo.” As organizações de base, normalmente em repouso, foram muito solicitadas nesses últimos meses por causa da deflagração engendrada pela destituição de um dirigente conhecido, Bo Xilai, o que trouxe luz às divisões no seio do PCC. “Mas principalmente”, continua Yuehui, “eu tenho de seguir as respostas dadas pelo partido. Não sou livre para dizer o que penso. Isso me pesa, pois tenho uma grande independência de espírito.”
Claro, formalmente ninguém proíbe que ela se afaste do discurso oficial. Mas ela seria então obrigada a se explicar e enfrentar os “camaradas” encarregados de convencê-la e de trazê-la de volta para o bom caminho.
Devolver a carteirinha e virar a página? Impossível. Isso revelaria um tipo de renegação política. Talvez ela pudesse se distanciar se abandonasse seu bairro: bastaria não dar mais sinal de vida. Mas, se ela se tornar funcionária pública ou trabalhar numa empresa estatal, não escapará das diretivas. Como explica um veterano que lamenta a situação: “Não somos obrigados a acreditar: vamos às reuniões, fechamos o olho e continuamos...”.
De fato, é mais difícil sair do partido do que entrar. Em geral, é o secretário (da escola, do bairro, da empresa, da cidade) quem seleciona os que ele estima dignos de unir-se. Se, por acaso, perde-se a etapa do colégio ou da faculdade e se considera útil para a carreira poder empunhar a foice e o martelo, pode-se preencher uma solicitação de adesão, com a condição de ser apadrinhado e aceitar diversas investigações sobre sua atividade profissional assim como sua vida pessoal.
Acesso precioso
No total, entre 2007 e 2012, mais de 10 milhões de pessoas juntaram-se ao PCC. Essa estrutura conta oficialmente com 80,6 milhões de membros – quase o equivalente à população alemã. Um quarto deles tem menos de 35 anos, e a metade, entre 36 e 60, segundo as estatísticas oficiais. Paradoxo: enquanto os dirigentes comunistas (locais, sobretudo) nunca foram tão abertamente criticados pela população, nunca houve tantos candidatos à adesão. É porque a carteirinha representa um acesso precioso para os jovens (pelo menos para os que não são ricos) e uma garantia de tranquilidade para o partido, que espera assim melhor controlar a sociedade.
Os filhos e filhas de comunistas têm vaga garantida, assim como os intelectuais e os jovens diplomados, antes chamados “pequenos burgueses”, enquanto hoje se estende para eles o tapete vermelho. Trata-se de construir o “partido da excelência”, segundo expressão muitas vezes ouvida. Partido e Estado sendo uma coisa só, o país precisa de pessoal formado. A constituição da elite privilegia o recrutamento nas universidades chinesas ou estrangeiras – um percurso cada vez mais realizado. Mas isso não dispensa as escolas do partido.
Quando se ocupam cargos importantes, na província ou na escola central, a passagem pelos bancos dessa instituição política suprema é obrigatória. Os novos mandarins vão se iniciar nos refinamentos do marxismo à chinesa e nas sutilezas da política do momento, ao mesmo tempo que adquirem competências de alto nível em matéria de administração pública. Nos mesmos locais coexistem às vezes, como em Xangai, a escola vermelha nascida com a Revolução e a escola administrativa nascida com as reformas dos anos 1980, equivalente à Escola Nacional de Administração (ENA) francesa.2 Os professores chineses e estrangeiros mais reputados são convidados a dar aula ali; a escola de Cantão se vangloria de ter feito vir os maiores economistas norte-americanos. As demonstrações em PowerPoint que seduzem todo tecnocrata que se preze são abundantes. O acesso à internet é livre. Nenhum livro estrangeiro, nem mesmo o mais crítico, é proibido. Enfim, quando se trata de formar sua elite dirigente, o partido aposta alto.
Apesar de nossas solicitações, não foi possível ultrapassar as portas da escola central de Pequim, dirigida por Xi Jinping, o futuro número um do país. Mas dois jornalistas do China Daily, Chen Xia e Yuan Fang,3 mergulharam nesse universo particular onde está reunida a cúpula comunista, vinda de prefeituras, províncias e de Pequim. Na primeira semana, os alunos, apartados do mundo – “até mesmo os secretários e os motoristas devem esperar do lado de fora da escola”, observam os autores –, passam por “testes para avaliar seu nível de conhecimento teórico – incluindo as bases do marxismo”. Depois eles são divididos em grupos que assistirão a cursos sobre assuntos diversos: história do partido, religiões, questões das minorias, luta contra a corrupção, prevenção do HIV/aids... Todos se encontram para discussões nas quais cada um é convidado a dar sua opinião na maior liberdade. Mas a hierarquia permanece: os alunos de baixo escalão (prefeitura) não estudam, nem comem, nem dormem com os que já exercem funções na província ou na capital.
Na escola, escrevem Chen e Yuan, existe uma classe especial, composta de executivos com idade entre 45 e 50 anos que formarão a “futura coluna vertebral do governo” e que, em geral, assistem aos cursos durante um ano. Se os três primeiros meses são consagrados à leitura dos clássicos, como O capital, de Karl Marx, ou o Anti-Dühring, de Friedrich Engels, os pensionistas recebem uma formação aprofundada sobre todas as questões governamentais: sistema legislativo, elaboração de orçamento, controle das finanças, política estrangeira, administração, direção e gestão de pessoal, mas também erradicação da corrupção, métodos de administração de conflitos... Vemos assim uma profissionalização muito avançada dos dirigentes.
Prêmio à docilidade
A escola também serve de corredor de seleção. O muito poderoso departamento da organização central, que tem o controle dos negócios do partido, das nominações aos cargos do governo, das mídias (com o departamento de propaganda), das universidades e das empresas estatais, “envia frequentemente emissários que assistem aos cursos e participam das discussões”, precisam os dois jornalistas, “a fim de identificar os melhores estudantes da turma para uma futura promoção. Um professor nos revelou que, um dia, um estudante que tinha sido suspenso por mau comportamento em sala de aula [...] viu sua carreira política chegar ao fim”. Equivale a dizer que os aspirantes a altas responsabilidades devem pensar duas vezes antes de esboçar uma opinião crítica.
“Isso não mudou; ainda se premia a docilidade”, suspira coberto pelo anonimato um executivo do PCC em atividade que aceitou nos encontrar, há alguns meses, em Pequim. Ele lembra que oficialmente os critérios para avançar na carreira são definidos: não menos que setenta itens,4 entre os quais o nível de estudos, o tempo de casa e, quando se exerce uma função de responsabilidade, os resultados obtidos, por exemplo, em matéria de investimentos ou qualidade do ar. Sem esquecer a famosa “estabilidade”: qualquer problema à ordem pública que tenha um eco nacional provoca notas baixas e freia a carreira. Na ausência de transparência, o arbitrário domina... e a reprodução de uma elite formatada se perpetua.
“Depois da abertura e até o meio dos anos 1990, uma pessoa que estava abaixo na escala podia crescer se tivesse um trabalho. Hoje, não é mais possível”, garante Yang Jisheng, economista e ex-diretor da agência de imprensa Xinhua (Nova China) para questões internas. Num grande café um pouco envelhecido, para além da quarta avenida periférica ao sul de Pequim, ele nos conta a aventura do livro Análise das classes sociais na China,5 publicado em Hong Kong (e, portanto, difundido debaixo do pano), depois no continente, onde foi proibido duas vezes antes da edição atualizada de 2011. O autor, ainda comunista, nunca se preocupou, mesmo que tenha posto o dedo na ferida de uma das falhas do sistema: a constituição de uma classe de herdeiros.
Segundo ele, “não há mais mobilidade social. Essencialmente, as vagas são reservadas para os filhos dos altos funcionários, que são mais bem-educados. Para a geração que nasceu após as reformas, pode-se dizer que há uma reprodução das camadas sociais: os filhos dos altos funcionários do partido e/ou da função pública vão se tornar altos funcionários; os filhos dos ricos vão se tornar ricos; os filhos dos pobres vão continuar pobres”. O que poderia parecer banal no Ocidente é com frequência vivido como algo insuportável num país que se reclama do “poder do povo” e do “socialismo”, ainda que no estilo chinês.
De fato, os “filhos de príncipes” – os filhos dos dirigentes históricos do partido (taizi dang) – ocupam cargos no seio do aparelho (um quarto dos membros atuais do escritório político), mas estão principalmente na chefia de grandes grupos públicos ou semipúblicos. Diz-se que estão em competição com os dirigentes vindos de famílias mais modestas, que fizeram carreira na organização da juventude, os tuanpai, representados pelo atual presidente Hu Jintao e seu primeiro-ministro, Wen Jiabao. O futuro presidente, Xi, filho do antigo braço direito de Zhou Enlai, pertence à primeira categoria, enquanto Li Keqiang, pretendente ao posto de primeiro-ministro, faz parte da segunda.6
Uma luta de classes no seio do PCC? Se existem correntes de pensamento – não oficialmente reconhecidas –, as diferenças não parecem mais sobrepor às origens dos chefes de cada fila. Antes de ser expulso da cena pública, Bo, então patrão da cidade-província de Chongqing (32,6 milhões de habitantes) e filho de um dos dirigentes históricos da Revolução, era o pregador dos direitos sociais para os operários-camponeses (mingong)e o inimigo declarado dos promotores, mas também o campeão de processos expeditivos, que pouco se importavam com os direitos humanos. A 1,5 mil quilômetros dali, o chefe do Guangdong, onde se introduziram as grandes empresas exportadoras, Wang Yang, que não nasceu com a foice e o martelo debaixo do braço, se tornou o apóstolo do liberalismo econômico ao pregar a abertura política e as liberdades públicas. Vemos assim como é perigoso analisar a sociedade chinesa com as referências políticas do Ocidente: reformador ou conservador, direita ou esquerda – ainda que alguns, entre os quais encontramos tanto nostálgicos de Mao Zedong quanto intelectuais defensores dos direitos sociais, gostem de se qualificar como “nova esquerda”.
As diferenças podem até ser resolvidas pela violência (simbólica), como no caso Bo. Tendo adquirido uma reputação de destruidor da corrupção, o secretário comunista de Chongqing, acusado de corrupção e nostalgia maoísta, foi pura e simplesmente destituído por Pequim. “O risco de um retorno da Revolução Cultural existe”, insistiu o primeiro-ministro Wen.
Fim da nostalgia
Essa versão oficial é frequentemente questionada nas discussões privadas. Desde que o partido estabeleceu o ato de acusação – e não uma justiça independente –, fica difícil desembaraçar a verdade da mentira. No entanto, a corrupção está tão profundamente entranhada na China que não é inimaginável que o dirigente de Chongqing pudesse substituir um clã por outro para seu próprio lucro. Mesmo assim, é incontestável que ele recolocou em voga os “cantos vermelhos”. Mas daí a concluir que ele queria retornar aos piores momentos do maoísmoe dos guardas vermelhos seria um passo grande demais. “Isso não faz o menor sentido”, afirma Yan Lieshan, um dos redatores-chefes do jornal de Cantão Nanfang Zhoumo. Esse sexagenário aposentado, mas ainda ativo, que nos recebe no espaço de um grupo de imprensa conhecido por suas investigações minuciosas, afirma: “Alguns comportamentos podem lembrar a época da Revolução Cultural. Mas, desde então, a população aprendeu; ela está mais educada, com o espírito mais aberto. Não pode haver um passo atrás”.
Historiador da arquitetura da Universidade Sun Yat-sen e especialista nas representações ligadas à Revolução Cultural, o professor Feng Yuan, nascido na época da loucura maoísta, em 1964, não tem claramente o hábito das meias palavras: “Pode haver nostálgicos entre os mais antigos. Mas é algo marginal. Por outro lado, para os jovens, as referências a Mao refletem duas realidades: o descontentamento que não encontra um caminho para se expressar nem se resolver, com a impressão de que ontem a sociedade era mais igualitária e menos rude; e a insuficiência do olhar crítico sobre esse período”. O julgamento oficial sobre Mao Zedong e seu reino se resume sempre à fórmula lapidar: 70% bom, 30% ruim, e os estudos críticos têm dificuldade para se espremer num caminho. Feng sabe bem disso, pois acabam de proibir um de seus artigos sobre esse período numa obra que recupera seus cursos. E entende-se que ele reclama um trabalho histórico integrado, preservado de qualquer instrumentalização – mesmo que seja pela boa causa...
O escândalo Bo não teria, certamente, tomado a proporção que tomou se os debates fossem livres e as correntes reconhecidas, como, inclusive, tinha sido prometido pelo presidente Hu no começo de seu segundo mandato. O compromisso foi esquecido, mas o enfrentamento ideológico no seio do aparelho não é menos explosivo. Ele repousa essencialmente no papel do Estado (e do partido), assim como no conteúdo das reformas sociais e políticas.
E o socialismo de mercado à chinesa nisso tudo? “É uma aplicação criativa do marxismo em via de desenvolvimento”, pode-se ler na brochura oficial O que você sabe sobre o Partido Comunista Chinês?.Claro, nenhum comunista retoma para si esse pensamento fossilizado. Mas o problema continua lá. Especialista em relações sociais na empresa, o professor He, que navega entre Cantão e Nova York, reconhece que “entre o capitalismo norte-americano e o chinês não há realmente diferença”; mas na China, diz ele “tentamos melhorar a vida dos operários e dos camponeses – é congênito”. Isso não é flagrante e, de qualquer forma, é um pouco curto para definir o socialismo. Sem dúvida, isso explica a valorização de uma ideologia de substituição: o confucionismo.
Liu Jinxiang, ex-prefeito-adjunto de Cantão encarregado das finanças, concorda. “Se por socialismo entendemos mais igualdade, então a Suécia é mais socialista que a China. Aqui, muitos aspectos da velha sociedade perduram. As pessoas não sabem mais muito bem para onde ir. Não temos mais critérios. Não temos mais modelo. Como qualificar nosso sistema? Economia de mercado, socialismo, capitalismo de Estado... nenhum desses conceitos permite realmente defini-lo. É por isso que reina tamanha confusão sobre a direção a seguir. Devemos dar início a um grande trabalho teórico. Podemos considerar que estamos na fase do capitalismo de Estado como um meio para construir uma sociedade socialista, onde cada indivíduo teria mais espaço.” O objetivo é louvável, mas não vemos mais nos trabalhos preparatórios do congresso do PCC o menor esboço de uma mudança de planos.
Martine Bulard é redatora-chefe adjunta de Le Monde Diplomatique (França).
Ilustração: China Daily / Reuters
1 Depois do congresso, o CPEP pode contar não mais com nove, mas com onze membros.
2 Ler Emilie Tran, “École du parti et formation des élites dirigeantes en Chine” [Escola do partido e formação das elites dirigentes na China], Cahiers Internationaux de Sociologie, n.122, Paris, 2007.
3 Chen Xia e Yuan Fang, “Inside the Central Party school” [Por dentro da escola do Partido Central], China Daily, Pequim, 5 maio 2011. Disponível em: www.china.org.cn.
4 Cf. Richard McGregor, The party [O partido], HarperCollins, Nova York, 2010.
5 Somente em chinês.
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31 de Agosto de 2012
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Palavras chave: China, Partido, PCC, Partido Comunista Chinês, congresso, assembléia, deliberativo, reunião, politíca, Pequim, Cidade Proibida, dirigentes, Ásia
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Haddad supera Serra na disputa pelas eleições paulistas
Haddad, finalmente, de acordo com pesquisas internas
encomendadas ao Instituto Vox Populi, ultrapassou José Serra na corrida pela
prefeitura de São Paulo. Pelo Vox, o candidato petista aparece com 18%,
enquanto José Serra mantém estáveis 17%. Não há muito o que comemorar. O PT
torcia por uma subida mais acentuada de Haddad, sobretudo depois dos últimos
impulsos motivados pela adesão de Marta Suplicy à sua campanha. Conforme
afirmamos, é bastante temerável acreditar que piamente na capacidade de
transferência de votos da senadora. Celso Russomanno segue firme na dianteira e
nem toma conhecimento dos adversários. Neste contexto, a luta fratricida
deve-se dar mesmo sobre o seu oponente no segundo turno, se Serra ou Haddad. Em
certos aspectos, ao propor um grupo de “menudos” para disputar eleições na
capital paulista e em torno do seu cinturão, Lula acertou, pois parecia antever
a “fadiga de material”, algo preocupando muita gente nessa campanha, inclusive
próceres petistas. Ele só não poderia prever que o “novo”, nas eleições
paulistas, pode estar sendo mais identificado com o candidato Celso Russomanno.
terça-feira, 18 de setembro de 2012
PMDB vai bem em Petrolina e começa a esboçar uma reação em Olinda.
Petrolina é uma cidade importante onde o PMDB disputa com
reais chances de êxito. O atual prefeito, Júlio Lóssio, disputa a reeleição ancorado
numa administração bem avaliada pela população, com alguns programas muito
bem-sucedidos, inclusive em áreas estratégicas, como educação. O PSB aposta todas as fichas numa possível
reação do filho do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Filho. Uma
derrota ali representa mais uma refrega para o Campo das Princesas e, muito em
particular, para o ministro Fernando Bezerra. Isso não seria o fim do mundo.
Afinal, como o PSB está se tornando um partido catch all, dependendo de algumas
variáveis, não seria surpresa se Eduardo, num futuro, viesse a compor com o
Júlio Lóssio. Afinal, em Pernambuco, o principal nome da agremiação, Jarbas Vasconcelos, já saboreia bolo de rolo com o governador nas sombras do baobá do Campo das Princesas. Coisas menos prováveis já ocorreram na política pernambucana. Outra
cidade importante onde o PMDB esboça uma reação é em Olinda, com Izabel
Urquiza. Quando resolveu desmontar o palanque em Recife, Raul Henry colocou à
disposição da companheira de agremiação alguns nomes do seus staff político,
entre os quais, o professor Pierre Lucena, que cuida dos programas televisivos
da candidata. Em razão da “fadiga” de Renildo Calheiro, as últimas pesquisas
indicam uma subida acentuada da candidata do PMDB. A aliança montada por
Renildo é bastante ampla e conta com o apoio de alguns caciques da política
pernambucana, mas sua administração não é muito bem avaliada pela população do
município. Izabel, uma funcionária da Caixa Econômica, é verde em disputas, mas pode surpreender.
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
Veja: Matéria sobre as confissões de Marcos Valério é frágil.
A matéria da revista Veja
desta semana está rendendo panos para as mangas. Muita tinta já foi gasta sobre
o assunto, repercutiu bastante nas redes sociais e os partidos de oposição já
se movimentam no sentido de propor uma representação contra o ex-presidente da
República. Na realidade, Marcos Valério não concedeu nenhuma entrevista à
revista, que fez uma compilação de possíveis confissões do operador do Mensalão
a amigos e parentes. Como preservo muito a liberdade de opinião, publicações
como a Veja ocupam o mesmo espaço em
nosso blog que semanários de corte mais progressista. Não há nada de novo na
matéria, entretanto. Durante algumas semanas, por ocasião da eclosão da crise do Mensalão,
uma das maiores preocupações da revista foi a de envolver o ex-presidente no esquema.
Algumas de suas capas já afirmaram o que, supostamente como fato inédito, ela
traz nesta edição, ou seja, a de que Lula sabia do esquema. A matéria é frágil
e “requentada”. Nestas condições, portanto, exige-se cautela, conforme sugerem
alguns próceres mais ponderados da oposição como o senador Aécio Neves e
Roberto Freire. Apesar de calejada em jornalismo, a revista comete alguns
equívocos sim. Um dos mais recentes foi o “atropelo” jurídico ao investigar a
atuação, em Brasília, do ex-ministro José Dirceu, onde a publicação teria
extrapolado o seu papel. Canja de galinha, galera!
A fadiga do poder e o julgamento do mensalão estão prejudicando o PT nessas eleições.
Além da fadiga do exercício do poder, o julgamento do
Mensalão, certamente, está trazendo alguns prejuízos para o PT nessas eleições
municipais. Hoje o partido aposta todas as fichas nas eleições paulistas, com o
objetivo de eleger o ex-ministro, Fernando Haddad, prefeito da capital. Entregaram
mais um ministério ao PT paulista, trazendo Marta de volta à campanha, numa
avaliação equivocada sobre a sua capacidade de transferir votos para o
candidato. As eleições paulistas, no entendimento de grãos-petistas, pode salvar a jóia da coroa, ou, no mínimo, atenuar o vexame. para completar o enredo, uma possível condenação de José Dirceu sairá antes das eleições. O quadro ainda não está definido e Haddad esboça uma reação, apesar
da folgada dianteira do candidato do minúsculo PRB, segundo dizem, com o apoio
da Igreja Universal. O candidato nega, mas o principal executivo da Record já
esteve no Planalto pedindo a Dilma que não se envolvesse no confronto. Dilma,
naturalmente, retrucou e ontem esteve no mega comício pró-Haddad, em São Paulo.
O que pode reverter o quadro, na realidade, como já afirmamos, são as
ponderações e a maturidade do eleitorado paulista que, acreditamos, não colocaria
no Edifício Matarazzo alguém com o perfil do deputado Celso Russomanno. Apesar
do desgaste do PT, o ex-ministro da Educação é um homem limpo, que honra sua
vida pública. I hope so, galera!!!
domingo, 16 de setembro de 2012
Eduardo e Lula juntos: de olho nas aleições de 2014.
Com muita antecedência, escrevemos um artigo que antecipava
as dificuldades que o PT enfrentaria nas eleições municipais do Recife em 2012.
Nem sempre acertamos, mas o saldo é
positivo em nosso favor. O artigo causou enorme polêmica, com algumas nuances
que preferimos não comentar. Em nossas postagens já antecipamos que o PT não
vira o jogo em praças estratégicas para o partido, como Recife, Salvador,
Fortaleza e Belo Horizonte. Em Salvador teremos a volta do neto do “demônio”
Toinho Malvadeza, cacique daquelas terras por longas datas. Em Fortaleza, quem
teve a oportunidade de ler o Blog do Jolugue hoje, pode verificar a “imagem” do
candidato petista junto aos eleitores, numa pesquisa realizada pelo portal O
Povo, conveniado com o Datafolha. Em Belo Horizonte, Márcio Lacerda dispara nas
pesquisas e nem toma conhecimento do candidato Patrus Ananias. Alí, inclusive,
o Planalto fez um péssimo negócio, ao firmar uma parceria com o PMDB, onde
teria ficado acertado a entrega do Ministério dos Transportes ao partido. No Recife,
então, as coisas apenas se complicam para o PT. Durante debate na Rádio Jornal,
ontem, o senador Humberto Costa tentou jogar no colo de Geraldo Júlio a herança
maldita do PT no Recife, associando o partido à gestão de João da Costa, numa
manobra equivocada sob todos os aspectos. É claro que o partido participou da gestão, mas em nenhuma hipótese, pode-se creditar oa partido os equívocos cometidos. Ao contrário, Geraldo poderia até argumentar nesse sentido, quando o vice Milton Coelho substituiu João da Costa, conseguiu imprimir um rítimo novo à gestão. Como já afirmamos, no Recife, a
cúpula petista jogou a toalha. O convite a Eduardo Campos para o comício de
Fernando Haddad, em São Paulo, é uma sinalização clara de que Lula pegou sua boia,
ciente das dificuldades inevitáveis que enfrentará com o naufrágio da agremiação. Entre
mortos e feridos, salva-se o apoio do PSB ao projeto do casal presidencial
Lula/Dilma, de olho nas eleições majoritárias de 2014.Lula é maior do que o PT.
Estela pretende reurbanizar o Bairro São José respeitando as necessiades dos moradores
A candidata a prefeita de João Pessoa, Estela Bezerra (PSB) afirmou que
entra de peito aberto no Bairro de São José, em caminhada na manhã deste sábado
(15), por conhecer e andar pelo bairro desde os 19 anos, conhecendo as
necessidades e a realidade da região. “Eu sou a única candidata que apresenta no
guia e no programa de governo o compromisso de urbanizar inteiramente o Bairro
de São José, construindo 1048 casas para as pessoas que moram nas áreas que
alagam durante o período de chuva, respeitando as casas e os comércios que
funcionam bem e que não têm problema de infraestrutura”, disse.
Ela também garantiu três pontes de acesso ao bairro de Manaíra e que é
preciso fazer um reforma total no sistema de esgoto. “Não adianta dizer que vem
limpar, que vem desobstruir, o esgotamento sanitário está acima do nível das
casas, ele precisa ser refeito. Não é uma obra rápida, vamos começar o governo
em 2013 e passar no mínimo três anos procurando resolver esse problema”,
afirmou.
A dona de casa Maria José da Silva mora no Bairro de São José há 11 anos e já
perdeu diversas vezes os móveis e eletrodomésticos por causa das enchentes.
“Ninguém veio aqui resolver o problema desse rio, espero até hoje”, disse.
Entretanto, ela acredita que Estela será uma ótima prefeita. “Claro que ela vai
resolver esses problemas, ela é mulher e a sensibilidade dela vai fazer com que
ela resolva esses problemas”, afirmou.
Durante a caminhada, a população recebeu um informativo específico com as
propostas de Estela para o Bairro São José, contendo um texto que ela fala
diretamente para os moradores sobre a verba de mais de R$ 200 milhões,
disponível para a urbanização do bairro. “Meu compromisso é não perder o maior
recurso que João Pessoa conquistou. Meu compromisso é realizar a proposta
aprovada por vocês, uma proposta que traga dignidade e mantenha a comunidade
unida”, garantiu Estela.
As principais propostas da candidata no São José incluem a construção de um
Centro de Referência em Educação Infantil (CREI), uma escola padrão com quadra
poliesportiva, quarenta pontos de comércio, praça, parque linear e ciclovia,
tornando a área atrativa para lazer e atividades do dia a dia.
Fonte: assessoria com www.politicapb.com.br
sábado, 15 de setembro de 2012
Em artigo, Numeriano protesta contra exclusão do debate da Rádio Jornal
Em artigo, Numeriano protesta contra exclusão do debate na Rádio Jornal
Flora Matos/ JC Imagem
O Império do Mal
Na manhã de hoje, dia 15, fomos expulsos do estúdio da Rádio Jornal do Commercio, na metade do debate que a emissora promovia com os candidatos "mais bem colocados" (um eufemismo politicamente hipócrita que as empresas estão usando para, na prática, cercear o direito de opinião e expressão). Estávamos lá, mais uma vez, por força de uma liminar concedida em primeira instância pela Justiça Eleitoral. Estávamos lá mas sabíamos que os donos da voz e da imagem (ou seja, os proprietários da empresa) estavam lutando, na segunda instância do TRE, para cassar a liminar. Conseguiram, é claro, baseados na mesma interpretação estúpida e reacionária de um desembargador que usou o argumento (falseado), alegando que o candidato do PCB, Roberto Numeriano, não poderia participar do debate porque seu partido não tem representação parlamentar em nível federal. Ocorre que essa decisão do mau Direito (e do Direito mal), assim como a do advogado da OAB que cassou a liminar, sub-repticiamente "esquece" que se trata de uma coligação de partidos, na qual esses entes deixam de existir individualmente para constituírem um novo ente que, enquanto durar o pleito, estará sob as regras e leis do pleito de modo absoluto, unificado na forma de frente ou outro nome que o individualize.
Faz tempo que a política está sendo judicializada por gente togada cheia de presunção, reacionária à crítica (sobretudo se esta for de esquerda), mas sempre muito próxima de palácios executivos. Faz tempo que a política está sendo reduzida a um jogo podre, autoritário, sob o domínio de grupos econômicos que, não contentes em submeter a cidadania social e política (por meio do domínio das máquinas públicas), cria nos laboratórios do mal que são esses grupos de marketing político seres estranhos - que aceitam mentiras ditas em seus nomes, que se submetem a imperadores e suas mistificações políticas e ideológicas.
Estou na política desde os 21 anos (não cai de gabinetes refrigerados supostamente competentes). Fiz carreira profissional como jornalista, professor de jornalismo e servidor público. Desde 84, ainda sob a ditadura militar, combati pela democracia, pelo voto direto para a Presidência, contra a censura etc. Mas nunca imaginei que, no Recife (uma terra de tradição libertária com nomes de vulto como Frei Caneca, Tobias Barreto e José Mariano), eu sofreria uma humilhação pública quando debatia, com os demais candidatos. Pois fui, de modo ostensivo, "convidado" a sair do estúdio por um funcionário que parecia estar especialmente incomodado com nossa presença (o dito cujo, que nem recordo o nome, deve possuir metade das ações do Grupo JCPM para tentar nos intimidar daquele jeito). Disse para ele ficar calmo, pois estava ali por força de um direito que me foi concedido, e que, como esse direito foi cassado (por essas venalidades a que se presta o Direito com suas tantas brechas que dão espaço, em geral, para decidir conforme o poder de quem manda), eu iria embora.
Quando saía, me lembrei do governador Miguel Arraes, que, tenho certeza, se ali estivesse como meu adversário, certamente, em solidariedade, sairia dessa "festa pobre que os homens armaram só pra me convencer". E lembrei, a seguir, do imperador de Pernambuco, o governador Eduardo Campos, que, certamente, do alto do seu Império do Mal, esfregou as mãos diante dessa arbitrariedade das "tecnicalidades jurídicas". Afinal, com a voz cerceada e amordaçada, sou menos um para criticar publicamente, sem rabo preso com esquemas ou papas na língua, as magias desse grande embuste social, político e econômico que é Pernambuco e seu governo, o Império do Mal. Certamente, se fosse um espaço público, eu jamais sairia (a não ser que me arrastassem preso). Trata-se de uma empresa privada, como qualquer outra que tem concessão pública (ou seja, minha e sua) para funcionar. Trata-se de uma empresa que usufrui de um direito e garantia fundamental pelo qual o meu Partido, o PCB, que tem 90 anos de história, lutou, sobretudo depois do golpe militar de 64. Centenas de militantes do PCB foram mortos, desaparecidos, torturados e perseguidos para conquistar um regime democrático. Hoje, o poder do capital privado impõe quem você deve ouvir. Discrimina, fascista e autoritariamente, quem merece cobertura igualitária, quem deve ficar no limbo político, quem vai ficar "invisível" na campanha.
Não bastasse isso, continuo recebendo denúncias sobre pesquisas eleitorais (feitas por dois grandes e famosos institutos), cujas perguntas por telefone são assim: "Se a eleição para prefeito fosse hoje, o senhor votaria em quais desses quatro candidatos mais bem colocados em pesquisas anteriores?" E então o "pesquisador" relaciona os nomes de Geraldo Júlio, Humberto Costa, Daniel Coelho e José Mendonça. É fato que temos baixa intenção de voto, mas é preciso denunciar as fraudes político-ideológicas e o poder arbitrário, seja na área jurídica, nas empresas privadas e por parte de políticos que, não contentes em governar imperialmente pernambuco, querem criar na prefeitura um feudo do qual nós, que dizemos não e combatemos esse Império do Mal, seremos vassalos. Sou o cidadão Numeriano. Sou um pernambucano livre. Sou da Frente de Esquerda PCB-PSOL. Vou lutar até o fim (pois, acho, "ainda existem juízes em Berlim") para ter meu espaço de candidato na Rádio Jornal. Também vou entrar com outro pedido de liminar para ter direito de participar do debate na TV Jornal. Não aceito que o poder econômico dos grupos privados (seja de quem for, possua ou não impérios de comunicação de mentalidade política provinciana), o poder das venalidades jurídicas e o poder de grupos políticos que estão transformando Pernambuco numa ditadura de arrabalde, queiram me transformar num vassalo. O Recife tem dono, o dono é o povo.
Roberto Numeriano é candidato da Frente de Esquerda PCB-PSOL à Prefeitura do Recife.
PS: Atenção: em reiteradas notas, no resto do debate do qual fui expulso, a emissora divulgou que cassou a liminar por questão de solidariedade aos outros candidatos não convidados (Edna Costa, Jair Pedro e Esteves Jacinto). Disparate puro. É o mesmo que dizer que "decidimos cassar a voz do Numeriano porque os outros já foram cassados antes". Poderiam ter poupado a si próprios desse argumento falacioso.
Na manhã de hoje, dia 15, fomos expulsos do estúdio da Rádio Jornal do Commercio, na metade do debate que a emissora promovia com os candidatos "mais bem colocados" (um eufemismo politicamente hipócrita que as empresas estão usando para, na prática, cercear o direito de opinião e expressão). Estávamos lá, mais uma vez, por força de uma liminar concedida em primeira instância pela Justiça Eleitoral. Estávamos lá mas sabíamos que os donos da voz e da imagem (ou seja, os proprietários da empresa) estavam lutando, na segunda instância do TRE, para cassar a liminar. Conseguiram, é claro, baseados na mesma interpretação estúpida e reacionária de um desembargador que usou o argumento (falseado), alegando que o candidato do PCB, Roberto Numeriano, não poderia participar do debate porque seu partido não tem representação parlamentar em nível federal. Ocorre que essa decisão do mau Direito (e do Direito mal), assim como a do advogado da OAB que cassou a liminar, sub-repticiamente "esquece" que se trata de uma coligação de partidos, na qual esses entes deixam de existir individualmente para constituírem um novo ente que, enquanto durar o pleito, estará sob as regras e leis do pleito de modo absoluto, unificado na forma de frente ou outro nome que o individualize.
Faz tempo que a política está sendo judicializada por gente togada cheia de presunção, reacionária à crítica (sobretudo se esta for de esquerda), mas sempre muito próxima de palácios executivos. Faz tempo que a política está sendo reduzida a um jogo podre, autoritário, sob o domínio de grupos econômicos que, não contentes em submeter a cidadania social e política (por meio do domínio das máquinas públicas), cria nos laboratórios do mal que são esses grupos de marketing político seres estranhos - que aceitam mentiras ditas em seus nomes, que se submetem a imperadores e suas mistificações políticas e ideológicas.
Estou na política desde os 21 anos (não cai de gabinetes refrigerados supostamente competentes). Fiz carreira profissional como jornalista, professor de jornalismo e servidor público. Desde 84, ainda sob a ditadura militar, combati pela democracia, pelo voto direto para a Presidência, contra a censura etc. Mas nunca imaginei que, no Recife (uma terra de tradição libertária com nomes de vulto como Frei Caneca, Tobias Barreto e José Mariano), eu sofreria uma humilhação pública quando debatia, com os demais candidatos. Pois fui, de modo ostensivo, "convidado" a sair do estúdio por um funcionário que parecia estar especialmente incomodado com nossa presença (o dito cujo, que nem recordo o nome, deve possuir metade das ações do Grupo JCPM para tentar nos intimidar daquele jeito). Disse para ele ficar calmo, pois estava ali por força de um direito que me foi concedido, e que, como esse direito foi cassado (por essas venalidades a que se presta o Direito com suas tantas brechas que dão espaço, em geral, para decidir conforme o poder de quem manda), eu iria embora.
Quando saía, me lembrei do governador Miguel Arraes, que, tenho certeza, se ali estivesse como meu adversário, certamente, em solidariedade, sairia dessa "festa pobre que os homens armaram só pra me convencer". E lembrei, a seguir, do imperador de Pernambuco, o governador Eduardo Campos, que, certamente, do alto do seu Império do Mal, esfregou as mãos diante dessa arbitrariedade das "tecnicalidades jurídicas". Afinal, com a voz cerceada e amordaçada, sou menos um para criticar publicamente, sem rabo preso com esquemas ou papas na língua, as magias desse grande embuste social, político e econômico que é Pernambuco e seu governo, o Império do Mal. Certamente, se fosse um espaço público, eu jamais sairia (a não ser que me arrastassem preso). Trata-se de uma empresa privada, como qualquer outra que tem concessão pública (ou seja, minha e sua) para funcionar. Trata-se de uma empresa que usufrui de um direito e garantia fundamental pelo qual o meu Partido, o PCB, que tem 90 anos de história, lutou, sobretudo depois do golpe militar de 64. Centenas de militantes do PCB foram mortos, desaparecidos, torturados e perseguidos para conquistar um regime democrático. Hoje, o poder do capital privado impõe quem você deve ouvir. Discrimina, fascista e autoritariamente, quem merece cobertura igualitária, quem deve ficar no limbo político, quem vai ficar "invisível" na campanha.
Não bastasse isso, continuo recebendo denúncias sobre pesquisas eleitorais (feitas por dois grandes e famosos institutos), cujas perguntas por telefone são assim: "Se a eleição para prefeito fosse hoje, o senhor votaria em quais desses quatro candidatos mais bem colocados em pesquisas anteriores?" E então o "pesquisador" relaciona os nomes de Geraldo Júlio, Humberto Costa, Daniel Coelho e José Mendonça. É fato que temos baixa intenção de voto, mas é preciso denunciar as fraudes político-ideológicas e o poder arbitrário, seja na área jurídica, nas empresas privadas e por parte de políticos que, não contentes em governar imperialmente pernambuco, querem criar na prefeitura um feudo do qual nós, que dizemos não e combatemos esse Império do Mal, seremos vassalos. Sou o cidadão Numeriano. Sou um pernambucano livre. Sou da Frente de Esquerda PCB-PSOL. Vou lutar até o fim (pois, acho, "ainda existem juízes em Berlim") para ter meu espaço de candidato na Rádio Jornal. Também vou entrar com outro pedido de liminar para ter direito de participar do debate na TV Jornal. Não aceito que o poder econômico dos grupos privados (seja de quem for, possua ou não impérios de comunicação de mentalidade política provinciana), o poder das venalidades jurídicas e o poder de grupos políticos que estão transformando Pernambuco numa ditadura de arrabalde, queiram me transformar num vassalo. O Recife tem dono, o dono é o povo.
Roberto Numeriano é candidato da Frente de Esquerda PCB-PSOL à Prefeitura do Recife.
PS: Atenção: em reiteradas notas, no resto do debate do qual fui expulso, a emissora divulgou que cassou a liminar por questão de solidariedade aos outros candidatos não convidados (Edna Costa, Jair Pedro e Esteves Jacinto). Disparate puro. É o mesmo que dizer que "decidimos cassar a voz do Numeriano porque os outros já foram cassados antes". Poderiam ter poupado a si próprios desse argumento falacioso.
(Publicado originalmente no Blog de Jamildo, Jornal do Commércio)
Editorial em defesa de Michel Zaidan bomba nas redes sociais.
O editor do Blog do Jolugue gostaria de agradecer às centenas
de pessoas que compartilharam o nosso editorial em defesa do professor Michel Zaidan.
Foram muitas as manifestações de solidariedade, envolvendo pessoas que o
admiram, ex-alun@s e conterrâneos seus da cidade de Garanhuns, onde o mestre
nasceu. Quando usadas para uma boa causa, as redes sociais cumprem um papel
importantíssimo, como já afirmamos, denunciando arbítrios, crimes de homofobia,
matança de animais, práticas de assédio moral, autoritarismo de toda a
natureza, cerceamento da liberdade de expressão, violações contra os direitos
humanos, exploração infantil, além de outras atitudes igualmente execráveis.
Com tolerância, ética, respeito e responsabilidade, temos nos pautados nas redes
sociais, sempre se posicionando sobre os mais diversos temas. Jamais fomos
acusados de violarmos alguns desses princípios. Jamais nos permitimos que a
bílis superasse o bom senso ou respondemos a alguém usando de expedientes
escusos. Aqui, as réplicas se dão no campo das ideias e dos argumentos. Não há
agressões vis de nenhuma natureza. Logo depois do edital, aumentaram
consideravelmente os acessos ao artigo do professor Michel, que deu origem à
polêmica, num aviso claro aos poderosos de plantão, que, estrategicamente,
convém tratar com respeito e tolerância as pessoas que discordam de suas gestão ou
de suas opiniões. Afinal, a liberdade de expressão é um direito assegurado pela
Constituição. Direito, aliás, muito respeitado pela presidente Dilma Rousseff. Um aviso aos mal-informados do Governo.
Os comentários que mais nos comoveram vieram da terrinha da garoa, de nossa
querida Garanhuns. Dalí se manifestaram pessoas que conheceram os seus pais,
estudaram com ele nos tradicionais colégios locais e passaram a admirar o mestre pelos seus posicionamentos corojosos em defesa da res pública. O aviso está dado.
Pacto pela Vida? Afinal foi Ratton ou Geraldo quem fez?
Essa contrapropaganda em torno do “foi Geraldo quem fez”, com
o objetivo de arranhar a imagem do candidato do PSB, vem assumindo um contorno
de irresponsabilidade, em alguns casos, em outros, um mascaramento da realidade.
Nunca se negou a participação do sociólogo José Luiz Ratton nas discussões em
torno do Pacto pela Vida, uma das políticas públicas mais exitosas no combate à
violência, elogiada pelas maiores autoridades no assunto, que apontam
Pernambuco como um exemplo a ser seguido nesse ponto nevrálgico da gestão
pública em todo o Brasil. Não bastassem os números que lhes são favoráveis – O Estado fez “escola”,
exportando seu modelo para outras praças da federação. Outro dia publicamos um
artigo sobre o assunto, informando que as ações policiais eram feitas às cegas,
sem o menor planejamento ou estatísticas seguras sobre as modalidades e locais
de ocorrências de delitos. Um trabalho de conclusão de curso na área de
arquitetura, apontando as ruas mais violentas do Recife – pegou as nossas
autoridades de segurança de “calças curtas”. Foi mais ou menos essa a situação
em que o Governo Eduardo Campos encontrou o Estado. Ratton colaborou na
realização de pesquisas sobre o assunto, como um dos assessores especiais do
governador Eduardo Campos. Agora, a execução do Pacto pela Vida, foi um
trabalho acompanhado detidamente por Geraldo Júlio e, em certa medida, pelo
próprio governador Eduardo Campos, uma atitude apontada pelo chefe de Polícia
Civil á época, como fundamental para o êxito do programa. Geraldo, como se sabe, foi
uma espécie de regente da orquestra de perfil técnico que se instalou no Campo das
Princesas com o objetivo de conceber e executar políticas públicas para o
Estado, transformando "demandas políticas", num dizer de Eduardo, também à epoca, em política públicas tocadas com alguns elementos da iniciativa privada.
O jogo pesado da realpolitik

O jogo da realpolitik é realmente do mais puro fisiologismo.
Para engajar-se na campanha de Haddad, em São Paulo, a senadora Marta Suplicy,
comenta-se, teria exigido um ministério, de imediato. A possibilidade de
participar de um “futuro” Governo Haddad não foi suficiente para convencê-la.
Em Belo Horizonte, Lula também teria prometido o Ministério dos Transportes ao
PMDB em troca do apoio do candidato petista Patrus Ananias. Em São Paulo,
Fernando Haddad esboçou uma reação, embora deva-se considerar a ascensão do
azarão Celso Russomanno, com o apoio explícito da Igreja Universal. Haddad
encontra-se empatado com Serra, mas é imprevisível o resultado de um segundo
turno entre ele e Celso Russomanno. Nas duas praças, em síntese, o Planalto não
fez um bom negócio. No caso de São Paulo, em nenhuma hipótese, pode-se creditar ao apoio de Marta
à reação de Haddad. Em Belo Horizonte, em
todas as pesquisas, Márcio Lacerda, o candidato de Aécio Neves, nem toma
conhecimento de Patrus Ananias.
Revista CartaCapital: "A Pedagoia dos antigos", artigo de Luiz Gonzaga Belluzzo.
A pedagogia dos antigos
Quando suas certezas periclitam, os economistas conservadores sacam do coldre a arma da educação. Não exagero ao interpretar suas hipóteses monocausais e sua lógica binária como manobras destinadas a ocultar as demais condições políticas, econômicas e institucionais que cercam as experiências bem-sucedidas de desenvolvimento e de redução das desigualdades.
Não vou repetir os argumentos já exarados na última coluna que escrevi para CartaCapital a respeito do assunto. Vou me valer de “velharias”, como diriam os comandantes da barbárie midiática up-to-date. Tirei do baú Karl Mannheim e Charles Wright Mills.
Mannheim morreu em 1947 aos 55 anos, na aurora do período mais glorioso e igualitário do capitalismo na Europa e nos Estados Unidos. Entre outras obras, escreveu os clássicos Ideologia e Utopia e Ensaios Sobre a Sociologia da Cultura. No livro Liberdade, Poder e Planejamento Democrático, publicado postumamente, cuidou do papel da educação no fortalecimento das democracias que acordavam dos pesadelos totalitários dos anos 1930.
Mannheim acolhe a ideia de Ortega y Gasset sobre o homem educado: aquele que se distingue pelo conhecimento das filosofias que regem sua época. Isso deveria ser complementado, diz ele, por um conhecimento dos fatos que permitam a todos formar ideias sólidas acerca do lugar do homem na natureza e na sociedade. Cabe à educação examinar os problemas de nossa sociedade, especialmente aqueles relacionados com a vida democrática. Uma vez tratadas essas questões fundamentais para o homem moderno, o estudante vai encontrar o lugar adequado para a boa formação profissional.
Já cuidei nesta coluna de Charles Wright Mills. Morto em 1962, aos 46 anos, Mills escreveu duas obras-primas sobre a sociedade americana (A Elite do Poder e A Nova Classe Média) que anteciparam a emergência das características da sociedade de massa contemporânea nos Estados Unidos.
Mills, um intelectual do velho estilo, estava comprometido com a discussão dos problemas concretos do seu tempo e da sua gente. Crítico implacável dos estilos da ciência servil, lamentava, sobretudo, o abandono do “foco clássico nos problemas substantivos” em favor do que chamava de “ethos burocrático” e do empirismo abstrato.
Ele não escondia sua indignação com o projeto de uma ciência social, cujos propósitos são a previsão e o controle do comportamento humano. Falar com tanto desembaraço sobre previsão e controle é, observava, “adotar a perspectiva do burocrata para quem o mundo é um objeto a ser manipulado”. Mills era um típico liberal norte-americano do imediato pós-Guerra, formado no clima progressista e esperançoso do New Deal. Suas profecias sobre a trajetória da ciência e do conhecimento da sociedade não só se cumpriram como foram ultrapassadas pela capitulação humilhante das ciências sociais diante dos procedimentos pseudocientíficos da economia.
Mills imaginou com impressionante clareza: os estilos de investigação que prezava e praticava como intelectual público seriam avassalados pelo avanço da máquina monopolista, empenhada no controle do destino dos indivíduos livres e na “censura” do debate econômico, social e político. Avizinhavam-se “um período e uma sociedade em que a ampliação e a centralização dos meios de controle, de poder, incluem um uso bastante generalizado da ciência social para todos os fins que os homens no controle de tais meios possam lhe atribuir”.
Ele se dispôs a investigar dois pontos fundamentais: primeiro, as mudanças na organização econômica capitalista e nas grandes organizações sociais (inclusive nos aparelhos de produção do “saber”). Essas transformações dariam origem a uma concentração sem precedentes do poder e aumentariam a distância entre a elite e as massas. Segundo, as perspectivas mentais e ideológicas seriam criadas por um sistema de educação, de informação e de comunicações cada vez mais concentrado e centralizado. Mills não poderia, é claro, imaginar a usurpação quase completa da liberdade de opinião e de informação, prerrogativa dos cidadãos, executada de forma implacável pelos moguls da mídia, transformada, fora as exceções de praxe, em arma de desinformação e propaganda de interesses.
Nas condições de segmentação, especialização e burocratização do saber, num ambiente de brutal concentração do poder de informar e de definir temas para a discussão, é impossível cumprir a promessa moral e intelectual das ciências sociais de que a liberdade e a razão continuarão como valores aceitos e serão usados de forma séria. Para Mills, não há como separar o nascimento das ciências da sociedade das tradições do liberalismo clássico e do socialismo. O colapso dessas tradições significa o declínio da individualidade livre e da razão nas questões humanas.
Leia os últimos artigos de Belluzzo: Terceiro Milênio: Escola e cidadania
Privatização ou concessão: Capitalismo em choque
Privatização ou concessão: Capitalismo em choque
Lula e Eduardo juntos em São Paulo.
Lula foi muito estimulado por alguns petistas a afastar-se do
governador Eduardo Campos. Sempre que estes petistas conseguiam um êxito nessa
manobra – como um “pito” de Lula em não receber Eduardo Campos, por exemplo –
eles comemoravam bastante. Essa tropa de choque petista é liderada pelo
presidente nacional da legenda, Rui Falcão e a eminência parda do partido, José
Dirceu. A urdidura teve vários desdobramentos, mas nem Eduardo nem Lula, como
se afirma numa linguagem popular, emprenharam pelo ouvido. Mesmo nessas
circunstâncias, quando se encontravam, tratavam de dirimir essas querelas e
intrigas, com Eduardo sempre reafirmando seu compromisso de caminharem
juntos em 2014, embora reivindicando o direito de seu partido, o PSB, consolidar-se
nacionalmente. O "blefe" em política é muito comum, mas uma amizade de longas datas e sua gratidão ao Dr. Miguel Arraes, deixaram Lula mais tranquilo quanto às suas reais intenções. Muito mais do que as indisposições da legenda com o governador
Eduardo Campos, o que deixava o casal presidencial magoado com Eduardo era,
certamente, seu projeto de candidatar-se à Presidência da República já para
2014. As suas movimentações no tabuleiro político alimentavam essa
possibilidade. As “medidas” adotadas tanto por Lula quanto por Dilma estavam
todas centradas nessa perspectiva. Hoje vem a notícia que os dois caciques,
Lula e Eduardo, deverão se encontrar num comício em São Paulo pela candidatura
do ex-ministro da Educação, Fernando Haddad. O convite a Ciro, entendido como
uma tentativa de Lula em alimentar as cisões no PSB, neste caso, pode ser desconsiderado.
Os dois, além de Marcelo Deda, deverão pedir voto para Haddad.Comenta-se nas coxias que as imagens poderão ser usadas pelo Guia do candidato Geraldo Júlio para descontruir algumas teses levantadas por petistas de que sua candidatura seria uma "traição" ao morubixaba da agremiação.
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
Le Monde Diplomatique: Eleições nos Estados Unidos.
A tentação do pior |
Obama já aceitou um plano de redução do déficit orçamentário cortando gastos sociais sem aumentar o nível - estranhamente baixo - dos impostos
|
por Serge Halimi |
A gangrena do setor financeiro norte-americano provocou uma crise mundial da qual conhecemos os resultados: hemorragia de empregos, falência de milhões de proprietários de imóveis, cortes nos serviços sociais. Contudo, quatro anos depois, por efeito de um paradoxo singular, não foi possível evitar a chegada à Casa Branca de um homem, Williard (“Mitt”) Romney, que deve sua imensa fortuna às finanças especulativas, ao deslocamento de empregos em direção a região com menores salários e aos charmes (fiscais) das Ilhas Cayman.
Sua escolha do parlamentar Paul Ryan como candidato republicano à vice-presidência dá uma amostra do que podem se tornar os Estados Unidos se, no próximo dia 6 de novembro, os eleitores cederem à tentação do pior. Barack Obama já aceitou um plano de redução do déficit orçamentário cortando gastos sociais sem aumentar o nível – estranhamente baixo – dos impostos sobre as rendas mais altas do país.1 Ryan, contudo, julga essa medida democrata muito insuficiente. Seu programa, ratificado pela Câmara dos Representantes (majoritariamente republicana) e ao qual Romney já aderiu, reduzirá ainda mais os impostos (em 20%), levando-os ao teto máximo de 25%, jamais alcançado desde 1931; aumentará as despesas militares em 15% até 2017; e dividirá em dez a parte do déficit orçamentário no PIB norte-americano. Como Ryan espera realizar todas essas metas? Conferindo ao setor privado – ou à caridade – as missões civis essenciais do Estado. Assim, o plano de saúde dos indigentes terá seu orçamento amputado em... 78%.2
Desde o início de 2011, Obama aplica uma política de austeridade tão ineficaz nos Estados Unidos como fora dele. Ora se gaba pelas (raras) boas notícias econômicas, cujos créditos atribui à sua presidência; ora imputa as más (como a situação do desemprego) à obstrução parlamentar republicana. Tal dialética não remobilizou seu eleitorado, mas o presidente norte-americano acredita que o temor ao radicalismo de direita de seus adversários lhe garantirá o segundo mandato. Mas o que fará nesse segundo momento, se dilapidou as promessas de seu primeiro governo? E agora que as próximas eleições para o Congresso, em novembro próximo, indicam que o parlamento estará mais à direita do que quando ingressou na Casa Branca?
Uma vez mais, um sistema fechado em benefício de dois partidos que rivalizam em troca de favores acordados em meio a negociatas vai obrigar milhões de cidadãos norte-americanos – desencorajados pela indulgência de seu presidente – a votar novamente em Obama. Os eleitores se resignarão, uma vez mais, com a escolha entre o mau e o pior. O veredicto popular, contudo, não estará isento de consequências externas: a vitória de um Partido Republicano indignado pelo “assistencialismo”, determinado a destruir de vez o Estado social e a instalar no poder cristãos fundamentalistas com paranoia e ódio contra os muçulmanos, faria escola entre a direita europeia, acometida pela maioria dessas tentações.
Serge Halimi é o diretor de redação de Le Monde Diplomatique (França).
1 Ler “Chantage à Washington” [Chantagem em Washington], Le Monde Diplomatique, ago. 2012.
2 David Wessel, “Ryan reflects arc of GOP fiscal thinking” [Ryan reflete arco do pensamento fiscal do Partido Republicano], The Wall Street Journal, Nova York, 16 ago. 2012.
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31 de Agosto de 2012
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Palavras chave: Estados Unidos, EUA, eleições, Obama, governo, austeridade, crise, finanças, política
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Governador recebe representante da CPMI da violência contra a mulher
O governador Ricardo Coutinho recebeu nesta sexta-feira (14), a Comissão
Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Nacional que investiga a
violência contra a mulher. O encontro aconteceu no Palácio da Redenção.
Na ocasião, os representantes elogiaram a ação do Governo do Estado pela
atuação das polícias civil e militar, no Caso Queimadas e falaram sobre a rede
de combate à violência contra a mulher na Paraíba.
Integravam a comissão a deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG), a senadora Ana
Rita (PT-ES) e o deputado federal Florisvaldo Fier (PT-PR). Participaram da
audiência os representantes da Procuradoria Geral da União, Polícia Federal,
Secretaria da Mulher e Diversidade Humana, Secretaria da Segurança e Defesa
Social e a deputada estadual Gilma Germano.
Para a secretária da Mulher e Diversidade Humana, Iraê Lucena, a Paraíba tem
avançado nas políticas públicas de combate à violência contra a mulher. “Além de
todas as políticas já desenvolvidas pela secretaria criamos um portal com várias
linhas de acesso para que as mulheres possam se informar sobre como podem se
defender da violência. Todas as ações do governo visam empoderar a mulher e, ao
mesmo tempo libertá-la do agressor”, disse a secretária.
Parceria - Ao iniciar a audiência, a presidente da Comissão, a deputada Jô
Morais, que é natural da Paraíba, agradeceu a hospitalidade do governador e do
povo paraibano. Ela afirmou que o principal objetivo da visita é fazer um
diagnóstico preciso das instituições da rede de combate à violência contra a
mulher e construir parceiros que ajudem neste combate. “Sabemos das dificuldades
neste enfrentamento, como a falta de profissionais especializados, porém,
buscamos reforçar a articulação entre as instituições e o poder judiciário”,
relatou a presidente da CPMI.
Sobre a atuação do Estado no Caso Queimadas, o governador Ricardo Coutinho
afirmou que a atuação da Secretaria de Estado da Mulher e da Diversidade Humana
foi essencial, especialmente por ter ajudado a trazer a conscientização sobre os
crimes de gênero para cidades menores. “Para vocês terem ideia, quem primeiro
prendeu o suspeito foi um policial militar primo de um dos acusados”,
lembrou.
Sobre as ações e investimentos do Governo do Estado em segurança, Ricardo
Coutinho mencionou: “Este ano, investimos R$ 30 milhões em segurança pública,
algo que poucos estados fizeram”, afirmou.
O governador falou ainda sobre a criação da linha de crédito “Empreender
Mulher” – destinada à concessão de financiamento para mulheres em situação de
violência ou vulnerabilidade social. Ao saber da concessão da linha de crédito a
senadora Ana Rita elogiou a ação do Governo. “Independência econômica da mulher
é fundamental, especialmente nesses casos”, disse.
A Paraíba é o décimo Estado visitado pelos integrantes da CPMI . A relatora,
senadora Ana Rita, adiantou que pretende apresentar o relatório final dos
trabalhos até, no máximo, o início de dezembro.
Desde fevereiro de 2012, quando foi instalada, a comissão já visitou os
estados de Pernambuco, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Espírito
Santo, Alagoas, Paraná, São Paulo e Bahia.
Fonte: secom-pb
Jornal Brasil 247: Kassab sai de férias após 1º turno, comentam tucanos.
Kassab sai de férias após 1º turno, comentam tucanos
Foto: Edição/247
Comentário em ato político suprapartidário na noite da quinta-feira dava conta de que decisão já estaria tomada; ausência temporária do prefeito no segundo turno aliviaria a rejeição a José Serra (PSDB); vice-prefeita Alda Marco Antônio estava na roda da conversa; ela já está se preparando para assumir as funções
14 de Setembro de 2012 às 18:28
Marco Damiani 247 – Na quinta-feira 13 à noite, durante ato político a favor da candidatura de José Serra (PSDB) em São Paulo, o comentário que circulava entre personagens como o próprio Serra, o ex-secretário municipal de Esportes Bebeto Haddad, a ex-primeira-dama Alaíde Quércia e a vice-prefeita Alda Marco Antônio era surpreendente: o prefeito Gilberto Kassab vai tirar férias do cargo a partir de 7 de outubro, o domingo em que termina o primeiro turno das eleições municipais.
De acordo com o que eles comentavam na inauguração de comitê suprapartidário de apoio à candidatura Serra, a decisão já está tomada. Além do cansaço natural pelo exercício ininterrupto da função nos últimos quatro anos, a ausência temporária de Kassab da Prefeitura teria um forte componente político. Pesquisas dos tucanos apontam a alta rejeição a Serra, hoje no patamar de 46%, segundo o Datafolha, como derivada da baixa avaliação favorável à administração Kassab.
Tirá-lo da cena durante o decisivo segundo turno seria a fórmula encontrada para evitar mais ataques ao candidato da coligação PSDB-PSD. Ao que pareceu, a decisão já está tomanda. E a vice-prefeita Alda Marco Antôinio já estaria se preparando para cumprir um mês à frente da prefeitura.
(Jornal Brasil 247)
A Queda, o novo livro do jornalista Diogo Mainardi
Diogo Mainardi é um cara polêmico. E por isso mesmo gostamos dele. Sempre adiava as reportagens da revista Veja para ler primeiro sua coluna. Seu humor ácido também nos faz admirá-lo como comentarista do Manhattan Connection, programa do canal Globo News que já foi regra aqui em casa nas noites de domingo (quando ainda era no canal GNT).
Blog donaperfeitinha.com
Recentemente ele publicou o livro que venho indicar, 'A queda'. Este é a história do nascimento até os 424 passos contínuos e contados de seu primeiro filho, Tito, ocorridos os dois fatos no mesmo local: Hospital de Veneza, pontuando assim o que pontua durante todo o texto: de que a vida de Tito é circular. Tito tem uma paralisia cerebral. Resultado de uma irresponsabilidade da dottoressa F. Diogo nos apresenta fatos incríveis da história de Veneza, de personalidades da política, da arte e da ciência que de uma forma brilhante são colocados como parte da vida de seu filho, responsáveis ou influenciadores, portanto, de sua paralisia cerebral. Tito também nos é apresentado de uma forma linda e parece-me uma criança incrível. Hoje Tito tem um irmão, Nico, que, diferente de Tito, teve um parto responsável e é um garoto 'normal'. Achei linda a foto do pai e dos filhos em sua apresentação do livro. Se vestem idênticos, repare abaixo. Anna, mãe dos meninos, aparece em foto em algum momento do texto. É linda. Por que falo deles assim? Bem... o livro é uma história com muito que se pode aprender de uma cultura européia, de história, de arte, mas é, em primeiro lugar, sobre a vida pessoal deles. De um diagnóstico difícil e de uma dedicação de um pai, de uma família, por um filho com necessidades diferentes. O amor deles nos toca principalmente nas palavras mais fortes e Diogo as usa 'aos montes'. Há brutalidade ali. Há brutalidade de um amor gigante que é, naturalmente, o amor 'verdadeiro' de um pai por um filho.
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