Já houve aquela reunião no dark room. Então, diletos leitores, aguardem que teremos novidades nos próximos dias. Desde 2013, quando os jovens ganharam as ruas nas chamadas Jornadas de Junho, o país mergulhou numa espiral de instabilidade institucional que parece não ter fim. Observa-se, em escala global, a ascensão de uma onda de extrema direita em relação a qual as forças do campo democrático, de esquerda, estão se tornando impotentes para contê-la. Esses grupos organizados da direita ou extrema direita - eles não gostam de serem tratados como de extrema direita - seduziram, no Brasil, não apenas os ricos e a classe média alta de Santa Catarina, mas os pobres - e talvez evangélicos - da periferia de São Paulo. Santa Catarina passou a ser o novo reduto do bolsonarismo no país. Trata-se de um fenômeno curioso porque, em princípio, esses grupos sociais teriam expectativas de vida distintas.
Desnorteada, a esquerda perdeu completamente a narrativa e o poder de sedução. Lula chegou às eleições de 2022 no limite, exaurido, sem base de sustentação sólida, permitindo-se fazer um governo de conciliação com o centro, com o objetivo de se contrapor à oposição, que mina o seu governo, atacando-o em várias frentes, seja as institucionais, como o Legislativo, seja nas ruas ou redes sociais. A direita ganhar as ruas é um fenômeno relativamente recente. O resultado é que o Governo Lula3 se afasta cada vez mais dos seus compromissos históricos, assim como suas resistências são fragilizadas a cada novo pleito, em razão da dissonância das ruas. Lula não teve a preocupação de formar novas lideranças políticas no PT, o que se constitui num outro grave problema. O campo conservador tem uma penca de nomes aguardando a sua chance, enquanto o campo progressista aposta apenas nele, já com uma idade bastante avançada.
No cenário internacional, a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos representa mais um problema, uma vez que acende as expectativas desses grupos de extrema direita no continente. No Brasil, não seria diferente. Os bolsonaristas raciocinam como se não houvesse mais as condições políticas para a manutenção da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro. Isso ficou claro nas mensagens de congratulações enviadas ao futuro presidente americano. Difícil antecipar por aqui como essas placas tectônicas do nosso sistema político serão acomodadas daqui para a frente, mas, como afirmamos no início, teremos novidades. Não sem um pesado ônus. O ônus de aguçarmos o processo de instabilidade institucional iniciado com aquelas mobilizações contra o aumento das passagens em 2013.
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