pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Super salários e seus impactos no Estado brasileiro

Crônicas do Cotidiano: Avião faz pouso de emergência em Fortaleza. Motivo? Entupimento da latrina.



Dizem que o fato é até relativamente comum, mas, em princípio, é a primeira vez que escuto falar sobre o assunto. Neste início de ano, um avião da Air France, que fazia o trajeto entre Paris e São Paulo, precisou fazer um pouso de emergência no Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza, em razão de um motivo inusitado: o entupimento da a latrina, produzido por um passageiro que havia acabado de usar o vaso sanitário da aeronave. Noutras épocas, com a censura da imprensa, o grande Stanislaw Ponte Preta fazia das tripas coração para encontrar um fato que merecesse uma de suas impagáveis crônicas, publicadas com regularidade pelo jornal Última Hora

Hoje em dia, se o grande cronista carioca estivesse entre nós, não teria grandes dificuldades assim. No primeiro dia do ano, em plena comemoração do dia de ação de graça, surgiu um peixe cioba vendido pela valor de R$ 750 reais numa praia do estado da Paraíba. Quem desejasse pagar o preço, teria o acompanhamento de pirão, vinagrete e arroz. As autoridades municipais, neste final de semana, aproveitaram a ocasião para checar os valores praticados pelas barracas de praia, considerados abusivos. 

Em São Paulo, uma vereadora não eleita resolveu retirar o vaso sanitário que ela usava em seu gabinete e levar para a sua residência, reestabelecendo as distinção adequada entre o público e a privada. Sobretudo os franceses usam uns termos técnicos, diplomáticos, urbanos para se referirem ao fato inusitado do incidente causado pelo passageiro amaldiçoado, que deve ter se empanturrado com as comidas francesas, não reunindo as condições de aguardar o desembarque. Quem ler os termos usados pode ficar com a impressão de que se tratou apenas de um problema técnico, que fugiu ao controle das autoridades de voo, coisas assim. Mas, em bom nordestinês, já que estamos no Ceará, tratou-se mesmo de um tolete enorme, desses que se recusam a descer às entranhas dos esgotos.  

Drops Político: Mais transparência, PT.


A verdade é que o Governo Lula3 já não se entende com amplos setores de sua base histórica de identificação. Há insatisfações entre ambientalistas, sem-terra, classe artística, pessoal de terreiro, entre outros. Algumas dessas insatisfações já se tornaram públicas. Aliás, o próprio PT anda dividido, se considerarmos o racha em relação ao teor do Pacote de Ajuste Fiscal. Alguns já falam em traição, o que não vamos entrar aqui neste mérito, mas, algumas medidas soam desconexas, incoerentes. Esta medida, por exemplo, de decretar sigilo de cem anos e dificultar o acesso a informação aos gastos com cartões corporativos, não entra na cabeça de ninguém. Isso foi uma bandeira de campanha, onde se advogava à época, com razão, o descalabro do governo anterior. O PT será muito cobrado nas eleições presidenciais de 2026. Trata-se de um ônus muito pesado a ser carregado. 

Drops Educacional: A pedra angular da educação brasileira.


Aqui no Nordeste se usa muito uma expressão para designar uma situação que não tem mais conserto, uma vez que quebrou na emenda. Peço aos encarecidos leitores que não confundam as emendas, mas, a rigor, sugere-se que as de Brasília também não tem mais conserto. Hoje, em artigo publicado no Jornal do Commércio, onde faz referência sobre o que pode ser melhorado na educação em Pernambuco, o professor emérito da UFPE, Mozart Neves, chama a atenção para uma questão crucial: A alfabetização das crianças na idade certa, o que se constitui ainda num grande desafio da educação brasileira, não apenas a pernambucana. Pernambuco que vai bem na educação integral de ensino médio, bem que poderia concentrar esforços nesta questão crucial. Quebrou aqui não tem mais conserto. 

Drops Político: João Campos convida Vinícius Castello para integrar Governo Municipal.



Matéria do jornal Folha de Pernambuco sugere que o prefeito do Recife, João Campos, teria convidado o ex-candidato à Prefeitura de Olinda pelo PT, Vinícius Castello, para integrar sua equipe de governo, onde ficaria lotado na Secretaria de Infraestrutura, ao lado de Victor Marques, vice-prefeito que está sendo preparado pelo titular para sucedê-lo. O convite é bem-vindo, Vinícius por pouco não foi eleito prefeito de um dos colégios eleitorais mais importantes do estado, obtendo mais de cem mil votos. Vinícius tem um capital político nada desprezível. Os burburinhos, no entanto, afirmam que o convite é pessoal e não passa pela legenda do PT, onde já existe alguns ruídos com a segunda gestão do prefeito João Campos. 

Editorial: Um ano crucial para o Governo Lula3.


Em 2025 Lula terá uma espécie de 4 anos em 1. Se o morubixaba petista não acertar o passo neste ano, o desastre do seu terceiro mandato está consolidado. Trata-se de uma visão realista dos fatos, pois estamos torcendo, na realidade, que ele acerte os rumos neste momento crucial, tendo em vista, inclusive, uma eventual habilitação a um quarto mandato, como se especula nos corredores de Brasília. No campo da oposição há uma penca de nomes que estão se movimentando em torno de uma eventual candidatura, mas, no campo governista, quando Lula esboça um mínimo de desejo de candidatar-se, já é suficiente para esmorecer qualquer pretensão dos seus subordinados. 

O próprio Lula não estimulou a formação de sucessores, o que, convenhamos, foi um grande erro. Existem alguns gargalos preocupantes na gestão que não sabemos se em apenas um ano serão superados, sobretudo lidando com um ambiente de instabilidade institucional, com uma oposição inconsequente, de facas nos dentes, torcendo pelo pior, de olho no pleito presidencial de 2026. Os problemas são de tal monta que talvez não seja necessário elencá-los por aqui, uma vez que o brasileiro comum já os sente na pele. Melhor indicador não há. Os problemas com a economia se inserem neste contexto, mas também há problemas de comunicação, desarticulação política, ambiental, na saúde pública - nunca foram registrados números tão elevados de mortes por dengue no país - além das fissuras com o Legislativo. 

A queda acentuada na aprovação do Governo Lula3 seria suficiente para acender a luz vermelha e não a luz amarela. O trocadilho cai como uma luva, uma vez que existem divergências explícitas dentro do próprio PT sobre a melhor forma de superar essas intempéries. Amplos segmentos da legenda, por exemplo, não ficaram nenhum pouco satisfeitos com o pacote de ajustes proposto pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. 


Drops Cultural: Fernanda Torres arrebata o Globo de Ouro.



Merecidíssima a estatueta conquistada pela atriz brasileira, Fernanda Torres, por sua interpretação de Eunice Paiva, a esposa de Rubens Paiva, no filme Ainda Estou Aqui. O filme brasileiro, dirigido por Walter Salles, baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, filho de Rubens Paiva, é um relato dramático do que ocorreu com o seu pai nos estertores do regime militar implantado no país com o Golpe Civil-Militar de 1964. Curiosamente, Fernanda Torres tem uma participação pequena no filme, interpretando Eunice quando ela já estava acometida de uma enfermidade, mas talento é talento. O filme chegou a ser vítima do bolsonarismo mais radical - ou seria mais prudente afirmamos aqui da extrema direita - que chegaram a promover pelas redes sociais uma espécie de censura ou boicote à película. O filme, no entanto, foi um sucesso de público e de crítica, consagrado agora pela indicação de Fernanda Torres para receber a estatueta do Globo de Ouro. 

Editorial: A presença dos militares no ato em favor da democracia.



No ano passado, por ocasião do aniversário dos 60 anos do golpe civil-militar de 1964, ocorreu uma grande celeuma em torno do assunto, pois a data ainda é referenciada por alguns segmentos da caserna, assim como repudiada por amplos segmentos sociais, notadamente os vinculados aos direitos humanos, historicamente identificados com o petismo. Vários atos oficiais de protestos estavam programados, mas foram interrompidos por uma determinação do Palácio do Planalto, com o objetivo de não acirrar os ânimos entre civis e militares. 

Sobre o 08 de janeiro, o entendimento de amplos setores militares é que não teria ocorrido, necessariamente, uma tentativa de golpe, tampouco este ato isolado contou com o apoio das Forças Armadas. Como afirmou o próprio Ministro da Defesa, Múcio Monteiro, estamos tratando aqui de CPF e não de CNPJ. Em todo caso, diante de uma relação que, historicamente, nunca esteve completamente pacificada, convém cercar-se de todos os cuidados. Segundo fomos informados, Lula pretende que os comandantes militares estejam presentes no ato em defesa da democracia que está programado para o dia 08 de janeiro, em Brasília. 

Até recentemente, o comandante da Marinha, almirante Garnier Santos, esteve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, saneando as indisposições geradas a partir de um vídeo divulgado por aquela Força, que deixou o presidente irritado. Múcio, como sempre, cumpriu o papel de pacificador ou apagador de incêndio, intermediando o encontro. Pelo sim, pelo não, ainda estamos tratando aqui de um assunto nevrálgico, que recomenda a prudência necessária. A presença dos ministros civis do Governo Lula3 já estaria de bom tamanho. 

domingo, 5 de janeiro de 2025

Crônicas do Cotidiano: E a cioba de 750 reais? Não é em Sergipe, como esclarece Dona Irene.


Abrimos a nossa caixa de e-mails, numa manhã de domingo, e nos deparamos com uma mensagem abusada de uma internauta, indignada por termos feito alguma confusão com uma das praias do nordeste. O problema não seria tão grave, não fosse o seu contexto, ou seja, estávamos, na ocasião, nos referindo, no primeiro dia do ano, ao valor de um peixe da espécie cioba, vendido pela bagatela de R$ 750 reais, acompanhado com pirão, fritas e verduras. A ilustre senhora, que assina o e-mail como Irene, uma comerciante da orla de Sergipe, informa-nos que, em sua praia, é possível comer o mesmo peixe por uma valor bastante inferior. 

Havíamos confundido a Praia do Poço, de onde saem os catamarãs que levam à croa de Areia Vermelha, que se forma durante a maré baixa, em Cabedelo, com a praia do Saco, uma das mais badaladas da orla em Sergipe, que já foi apontada por uma revista francesa como uma das mais belas do mundo. Quando estivemos por ali, gostávamos mesmo era de frequentar os mesmo redutos do escritor Jorge Amado, em Mangue Seco, já na fronteira entre o estados de Sergipe e Bahia. Lá ainda existe alguns espaços preservados, como a casa\restaurante onde o escritor costumava comer sossegado seu sururu, sua moqueca de peixe com bastante óleo de dendê, além da casa de Tieta do Agreste, onde algumas cenas da novela foram gravadas, interpretada por Betty Faria no auge de sua carreira. Betty tinha tanto interesse em fazer o papel de Tieta que adquiriu os direitos autoriais do autor. 

Na realidade, como nos confidenciou um nativo, Jorge Amado se escondia por ali, em razão das perseguições políticas. "Saco" é um termo geográfico, principalmente dado uma enseada protegida por baías. Alguns falam que a geografia não tem nada a ver com isso. O nome faz referências aos sacos de areia que foram colocados no local para conter o avanço do mar, que também é um fenômeno geográfico, afinal. A rigor, ambas as versões são verdadeiras. Polêmicas a parte, trata-se de uma das praias mais badaladas de Sergipe, localizada na cidade de Estância, a 70 km de Aracaju. A Praia do Poço, em Cabedelo, fica na Região Metropolitana de João Pessoa.

Como, em tais situações, explicações e pedidos de desculpas são insuficientes, prometemos a Dona Irene que, na primeira oportunidade que tivéssemos voltaríamos à sua praia do Saco para experimentarmos a sua fritada de cioba, acompanhada dos mesmos ingredientes daquela preparada na croa da Praia de Areia Vermelha, em Cabedelo. Em todos os bares ou barracas de praia, os leitores atentos já devem ter percebidos, existe sempre uma Irene que prepara os melhores pratos. Na praia do Saco, em Sergipe, não deve ser diferente. Um afetuoso abraço, Dona Irene.  

Editorial: O sucessor de Tarcísio segundo o próprio Tarcísio.



Há uma nebulosa denúncia de novos eventuais desvios de emendas parlamentares, liberadas para a área de saúde, que estão indo para um emendoduto, num esquema de fraudes gigantesco, onde o dinheiro público cumpre outra finalidade, que não de salvar vidas, mas vai parar nas mãos de gatunos do erário. Não temos ainda informações mais precisas sobre este novo caso envolvendo desvios de emendas parlamentares, sendo prudente não aprofundá-lo por aqui. Assim que tivermos mais informações, voltamos a abordá-lo. No caso do DNOCS da Bahia, a Polícia Federal já havia concluído suas investigações, onde uma quadrilha se apoderou indevidamente do montante de 1,4 bilhões de recursos públicos. 

Por enquanto, voltemos ao teor deste editorial, que aborda a sucessão do governador paulista, Tarcísio de Freitas. Seja para 2026 ou 2030, já comentamos por aqui sobre o núcleo duro do campo conservador - e até da extrema direita - que se concentra no principal estado da federação. Não resta a menor dúvida de que o governador Tarcísio de Freitas está sendo moldado para uma missão nacional. Isso já não depende apenas de uma vontade pessoal. No momento, como o capitão Jair Bolsonaro ainda almeja ocupar a cadeira do Palácio do Planalto, Tarcísio cede às expectativas do ex-chefe. Bolsonaro, aliás, tem desestimulado eventuais candidaturas presidenciais em todos os quadrantes. Até mesmo dentro do núcleo familiar. O candidato do campo conservador e de direita - já que eles destetavam serem tratados como extrema direita - é ele mesmo, independentemente do rolo da inelegibilidade, que eles pretendem resolver. 

Considerando uma eventual candidatura presidencial do governador Tarcísio de Freitas, quem o sucederia no Palácio Bandeirantes? Segundo o próprio Tarcísio, suas preferências recaem sobre o prefeito reeleito, Ricardo Nunes. Aliás, a reeleição do prefeito Ricardo Nunes já se insere no escopo de uma estratégia que pretende tomar a Bastilha do Palácio do Planalto, conforme chegou a admitir um dos principais integrantes dessa nucleação conservadora paulista. O Planalto apostou todas as suas fichas em Guilherme Boulos, que foi derrotado nas urnas, inclusive com os votos da periferia, o que é mais grave. 

Charge! Renato Aroeira via Facebook.

 


sábado, 4 de janeiro de 2025

João Cezar de Castro Rocha: 2025 será o ano decisivo do Lula 3 | Entrevista

Charge! Aroeira via Brasil 247.

 


Crônica do Cotidiano: O caso da privada levada pela vereadora.




Não vamos aqui identificar os personagens,  por razões óbvias, mas o caso ocorreu no estado mais importante da federação, São Paulo, num país chamado Brasil, onde a confusão entre esfera pública e esfera privada é apenas um tema a ser explorado pelos acadêmicos nas universidades. A linha é muito tênue, quase inexistente, conforme observava o historiador Sérgio Buarque de Holanda. Isso traz consequências até para a nossa democracia, onde os padrões de relações sociais não são institucionalmente orientados, abrindo brechas para o compadrio, o nepotismo, o familismo amoral, os favores devidos, o tapinha nas costas, a anistia a golpistas e torturadores, além de outros expedientes do gênero. 

Estamos com os ânimos tão acirradas que já deixamos de abordar determinados assuntos por aqui, apenas para não melindrar, o verbo desses momentos bicudos que o país atravessa. Mas, como estamos no Brasil, vale o adágio de um clube carnavalesco que desfilava pelas ladeiras de nossa cidade histórico de Olinda durante o período momesco: Nós sofre, mas nos goza. Período momesco é apenas uma forma de expressão, possivelmente imprecisa, uma vez que a cidade mal sai de um carnaval e já está se preparando para o próximo. Olinda é uma cidade encantos, belezas mil, luxúrias e licenciosidades, que nem o incêndio do período da ocupação holandesa conseguiu aplacar. Os pecados do Período Colonial ainda persistem em seus becos, suas ladeiras, suas bicas, seus altos. 

Dizia-se que o grande cronista Sérgio Porto, mais conhecido como Stanislaw Ponte Preta, costumava levar sempre um bloquinho de anotações com ele, mesmo nos momentos em que desfrutava do convívio da família, nas praias cariocas. Estivesse entre nós, o grande Stanislaw talvez não precisasse tanto esforço de inspiração para escrever suas crônicas cotidianas no jornal Última Hora. Sérgio escrevia num momento difícil, sob a égide da ditadura militar. Lendo hoje suas crônicas, até nos surpreende a sua liberdade criativa, que os militares permitiam que brotasse. Ao que se sabe, Sérgio nunca foi molestado pelos militares em razão do teor dessas crônicas. 

Aqui na Paraíba, no mesmo período, alguém confundiu um tal de Geisel e toda a redação foi demitida da imprensa oficial.  Pois bem, leitores. Voltando ao que de fato interessa, uma vereadora não reeleita resolveu levar a privada do seu gabinete para casa, impondo ao sucessor a providência imediata de adquirir outro utensílio para o caso de necessidade. Conforme captou a  chargista Marília Marz, a definição de público e privado foi atualizada com sucesso. 

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


Editorial: Ministro Flávio Dino manda suspender recursos de repasses a 13 ONG's.



Não estamos nos referindo aqui a este caso específico, mas havermos de concordar num ponto: há muita picaretagem envolvendo algumas dessas ONGs, que atuam no país. Uma CPI recente, tratando da atuação dessas ONGs no Estado do Amazonas, abriu as vísceras dos engendramentos nebulosos de algumas delas, agindo em conluio com agentes públicos. Por outro lado, tudo evidencia que há algo de muito podre em relação às transações que envolvem esses repasses de emendas parlamentares. Não sabemos em que momento vamos chegar a algum consenso minimamente republicano em relação à sua concessão, destinação e, principalmente, a prestação de conta do dinheiro de nossos impostos. Está difícil, uma vez que, na medida em que o STF impõe regras de transparência, eles querem mesmo é quebrá-las, sob o argumento da intervenção indevida. 

As medidas saneadoras adotadas pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, são extremamente necessárias e bem-vindas. Não vamos aqui entrar nos detalhes mais escabrosos das irregularidades encontradas para não melindrar, que continua o verbo por excelência desses tempos bicudos de instabilidade institucional que o país atravessa. A partir de um relatório da Controladoria Geral da União, que apontou irregularidades em relação à impossibilidade de mecanismos eficazes de prestação de conta de 13 ONGs, o Ministro Flávio Dino determinou a suspensão de repasses de dinheiro público através dessas famigeradas emendas parlamentares.

Num climão de beligerância declarada, os parlamentares estão voltando à Brasília com a faca nos dentes, dispostos a derrubarem todas as  medidas tomadas pelo STF, através do Ministro Flávio Dino.  Para completar esse enredo nebuloso, já se fala num jeitinho brasileiro para a liberação dessas emendas, o que não seria de todo improvável, disfarçadas com outras rubricas. É o Brasil.  

Editorial: Em favor da democracia sempre.



Infelizmente, as ameaças às instituições democráticas são uma constante no país. Tais instituições são, em princípio, frágeis, quando observadas, por exemplo, mesmo entre teóricos que guardavam divergências entre si, a exemplo de Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda, dois dos maiores intérpretes do país. Nós não temos uma democracia consolidada. Há um imenso abismo de desigualdades sociais e econômicas, associados a um passado histórico que não nos credencia a uma coexistência com uma democracia política perene. Há um desequilíbrio não aconselhável entre democracia substantiva e democracia política. 

Esses percalços históricos, longe de esmorecer os nossos ânimos, devem nos estimular no sentido de superarmos essas dificuldades e, um dia quem sabe, construir um sistema democrático perene, menos infenso às recorrentes tentativas de desmonte. Nos últimos dias, atores políticos comprometidos com este projeto de democracia do país estão se pronunciando a este respeito, dimensionando o perigo que as nossas instituições democráticas correram em 08 de janeiro. Realmente temos razões de sobre para as preocupações. Não é algo a ser minimizado, tampouco anistiado. A tentativa de desmonte do edifício democrático no país ocorreu em várias etapa, não se restringindo ao que alguns tratam como o badernaço da capital federal. O resultado do pleito foi questionado, ocorreram reuniões onde o Estado de Exceção foi proposto, autoridades públicas deixaram de cumprir os seus deveres constitucionais... um enredo nebuloso.  

O Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou um vídeo tratando dessa questão nevrálgica para o país e irá se manifestar publicamente por ocasião da data, em protestos que ocorrerão em Brasília e em Araraquara.  Para o evento de Brasília, ao que se sabe, Lula teria convidado todo o seu staff político. Em favor da democracia sempre!

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Charge! Cláudio Mor via Folha de São Paulo.

 


A febre do dólar: especulação do 'mercado' ou realidade? | Entrevista co...

Charge! Aroeira via Facebook.

 


Editorial: Planalto irá protestar contra o 8 de janeiro.


Na verdade, o termo correto é repudiar o 8 de janeiro. Na realidade, a comemoração, neste caso, se deve ao fato de termos superado mais uma tentativa de golpe de Estado no país, o que sugere que o Governo Lula3 possa se posicionar em relação ao ocorrido. Este terceiro Governo Lula não anda bem das pernas. A torcida é sempre para que esses problemas sejam superados nestes dois anos que restam. Não sabemos se realmente procede, mas estávamos lendo a pouco que existem setores que atuam dentro da SECOM com absoluta autonomia, sem o controle do titular da pasta. Se existe isso, há algo de muito errado com esse organograma. Isso ajuda a explicar porque as coisas não andam bem na comunicação institucional. Não é tudo, mas explica um pouco. Panela onde muita gente mexe, põe a perder a vaca atolada. 

Em 2024, quando o golpe civil-militar de 1964 fez aniversário de 60 anos, uma determinação do morubixaba petista preconizou que fossem interrompidas quaisquer manifestações contrárias àquele aniversário. Segundo dizem, até dinheiro público já havia sido empenhado pelo Ministério dos Direitos Humanos. A atitude, em tom conciliador, com o propósito de evitar animosidades com as Forças Armadas, produziu um ruído infernal junto às organizações de direitos humanos e entre os setores mais identificados com as bases históricas de sustentação do petismo. Até um museu havia sido proposto pelo então Ministro da Justiça, Flávio Dino, com base numa experiência chilena. 

Agora, independentemente de eventuais novos ruídos com os militares, alguns deles inclusive arrolados na última tentativa de golpe, o Governo Lula3 anuncia que irá comemorar a passagem do 08 de janeiro, na capital federal e em Araraquara, onde Lula esteve no período, acompanhando as ações do Governo Federal em relação às fortes chuvas que atingiram a cidade. O governo está precisando calibrar a sua bússola política. Não enxergamos algum acerto por aqui.  

Editorial: O Recife tem um novo gerente.



Estamos hoje, dia 03, com um cenário político nublado. Os parlamentares estão voltando com a faca nos dentes para se contraporem e derrubarem os vetos do Governo Lula3; praticamente uma crise instaurada no Ministério da Saúde, motivada pela falta de algumas vacinas básicas nos postos de saúde; uma primeira ranhura na relação entre entre Nunes e Mello, em São Paulo, que dizem ter a ver com a divisão dos espaços na gestão; e, finalmente, a repercussão de um longo editorial do Estadão sobre a Suprema Corte. Diante das tormentas, vamos levar o barco devagar, como aconselha os velhos marinheiros, e nos concentrarmos aqui na província, mais precisamente por ocasião da primeira eleição do prefeito Geraldo Júlio, no ano de 2012, quando tivermos alguns problemas ao anteciparmos sua vitória, em artigo escrito e publicado num site local. Reflexo das ações, já naquele momento, de nossa esquerda pé na jaca. 

Escrevemos até um livro sobre aquela campanha. O livro adormece em nossos arquivos. Nunca chegou a ser publicado. Política é momento e o cavalo passou selado. Depois de duas gestões bem-sucedidas, o ex-prefeito, que poderia ter sido pensado como alternativa de candidatura ao  Governo do Estado, recolheu-se aos seus aposentos. Sugere-se que a relação entre o ex gestor do Recife e a família Campos ainda são das melhores, mas haveria eventuais fissuras entre o ex gestor e setores da legenda socialista no estado. A família Campos, aliás, endossava tal candidatura. Desconhecemos se ele ainda exerce alguma ação nos bastidores da política local, mas as semelhanças entre as gestões de João Campos e a de Geraldo Júlio, em alguns aspectos, começam a se tornarem evidentes, até mesmo no tocante à escolha do jovem Victor Marques, a rigor um técnico, como seu sucessor, assim como ocorrera anos antes, quando Eduardo Campos apostou todas as suas fichas no então desconhecido técnico que atendia pelo nome de Geraldo Júlio. 

Naqueles idos entendíamos que alguns movimentos do governador Eduardo Campos indicavam que ele pretendia tomar a Bastilha do Palácio Capibaribe, sede do Governo Municipal. Não foi por falta de aviso que o PT vacilou. Antes de indicar o nome de Geraldo Júlio para concorrer à Prefeitura do Recife naquele ano, O PSB, que à época tinha bons assessores na área de marketing político, contratou uma pesquisa qualitativa para saber o perfil de um gestor que os recifenses desejavam para gerir os destinos da cidade. Eles concluíram que, muito mais que um político, as preferências recaiam sobre um gerente, um técnico capaz de conduzir uma gestão que enfrentasse os grandes gargalos da cidade, o que nos conduz a concluir sobre o DNA desse gerencismo do prefeito João Campos. 

É curiosos como João Campos, talvez numa lição deixada pelo pai, faz política mantendo um distanciamento regulamentar do ideologismo. Assim como o pai, para tocar a gestão, dá preferência aos técnicos. Prepara Victor Marques para sucedê-lo na Prefeitura do Recife. Victor entra timidamente neste terreno, pois até pouco tempo ainda era um técnico de conversas de ouvido com o chefe, numa relação de longas datas, quando o prefeito ainda era Chefe de Gabinete do governador Paulo Câmara. João Campos entregou a ele a Secretaria de Infraestrutura, como não poderia deixar de ser, pois é a secretaria das entregas das obras de impacto, abrindo um horizonte político promissor para o jovem. Num futuro, que os socialista desejam esteja próximo, assim como ocorreu no passado, com Eduardo Campos, os dois palácios estarão sob o controle do grupo novamente. Victor ser filiado ao PCdoB é uma mera formalidade. 

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Charge! Renato Aroeira via Facebook.

 


Drops Político: João das entregas.


O prefeito reeleito do Recife, João Campos, tem pressa. A pressa é tanta que já se especula sobre uma eventual candidatura do prefeito ao Governo do Estado, já nas eleições de 2026. Por enquanto, a despeito das polêmicas, isso fica no plano das especulações. O certo é que a ocupação da cadeira do Palácio do Campo das Princesas sempre esteve nos seus planos políticos. É uma questão de tempo, de onde se conclui essa sua obsessão pelas entregas reclamadas pela população, transformada numa vitrine de sua gestão. Dá a impressão de que ele se sente sempre atrasado neste sentido. As demandas são imensas, numa das capitais mais desiguais do país, exigindo sempre muito empenho dos gestores. O prefeito, no entanto, vai no caminho certo. 

Drops Político: Nunes assume com aceno a Jair Bolsonaro.

Crédito da Foto: Taba Benedicto, Estadão Conteúdo. 


Curioso como os holofotes sempre se voltam para a grande metrópoles do país. Não foi diferente no dia de ontem, quando os prefeitos eleitos por todo o Brasil tomaram posse em suas respectivas cidades. Como se sabe, nos escaninhos, já existe todo um engendramento de olho nas eleições de 2026. Em São Paulo, o prefeito reeleito Ricardo Nunes(MDB-SP) já externou que não deseja o seu MDB em apoio ao projeto de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As sinalizações foram claras em direção ao ex-presidente Jair Bolsonaro.  Quem se movimenta muito bem no tabuleiro da política paulista é o secretário Gilberto Kassab, Presidente Nacional do PSD, que declarou recentemente ser muito improvável, igualmente, o apoio do partido a Lula. São Paulo se tornou uma trincheira antilulista. 

Editorial: A eficiência como critério na reforma ministerial do Governo Lula3.

 


Aguarda-se para este início de ano, com algumas expectativas, a reforma ministerial do Governo Lula3. Esta reforma tem sido anunciada a um bom tempo, desde as últimas eleições municipais, quando o PT sofreu uma nova refrega nas urnas. Desta vez, segundo especula a imprensa, a partir dos burburinhos emitidos pelas reuniões palacianas, há um ingrediente que se acrescenta à acomodação da vasta base aliada, certamente o critério mais determinante nessas reformas: A eficiência dos titulares das pastas. Pesquisas apontam várias áreas com sérios problemas, impondo-se medidas saneadoras. Nessas reuniões, o morubixaba petista já teria sinalizado para esta questão nevrálgica. 

Há um erro aqui desde o início, quando, em nome dessa tal governabilidade, Lula precisou negociar cargos no governo com inúmeros partidos do centro do espectro político, e, quando esses partidos indicam nomes para ocuparem esses cargos o critério técnico quase sempre é negligenciado. O que conta aqui é a capilaridade do sujeito junto à direção ou bancada da legenda, assim como as verbas disponíveis daquele órgão para se fazer política, numa análise estritamente republicana, sem considerarmos aqui outras intenções. A rigor, nem o próprio PT foi muito exigente neste quesito, se considerarmos o desempenho de alguns titulares. 

Essa necessidade de governabilidade que se impõe a um Governo fragilizado em sua representação e articulação política precisa ser submetida a um exame anátomo patológico político, onde se possa diagnosticar a dimensão das enfermidades, que já começam a atingir a própria legenda do PT. A dissidência aberta por ala do partido em relação às divergências sobre o conteúdo deste último pacote fiscal concebido pelo Ministério da Fazenda é um bom exemplo disso. Pelas nossas contas, já são 18 partidos nessa coalizão, com vaga para acomodar mais, pelo andar da carruagem política. 

Charge! Laerte via Folha de São Paulo.

 


quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Editorial: Expectativas inflacionárias e impasses políticos.



A economia não é uma ciência exata, o que abre margem para algumas situações que fogem ao controle das previsões dos economistas. Na nossa época de estudantes, por exemplo, fala-se muito numa mão invisível do mercado. Ao longo dos anos, essa tal mão invisível tornou-se uma grande balela, pois seus reflexos na conjuntura econômica são bem visíveis mesmo. Basta um suspiro, uma declaração inoportuna durante uma entrevista para o dólar aumentar sua cotação no mercado. E, por falar em mercado, este ente anda muito preocupado com as medidas tomadas pelo Governo Lula em relação ao ajuste das contas públicas. O que está sendo proposto no momento está muito aquém das expectativas. 

É este um dos grandes gargalos que o Governo Lula3 deverá enfrentar a partir de amanhã, depois do feriado de ações de graça. Não há mais tempo a perder. Lula terá dois anos para colocar as finanças públicas em ordem, conter o avanço da inflação, ajustar o passo com o mercado  e com as entregas às suas bases históricas de sustentação, criando a marca ou identidade deste terceiro mandato, algo que ainda não foi feito. Do contrário não se reelege, tampouco o nome que o campo progressista indicar como seu sucessor. E olha que nem mencionamos aqui o nó górdio do imbróglio político, uma dor de cabeça desde o início do governo. 

As Casas Legislativas estarão sob nova direção, mas isso não quer dizer muita coisa. Os nomes que ascenderam aos seus comandos já estão comprometidos até a medula com grupos oposicionistas, assim os que deixam o cargo estão articulando formação de federações políticas com partidos ligados ao bolsonarismo. Como se tudo isso não fosse o suficiente, o PT abriu uma dissidência com potencial de criar alguns embaraços daqui para frente, sobretudo porque essa dissidência representa os verdadeiros anseios da população que se identifica com a legenda e com o Governo, a chamada base histórica de sustentação.  

Editorial: Para começarmos o ano com uma Cioba a R$750,00.



Não seria, em  princípio, aconselhável começarmos o ano falando de notícias ruins, mas, convenhamos, nos despedimos de 2024 num ambiente nada otimista. Algumas ocorrências do ano que passou podem sugerir algumas premissas, sejam positivas ou negativas, para o ano vindouro. O blog Contexto Político passará por algumas mudanças editorias em 2025, onde incorporará matérias relativas à educação e cultura, com um foco maior na literatura. Três notícias que repercutiram bastante neste final de ano, sugerem as expectativas, neste caso talvez não muito otimistas - com o perdão dos leitores otimistas - sobre o que possa ocorrer em 2025. 

Repercute bastante nas redes sociais a degradação ambiental em que se encontra o outrora paraíso de Balneário Camboriú, em Santa Catarina. Ocupação da orla com prédios altos, sob a complacência do poder público; intervenções de engorda da praia, que não deram certo, formando lagoas de fezes que invadem o asfalto durante as chuvas; esgotos a céu aberto, que tornaram a balneabilidade praticamente impossível. Como Santa Catarina hoje é administrada por um bolsonarista, os nordestinos de todos os quadrantes, inclusive este editor, convidaram os catarinenses para conhecer as praias da orla da região nordestina, a exemplo, de Fortaleza, Bahia, Paraíba, Maceió, entre outras. Um desses vídeos, comparando Camboriú a uma praia de Fortaleza, viralizou na rede X. 

Agora, você que vem para o Nordeste precisa preparar o bolso. Também repercutiu bastante um peixe Cioba, vendido na Ilha de Areia Vermelha, na realidade uma croa que se forma com a maré baixa, localizada na praia do Saco, em Cabedelo, vendido por R$ 750 reais, acompanhado de arroz, pirão e vinagrete. O peixe deveria ter no máximo uns cinco quilos, o que significa dizer que o seu preço numa peixaria normal deveria custar algo em torno de R$ 200,00, calculado ao preço de R$40,00 o quilo. O valor assusta, está acima do mercado e remete-nos ao fantasma da inflação, que começa a nos ameaçar nas gôndolas dos supermercados. Claro que há muitas variáveis em jogo, sobretudo se considerarmos que o produto está sendo comercializado numa área de praia, onde a última coisa a ser pedida é um peixe, onde há muita exploração. Mesmo assim, sugere aquele "descontrole" de expectativas produzidos em tempos de inflação alta.  Aproveitem que o peixe ainda não foi vendido. 

Para encerrar, permitam-me a mudança de pessoa no texto,  se alguém me informasse que até meados de 2025 minha vida teria uma reviravolta eu não me sentiria ameaçado. Como os ânimos estão bastante acirrados - reflexos desses tempos políticos bicudos de 2024, que devem continuar em 2025 - a insinuação foi lida como uma ameaça e rebatida na mesma medida pelo integrante do Governo Lula3, que adiantou não ter medo de miliciano. Aproveitamos o ensejo para desejarmos tudo de bom para os nossos eleitores e leitoras em 2025. 

Charge! Pedro Vinício via Folha de São Paulo