pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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sábado, 13 de maio de 2023

Editorial: A artilharia pesada do Estadão.

 



Respeitamos bastante a liberdade de opiniões por aqui. Não seria diferente com as opiniões emitidas por um jornal como o Estado de São Paulo. O jornal da família Mesquita tem todo o direito de discordar do Governo Lula. Assim como o oposicionista Ciro Gomes, que anda, em palestras no exterior,lançando seus petardos contra o governo do petista. Por aqui, também somos críticos, como nos editorias publicados no dia de ontem, quando tratamos da falta de estômago, para suportar bolsonaristas raízes sendo nomeados para ocuparem cargos de confiança estratégicos no Governo. 

Conhecemos bem o jogo pesado da realpolitik  e das dificuldades de governabilidade que o Governo Lula enfrenta, com alguns reveses já observados em votações no Poder Legislativo. Há, no entanto, alguns limites. Não seria concebível abrir espaço na máquina pública para bolsonaristas convictos, desses que defendem que os livros - ele tem mais de um livro? - do coronel Brilhante Ustra sejam usados como matérial didático nas escolas. Isso precisa ser reavaliado. 

Levamos muito sério as opiniões de um cidadão como o Ciro Gomes, embora, hoje, ele destile ódio ao PT. Por outro lado, tem uma vida pública honrada; faz uma oposição responsável e consciente; prestou grandes serviços ao país nos cargos públicos que ocupou; e fala com conhecimento de causa, pois fez bem a lição de estudar e interpretar o que se passa no país, com um elenco de soluções para os problemas enfrentados. 

No dia de ontem, observamos um compotamento infeiz do presidente Lula. Discursos inflamados no Ceará, como se ainda estivéssemos em campanha. Um espécie de terceiro turno das eleições. Mereceu até uma resposta do adversário, que já anunciou que irá abrir processo contra as suas declarações. Se houvesse a humildade necessária, o Governo Lula teria muito que aprender com as observações do cearense. Talvez não possamos dizer o mesmo de um veículo que, na década de 60 do século passado, seu principal editor estivesse confabulando sobre golpe de Estado no Brasil, no interior da Casa Branca.  

Editorial: Um golpe à moda antiga



Em tese, não se dão mais golpes de Estado como antigamente. Até os expedientes de tortura usados contra os desafetos estão mudando. Outro dia, um ministro da Supremo Corte usou a expressão: torturas do século XXI, quando se referia aos novos expedientes usados pelos sádicos golpistas, para infringirem castigos aos que se opõem aos seus projetos antidemocráticos. Mas, a cada nova revelação sobre os engendramentos que estiveram em curso durante o planejamento da tentativa frustrada de golpe do dia 08 de janeiro, se descobre que os algozes da democracia tentaram um golpe tradicional, com tanques e tropas especiais nas ruas, fechamento das casas legislativas, sequestro de autoridades e coisas do tipo. 

Um golpe de Estado sempre esteve nos planos de alguns atores políticos no Brasil. Outro dia um ministro do atual governo encontrou um quarto secreto, numa repartição estratégica, uma espécie de dark room, onde havia um arsenal dos velhos tempos da ditatura militar instaurado no país com o Golpe Civil-Militar de 1964. Livros e imagens veneradas de gente da velha guarda da mangueira dos estertores daquele período. 

A nossa referência para diagnosticar a quebra de ruptura institucional tem sido sempre o 08 de janeiro, mas, na realidade, o país enfrentou outras tentativas de golpes de Estado. Isso fica muito claro com a política de militarização da máquina pública implantana no país no último governo, numa evidência clara de que o terreno estava sendo preparado. Registre-se, igualmente, que estamos tratando aqui de militares escolhidos a dedo, sob o critério de simpatia ao projeto autoritário.  

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 12 de maio de 2023

Editorial: A burocracia pública ocupado por bolsonaristas raizes no Governo do PT. Surreal!


O presidente Lula deve ter convencido a sua base de sustentação político\ideológica sobre a necessidade de abrir as porteiras da burocracia pública para o Centrão, o que implica em nomear para cargos estratégicos do Governo ex-bolsonaristas raízes. Isso tem sido uma prática recorrente, mas, em algumas situações atigem o limite do suportável, como numa recente indicação de um ex-deputado cearense, não reeleito, bolsonarista de carteirinha, do tipo mais radical, para a administrar os fundos de uma autarquia federal. 

O cidadão chegou a pregar - imaginem! - uma espécie de desesquerdização da máquina, quando ainda servia ao governo anterior. Mas o rosário da tragédia não termina por aqui. Ele também propôs a adoção, nas escolas públicas, de livros escritos pelo filósofo Olavo de Carvalho e pelo coronel Brilhante Ustra, notório por sua participação nos estertores da Ditadura Militar. Pelo andar da carruagem política, vamos ter um governo esquizofrênico ou, no mínimo Franskenstein, pois não conseguimos deixar de considerar os danos produzidos para a implementação de políticas públicas de corte republicano ou voltadas para o interesse das demandas de setores específicos da sociedade, numa conjuntura como esta. 

A máquina está sendo completamente "loteada". Em suas ponderações críticas, no dia de ontem, o cearense Ciro Gomes argumentou que o orçamento secreto havia sido entregue ao Centrão. O orçamento e nacos consideráveis da máquina, meu caro Ciro Gomes. Momento difícil este que o país atravessa, onde um governo de centro-esquerda precisa negociar, e muito, com setores conservadores para obter um mínimo de condições de governabilidade. Em tese, o limite seria aqueles atores que ainda poderiam estar no escopo do campo democrático, excentuando-se a extrema direita, que deveria ser isolada. Temos lá alguns dúvidas sobre as convicções democráticas de alguém que propõe o Brilhante Ustra como referência para as nossas futuras gerações.   

Editorial: Joseph Stiglitz: O Banco Central está estrangulando a economia brasileira.



Hoje, dia 12, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, estará no programa que o empresário Abílio Diniz comanda na CNN, o Caminhos com Abílio Diniz. Abílio só convida pesos-pesados para esses debates. Um dos convidados recente foi o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que não escapou daquela conversa espinhosa sobre a sucessão presidencial de 2026. Naturalmente, ele desdenhou do assunto, mas nas coxias se sabe que ele trabalha com essa possibilidade concreta. Curioso que um nome que passa entrar no retrovisor das próximas eleições presidenciais é o da governadora do Estado de Pernambuco, Raquel Lyra, da nova safra de políticos do PSDB. 

Quem sabe, durante a entrevista, Campos Neto consiga explicar essas taxas de juros básicos absurdas, que chegam ao patamar de 13,75%. O economista Joseph Stiglitz, que visitou o Brasil recentemente e participou de seminário com caciques da legenda petista, voltou a insistir que não há razões plausíveis que justifiquem essas taxas de juros, que está estrangulando a economia brasileira. O Governo Lula tem batido forte nessas taxas de juros, embora respeite a autonomia do Banco central. 

Em suas críticas ao Governo, o ex-candidato Ciro Gomes advoga que as ponderações do PT sobre o assunto não passam de bravatas, pois haveria medidas que poderiam serem adotadas para sanear este problema. No raciocínio do pedetista, essas taxas favorecem o setor financeiro, que, em tese, Lula não gostaria de incomodar. Ciro bate forte em quatro pontos. Destacamos dois deles no dia de ontem. Além de suposta leniência com essas taxas de juros, o PT teria entregue o orçamento secreto ao Centrão, que deita e rola com as emendas parlamentares.  

Charge! Mor via Folha de São Paulo

 


Editorial: Alexandre de Moraes decide pela soltura de Anderson Torres.

 


Não haveria mais razões para a manutenção da prisão do ex-minitro da Justiça e Segurança Pública do Governo Jair Bolsonaro, Anderson Torres. Isso é o que conclui o ministro Alexandre de Moares, do STF, que decidiu por relaxar sua ordem de prisão, embora com uma série de restrições, como o uso de tornezeleira eletrônica; não comunicação com eventuais envolvidos ou acusados nos episódios do dia 08 de janeiro; proibição do uso das redes sociais; recolhimento nos finais de semana; não autorização do porte de armas, mesmo que funcional; retenção dos passaportes. 

Durante o período, suas atividades funcionais na Polícia Federal ficam suspensas, o que significa dizer que há a possibilidade de continuidade do inquérito administrativo instaurado contra o ex-delegado, o que poderá produzir efeitos bem danosos, como a perda de função e posterior proventos. A vida de Anderson Torres se complicou e isso explica seu abatimento psicológico, desde o momento em que voltou ao país. Os problemas para Anderson estão longe de ter chegado ao fim. Estamos com uma CPMI do Atos Golpistas em vias de ser instaurada e ele, certamente, será um dos primeiros a ser convocado. 

Os ajustes para o início dos trabalhos da CPMI estão em andamento. Há uma possibilidade de que o senador Renan Calheiros volte a ser o relator desse CPMI, o que seria uma excelente indicação, pois o alagoano realizou um trabalho impecável durante a CPI da Covid-19. O problema ainda persiste em relação aos cargos de presidente ou relator, pois o time já está escalado pela oposição e pelo Governo Lula.  

quinta-feira, 11 de maio de 2023

Editorial: Ciro Gomes bate forte no Governo Lula. Vamos ouvi-lo?



Uma oposição responsável é extremamente bem-vinda. Ciro Gomes é um tanto quanto ácido em suas observações, mas estamos tratando aqui com um cidadão que pode contribuir -e muito - para ajustar a condução das políticas públicas da terceira gestão do Partido dos Trabalhadores. O cearense é preocupado com o país e sempre fez o seu dever de casa, se debruçando sobre os nossos problemas e possíveis soluções. Como professor, confessamos nosso carinho pelos alunos que fazem seu dever de casa. 

Ciro é do tipo que mata a cobra e mostra o pau, mesmo que ensanguentado. De fato, essas altas taxas de juros praticadas pelo Banco Central só favorecem ao setor financeiro, aos banqueiros, que, em breve, devem estar divulgando seus balanços, com lucros na estratosfera. A despeito da autonomia do banco - que ninguém discute - é preciso que se encontre um mecanismo pelo qual se possa interferir no sentido de coibir essa prática abusiva. 

No que concerne ao orçamento secreto, Lula cedeu completamente às chantagens do Centrão. Mal retornou de Portugual e já teria autorizado a liberação de 9 bilhões em emendas parlamentares, negociadas ainda no Governo de Jair Bolsonaro. Por algum "pudor" político que ainda restava, essas emendas estavam "retidas" no Ministério da Casa Civil. Agora, liberou geral. É isso ou começam as manobras em votações importantes para o governo e para o país, como esse PL das fake news, que foi retirado de pauta e só Deus sabe quando voltará a ser votado.   

Editorial: Por 08 a 02 STF anula indulto concedido por Bolsonaro a Daniel Silveira.



Se confirma a tendência que já se especulava nos bastidores, ou seja, a de que a maioria do STF votaria por anular o indulto concedido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro ao ex-deputado Daniel Silveira. A exceção seria, naturalmente, os votos dos ministros indicados pelo ex-presidente. O placar foi de 08 a 02. O bolsonarismo se encontra acossado, mas resiste o quanto pode, de posse de artimanhas, apoiado por grupos conservadores dentro e fora do parlamento. No que concerne aos últimos reveses legais, seus artífices já estariam tentando construir uma narrativa que se configura como uma espécie de "canal sanitário", com o propósito de protegerm o seu chefe. 

Hoje, diante da hipótese de Jair Bolsonaro tornar-se inelegível, o Presidente Nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, sugere que ele poderia ampliar sua capacidade de voto em 30%. Não sabemos de onde Valdemar tirou essas conclusões. Talvez ele tenha alguma pesquisa em mãos. De qualquer forma, é uma aposta bastante otimista. Se depender de Valdemar esses votos serão transferidos para a sua esposa, Michelle Bolsonaro. 

Essas hostes conservadoras - bolsonarsta raiz ou não - tem infringido algumas derrotas ao Governo Lula, como retirada de pauta do PL das Fakes News, assim como o projeto que anulou o decreto do Marco Legal do Saneamento. Em situações assim, de evidente desarticulação, a responsabilidade sempre recai sobre alguém. Neste caso, o Ministro-Chefe da Casa Civil, Rui Costa, vem sendo apontado como o culpado, por ser contido na liberação das verbas sob a sua alçada. De volta da Europa, Lula já anunciou que irá liberar 9 bilhões em emendas parlamentares, negociadas ainda no governo anterior.   

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 10 de maio de 2023

Ministro Alexandre de Moraes determina que o Telegran publique e envie mensagem aos seus usuários, desfazendo a publicação anterior.




Por determinação do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, a empresa Telegram comunica: A mensagem anterior do Telegram caracterizou FLAGRANTE e ILÍCITA DESINFORMAÇÃO atentatória ao Congresso Nacional, ao Poder Judiciário, ao Estado de Direito e à Democracia Brasileira, pois, fraudulentamente, distorceu a discussão e os debates sobre a regulação dos provedores de redes sociais e de serviços de mensageria privada (PL 2630), na tentativa de induzir e instigar os usuários a coagir os parlamentares.

Editorial: Após pressão, Lula manda liberar 9 bilhões em emendas do orçamento secreto.


Ninguém, em sã consciência, pode defender essa excrescência que se convencionou chamar de orçamento secreto, algo que depõe contra princípios republicanos basilares. Na prática, ele já se transformou num grande duto de recursos públicos desviados ou usados de forma indevida. Quando se pronuncinou sobre o assunto, a ministra do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, afirmou que tal expediente depõe contra as próprias instituições democráticas do país. Onde é que já se viu o cidadão não ter a condição de saber onde o dinheiro de seus impostos estão sendo udados? 

Numa das fases do jogo, durante a campanha eleitoral, o candidato Lula se colocou de forma veementemente contra o orçamento secreto. Sem base de apoio congressual consistente, tendo que amealhar votos junto aos apoiadores do Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, Lula acabou cedendo, sob intensa pressão. Nos últimos dias, o Governo sofreu duas derrotas na Câmara dos Deputados. O marco do saneamento básico do Governo foi derrotado por um projeto de lei aprovado por quase trezenros parlamentares e o PL das fake news foi retirada da pauta de votação. 

Ainda existem alguns nacos de poder a serem ocupados na burocracia da máquina e é nesses cargos que alguns parlamentares também estão de olho. Em seu reduto, o Estado de Alagoas, a estrututa de poder mantida pela família Lira permanece intocada e, possivelmente, não será alterada. Instituições federais na terra dos marechais estão sob o controle do bolsonarismo e até mais seguros nos seus cargos do que a companheirada. Diante de tais circunstâncias, Lula mandou liberar 9 bilhões em emendas parlamentares que estavam retidas, ainda concedidas pelo Governo Bolsonaro. É o jogo bruto da realpolitik, meu filho.   

Editorial: A geografia do fascismo no Brasil



Quando, pelos idos da década de 70 do século passado, o filósofo francês Michel Foucault resolveu voltar ao Brasil, escolheu o Recife por entender que aqui na província pernambucana seria menos perseguido pelos algozes da Ditadura Militar instaurada no país com o golpe civil-militar de 1964. Um grave equívoco de avaliação, pois o Estado esteve no epicentro das investidas de caráter golpista desde o início, por abrigar intensas movimentações populares, estudantis e sindicais, seja no campo, seja no perímetro urbano. 

Àquela época, possivelmente Pernambuco era o Estado mais vigiado da federação, graças a presença de nomes como Gregório Bezerra, Francisco Julião e o Dr. Miguel Arraes. Continuaria mantendo esse perfil nos anos subsequentes, o que produziu, como reflexo, uma recepção fria ao filósofo francês. Até um jantar, que alguns abnegados professores da UFPE haviam programado, deixou de ser realizado, pois os convidados, um a um, declinaram do convite. 

Essas observações iniciais vêm à propósito de entrevistas e pronunciamentos de um ministro da Suprema Corte acerca da origem do ovo da serpente do fascismo no Brasil. A conclusão do ministro é que a chamada República de Curitida é a responsável direta pela ascendência de Jair Bolsonato ao Palácio do Planalto. Nada que em tese não se soubesse, uma vez que até o candidato preferido dos eleitores brasileiros e brasileiras foi preso, num processo nebuloso, impedido de participar daquelas eleições. 

O mais grave é a engrenagem que moeu aquela operação, utilizando-se de métodos medievais, aplicando as chamadas torturas do século XXI em algumas aspectos, mais danosas do que as torturas físicas do século passado. A gente sempre tem uma tendência a olhar a geografia do fascismo no país a partir do Rio de Janeiro. Agora, começamos a mudar esse ângulo de visão, a partir das observações do ministro, ou seja, a grande chocadeira talvez estevesse mesmo em Curitiba, no Estado do Paraná. Tal operação, criada com a narrativa de combate à corrupção no país, é algo que deve ser completamente dissecada, criando as condições institucionais para que ela não se repita. 

Se o ministro se saiu muito bem na entrevista concedida ao programa Roda Viva, seu pronunciamento de hoje deve ficar nos anais da STF como uma grande aula de republicanismo, à luz do Estado Democrático de Direito, do respeito às normas constitucionais, da defesa intransigente dos princípios democráticos, contra o obscurantismo e as trevas do retrocesso autoritário. Um discurso não para ser mantido nos anais da Casa apenas, mas para vir a público, como uma convocação da população brasileira contra as investidas da extrema direita. Não podemos errar por aqui. Veja-se o que está ocorrendo no Chile. Eles continuam ativos.  

Charge! Leandro Assis e Triscila Oliveira

 


terça-feira, 9 de maio de 2023

Editorial: As escolhas "erradas" de Lula.



Acabamos de acompanhar a audiência do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, no Senado Federal. Estão se tornando rotineiras essas visitas do ministro, atendendo às constantes convocações do Poder Legislativo. Em média, a cada 20 dias ele comparece a uma dessas audiências, seja na Câmara Federal, seja no Senado, sempre atendendo requerimentos da oposição. Por razões óbvias, diante do contexto de polarização e instabilidade institucional que o país atravessa, o senhor Flávio Dino tornou-se o ministro mais "convocado" do Governo Lula. 

Nem mesmo o pessoal responsável pelas políticas econômicas atraiu tanto interesse da oposição. Segurança Pública é sempre uma área nevrálgica em governos com perfis autoritário e era bem isso o que estava em curso no país, antes de Lula assumir a Presidência da República. Uma outra razão é que, no exercício do cargo, Dino acaba por tomar medidas que se contrapõem frontalmente às diretrizes programáticas do ancien régime, como o revogaço da licenciosidade para aquisição de armas, a regulação das fake news, entre outras. 

Sempre atencioso, solícito, prestando conta do seu trabalho à frente do ministério, o ministro tem se saído muito bem nessas audiências. Se ele não estivesse tão bem como ministro, num momento crucial, prestando um grande serviço ao país, já iríamos sugerir a Lula que o afastasse temporiamente do ministério e o escalasse na tropa de choque governista da CPMI dos atos antidemocráticos de 08 de janeiro. Seria um reforço e tanto. Pelo andar da carruagem política, ele será um dos primeiros convocados pelo grupo de oposição.  

Editorial: Repercute bastante entrevista do ministro Gilmar Mendes ao Roda Viva.



Acompanhamos muitos dos debates realizados durante as últimas eleições. Nem mesmo os debates de candidatos ao Senado Federal estiveram de fora de nossa agenda. Numa dessas oportunidades, assistimos um debate com os candidatos ao Senado pelo Estado do Paraná. Ficamos bastante impressionados com a qualificação de alguns concorrentes que, infelizmente, não receberam votos suficientes para representar o Estado na Câmara Alta. O voto da direita ligada ao bolsonarismo, embalada pela repercussão da Operação Lava-Jato junto ao eleitorado mais conservador e anti-petista elegeram o ex-juiz Sérgio Moro. 

Esteve no centro do Roda Viva, no dia de ontem, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. Sua entrevista está repercutindo bastante nas redes sociais e na imprensa, sobretudo em razão de algumas respostas incisivas aos questionamentos dos repórteres envolvendo uma declaração recente do senador Moro. Ele já informou que a declaração foi retirada de contexto, dita de brincadeira, durante uma festa, que não poderia ser levada a sério, muito menos produzir alguns embaraços legais, como uma representação da PGR. 

Mas, por outro lado, nao deixa de ser curiosa uma ponderação do ministro, observando o papel exercido pelo Estado do Paraná na eclosão do ovo da serpente do fascismo no país. Nós sempre pensamos que o ninho do fascismo brasileiro era carioca. De fato, não deixa de ser interessante observar como atuou essa chocadeira paranaense, favorecendo, com suas manhas e artimanhas, o projeto de poder da extrema direita no país.   

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 8 de maio de 2023

Editorial: Os áudios da materialidade da tentativa de golpe de 08 de janeiro.



Dizem os analistas que não se dão mais golpes de Estado como antigamente. Hoje, os processos seriam bem mais sutis, inclusive preservando a aparante funcionalidade das instituições, utilizando-se do aparato jurídico para infringir torturas aos adversários. Em tese, não haveria mais a necessidade de tropas e tanques nas ruas, bem como o fechamento das casas legislativas. Tudo seria muito sutil nos chamados golpes de um novo tipo, típicos das democracias iliberais. Como se observa, até um nome pomposo se definiu para os novos golpes. 

Até a terminologia "democracia" consegue ser preservada. O Brasil já passou por experiência do tipo, há alguns anos, mas mesmo os seus principais artífices se sentem ofendidos quando são tratados como golpistas. Pelo andar da carruagem política, o que alguns atores no Brasil desejavam era o recrudescimento de um processo autoritário, nos moldes anteriores, assim como ocorreu em 1964. Assim, é o que começa vir à luz, com a revelação dos áudios que estão sendo divulgados pela imprensa, onde se presume sublevação da ordem, definição dos papéis dos atores, previsão de acionamento de tropas, prisões de autoridades e coisas do tipo. 

Para desespero da oposição, que tentava constuir uma narrativa estapafúrdia sobre o tema, agora é que a CPMI dos atos golpista vai pegar fogo, pois o governo já tem munição bastante para sustentar seus argumentos durante os trabalhos daquela comissão. Isso se o nosso guardião não agir antes, pois, nas gravações, um dos alvos mencionados seria justamente ele. 

Editorial: Anderson Torres será ouvido sobre operações da PRF durante as últimas eleições.



Antes da tentativa de "cancelamento" da qual foi vítima, o sociólogo Boaventura de Sousa Santos produziu uma série de reflexões sobre as eleições presidencais no Brasil. Com os devidos ajustes aqui e ali, ele acertou todas, inclusive no que concerne às eventuais investidas ou ameaças autoritárias ainda existentes no contexto da instabilidade política em que o país foi mergulhado. Uma dessas tentativas de solapar as últimas eleições presidenciais estava arquitetado, segundo suspeita-se, um plano para que alguns eleitores não tivessem total e absoluta liberdade para sufragarem o voto no candidato de sua preferência, impedindo o livre trânsito desses eleitores. 

Isso ocorreu aqui no Brasil, assim como nas eleições chilenas, onde a frota de transporte público foi reduzida nos redutos do candidato de centro-esquerda, Boric. Aliás, conforme já afirmamos antes, tanto o Chile     quanto o Brasil têm muito que trocarem ideias sobre os planos maléficos da ultradireita, que continua ativa nesses países. O governo petista precisa ampliar esse diálogo com o Governo do Chile. 

Alguém já disse que a lógica bolsonarista é a de deixar pelo caminho seus antigos auxiliares e colaboradores. As imagens mostradas, durante o  Programa Fantástico sobre a relação do ex-presidente Jair Bolsonaro com o ex-militar Ailton Barros é de uma profunda amizade. Ele chega a tratá-lo como irmão. Pelo menos até este momento, não li ou ouvi nenhum pronunciamento do ex-presidente sobre a prisão do companheiro. 

O ex-ministro da Justiça do seu governo, Anderson Torres, por outro lado, não anda nada bem. Não vai bem de saúde e, agora, para completar, irá responder a um inquérito adminitrativo que pode culminar com o corte de salário e eventual expulsão da corporação. Será ouvido hoje sobre os episódios suspeitos das operações da Polícia Federal no Nordeste, sobretudo no Estado da Bahia.  

Editorial: Qual a origem do dinheiro encontrado na casa do Mauro Cid?



No dia de ontem, o programa Fantástico, da Rede Globo, exibiu uma longa matéria sobre os últimos episódios envolvendo a operação de busca e apreensão da Polícia Federal na residência do tenente-coronel Mauro Cid e na residência do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ora, dizem que Forças Especiais são realmente Forças Especiais e, como tal, seus integrantes não são nada ingênuos, tampouco costumam deixar fios desencapados. Mas, neste caso específico, parece que esta premissa não esta sendo observada. Uma outra hipótese é a de que essas evidências possam estar sendo "plantadas", com o propósito de construir uma determinada "narrativa", com o objetivo de guiar as investigações por caminhos tortuosos. Até possíveis bodes expiatórios poderiam entrar nessa jogada.  

Já se sabe, por exemplo, que um desses atores utilizavam um telefone celular com registro nos Estados Unidos, com o propósito de fugir aos eventuais grampos. Seguir o rastro do dinheiro é uma boa linha de investigação, desde as recomendações de Mark Felt, o "Garganta Profunda" do Escândalo Watergate. No caso da "grande família" essa máxima sugere que tende a desmontar o castelo de cartas, denunciando os crimes por eles cometidos. 

Nas investigações de um dos seus membros observou-se que ele pagava despesa escolares dos filhos e o dinheiro não saía de sua conta. Os pobres mortais brasileiros e brasileiras gostariam muito de saber como se faz essa mágica. Na medida em que o cidadão comum, quando paga os boletos, o dinheiro geralmente some da conta. Num outro caso curioso, também envolvendo um dos membros dessa família, o dinheiro cai na conta por "engano", pois não se sabe a sua origem. A Polícia Federal aventa a hipótese de lavagem de dinheiro, no caso específico, do montante em espécie encontrado na casa do ajudante-de-ordens.   

 

Editorial: Alexandre de Moraes no medida certa contra os neofascistas



Muito distante do que os bolsonaristas pensam, na realidade, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, tem se tornado numa espécie de antídoto aos métodos neofascistas  e aos projetos autoritários no país. Daí se entender as razões pelas quais o ministro é tão odiado pelo bolsonarismo radical. Outro dia ele foi bastante assertivo ao dissecar o "manual" da extrema-direita internacional, com fortes vinculações no país, desconstruíndo a narrativa proposta pelos representantes dessa corrente política sobre os falsos ataques à liberdade de expressão. 

Foi nesta tecla que, mais recentemente, esses grupos bateram, no sentido de criar uma narrativa de que o PL das fake news, que tenta disciplinar ou criar normas de conduta nos sentido de coibir a disseminação de notícias falsas fosse apontado como "censura". Não tem sido uma tarefa fácil para o ministro do STF, atacado por setores da mídia mancumunados com projetos extremistas, por parlamentares de oposição, além de ameaçado pelo bolsonarismo radical. 

A condição de grande guardião das instituições democráticas no país ele já conseguiu e esta condição apenas se consolida, à medida em que ele age na justa medida do arcabouço democrático, constitucional, republicano, à luz do direito, com o equilíbrio necessário para tomar suas decisões, como esta última, quando permitiu que 38 senadores pudessem fazer uma visita ao ex-Ministro da Justiça do Governo Bolsonaro, Anderson Torres, vetando a visita a dois outros, pois estão sob investigação sobre os mesmos fatos que justificam a prisão do ex-ministro, ou seja, eventuais participação nos atos antidemocráticos do dia 08 de janeiro.     

Charge! Montanaro via Folha de São Paulo

 


sábado, 6 de maio de 2023

Charge! Amarildo via Facebook

 


Editorial: Os problemas que Lula enfrentará no seu retorno de Londres.

 



Quando Lula regressar de sua viagem a Londres encontará um cenário político nada alvissareiro no país. Ficaram comprovadas as evidências das tessituras golpistas contra o seu governo, o que significa dizer que o cenário de instabilidade política deve permanecer pelos próximos anos. Por outro lado, no plano das negociações institucionais as coisas também não vão muito bem, sendo infringida ao governo duas derrotas num curto espaço de tempo. Há uma possibilidade de o PL das fakes news sequer voltar a ser pautado, segundo se especula. 

Soma-se a isso a repercusão negativa dos gastos da comitiva presidencial em sua estadia na capital londrina, onde um andar inteiro de um hotel de luxo teria sido reservado, ao custo da bagatela de diárias que chegam a R$ 37 mil. Sinceramente? Lula poderia ser mais discreto nessas despesas com hospedagem, até para não dar espaço às críticas da oposição. Todas as vezes em que ele viaja ao exterior, cumprindo compromissos oficiais, esse tema é explorado pela oposição.  

Os rumores de sabres recaem sobre Brasília desde 2013. Nada que não se soubesse sobre eventuais armações de caráter golpista. Por outro lado, tomar conhecimento sobre os detalhes escabrosos dessas armações sempre produz uma sensação inusitada. A oposição, que havia afiada as garras para os debates da CPMI dos atos golpistas, diante desses novos fatos, perde um pouco a estratégia e o argumento. Mesmo assim, vamos acompanhar os debates. Quem sabe a gente não consegue emendar alguns outros fios partidos. 

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 5 de maio de 2023

Editorial: As entranhas do golpe de 08 de janeiro estão sendo expostas.



Mingau quente precisa ser comido pelas beiradas, para o caboclo não queimar a língua. Embora temporariamente acéfalo, não se pode brincar com o bolsonarismo, um grupo forjado nos estertores do que existe de pior na política brasileira, cevado nos porões milicianos, adeptos de métodos medievais para atingir seus objetivos. O jornalista Josias de Souza afirma que o bolsonarismo hoje se encontra acéfalo, sem comando, na medida que que, praticamente, abandonou seus discípulos que estão presos. 

Mas, lenta e gradualmente, a justiça vem ajustando as contas com o bolsonarismo. Abandonados, esses atores que estão presos, na realidade, podem faciliar a queda do dominó. É só uma questão de tempo, paciência, laudos de psicólogos, alguns remédios e coisas assim, afinal, também estamos lidando com pessoas psicologicamente desequilibradas. Um deles toma 08 remédios por dia para controlar as crises de ansiedade. O outro vendia armas da corporação para milicianos e é dado como "morto". Um morto, aliás, muito vivo, uma vez que a esposa recebe pensão de mais de R$ 20.000. 

A História prega algumas peças engraçadas até nos mais experientes pesquisadores. Quem poderia imaginar que, numa simples operação de busca e apreenção, motivada por eventuais fraudes em cartões de vacinação poderia revelar os bastidores ou as entranhas do golpe que estava sendo articulado para o dia 08 de janeiro, identificando os artífices da engrenagem autoritiária, com seus papéis bem definidos? Agora existem provas robustas de que havia, sim, um plano autoritário milimetricamrnte urdido. Ou Lula possui uma grande intuição política ou alguém informou a ele quais os fios precisariam serem cortados para desativar a bomba. Talvez esses detalhes possam ser esclarecidos durante os debates da CPMI dos atos golpistas.      

Editorial: Supremo Tribunal Federal forma maioria para derrubar indulto a Daniel Silveira.



Neste sexta-feira, amanhecemos com uma temperatura política menos quente, depois da correria dos últimos dias. Um dos temas que mais repercutem é o julgamento, no STF, do indulto concedido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro ao deputado Daniel Silveira. Pelo andar da carraugem "jurídica" tal indulto deve ser revogado, sob o argmento da inconstitucionalidade. Friso bem a questão "jurídica" porque, num dos apartes daquela Corte - quando se discutia as opiniões sobre a prisão do parlamentar, apresentadas por um membro da Casa - um outro ministro indagagou se tais opiniões estavam sendo emitidas por alguém da área jurídica. 

Um aparte simples, mas, como a polarização da política brasileira tornou-se uma constante - o fato está alcançando ampla repercussão nas redes sociais. Não entraremos aqui no mérito da questão jurídica, pois não é nossa área, mas, politicamente, o bolsonarismo vem acumulando algumas derrotas políticas, conforme enfatizamos no dia de ontem. Esta será mais uma delas, pois a tendência é que os demais integrantes da Corte acompanhem o voto da ministra Rosa Weber, atualmente na presidência do STF. Os dois votos a favor do indulto foram proferidos por ministros indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.Um fato curioso, mas que não surpreende, é uma possível união entre bolsonaristas que estão cumprindo pena, conforme matéria do jornal O Globo. 

O problema, no caso de Daniel Silveira, é a natureza do crime cometido. Ele atacou o STF e as instituições democráticas e, neste caso, a concessão do indulto, no entendimento da maioria dos juízes da Corte, não se aplicaria. Com a palavra, os juristas, aqueles que, de posse de seus saberes na área, possam se pronunciarem sobre este especto em lide. É bom sempre ouvi-los. Outro dia um ex-Ministro da Justiça se pronunciou sobre a adulteração dos dados do cartão de vacinação, apontando como algo "gravíssimo".   

Charge! Jaguar via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 4 de maio de 2023

Editorial: Evidências encontradas sobre os preparativos do golpe de 08 de janeiro desconstrói narrativas bolsonaristas sobre o tema.



Na realidade, se quisermos ser mais precisos em torno do tema, o país já enfrentou várias tentativas de Golpe de Estado, desde 2013. Felizmente, todas essas tantativas fracassaram ou não chegaram a bom termo. Sobre a tentativa frustrada de 08 de janeiro, o último rebuliço no mundo político está contribuindo, mesmo que por linahs tortas, para elucidar alguns fatos que antecederam aqueles episódios. De imediato, tais fatos contribuem para desconstruir as narrativas bolsonaristas em torno do assunto, no sentido de responsabilizar o governo por tais episódios. 

Até um pedido de impeachment de Lula foi protocolado recentemente, acusando-o de crime de responsabilidade. Outro dia levantamos uma discussão por aqui para procurar entender as motivações da oposição em querer responsabilizar Lula por aqueles atos. A hipótese que nos pareceu mais provável seria a de que, em tais circunstâncias, Lula poderia transformar o Brasil numa Venezuela, algo que nunca esteve em seus planos. 

Investigações policiais seguem um caminho tortuoso, não necessariamente linear. Em princípio, o que estaria em jogo era as irregularidades em relação ao cartão de vacinação, aventando possíveis tentativas de fraudes. Estão pipocando mesmo são as informações sobre conversas ou mensagens trocadas entre bolsonaristas, tratando, na realidade, da Festa da Selma, cognome com o qual eles se referiam à tentativa de golpe em curso. Antes mesmo de serem iniciados os trabalhos da CPMI do Golpe, a tese bolsonarista encontra-se completamente esvaziada, sem qualquer sentido.