A revista Veja desta semana traz uma longa matéria sobre as tessituras do plano golpista revelado pelas investigações da Polícia Federal, que incluía, inclusive, o assassinato de autoridades, como era o caso do presidente Lula, o vice, Geraldo Alckmin, e o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Este grupo que tramou contra as instituições da democracia precisa ser punido exemplarmente para, aí sim, ensejarmos alguma possibilidade de pacificarmos um país conflagrado. Não é com anistia que conseguiremos este objetivo.
A matéria sugere que o único fio solto até este momento é se o ex-presidente Jair Bolsonaro sabia, de fato, do plano de assassinato. Por outro lado, através das falas dos próprios conspiradores, já se sabe que ele estava inteirado de muitas coisas. Pelo andar da carruagem política, apesar do bom momento da direita e dos ventos favoráveis que sopram da outra América, ele não deverá participar das próximas eleições presidenciais. Há encrencas demais e, a rigor, legalmente ele já foi punido com a inelegibilidade. Diante desses novos fatos, membros do PT já encaminharam um pedido de arquivamento do PL da Anistia. Trata-se de algo sepultado, no entendimento até mesmo de parlamentares da oposição.
A trama, apesar dos equívocos crassos no que concerne ao planejamento - o plano foi impresso em impressoras oficiais, de dentro do Palácio do Planalto - tinha alguns ingredientes sórdidos, como a possibilidade de envenenar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma vez que ele estava doente, com a idade avançada e frequentando hospitais. O fato nos fez lembrar da morte do poeta chileno Pablo Neruda, hoje se sabe possivelmente assassinado enquanto estava num leito de hospital. Antes de morrer, ele teria ligado para amigos, se queixando da mudança dos "remédios" e a transferência do hospital. Exumado, se comprovou que fora envenenado.
Sugere-se que a cúpula de nossas Forças Armadas assume hoje uma posição legalista. O próprio Ministro da Defesa, José Múcio, antecipou-se em informar que os militares envolvidos neste complô integram segmentos isolados e não representam o sentimento da caserna. Salvo melhor juízo, há quatro generais envolvidos. Um general do Exército ameaçou prender Bolsonaro quando participava de uma reunião. Embora não se deva desprezar os perigos inerentes a essas tessituras, elas não são compráveis ao que ocorreu na década de 60 do século passado.
Aqui em Pernambuco, um dos estados mais visados à época - em razão da grande ebulição política no campo e na cidade - Dr. Miguel Arraes foi substituído pelo vice, que integrava a conspiração, e o líder Gregório Bezerra, que se escondera no interior para organizar a resistência, foi capturado com a ajuda da aristocracia açucareira, que apoiava o movimento autoritário. Tudo muito bem planejado, nos encontros em insuspeito colégio de freira e entre um e outro licores de pitanga, logo nas primeiras horas da manhã.
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