A princípio, poderia causar estranheza observar o nome de um dirigente partidário arrolado entre os indiciados por uma tentativa de golpe de Estado. Sabe-se, no entanto, que o indiciamento se deu porque o dirigente partidário, comandante de um fundo partidário poupudo, poderia ter financiado a trama golpista com recursos que, a rigor, deveriam ser empregados com outra finalidade. Quando a poeira abaixar, talvez os congressistas pudessem avaliar como criar normas ou expedientes que impedissem que esses fundos partidários pudessem ser utilizados de forma indevida. As intenções são boas, mas de boas intenções o inferno está cheio.
Partidos são criados, picaretas entram na vida pública, por vezes, tão somente de olho nesses recursos. Dirigentes partidários já entraram em verdadeiras rinhas, se engalfinharam em público, protagonizando graves consequências, apenas para se manterem no controle desses recursos. A suspeita de que esses recursos possam ser utilizados para financiar tentativa de golpe, ao que se sabe, é a primeira vez, mas, por outro lado, a imprensa já denunciou outras aplicações de caráter nada republicano. O fundo é calculado consoante a representação partidária do grêmio politico, mas parece haver um consenso de que esses montantes são muito elevados. Haveriam outras prioridades, principalmente quando se verifica essas idiossincrasias.
E, por falar em armações golpistas, a Procuradoria-Geral da República, ao se pronunciar em torno do assunto, já adiantou que somente em 2025 apresentará suas impressões sobre os 37 nomes implicados nessas tessituras que pretendiam instaurar no país mais um desses experimentos autoritários, sabe-se lá com que consequências, mas todas igualmente danosas para as nossas instituições democráticas e para a sociedade como um todo. Espera-se que a PGR endosse as conclusões da Polícia Federal sobre o assunto. Este mal precisa ser cortado pela raiz.
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