pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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sábado, 23 de novembro de 2024

Editorial: Recursos do fundo partidário utilizados para tentativa de golpe? É o Brasil.


A princípio, poderia causar estranheza observar o nome de um dirigente partidário arrolado entre os indiciados por uma tentativa de golpe de Estado. Sabe-se, no entanto, que o indiciamento se deu porque o dirigente partidário, comandante de um fundo partidário poupudo, poderia ter financiado a trama golpista com recursos que, a rigor, deveriam ser empregados com outra finalidade. Quando a poeira abaixar, talvez os congressistas pudessem avaliar como criar normas ou expedientes que impedissem que esses fundos partidários pudessem ser utilizados de forma indevida. As intenções são boas, mas de boas intenções o inferno está cheio. 

Partidos são criados, picaretas entram na vida pública, por vezes, tão somente de olho nesses recursos. Dirigentes partidários já entraram em verdadeiras rinhas, se engalfinharam em público, protagonizando graves consequências, apenas para se manterem no controle desses recursos.  A suspeita de que esses recursos possam ser utilizados para financiar tentativa de golpe, ao que se sabe, é a primeira vez, mas, por outro lado, a imprensa já denunciou outras aplicações de caráter nada republicano. O fundo é calculado consoante a representação partidária do grêmio politico, mas parece haver um consenso de que esses montantes são muito elevados. Haveriam outras prioridades, principalmente quando se verifica essas idiossincrasias. 

E, por falar em armações golpistas, a Procuradoria-Geral da República, ao se pronunciar em torno do assunto, já adiantou que somente em 2025 apresentará suas impressões sobre os 37 nomes implicados nessas tessituras que pretendiam instaurar no país mais um desses experimentos autoritários, sabe-se lá com que consequências, mas todas igualmente danosas para as nossas instituições democráticas e para a sociedade como um todo. Espera-se que a PGR endosse as conclusões da Polícia Federal sobre o assunto. Este mal precisa ser cortado pela raiz. 

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Drops Político: Um golpe dentro do golpe.


Alguns jornalistas estão sugerindo que a Polícia Federal considera a possibilidade de que a trama golpista pela qual estão sendo indiciados 37 pessoas, entre civis e militares, previa a estratégia de um golpe dentro do golpe, ou seja, caso lograssem êxito, os artífices deixariam o ex-presidente Jair Bolsonaro sem participar do butim. Essas tessituras, geralmente, guardam muitos segredos, fatos não revelados em toda a sua plenitude. Passados tantos anos, ainda hoje surgem fatos desconhecidos sobre 1964. Não é improvável. Esse ninho é de cobras venenosas.  

Drops Político: Mauro Cid contou tudo que sabe?



Na audiência que manteve com o Ministro Alexandre de Moraes, possivelmente o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do Governo Bolsonaro, esclareceu pontos importantes sobre as tessituras de um golpe de Estado que chegou a ser planejado, prevendo, inclusive, a morte de atores políticos estratégicos. Um jornalista de um portal conhecido usou a expressão de que ele havia entregue o ouro. Prudentemente, como deve ser, ele tem se mostrado discreto sobre o assunto, procedimento que não é observado pelo seu advogado, que acabou afirmando, embora se retratasse depois,  que o seu constituído havia confirmado que o ex-presidente Bolsonaro sabia dos preparativos que objetivavam eliminar fisicamente autoridades da República.

Drops Político: E o ajuste, Haddad?


O anúncio dos cortes deverá ser sacramentado apenas na próxima semana, conforme previsão do próprio Ministério da Fazenda. Há uma queda de braço dentro do próprio governo em relação ao assunto, expondo cada vez mais o ministro Fernando Haddad. O ministro fica pressionado de um lado e do outro. Dentro do Governo Lula3, pelos ministros que não desejam cortes em suas pastas e integrantes da legenda que veem nesses cortes um suicídio politico do PT. Do outro, o mercado, que exige medidas urgentes, fazendo a temperatura do dólar aumentar e a ameaçando com reprovação de nossas notas como um ambiente seguro para os investimentos. 

Drops Político: Quem seria o principal arquiteto da tentativa de golpe?

 


A Polícia Federal suspeita do general da reserva, Braga Netto. No plano encontrado, logo após a materialização ou desfecho do golpe, ele assumiria o comando do gabinete de crise, dada a sua relevância como um dos atores mais estratégicos de toda a trama que estava em andamento. No entendimento dos investigadores da PF, ele assume o papel daquele elo de ligação que uniria o núcleo golpista e eventuais adesões de setores militares. 

Editorial: Bolsonaro sabia do plano para assassinar autoridades?



A revista Veja desta semana traz uma longa matéria sobre as tessituras do plano golpista revelado pelas investigações da Polícia Federal, que incluía, inclusive, o assassinato de autoridades, como era o caso do presidente Lula, o vice, Geraldo Alckmin, e o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Este grupo que tramou contra as instituições da democracia precisa ser punido exemplarmente para, aí sim, ensejarmos alguma possibilidade de pacificarmos um país conflagrado. Não é com anistia que conseguiremos este objetivo. 

A matéria sugere que o único fio solto até este momento é se o ex-presidente Jair Bolsonaro sabia, de fato, do plano de assassinato. Por outro lado, através das falas dos próprios conspiradores, já se sabe que ele estava inteirado de muitas coisas. Pelo andar da carruagem política, apesar do bom momento da direita e dos ventos favoráveis que sopram da outra América, ele não deverá participar das próximas eleições presidenciais. Há encrencas demais e, a rigor, legalmente ele já foi punido com a inelegibilidade. Diante desses novos fatos, membros do PT já encaminharam um pedido de arquivamento do PL da Anistia. Trata-se de algo sepultado, no entendimento até mesmo de parlamentares da oposição. 

A trama, apesar dos equívocos crassos no que concerne ao planejamento - o plano foi impresso em impressoras oficiais, de dentro do Palácio do Planalto - tinha alguns ingredientes sórdidos, como a possibilidade de envenenar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma vez que ele estava doente, com a idade avançada e frequentando hospitais.  O fato nos fez lembrar da morte do poeta chileno Pablo Neruda, hoje se sabe possivelmente assassinado enquanto estava num leito de hospital. Antes de morrer, ele teria ligado para amigos, se queixando da mudança dos "remédios" e a transferência do hospital. Exumado, se comprovou que fora envenenado.  

Sugere-se que a cúpula de nossas Forças Armadas assume hoje uma posição legalista. O próprio Ministro da Defesa, José Múcio, antecipou-se em informar que os militares envolvidos neste complô integram segmentos isolados e não representam o sentimento da caserna. Salvo melhor juízo, há quatro generais envolvidos. Um general do Exército ameaçou prender Bolsonaro quando participava de uma reunião. Embora não se deva desprezar os perigos inerentes a essas tessituras, elas não são compráveis ao que ocorreu na década de 60 do século passado. 

Aqui em Pernambuco, um dos estados mais visados à época - em razão da grande ebulição política no campo e na cidade -  Dr. Miguel Arraes foi substituído pelo vice, que integrava a conspiração, e o líder Gregório Bezerra, que se escondera no interior para organizar a resistência, foi capturado com a ajuda da aristocracia açucareira, que apoiava o movimento autoritário. Tudo muito bem planejado, nos encontros em insuspeito colégio de freira e entre um e outro licores de pitanga, logo nas primeiras horas da manhã. 

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Editorial: As portas abertas do PSD para Raquel Lyra.



Sugere-se que falta muito pouco para a governadora Raquel Lyra, finalmente, ingressar no PSD de Gilberto Kassab. O momento oportuno quem dirá é a gestora. Nos últimos dias, começaram algumas especulações aqui na província pernambucana em torno das eleições majoritárias de 2026. Embora próxima do Planalto - por razões obviamente conhecidas, há uma governabilidade em curso - Raquel não aposta todas as suas fichas políticas na eventualidade de um apoio efetivo do PT para o seu projeto de reeleição em 2026. Raquel tem um eleitorado de perfil conservador, quiçá bolsonarista, a julgar pelas eleições de 2022, quando recebeu apoio desse segmento do eleitorado pernambucano. 

Um outro elemento a ser considerado, como o fez recentemente Gilberto Kassab, em encontro com empresários, é que o Governo Lula3 não atravessa um bom momento. As eleições de 2022 e 2024 demonstram uma perda de aderência do PT junto ao eleitorado, o que recomenda as precauções necessárias. Qualquer movimentação política neste momento deve considerar esta variável. Tudo é possível até as eleições de 2026, mas, em princípio, hoje, Lula não seria reeleito e o PT está metido numa grande enrascada e sabe-se lá se sairá dela até aquelas eleições. Não é simples o sujeito se reinventar. Exige muitas consultas ao psicanalista.  

Nas últimas eleições, João Campos(PSB-PE) chegou a ser criticado por manter o PT numa posição de não protagonista de sua aliança política. Daí fazer algum sentido de uma eventual volta do ex-governador Paulo Câmara à cena politica pernambucana, como especula um blog local. Câmara teria o apoio efetivo de Lula no estado, acomodando na chapa, como candidato ao Senado Federal, o senador Humberto Costa, um quadro que o PT tentará, a qualquer custo, preservar o mandato, principalmente em razão de conhecer as artimanhas que estão sendo urdidas pela oposição depois do controle da Câmara Alta. 

Hábil politicamente, a aproximação do prefeito João Campos com o PT é uma aproximação essencialmente de conveniência. Ele se depara hoje com o mesmo dilema do pai, Eduardo Campos, quando desejava ser Presidente da República, ou seja, o antipetismo em segmentos expressivos do eleitorado. Uma candidatura ao Palácio do Campo das Princesas nas eleições de 2026 ainda depende de algumas variáveis, mas, uma vez confirmada, o mais provável é que ele construa uma chapa agregando do centro para a direita, a exemplo dos Coelho, de Petrolina. 

Charge! Cláudio Mor via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Editorial: "Eu não confio é no guarda da esquina".


Durante os estertores do recrudescimento do regime militar, caracterizado pela decretação do AI-5 - o famigerado Ato Institucional nº 5,  que representou um golpe dentro do golpe, fomentado pelos militares da linha dura - ocorreu um diálogo entre a cúpula militar e o então deputado federal Pedro Aleixo, que se mostrava contra aquela medida extremada. Pedro Aleixo era da ARENA, mas, por certo, um homem público consequente. Questionado sobre se não confiava na junta militar, Pedro Aleixo respondeu que "Não confiava mesmo era no guarda da esquina." Naquela ocasião, Pedro Aleixo foi o único parlamentar a votar contra o AI-5.  

Esta expressão do Pedro Aleixo é recorrentemente utilizada aqui no blog, sempre que enfrentamos esses momentos de crise política, onde o fantasma do autoritarismo volta a rondar os corredores de Brasília. Nós temos um ex-presidente que tem fala de golpista, atitudes de golpista, cerca-se de golpistas e não assume que é golpista. Um desses implicados nessa última operação da Polícia Federal, denominada de Contragolpe, acabamos de saber pelos nossos canais, que é um desses aloprados, sem o menor pudor em defesa das instituições do Estado Democrático de Direito, que ele, a rigor, foi investido do cargo para proteger,  conforme afirmou no dia de ontem, 20, o Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. 

Sabe-se que ele andou ameaçando jornalistas e chegou a tentar sequestrar um deles, vinculado às organizações Globo. São esses aloprados que tanto preocupava o ex-parlamentar Pedro Aleixo, quando se referia aos guardas da esquina, que saem por aí violando direitos, cometendo delitos e extrapolando suas funções quando percebem na atmosfera política essa licenciosidade ou permissividade inerentes aos regimes de perfil antidemocráticos.  Daí a necessidade de todos os nossos esforços em defesa das instituições democráticas, o que significa, igualmente, punir com o mesmo rigor esses transgressores. 

O mal causado pelo período que antecedeu o Governo Lula foi de tal monta tão danoso para as nossas instituições democráticas que pagamos um preço alto até hoje. A situação, na realidade, é tão crítica que o Governo Lula3 não reuniu as condições efetivas de enfrentá-la. Infelizmente, já existe um grau de comprometimento de nossas instituições, o que significa dizer que, assim como ocorreu em 2022, quando se planejou a morte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, essas ervas daninhas poderão voltar a florecer, caso medidas saneadoras radicais não sejam adotadas.  

Editorial: Operação Punhal Verde e Amarelo.




Recentemente, a Polícia Federal desencadeou uma operação intitulada Contra Golpe, que, após operações de buscas e apreensões, culminou com a prisão de quatro militares e um agente federal supostamente envolvidos numa trama que tinha como objetivo assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice, Geraldo Alckmin, e o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. A revelação desses fatos, conforme observa o atual Presidente da Suprema Corte, o Ministro Luiz Roberto Barroso, demonstra o quanto estivemos perto do inimaginável, o que pode ser traduzido como mais uma ruptura institucional no país. 

Razões de Estado já levaram tais autoridades a se reunirem com o objetivo de discutirem alternativas ao agravamento dessa crise institucional que o país atravessa, na realidade iniciada com as Jornadas de Junho, no ano de 2013, que, em princípio, teria como objetivo apenas impedir o aumento da tarifa do transporte público, mas foi sequestrada por grupos radicais de extrema direita com objetivo menos nobres, tampouco republicanos e democráticos. A permeabilidade institucional que se seguiu àquelas mobilizações de rua facultaram as condições ideais para experimentos políticos dos mais preocupantes, permitindo que as nossas instituições democráticas e republicanas fossem submetidos às UTI's, respirando com a ajuda de aparelhos, muito próximas de uma traqueostomia. 

Nessa Operação Punhal Verde e Amarelo há militares das forças especiais envolvidos, um deles atingindo a mais alta patente do Exército. Sugere-se que as tessituras possam ter envolvidos outros oficiais de alta patente. Hoje, dia 21, o ex-ajudantes de ordens da Presidência da República durante o Governo de Jair Bolsonaro será ouvido em audiência no Supremo Tribunal Federal. A Polícia Federal já solicitou que o acordo de delação premiada seja revisto, uma vez que há indícios de que o oficial tenha omitido algumas informações importantes, só obtidas através de um sistema utilizado em Israel, que consegue reaver dados deletados do aparelho celular. Dependendo deste diálogo, uma das possibilidades que se apresenta é uma nova prisão do tenente-coronel Mauro Cid.  Tempos difíceis. 

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Editorial: Louvável a iniciativa no sentido de preservar a memória do Diário de Pernambuco.



Em nossos textos, mesmo os literários, não raro fazemos algumas referências ao Diário de Pernambuco, o jornal mais antigo em circulação da América Latina. Mas não ficamos sozinhos neste contexto, uma vez que o historiador Durval Muniz de Albuquerque, em seu livro a Invenção do Nordeste e Outras Artes, sugere que a circulação do jornal, em seus tempos áureos, tornou-se referência para se delimitar os limites geográficos da própria região Nordeste. O Nordeste ia até onde chegava a circulação do jornal. Em seus textos memorialistas, relativos ao Ciclo da Cana-de-Açúcar, o escritor paraibano José Lins do Rego faz referência ao jornal, que ele recebia no Engenho Corredor, nas primeiras horas da manhã. Em Banguê, por exemplo, depois de voltar de uma incursão fracassada pelo eito, onde não teve condições de informar ao coronel Zé Paulino sequer quantos cabras estavam no batente por lá, o avô informa para ele: - O Diário de Pernambuco chegou.  Jornal que ele lia, deitado numa rede, meditando sobre o futuro do Engenho Santa Rosa. 

O sociólogo Gilberto Freyre manteve, ao longo de sua vida, uma relação efetiva e afetiva com o jornal, mesmo nos tempos em que passou uma temporada de estudos nos Estados Unidos, de onde enviava, com regularidade, seus artigos numerados, intitulado Da Outra América, textos reunidos posteriormente em livros que deram suporte às suas ideias regionalistas. Gilberto tinha uma relação estreitíssima com o jornalismo. Desde os tempos de estudante no Colégio Americano Batista, no Recife, onde dirigia O Lábaro, um jornal estudantil. Depois dirigiu A Província e, salvo melhor juízo, também comandou o Diário de Pernambuco, num dos seus períodos mais efervescentes. 

Durante o período da Ditadura do Estado Novo, o vespertino tornou-se uma tribuna contra os desmandos da Interventoria do Estado de Pernambuco, à época comandada por Agamenon Magalhaes, levando o sociólogo à prisão por duas vezes, além de ameaças e espancamento ao colega jornalista Aníbal Fernandes, quando chegava à sua residência no bairro de Boa Viagem. A Fundação Joaquim Nabuco, possivelmente em relação desses laços que unem o sociólogo ao jornal, mantém preservados em microfilmagens as edições impressas do jornal. A governadora Raquel Lyra, depois da licitação encetada e não concretizada para a preservação do prédio da Pracinha do Diário, finalmente resolveu assumir a restauração do mesmo. Em governo anterior, a licitação, embora paga e concluída, o prédio continuou sem os cuidados requeridos. Em princípio, abrigaria a sede do novo Arquivo Estadual. Hoje, não se sabe se o Governo de Raquel Lyra teria outros objetivos com o imóvel. Ratificando que a licitação paga e a restauração não entregue ocorreu em governo anterior ao de Raquel Lyra.  Este senso republicano da governadora merece os nossos cumprimentos. 

Por iniciativa do deputado Eduardo da Fonte, o presidente Lula assinou projeto de lei, tornando o acervo jornalístico do jornal um patrimônio cultural material do país. E, por falar em arquivo, este jornal foi uma de nossas fontes de pesquisa para a nossa dissertação de mestrado. A senhora Lêda Rivas nos facultou acesso a material importante para aquele trabalho, depois transformado em dissertação, com direito a uma entrevista, que saiu publicada numa página inteira, com direito à chamada de capa. 

Editorial: Acomodação das placas tectônicas do sistema político.

 


Já houve aquela reunião no dark room. Então, diletos leitores, aguardem que teremos novidades nos próximos dias. Desde 2013,  quando os jovens ganharam as ruas nas chamadas Jornadas de Junho, o país mergulhou numa espiral de instabilidade institucional que parece não ter fim. Observa-se, em escala global, a ascensão de uma onda de extrema direita em relação a qual as forças do campo democrático, de esquerda, estão se tornando impotentes para contê-la. Esses grupos organizados da direita ou extrema direita - eles não gostam de serem tratados como de extrema direita - seduziram, no Brasil, não apenas os ricos e a classe média alta de Santa Catarina, mas os pobres - e talvez evangélicos - da periferia de São Paulo. Santa Catarina passou a ser o novo reduto do bolsonarismo no país. Trata-se de um fenômeno curioso porque, em princípio, esses grupos sociais teriam expectativas de vida distintas. 

Desnorteada, a esquerda perdeu completamente a narrativa e o poder de sedução. Lula chegou às eleições de 2022 no limite, exaurido, sem base de sustentação sólida, permitindo-se fazer um governo de conciliação com o centro, com o objetivo de se contrapor à oposição, que mina o seu governo, atacando-o em várias frentes, seja as institucionais, como o Legislativo, seja nas ruas ou redes sociais. A direita ganhar as ruas é um fenômeno relativamente recente. O resultado é que o Governo Lula3 se afasta cada vez mais dos seus compromissos históricos, assim como suas resistências são fragilizadas a cada novo pleito, em razão da dissonância das ruas. Lula não teve a preocupação de formar novas lideranças políticas no PT, o que se constitui num outro grave problema. O campo conservador tem uma penca de nomes aguardando a sua chance, enquanto o campo progressista aposta apenas nele, já com uma idade bastante avançada.  

No cenário internacional, a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos representa mais um problema, uma vez que acende as expectativas desses grupos de extrema direita no continente. No Brasil, não seria diferente. Os bolsonaristas raciocinam como se não houvesse mais as condições políticas para a manutenção da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro. Isso ficou claro nas mensagens de congratulações enviadas ao futuro presidente americano. Difícil antecipar por aqui como essas placas tectônicas do nosso sistema político serão acomodadas daqui para a frente, mas, como afirmamos no início, teremos novidades. Não sem um pesado ônus. O ônus de aguçarmos o processo de instabilidade institucional iniciado com aquelas mobilizações contra o aumento das passagens em 2013. 

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Editorial: Os desejos de Kafka( e os nossos).

Crédito da Foto: Revista Algo Mais. 


Fazia algum tempo que não publicávamos por aqui matéria de outros veículos de comunicação. No ano em que se comemora o centenário do escritor Franz Kafka, não resistimos, porém, em publicar uma matéria assinada por Leonardo Peterson Lamba, na edição deste mês de novembro do Le Monde Diplomatique Brasil. Trata-se de uma carta inédita do escritor tcheco à sua amada Milena, onde ele fala de desejo ou, precisamente, do medo do desejo. Kafka é um escritor sobre o qual há inúmeras controvérsias e este texto de Leonardo Peterson, na realidade, põe, como se diz em regiões interioranas, mas lenha na fogueira dessas polêmicas. 

Outro dia, líamos uma nova biografia do autor de O Processo, onde o biógrafo desconstrói alguns eventuais mitos acerca do comportamento supostamente muito reservado de Kafka. Tinha amigos, que costumavam se reunir num clube literário, frequentado por ele com relativa regularidade, e padrões de relacionamentos normais na empresa de seguro onde trabalhava, uma vez que, necessariamente, precisava manter contatos regulares com os clientes da seguradora. As Cartas a Milena já mereceram inúmeros estudos, pois é um dos momentos em que Kafka talvez mais se revele, merecendo todo tipo de análise, inclusive as psicanalíticas, além, claro, das literárias. 

Um fato que nos chama a atenção é o expressivo número ensaístas brasileiros de matriz marxista que se debruçaram sobre a obra de Kafka, inclusive aquele que é considerado o maior deles, Carlos Nelson Coutinho. Algumas abordagens dos textos do autor tcheco, sugere-se, poderiam ser vinculadas à teoria marxista. Kafka também não era uma unanimidade. Era endeusado pelo poeta argentino Jorge Luis Borges, mas mereceu observações ácidas de críticos literários. Um dos pontos observados é a dispersão e inconclusão dos seus textos, reunidos com enorme esforço pelo seu amigo e biógrafo Max Brod. 

Lendo o texto de Leonardo, voltamos a lembrar dos velhos tempos da Livro 7, aqui no Recife, onde sentávamos para folhear os livros do autor, numa prosa com Gilvan Lemos,  acompanhado de uma batida de maracujá preparada pelo próprio Tarcísio Pereira. Bons tempos. Nessas conversas, o escritor de São Bento do Una, que residia sozinho no centro da cidade, orgulhava-se de sua amizade com Osman Lins. Gilvan nunca deixou a província, embora tivesse sido aconselhado por Osman a fazê-lo, para que houvesse um reconhecimento do seu trabalho. Na Livro 7 havia uma estante apenas com os livros do autor tcheco, que líamos e colecionávamos com avidez. Em nossa biblioteca temos algumas obras raras, hoje difíceis de ser encontradas.  

Le Monde Diplomatique: Os medos e os desejos de Kafka



Inédita em tradução direta para o português brasileiro, na “carta do medo e do desejo”, escrita em janeiro de 1920 para Milena Jesenská, Kafka procura explicar a tensão singular entre esses dois polos, que determinaram sua vida e sua escrita

Leonardo Petersen Lamha
19 de fevereiro de 2024



Começa a enfraquecer o barulho da “descoberta” de que Kafka teria frequentado bordeis e assinado revistas pornográficas, que logo descambou para a surpresa de que o autor seria “atormentado pelo desejo sexual”, algo pouco digno do ascetismo e da santidade associados à sua figura.

Santo é como a primeira noiva, Felice Bauer, designa o autor ao concluir a releitura das mais de mil páginas de cartas que recebeu de Franz antes de vendê-las para o editor Schocken, na década de 50, que as publicaria sob o título Cartas a Felice. Milena Jesenská, a jornalista e tradutora tcheca, cuja relação também predominantemente epistolar, por sua vez, nos legou as Cartas a Milena, faz eco a isso em carta a Max Brod de agosto de 1920: “Franz não é alguém que constrói seu ascetismo como meio para um fim, mas alguém que, com sua lucidez terrível, sua pureza e sua incapacidade de compromisso, é forçado ao ascetismo”.
O escritor Franz Kafka (Wikimedia Commons)

Contudo, para nós, distantes do começo do século XX, talvez seja melhor ler o ascetismo ou seu oposto não como fato ou sentença a respeito de Franz, mas como efeito que a leitura de suas cartas produz em seus leitores, seja Felice, Milena ou nós. Pois, se a polêmica se quer calcada em informação biográfica, retirada do biógrafo Reiner Stach, de que de Kafka, como de qualquer homem de seu tempo, era esperado a visita a bordeis na juventude, o mesmo Stach admite que:

“[o trabalho do biógrafo] é reconstrução, e seu material não são os fatos, como o leitor gostaria de acreditar, e sim os vestígios que esses fatos deixaram na linguagem […] Ele descobre que o lado espontâneo, físico, orgânico da vida, ou seja, aquilo que se tentou capturar como a vida por excelência, tem a tendência de suplantar a escrita. Caso não queira se tornar um roteirista, esse é um paradoxo que o biógrafo precisa fazer chegar ao leitor, sem desembaraçá-lo.”

Não fatos, mas paradoxos e vestígios são tudo o que temos. Quem pleiteia acesso às pulsões kafkianas e seus destinos precisa se contentar com seus escritos e com escritos de terceiros: cartas, diários, pesquisadores, correspondentes, cujos últimos vestígios são palavras. Além disso, se alguma coisa, Kafka era “epístolo-sexual”, como tuitou alguém. Se, em vida, sua atividade sexual esteve fundamentalmente ligada à escrita, em especial à escrita íntima, quem dirá cem anos após sua morte? Sem contar que, em Kafka, o ato de observar-se a si mesmo, posto em prática nas cartas e nos diários, é também um ato de criação, também inseparável da escrita enquanto atividade criativa. Como ele adverte Milena em relação à Carta ao Pai, trata-se sempre, tanto quanto mais íntimos, de “escritos por demais visando um objetivo determinado.” Objetivos, portanto, retóricos e estéticos.

Mas há uma carta especial, a que se costuma recorrer quem busca algum testamento sexual kafkiano: a “carta do medo e do desejo”, escrita entre os dias 8 e 9 de janeiro de 1920 para Milena Jesenská, em que Kafka procura explicar a tensão singular entre esses dois polos, que determinaram sua vida e sua escrita.

Após meses de distância, Kafka e Milena se encontram no começo de julho de 1920, em Viena. As cartas seguintes registram o encantamento e a intoxicação resultantes da “súbita aproximação física” entre os dois. O segundo encontro aconteceria só no mês seguinte, em agosto de 1920, no povoado de Gmünd, fronteira entre a Áustria e a então Tchecoslováquia – no meio do caminho entre Praga e Viena –, e é marcado, desta vez, por resignação, melancolia; pela impossibilidade de uma vida a dois.

A “carta do medo e do desejo” foi escrita sob a ansiedade da aproximação do dia do encontro em Gmünd e, portanto, da proximidade física com Milena, para quem ele procura, no limite da vida e da literatura, explicar a singular relação de proximidade e distanciamento do desejo por meio da história do que se presume ser sua primeira noite de sexo.

Inédita em tradução direta para o português brasileiro, e parte do meu esforço em andamento de tradução integral das Cartas a Milena, compartilho parte dessa carta, me abdicando de interpretá-la e me contentando em sugerir que, em se tratando da vida de Kafka, é com a ambiguidade, a complexidade e o paradoxal da literatura que temos de tratar.

***

Para Milena Jesenská, em Viena

Praga, 8 a 9 de agosto de 1920

[…]

Vou, portanto, responder à questão do “medo” e “desejo” – de uma só vez será difícil, mas voltando a ela em mais cartas, talvez seja possível. Uma condição preliminar seria você conhecer a carta para o meu pai (de resto ruim e dispensável). Talvez eu a leve comigo para Gmünd.

Limitando o medo e o desejo como você faz na sua última carta, a questão continua não sendo simples, mas de fácil resposta: sendo assim, só tenho “medo”. E da seguinte forma:

Lembro-me da minha primeira noite. Naquela época, morávamos na rua Zeltnergasse, na frente de casa havia uma loja de confecção, uma jovem vendedora estava sempre à porta. E lá em cima, no quarto, estava eu com meus 20 e poucos anos, andando de um lado para outro, ocupado em memorizar nervosamente, para o primeiro exame de estado da faculdade de Direito, uma série de coisas totalmente sem sentido para mim. Era verão, fazia muito calor, provavelmente por volta desta mesma época de agora, estava completamente insuportável, eu parava sempre, remoendo nos dentes a repulsiva História do Direito Romano, à janela, por fim nos comunicamos, eu e a moça, através de sinais. Às oito da noite eu iria buscá-la, mas, quando desci, um outro sujeito estava lá, bem, isso não mudava grande coisa, eu tinha medo do mundo inteiro, portanto, também desse homem; se ele não estivesse estado ali eu também teria tido medo dele. Mas, mesmo enganchada nele, a moça fez sinal para que os seguisse. Assim, chegamos ao bar Schützeninsel, onde tomamos uma cerveja, eu na mesa ao lado, então fomos, eu atrás deles, devagar para a casa da moça, que ficava em algum lugar no bairro de Fleischmarkt, lá o homem se despediu, a moça entrou correndo no prédio, esperei um pouco até ela voltar e fomos então para um hotel no bairro Kleinseite. Tudo isso, já antes do hotel, havia sido excitante, provocante e repulsivo, no hotel não foi diferente. E quando então, pela manhã – que continuava quente e bonita –, passamos os dois pela Ponte Carlos a caminho de casa, eu me sentia feliz, mas essa felicidade consistia apenas no fato de eu finalmente ter descansado daquele corpo que não parava de gemer, mas a felicidade consistia sobretudo no fato de a coisa toda não ter sido ainda mais repulsiva, ainda mais imunda. Eu estive uma outra vez com a moça, acho que duas noites depois, e foi tudo tão bom quanto da primeira vez, porém, quando logo em seguida saí de Praga para passar o verão fora, onde brinquei um pouco com uma outra moça, ao voltar para Praga não consegui mais olhar para a moça da loja, nunca mais troquei uma palavra com ela, ela era (da minha perspectiva) minha cruel inimiga, embora fosse uma moça bondosa e amável e não parasse de me perseguir com seus olhos que não compreendiam absolutamente nada. Não quero dizer que a única razão para a minha animosidade (certamente não foi isso) tenha sido que, no hotel, a moça, com toda a sua inocência, fez uma coisinha repulsiva (que não vale a pena mencionar), disse uma coisinha imunda (que não vale a pena mencionar), mas a lembrança ficou, e naquele exato momento eu soube que nunca mais esqueceria daquilo, ao mesmo tempo, soube, ou acreditei saber, que essa coisa repulsiva e imunda, embora externamente desnecessária, internamente contudo estava absoluta e necessariamente ligada à situação como um todo, e precisamente essa coisa repulsiva e imunda (cujo ínfimo sinal, para mim, fora aquela pequena atitude dela, aquela palavrinha dela) é que havia me impelido com tão desvairada violência para o hotel, ao qual, de outra forma, eu teria resistido com todas as minhas forças.

E assim continua até hoje. Meu corpo, com frequência anos a fio sossegado, passou então a ser sacudido, até um ponto intolerável, pela ânsia por aquela coisinha bem repulsiva, por algo levemente asqueroso, vergonhoso, imundo, havia algo disso mesmo no que de melhor havia para mim aqui, algum cheirinho ruim, um pouco de enxofre, um pouco de inferno. E esse impulso tinha também algo do Judeu Errante, absurdamente arrastado, vagando absurdamente por um mundo absurdamente imundo.

Depois também houve épocas, porém, em que o corpo não sossegava, em que absolutamente nada sossegava, em que, contudo, eu não me sentia nem um pouco pressionado, era uma vida calma e boa, só perturbada pela esperança (você conhece perturbação melhor?). Nessas épocas, durassem o quanto durassem, sempre estive só. Agora, pela primeira vez na minha vida, há também essas épocas nas quais eu não estou só. Por isso não é apenas a sua presença física, mas também você mesma, que tranquiliza e perturba. Por isso é que não anseio por nada de sujo (na primeira metade da época de Merano, passei os dias e as noites planejando, contra minha expressa vontade, como eu poderia me apoderar da empregada – e coisas piores, perto do final me caiu nas mãos uma moça bem predisposta, primeiro por assim dizer tive que traduzir suas palavras para o meu idioma para sequer poder entendê-la) nem vejo absolutamente sujeira alguma, não há nisso nada que excite de fora para dentro, mas há tudo que traz vida de dentro para fora, em suma, há algo do ar que se respirava no Paraíso antes da Queda. Mas só algo desse ar, pois nele ainda falta o “desejo”, e não todo aquele ar, pois há o “medo”. – Bem, eis que agora você sabe. E por isso até tive “medo” de uma noite em Gmünd, mas só o “medo” comum, (ah, basta o medo comum) que eu também sinto em Praga, não algum medo particular de Gmünd.

[…]

Agradeço à Susana Kampff Lages pela leitura e pelos comentários ao rascunho deste texto.



Leonardo Petersen Lamha é tradutor e doutorando em Literatura Comparada na Universidade Federal Fluminense, com estadias de pesquisa na Universidade de Viena e na Universidade Livre de Berlim. Traduziu autores como David Abram e Harold Innis (no prelo) e no momento trabalha na tradução integral e direta das Cartas a Milena, de Kafka.

Editorial: Reestruturação do aparato de inteligência e segurança do Estado. Com segurança não se brinca, Lula.



Não faz muito tempo, o assunto era uma espécie de ABIN paralela, que continuou operando no início do Governo Lula3, que tinha como objetivo, suspeita-se, monitorar os passos de  desafetos do Governo Bolsonaro nos Três Poderes.  A lista divulgada envolvia inúmeras autoridades, de onde se conclui que os tentáculos poderiam se estender para outras esferas, atingindo os simples mortais. O Brasil, durante o Governo Bolsonaro, passou por um processo de militarização do Estado, um precedente perigosíssimo, que envolveu desde a burocracia da máquina pública e estendeu sua influência sobre as polícias estaduais, dada as condições de permeabilidade política. Estamos tratando aqui de um  terreno fértil, uma vez que contingentes expressivos de militares são simpáticos ao bolsonarismo. Não deve ser por acaso que integrantes da corporação policial do Distrito Federal estão sendo arrolados como lenientes com o que ocorreu no dia 08 de janeiro. 

Alguns governos estaduais, hoje controlados por governadores de oposição, se antecipam em comunicar que não aceitarão as diretrizes emanadas pelo Governo Federal no tocante à segurança pública. Uma situação sensivelmente preocupante. Algumas medidas foram tomadas para reinstitucionalizar a máquina e o aparato de segurança e inteligência, mas de forma ainda tímidas e insuficientes, sobretudo se considerarmos a vulnerabilidade em que foram jogadas essas instituições durante tal processo de militarização. Até mesmo servidores do quadro efetivo\técnico da ABIN, diante do desgaste da imagem da instituição, sugeriram que fossem tomadas medidas saneadoras mais efetivas. 

O que se pode concluir, em princípio, é que a margem de manobra do Governo Lula3 continua cada vez mais estreita e limitada. Aceitou, por exemplo, emprestar o apoio político ao projeto de eleger Hugo Motta para a Presidência da Câmara dos Deputados, alguém da escola de Eduardo Cunha, o que se constitui numa temeridade. Lula ganhou, mas não levou. Essa é a verdade. Depois das gafes, agora é a vez de a Polícia Federal prender agentes públicos que estariam envolvidos na segurança do G-20. 

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Editorial: Operações da Polícia Federal evidenciam a presença dos Kids Pretos nas tessituras golpistas do 08 de janeiro.



Já foram publicadas várias matérias sobre este assunto, conduzidas por profissionais de imprensa competentes, com a consulta a especialistas militares. Haveria evidências cabais de membros dessas forças especiais militares, também conhecidos como Kids Pretos, naquelas mobilizações de Brasília, que tinham como propósito materializar as condições para um golpe de Estado. Inúmeras vezes advertimos o Governo Lula3 para não brincar com o processo de instrumentalização do aparato de inteligência e segurança do Estado, ocorrida durante o Governo de Jair Bolsonaro. 

Entre as prisões realizadas pela PF no dia de hoje, 19, estão um general da reserva, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro, e um policial federal. Quatro deles são Kids Pretos. Não se sabe muito bem o que está em jogo, mas as intervenções nesses órgãos, em alguns casos, foram pontuais. Não vamos aqui entrar nos detalhes para não melindrar, que é um verbo que se tornou recorrente nesses tempos bicudos. Curioso que hoje, 19, segundo informes, será o dia da oitiva do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. A própria Polícia Federal informou que encontrou indícios de que o militar possa ter subtraídos dados do seu celular, o que pode ter implicações no acordo de delação premiada. 

No caso da operação de busca, apreensão e prisões realizadas no dia de hoje, em diversas praças do país, sob determinação do Ministro Alexandre de Moares, volta à cena aquelas tramas macabras que envolviam um plano para assassinar o presidente Lula e o Ministro da Suprema Corte, que, ao longo de sua cruzada em defesa das instituições democráticas do país, tornou-se o alvo preferencial do radicalismo bolsonarista, insuflado pelas redes sociais e pelos grupos de ZAP. Tempos difíceis. 

P.S.: Contexto Político: O policial federal preso na operação realizada no dia de hoje chegou a integrar o grupo que fazia a segurança de Lula antes da posse. Vamos muito bem de inteligência. 

Charge! Renato Aroeira via Brasil 247

 


Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 18 de novembro de 2024

AJUSTE FISCAL muito duro pode levar LULA a perde BASE SOCIAL e colocar e...

Editorial: O que os golpistas tentaram esconder apagando o conteúdo dos celulares?


É curioso o negacionismo golpista dos bolsonaristas. Desde a semana passada a Polícia Federal comunicou que encontrou evidências de que o ex-ajudante de ordens da Presidência da República, o tenente-coronel Mauro Cid, havia apagado conteúdo do seu celular. Os peritos da PF conseguiram, assim mesmo, ter acesso a esses arquivos deletados. Especulou-se, inclusive, que isso poderia resultar numa reavaliação do acordo de delação premiada celebrada entre o militar e a Polícia Federal. Mauro Cid volta a depor na PF nesta terça-feira. 

Programas televisivos, no entanto, já estão antecipando que existe a possibilidade de que outros atores envolvidos nessas artimanhas golpistas até a medula tenham, igualmente, deletado conteúdos dos seus aparelhos celulares. A Polícia Federal e o STF estão realizando um trabalho brioso em relação aos envolvidos na tentativa de golpe de 08 de janeiro. É uma esperança de que a justiça seja feita e os culpados sejam exemplarmente punidos por atentarem contra as instituições democráticas do país. Um alento, num contexto de terra institucional arrasada. 

O Governo de Javier Milei, na Argentina, determinou que a sua polícia prendesse 6i envolvidos que se encontravam naquele país. Alguns estranharam essa atitude de Milei. Milei tem uma personalidade extemporânea, folclórica, mas, ao que parece, não está nada disposto a dar guarida àqueles que não se submetem às regras do jogo da democracia. Menos mal.