pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: março 2013
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domingo, 31 de março de 2013

Blogsfera ameaçada? O caso de Luiz Carlos Azenha

O sufoco por que passam os blogs não corporativos, fenômeno que vinha se intensificando nas últimas semanas com a condenação judicial, ainda que em primeira instância, de uma série de blogueiros – Cloaca News, Marco Aurélio de Mello, Rodrigo Vianna, os irmãos Mário e Lino Bocchini (da Falha de São Paulo ) - tornou-se uma questão de primeira ordem a partir da repercussão de um post em tom de desabafo escrito por Luiz Carlos Azenha. Nele, o jornalista e editor do Viomundo declara-se em vias de fechar o blog por alegadamente não poder arcar com os custos de um processo judicial movido por Ali Kamel, diretor-geral de jornalismo da Globo, os quais só na primeira fase já teriam somado 30 mil reais.

Mais do que trincheiras de militância política, os chamados "blogs sujos" vêm se tornando, de forma cada vez mais intensa, polos de resistência e de diversificação de enfoques e análises em um país cujo setor comunicacional, fortemente concentrado, encontra-se assumidamente partidarizado – contexto que, por sua vez, no contexto do jornalismo brasileiro, gera um déficit de credibilidade que agrava ainda mais a crise estrutural da imprensa decretada pela popularização da internet.


Arena democrática
 
O Viomundo ocupa uma posição privilegiada nesse cenário. Em primeiro lugar porque, ao contrário do que logo se apressaram a proclamar membros de uma certa esquerda que parece sempre mais interessada em desagregar e instaurar a cizânia de modo a fazer valer suas posições, nunca foi um blog chapa-branca. Pelo contrário: as vigorosas reportagens de Conceição Lemes sobre a gestão federal da Saúde, o acompanhamento das greves nacionais e da questão sindical e a reprodução de textos selecionados de colaboradores – dentre os quais alguns dos posts mais críticos ao governo por este blog publicados – formam, hoje, somados a textos que apresentam uma visão mais simpática – mas não necessariamente menos crítica – do governo Dilma , um testemunho vivo dos erros e acertos da atual administração federal em seus mais de dois anos de vigência.

Um segundo ponto em que o Viomundo se destaca é pela qualidade de sua caixa de comentários, que acaba diversas vezes por se transformar, efetivamente, em um fórum de debates de bom nível, feito raro no atual estágio da blogosfera, que os demais blogs políticos de grande audiência, corporativos ou independentes, estão longe de repetir, com suas igrejinhas, trolls e agressividade grassante.



Luta é pela blogsfera
 
É evidente que não são só por essas qualidades que lutar pela sobrevivência do Viomundo é neste momento essencial. Descrevo-as como forma de esconjurar o fantasma de seu possível encerramento através do testemunho afetivo do que ele significa para mim. Mas ainda que se tratasse de um blog minúsculo, chapa-branca e sem comentaristas – ou com comentaristas a se digladiar agressivamente – a luta se faria igualmente necessária, por o que está em jogo aqui é a garantia de liberdade de expressão para além do universo capitalista das corporações midiáticas e a manutenção dessa experiência riquíssima de participação e debate politico que a blogosfera e as redes sociais têm propiciado no Brasil na última década.

Creio não ser preciso me alongar quanto a isso: é já dado histórico que, num passado recente, foram, em larga medida, essas novas modalidades comunicacionais que, entre tantos outros episódios, desvelaram a farsa midiática por trás de episódios como a publicação da ficha policial falsa da candidata Dilma Roussef na capa da Folha de S. Paulo; o aparelhamento político-partidário da revista Veja e sua transformação em máquina de factoides e destruição de reputações; a farsa envolvendo Lina Vieira, secretária da Receita Federal ligada ao clã chefiado por Agripino Maia (DEM/RN); a bolinha de papel que atingira o candidato José Serra (episódio em relação ao qual o próprio ex-presidente Lula, em seu histórico encontro com blogueiros, reconheceu a importância da atuação da blogosfera no restabelecimento da verdade que o Jornal Nacional estava a falsear).

Através dessa atuação a blogsfera política foi ganhando respeitabilidade, audiência, proliferando em novos blogs – e hoje, embora ainda esteja longe de oferecer em quantidade reportagens e matérias jornalísticas originais, vem superando, em termos de credibilidade e para um público maior e melhor qualificado, a mídia corporativa como fonte de análises politicas.



De arauto a grilo falante
 
O que parece essencial sublinhar, no esforço para contextualizar os fatores que levaram à atual crise da blogosfera, é como ela passou, ao longo de governo Dilma, de alinhada prioritária da administração federal petista à atual condição de "persona non grata" nas hostes palacianas. Um primeiro estranhamento se deu no período imediatamente posterior à eleição de Dilma, em que um esperado gesto de agradecimento da eleita para com os blogueiros que se dedicaram intensamente à sua campanha não veio (foi no intuito de preencher tal lacuna que se organizou o encontro de Lula - veja bem, de Lula, não de Dilma - com os blogueiros). Tal quadro agravou-se com a nomeação de Ana de Hollanda para o Ministério da Cultura e a adoção de uma política reacionária em relação a direitos autorais e novas tecnologias digitais, contrária à posição dos principais ativistas da causa no país, cuja mobilização pela eleição de Dilma, liderados por Marcelo Branco, fora intensa.

Mas a cereja do bolo na banana que Dilma deu à blogosfera foi sua aproximação entusiasmada para com a mesma mídia corporativa que a difamara de todas as formas durante a campanha eleitoral, incluindo uma visita ao programa Ana Maria Braga e a confraternização com a fina flor do tucanato na festa pelo aniversário Folha de S. Paulo.

Daí por diante a blogosfera, que, embora majoritariamente unida em torno da candidatura Dilma, nunca fora o monolito ideológico que seus adversários pintam, passou a apresentar divisões internas mais nítidas. Uma porcentagem de seus membros optou pela oposição sistemática ao novo governo e, embora prevalecesse a maioria a favor, esta dividiu-se entre os blogs de apoio irrestrito ao governo, outros de apoio crítico - entre os quais se insere a maior parte dos blogs sob judice - e ainda outros que professam imparcialidade jornalística. Seja como for, o apoio entusiasmado do período de disputa eleitoral com José Serra e a pior direita deu lugar, em larga medida, à produção de demandas políticas específicas e de conteúdo crítico em relação ao governo Dilma. A blogosfera se transformara em grilo falante, definiu alguém.



Mutações do poder
 
Nesse ínterim, o ministro Paulo Bernardo, que no início do governo frequentava risonhamente as redes sociais prometendo disseminar a banda larga e batendo altos papos com blogueiros, dá um block geral, enclausura-se no interior do ministério em companhia dos acólitos das teles e passa a qualificar os blogueiros de "vagabundos" enquanto trama um repasse milionário do Estado para as empresas particulares de telecomunicação, recordistas de queixas nos Procons, que, com a anuência do governo, vendem banda larga a preço de internet por satélite e velocidade de conexão discada.

É no contexto dessa dinâmica que se dá, lenta e paulatinamente, o confronto entre um governo cuja secretaria de Comunicação continua a irrigar generosamente os cofres da mídia corporativa – da mesma mídia corporativa que muitos dos blogueiros chama de PIG, como "homenagem" à forma implacável como tais veículos exercem uma oposição tão cerrada quanto desqualificadora em relação ao governo federal -, enquanto mantém a torneira fechada para os blogs e demais órgãos de imprensa alternativos.



Pragmatismo x ideologia
 
A lógica por trás da ação governamental é cristalina, e se amolda a perfeição ao seu projeto de expansão de hegemonia político-eleitoral à revelia das questões ideológicas, priorizando alianças o mais amplas possível (ainda que´politicamente esdrúxulas ou eticamente insustentáveis), o desenvolvimentismo a qualquer custo e a manutenção prioritária dos índices econômicos. Em relação a tal programa, parte considerável da blogosfera, com suas críticas pontuais, sua memória para com compromissos de campanha e, sobretudo, o pendor com que teima em insistir numa tomada de posição ideológica por parte do governo, transforma-se de aliado de primeira hora em incômodo porta-voz de escrúpulos que se quer superados. "Com a tentativa de dar um abafa no jornalismo independente, o governo Dilma manda um recado claro para bons entendedores: a politização do debate não está nos seus planos, muito menos aquela que daria ensejo a recortes de classe, ainda que somente uma tomada de consciência", assinalou um observador arguto.

O dado paradoxal – e revelador da importância jornalística da blogosfera e do quanto é falsa sua visão como um bloco monolítico chapa-branca – é que o leitor jamais se inteiraria da dinâmica de tal processo através das fontes jornalísticas convencionais. Seria preciso investigar o retrato do governo Dilma em blogs como os agora processados, ou, por exemplo, os de Altamiro Borges e Maria Frô, ou mesmo este humilde boteco, para se inteirar de tais percalços.



Problema é antigo
 
No atual contexto, um eventual recuo da blogosfera ante dificuldades econômicas impostas pelo custo de processos judiciais – algo que uma eventual combinação de litigância de má-fé e proximidade das eleições pode tornar explosivo – significaria um tremendo retrocesso, com graves consequências para o debate público no país e, em decorrência, para seu próprio avanço democrático. É importante notar que tal possibilidade não se trata de um fato novo: em um texto publicado no Observatório da Imprensa no já longínquo ano de 2009, logo após o fechamento do blog A Nova Corja em virtude dos custos físicos, psicológicos e financeiros dos processos judiciais que sofrera, :
A despeito do temor de alguns blogueiros de que alguma forma de representação coletiva venha a comprometer sua independência, torna-se cada vez mais urgente, devido à profusão de processos judiciários contra blogs e ao intervalo cada vez menor entre eles, a montagem de uma rede de proteção jurídica a curto ou médio prazo. Ela poderia ser erguida, por exemplo, com a participação de advogados voluntários, ligados ou não a ONGs e universidades, mas cientes da importância do papel da blogosfera independente e dispostos a contribuir com seu tempo e saber jurídico da mesma forma generosa e gratuita que tantos blogueiros se dedicam às atividades de pesquisa e redação.

Reação pungente
 
Esse tema foi intensamente debatido no I Encontro Nacional de Blogueiros, realizado em 2010) e, talvez com menos intensidade e menor sentido de urgência, nos encontros nacionais e regionais posteriores. Com a deflagração da atual crise da blogosfera, torna-se urgente a retomada de tal debate e a efetivação concreta de medidas reativas.

O caso Viomundo provocou uma grande reação na blogosfera e nas redes sociais, mobilizando corações e mentes para uma rápida reação. Uma reunião foi marcada para a próxima terça-feira, 02/04, as 17h, no Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé (Rua Rego Freitas, 454 – 1o. Andar – conj. 13) visando a busca de soluções para o caso e o encaminhamento de debates visando resolver tal impasse. Todos os interessados são convidados.

Candidatura de Marinho em SP ganha força no PT


SP247O prefeito reeleito de São Bernardo de Campo, Luiz Marinho, é o primeiro nome que o ex-presidente Lula escolheria para disputar o governo de São Paulo contra o tucano Geraldo Alckmin no ano que vem. Ele, porém, declinou o convite e a segunda opção do cacique petista passou a ser o ministro Alexandre Padilha, da Saúde, maior pasta em evidência hoje no governo.
Apesar de negar ser candidato, Luiz Marinho vem ganhando força como opção para 2014. Muitos da cúpula do PT paulista vêm dizendo que ele é a "melhor alternativa" e "o candidato mais viável", de acordo com a coluna de Ilimar Franco, do jornal O Globo, deste domingo. Fundador do PT, Marinho é amigo de longa data do ex-presidente, além de ser prefeito do município que é o berço do sindicato dos metalúrgicos, onde começou a vida política de Lula.
Na avaliação do ex-presidente, que concedeu entrevista ao jornal Valor Econômico nesta semana, Luiz Marinho seria uma "figura nova", definição que vem ao encontro do discurso de renovação do partido, o mesmo usado para eleger o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Em entrevista ao 247, o presidente do PT-SP, Edinho Silva, não cogita o nome do prefeito de São Bernardo como um dos possíveis candidatos, afirmando que ele "acabou de ser reeleito".
A estratégia do PT é lançar o nome para a eleição paulista no início do segundo semestre, a fim de facilitar a atração de aliados, como o PMDB, que deve ficar com a vice, se for cumprido o desejo dos petistas. É preciso ainda definir as chances dos outros nomes cogitados pela legenda: os ministros da Educação, Aloizio Mercadante, e o da Fazenda, Guido Mantega. Para Edinho Silva, todos têm condições de disputar em São Paulo. O critério, segundo ele, deveria ser quem pode deixar o governo federal neste momento.

(Publicado originalmente no Brasil 247)

Delfin e a doméstica que virou manicure

 

Veio do professor Antonio Delfim Netto a boa resposta aos sábios que defendem uma freada na economia. Numa breve declaração à repórter Gabriela Valente, ele disse o seguinte:
- A empregada doméstica virou manicure ou foi trabalhar num call center. Agora, ela toma banho com sabonete Dove. A proposta desses "gênios" é fazer com que ela volte a usar sabão de coco aumentando os juros.
Aos 84 anos, com 13 de ministério, durante os quais mandou na economia como ninguém, mais 20 de Câmara dos Deputados, Delfim diz que o Brasil vive um "processo civilizatório".
Graças ao restabelecimento do valor da moeda por Fernando Henrique Cardoso e ao foco social expandido por Lula, Pindorama passa por uma experiência semelhante à dos Estados Unidos durante o governo de Franklin Roosevelt. Em poucas palavras: ou tem capitalismo para todo mundo, ou não tem para ninguém.
Ao tempo dos gênios, um ministro do Trabalho disse que o Brasil não tinha desemprego, mas gente sem condições de empregabilidade.
Em 2002 havia no país seis milhões de desocupados. Entre eles estivera o engenheiro Odil Garcez Filho. Em 1982, quando Delfim era ministro do Planejamento, ele fora demitido, decidiu abrir uma lanchonete na avenida Paulista e batizou-a de "O Engenheiro que virou Suco". No vidro da caixa colou seu diploma. Garcez morreu em 2001 e não viveu uma época em que faltam engenheiros no mercado.
A doméstica que virou manicure da metáfora de Delfim Netto não tem identidade, mas é um contraponto ao Brasil de Garcez, de uma época em que os gênios viriam a atribuir a falta de absorventes femininos a um "aquecimento da demanda", como se o Plano Cruzado tivesse interferido no ciclo biológico das mulheres.
Com seu sabonete Dove a manicure de Delfim entrou num mercado de higiene pessoal que em 2012 faturou mais R$ 30 bilhões.
O "processo civilizatório" incomoda. Empregada doméstica com hora extra e acesso à multa do FGTS, o sujeito de bermuda e chinelo no check-in do aeroporto, cotistas e bolsistas do ProUni na mesma faculdade do Júnior, são um estorvo para a ordem natural das coisas.
Como o foram a jornada de oito horas, os nordestinos migrando para São Paulo e o voto do analfabeto.
Quando Roosevelt redesenhou a sociedade americana, a oposição republicana levou décadas para entender que estava diante de um fenômeno histórico. Descontando-se os oito anos em que o país foi presidido pelo general Eisenhower, ela só voltou verdadeiramente ao poder em 1969, com Richard Nixon, 36 anos depois.

sábado, 30 de março de 2013

Fernando Bezerra Coelho entre a cruz e a espada

Dilma Rousseff e Eduardo Campos deverão se reencontrarem novamente. No primeiro encontro, por ocasião da inauguração de trecho da Adudora do Pajeú, em Serra Talhada, a presidente não apenas dispensou ao pernambucano um tratamento protocolar,mas, em seu discurso - certamente preparado sob medida para ocasião, por algum ghost writer do Planalto, possivelmente Gilberto Carvalho - enfatizou a dívida de Eduardo Campos aos governos petistas, enumerando as grandes obras do Estado que contaram com recursos do Governo Federal. O ministro da Integração, Fernando Bezerra Coelho, mais uma vez, ficou entre a cruz e a espada. Mesmo com temperamento de "sargentona", com o FBC prevalece a sensibilidade feminina de Dilma, que o trata com muito carinho. Com Eduardo costurando sua candidatura, FBC, em algum momento, terá que tomar uma dura decisão: afastar-se do Governo e credenciar-se a uma aventura incerta sobre a escolha de Eduardo para a disputa do Governo em 2014, ou, como outra opção, ficar no Governo na cota pessoal de Dilma, pavimentando, quem sabe, um enfrentamento com Eduardo em 2014, lançando-se candidato pelo PT.

Do Face: Aécio Neves chuta o pau da barraca no ninho tucano

Depois de muitas chafurdações em torno do tema, duas candidaturas seguidas de Serra, o senador Aécio Neves resolveu, literalmente, chutar o pau da barraca. Em encontro recente no ninho tucano, abriu o jogo e afirmou, com todas as tintas, que, se o partido não marchar unido em torno do seu nome, já tem pronto o discurso de renúncia de sua candidatura. Há quem condene a sua radicalização, mas, diante das indefinições do partido, no nosso entendimento, sua atitude não poderia ser outra. Em Pernambuco, por exemplo, apenas para ficarmos na província, Sérgio Guerra permanece de "bico" calado sobre este assunto, contingenciado pela aliança branca com o governador Eduardo Campos.

Do Face:Cássio Cunha Lima condena atitude de José Serra


Em surpreendente entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o senador Cássio Cunha Lima declarou publicamente a sua preferência pelo senador/presidenciável Aécio Neves (MG), como candidato do partido a Presidência da República em 2014.


Cássio disse que “há um constrangimento quase generalizado dentro do PSDB com a postura recente do ex-governador e ex-presidenciável José Serra, que discordância da postulação do senador/presidenciável Aécio Neves (MG) e ameaça deixar a legenda.


O senador tucano disse que José Serra sempre teve espaço importantes dentro do PSDB, tendo inclusive o aval do partido para disputar a Presidência da República. “O partido sempre esteve ao lado do Serra em suas candidaturas à Presidência, ao

governo (SP), à prefeitura (SP) e ao ministério (Saúde). Agora é hora de ele estar ao lado do PSDB", disse Cássio. Para Cássio "não é momento de projetos pessoais, e esse movimento que Serra tem feito não engrandece o currículo que ele tem".

Marcelo Néri assume Secretaria de Assuntos Estratégicos

Com a saída de Moreira Franco(PMDB) da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, assume aquela pasta o economista Mercelo Néri, da FGV, um nome bastante identificado com os estudos sobre a nova classe média. Presidente do IPEA, Marcelo deve mesmo acumular as duas funções. Mesmo sem os neurônios do Robertto Mangabeira Unger - professor de Harvard aos 24 anos de idade - a avaliação é que Moreira Franco conduziu muito bem os trabalhos naquela pasta. Prestigiado no Planalto, assume a Aviação Civil com a missão de por ordem na casa.

PDT cada vez mais próximo de Eduardo Campos

Ao demitir Brizola Neto do Ministério do Trabalho, a presidente Dilma Rousseff, literalmente, entregou a carne às hienas, neste caso espécifico, as velhas raposas do PDT, que desejavam voltar a ter influência no órgão onde Brizola Neto tentava remover todos os expedientes de desvio de recursos públicos. Estranhamente, o partido tem sido relutante em manifestar publicamente o seu apoio ao projeto de reeleição de Dilma. Comenta-se, igualmente, que Carlos Lupi, uma espécie de dono do feudo pedetista, tem entabulado conversações com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que poderia oferecer ao partido a vice na sua chapa como candidato à Presidência da República.

Santana monta imagem de Dilma em marcas próprias.


247 _Em dois anos de governo, a presidente Dilma Rousseff conseguiu bater na própria figura uma série de carimbos que a distinguem, para o bem, entre a maioria da população. Essa é a avaliação do marqueteiro João Santana, coincidente com a da própria presidente e seus principais conselheiros.
A queda dos juros bancários, a redução nas tarifas de energia elétrica e a manutenção dos preços dos alimentos são, neste momento, as "marcas próprias" de Dilma e seu governo que serão mais exploradas nas mensagens que ela vai transmitir nos horários políticos do PT e, sem dúvida, em seus pronunciamentos oficiais.
MOMENTO MIDIÁTICO _ O próximo grande momento midiático de Dilma vai ocorrer no feriado de 1º de Maio, o Dia do Trabalhador. Um pacote de desonerações de impostos para o setor de ônibus urbanos poderá ser anunciado. A intenção é obter, ao menos, a manutenção dos preços das tarifas. Isso aliviaria a inflação, tecnicamente, e politicamente deve trazer mais dividendos para a imagem da presidente. Na mais recente pesquisa Ibope, com 76% de intenções de voto Dilma exibiu taxa três vezes maior que a da soma de seus adversários. Representaria uma vitória folgada, e consagradora, em primeiro turno.
Os porcentuais recordes e projeções otimistas sobre o desempenho da economia no segundo semestre proporcionam um clima de otimismo concentrado entre o staff para as principais questões de comunicação, do qual, além de Santana, fazem parte os ministros Fernando Pimentel e Aloizio Mercadante, o senador Delcídio Amaral e o secretário-geral do PT, deputado Paulo Teixeira. Todos cruzam números, e já se espera comemorar o crescimento de 1% do PIB no primeiro trimestre, mas ainda é empírica a avaliação de que o segundo semestre será de aquecimento econômico. A aposta é que as medidas do governo, centradas nas desonerações fiscais, surtam mais efeito em combinação com as reduções nos juros e nas tarifas de energia elétrica.
Entre dezembro e janeiro, o Ibope apurou um crescimento de 9% nas intenções de voto da presidente. O dado levou o marqueteiro  João Santana a concluir que não há o que mudar na linha de comunicação presidencial, mas muito a aprofundar. O slogan O fim da miséria é só um começo, usado no momento em que Dilma anunciou ampliações do programa Bolsa-família será sucedido por outros sobre decisões específicas.
A toda oportunidade, especialmente nos horários partidários pela tevê, a imagem de Dilma será mostrada em dois planos: o de mãe social e gestora eficiente. A mensagem que será bombardeada é a de uma presidente que alavancou o desenvolvimento social e redistribuiu renda como forma de patrocinar o ingresso do Brasil no primeiro mundo. Os benefícios distribuidos à população, especialmente a mais pobre, fazem parte de um plano que está dando certo, e vai tirando décadas de atraso nas políticas sociais.

(Publicado originalmente no jornal Brasil 247)

Francisco de Assis e Francisco de Roma, artigo de Leonardo Boff

 

Desde que  assumiu o nome de Francisco, o bispo de Roma eleito e, por isso,  Papa, faz-se inevitável a comparação entre os dois Franciscos, o de Assis e o de Roma. Ademais, o Francisco de Roma explicitamente se  remeteu ao Francisco de Assis. Evidentemente não se trata de mimetismo, mas de constatar pontos de inspiração que nos indicarão o estilo  que o Francisco de Roma quer conferir à direção da Igreja universal.
Há um ponto inegável comum: a crise da instituição eclesiástica. O jovem Francisco diz ter ouvido uma voz vinda do Crucifixo de São Damião que lhe dizia:”Francisco repara a minha Igreja porque está em ruinas”. Giotto o representou bem, mostrando Francisco suportando nos ombros o pesado edifício da Igreja.
Nós vivemos também grave crise por causa dos  escândalos, internos à própria instituição eclesiástica. Ouviu-se o clamor universal (“a voz do povo é a voz de Deus”): “reparem a Igreja que se encontra em ruinas em sua moralidade e em sua credibilidade”.  Foi então que se confiou a um cardeal da periferia do mundo,  Bergoglio, de Buenos Aires, a missão de, como Papa,  restaurar a Igreja à luz de Francisco de Assis.
No tempo de São Francisco de Assis triunfava o Papa Inoccêncio III (1198-1216) que se apresentava como “representante de Cristo”. Com ele se alcançou o supremo grau de secularização da instituição eclesiástica com interesses explícitos de “dominium mundi”, da dominação do mundo. Efetivamente, por um momento, praticamente, toda a Europa até a Rússia estava submetida ao Papa. Vivia-se na maior pompa e glória. Em 1210, sob muitas dúvidas, Inocêncio III reconheceu o caminho de pobreza de Francisco de Assis. A crise era teológica: uma Igreja-Império temporal e sacral contradizia tudo o que Jesus queria.
Francisco viveu a antítese do projeto imperial de Igreja. Ao evangelho do poder, apresentou o poder do evangelho: no despojamento total, na pobreza radical e na extrema simplicidade. Não se situou no quadro clerical nem monacal, mas como leigo se orientou pelo evangelho vivido ao pé da letra nas periferias das cidades, onde estão os pobres e hansenianos e no meio da natureza,  vivendo uma irmandade cósmica com todos os seres. Da periferia falou para o centro, pedindo conversão. Sem fazer uma crítica explícita, iniciou uma grande reforma a partir de baixo mas sem romper  com Roma. Encontramo-nos face a um gênio cristão de sedutora humanidade e de   fascinante ternura e cuidado pondo a descoberto o melhor de nossa humanidade.
Estimo que esta estratégia deve ter impressionado a Francisco de Roma. Há que reformar a Cúria e os hábitos clericais e palacianos de todas a Igreja. Mas não se precisa criar uma ruptura que dilacerará o corpo da cristandade.
Outro ponto que seguramente terá inspirado a Francisco de Roma: a centralidade que Francisco de Assis conferiu aos pobres. Não organizou nenhuma obra para os pobres, mas viveu com os pobres e como os pobres. O Francisco de Roma, desde que o conhecemos, vive repetindo: o problema dos pobres não se resolve sem a participação dos pobres, não pela filantropia mas pela justiça social. Esta diminui as desigualdades que castigam a América Latina e, em geral, o mundo inteiro.
O terceiro ponto de inspiração é de grande atualidade: como nos relacionar com a Mãe Terra e com os bens e serviços escassos? Na fala inaugural de sua entronização, Francisco de Roma usou mais de 8 vezes a palavra cuidado. É a ética do cuidado, como eu mesmo tenho insistido fortemente em vários escritos a que vai salvar a vida humana e garantir a vitalidade dos ecossistemas. Francisco de Assis, patrono da ecologia, será o paradigma de uma relação respeitosa e fraterna para com todos os seres, não em cima mas ao pé da natureza.
Francisco de Assis entreteve com Clara uma relação de grande amizade e de verdadeiro amor. Exaltou a mulher e as virtudes considerando-as “damas”. Oxalá inspire a Francisco de Roma uma relação para com as mulheres, a maioria da Igreja, não só de respeito, mas de valorização de seu protagonismo, na tomada de decisões sobre os caminhos da fé e da espiritualidade no novo milênio. É uma questão de justiça.
Por fim, Francisco de Assis é, segundo o filósofo Max Scheler, o protótipo ociental da razão cordial e emocional. É ela que nos faz sensíveis à paixão dos sofredores e aos gritos da Terra. Francisco de Roma, à diferença de Bento XVI, expressão da razão intelectual,  é um claro exemplo da inteligência cordial que ama o povo, abraça as pessoas, beija as crianças e olha amorosamente para as multidões. Se  a razão moderna não se amalgamar à sensibilidade do coração, dificilmente seremos levados a cuidar da Casa Comum, dos filhos e filhas deserdados e alimentar  a convicção bem franciscana de que abraçando afetuosamente o mundo, estaremos abraçando a Deus.
Leonardo Boff é autor de Francisco de Assis: ternura e vigor, Vozes  1999.

Do Face: Kassab aceitaria a vice na chapa de Eduardo Campos.

Todos conhecem a fidelidade canina de Gilberto Kassab a José Serra. Não fosse pelo "vampiro" e Kassab poderia não ter passado de um simples corretor de imóveis. Por outro lado, o ex-prefeito mantém ótimas relações com o governador pernambucano, Eduardo Campos, provável candidato à Presidência da República, em 2014. Na boca do palco, ocorreu apenas um recuo do ex-prefeito, com o objetivo de estudar melhor a situação, quando ele resolveu não integrar o Governo Dilma. Nas coxias, no entanto, o que se comenta é que se Eduardo colocasse a vice em suas mãos, ele já teria declarado apoio ao socialista. Eduardo reserva essa vaga para as negociações com o PDT.

Eduardo cogita acomodar PDT na vice

 
 

Os ajustes ministeriais de Dilma Rousseff não riscaram dos planos de Eduardo Campos as legendas com representantes na Esplanada. O presidenciável do PSB cogita entregar ao PDT a segunda posição da sua futura chapa.
Quem dialoga com Eduardo em nome do PDT é seu presidente, Carlos Lupi. O mesmo Lupi que acaba de obter de Dilma a troca do ministro do Trabalho –saiu o desafeto Brizola Neto e entrou o escudeiro Manoel Dias.
A preferência de Eduardo pelo PDT levou-o a refugar um aceno de Gilberto Kassab. Presidente do PSD, o ex-prefeito de São Paulo insinuou que, tendo a vice, sua legenda poderia fechar com o governador pernambucano.
Kassab fez isso longe dos refletores, há cerca de dois meses e meio, numa fase em que ainda discutia com Dilma a entrada do PSD no governo. Eduardo não topou. Parte de seus operadores achava que ele deveria ter dado asas à negociação.
Por quê? O PSD dispõe de um tempo de tevê equivalente ao do PSDB de Aécio Neves. Nas suas avaliações, Eduardo concluiu que o benefício da vitrine eletrônica não compensaria o custo político de ter como companheiro de chapa um vice “conservador”. O PDT seria, na opinião dele, uma logomarca mais apresentável.
A coligação idealizada por Eduardo é composta de cinco partidos: além do seu PSB e do PDT, os oposicionistas PPS e DEM, e o governista (ma no troppo) PTB. Nesta segunda-feira, a própósito, Dilma deve receber os líderes congressuais do PTB.
Enquanto a presidente tricota com a turma de Brasília, Eduardo se entende com o ex-deputado Roberto Jefferson (RJ). Delator do mensalão, condenado no julgamento do STF, Jefferson encontra-se licenciado da presidência do PTB. Mas diz-se que ainda controla a legenda. Em 2010, entregou o tempo de tevê ao tucano José Serra.
(publicado originalmente no blog de Josias de Souza, Portal UOL)

sexta-feira, 29 de março de 2013

Seca causa prejuízos de R$ 1,5 bilhão em Pernambuco


Leonardo Lucena_PE247 – A maior seca dos últimos 50 anos da Região Nordeste gerou, até agora, um prejuízo de R$ 1,5 bilhão na pecuária de Pernambuco. Ao compilar um levantamento feito pela Secretaria Estadual de Agricultura e Reforma Agrária (Sara), em 300 propriedades do Sertão e outras 300 do Agreste, para calcular perdas no setor pecuário, o Departamento de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP) aponta diminuição de 17% na produção leiteira e o fim de 17% das propriedades.
O Estado, que tem 132 dos 184 municípios em situação de emergência devido a estiagem, já perdeu cerca de 350 mil animais, sendo 200 mil transportados para outras unidades federativas e o restante foram abatidos ou morreram. O secretário-executivo do Comitê Integrado de Enfrentamento à Estiagem, Reginaldo Alves, confirma as dificuldades de transporte do milho, principal fonte de energia do gado, que é transportado do Centro-Oeste para o Nordeste por problemas relacionados à logística.
O secretário estadual da Agricultura e Reforma Agrária, Ranilson Ramos, lembra que, de acordo com a pesquisa, 51% das propriedades não tinham, sequer, um reservatório de água. Além disso, 2,3 milhões de litros de leite eram produzidos diariamente antes da seca. Agora, este volume gira em torno de 720 mil litros diários. Dessa forma, o Governo Estadual reforça a necessidade do Banco do Nordeste (BNB) oferecer financiamentos para custear a bovinocultura, sob juros de 1% ao ano, com prazo de 10 anos para quitar a dívida e, caso o pecuarista pague em dia, haveria um abatimento de 40%.
Durante encontro com prefeitos na Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) no último dia 18, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB), informou que foram liberados mais de R$ 2,5 bilhões para socorrer os municípios afetados pela estiagem, além de anunciar outros R$ 200 milhões em créditos emergenciais.
Porém, muitos criadores, que não têm condições de pagar, solicitam a anistia das dívidas. Esta anistia será defendida, inclusive, pelo governador Eduardo Campos (PSB) na reunião que os governadores do Nordeste terão com a presidente Dilma Rousseff (PT) na próxima semana para tratar dos problemas ocasionados pela seca.
Conforme já dito pelo Pernambuco 247, a Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia da Câmara Federal aprovou um projeto de lei complementar (249/07), de autoria do deputado Vander Loubet (PT-MS), para suspender temporariamente as dívidas dos municípios em situação de emergência. A matéria ainda está em tramitação na Casa.
Para ajudar os criadores de gado a alimentarem os seus animais, a Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro) implantou seis polos de distribuição de cana de açúcar nos municípios de Caruaru, Garanhuns, Arco Verde, Surubim, Itaíba e São Bento do Una. Esses polos distribuem 100 toneladas de cana por dia. Já em Pesqueira e Bom Conselho, este volume é de 80 toneladas diárias.
Além desta medida, outra em vigência é a forragem de milho por meio de irrigação, em Petrolina, Sertão do Estado. Segundo Reginaldo Alves, esta alternativa foi viabilizada por causa do alto custo de transporte de cana para ao Sertão. “A primeira etapa está em andamento, são 140 hectares de forragem de milho, em Petrolina, para atender 11 municípios do Sertão do São Francisco, do Araripe e o Sertão Central”, acrescentou o secretário-executivo.
Com o objetivo de distribuir milho aos estados afetados pela seca, o Governo Federal conta com o Programa Venda Balcão, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que, segundo Alves, está ciente da necessidade de Pernambuco adquirir dez toneladas de milho por mês. No entanto, o dirigente informou que houve um acordo entre os Executivos federal e estadual no ano passado, estabelecendo que o Estado seria beneficiado com 30 toneladas de milho do meio do ano até dezembro. E, daí por diante, o Estado seria contemplado com mais 33 toneladas até abril deste ano.
O secretário confirma a logística como um entrave para a aquisição do milho. “Temos algumas dificuldades para o transporte do milho, falta de caminhão... Temos agora outro problema porque a safra da soja ‘entrou’ e muitos caminhões preferem transportar soja do que  milho. A logística do milho do Mato Grosso e de Goiás (dois dos principais estados produtores de soja do País) tem dificultado essa meta de dez toneladas-mês”, afirmou.

Dilma está devendo uma entrevista de verdade.


 
Dilma Rousseff irritou-se com o que chamou de “manipulação” de um comentário feito na África do Sul sobre inflação e crescimento econômico. Não disse quem manipulou, se os repórteres ou o mercado. E desobrigou-se de fazer uma autocrítica: num instante em que o PIB é miúdo e a carestia é ascendente, falar de economia em entrevistas ligeiras é como apalpar fio desemcapado. É enorme o risco de curto-circuito.
Observando-se o episódio de perto, enxerga-se algo muito parecido com um calcanhar de vidro. A exemplo de Lula, Dilma não gosta de conceder entrevistas coletivas. Prefere as conversas do tipo “quebra-queixo” –aquelas em que microfones e gravadores cercam freneticamente o entrevistado, ameaçando a integridade do seu maxilar.
Sob Lula, o Planalto mandou fabricar um porta-microfones de acrílico. Com o rosto a salvo, o presidente entregava-se gostosamente à coreografia. Seu chefe de comunicação, Franklin Martins, considerava o modelo eficaz. Por quê? Concedidas no calor dos acontecimentos, as entrevistas ocasionais produziam repercussão imediata. Verdade. O diabo é que, quando o queixo se expressa mal, quebra-se a mensagem a ser repercutida. Que o diga Dilma!
De resto, ao negligenciar as coletivas formais, o governo malbarata uma ferramenta cara à democracia. A coletiva não é senão uma forma simples e eficaz de um gestor público prestar contas de seus atos à sociedade. Quanto mais arejado e democrático é o país, mais frequentes são -ou deveriam ser- essas sessões de arguição pública.
O costume das coletivas presidenciais nasceu nos EUA, sob Woodrow Wilson. Concedeu sua primeira entrevista em 19 de março de 1913. A partir daí, a sociedade americana como que impôs a repetição do gesto a todos os sucessores. Na Casa Branca, as coletivas ocorrem com periodicidade mensal. Bill Clinton, por exemplo, submeteu-se a 117 entrevistas do gênero em oito anos.
No Brasil, FHC concedeu uma coletiva para cada ano de seus dois mandatos –com direito a réplicas. Lula, nem isso: em oito anos, deu uma mísera coletiva digna do nome –sem réplicas. Sob Dilma, por ora, zero. Afora o lufa-lufa do “quebra-queixo”, ela permite-se encontrar jornalistas apenas de raro em raro.
Dilma deu algumas poucas entrevistas exclusivas. Falou mais a veículos estrangeiros do que a nacionais. Avistou-se um par de vezes com os repórteres que acompanham a rotina do Planalto. Serviu-lhes café da manhã e desconversa. É como se receasse a gafe, a resposta atravessada. Um medo que não orna com a logomarca da gestora irrepreensível. Ao fugir da arguição franca, Dilma desrespeita a sociedade, não a imprensa.
A política moderna oferece aos seus protagonistas um aparato que facilita a administração de símbolos e a manipulação da opinião pública. Vão da propaganda às pesquisas de opinião, passando pelos pronunciamentos em cadeia nacional de rádio e tevê. Mas o uso desmedido desse ferramental conduz ao mais puro engodo. Por vezes, mesmo as entrevistas são guiadas pelo marketing.
Por exemplo: em 3 de novembro de 2010, nas pegadas da eleição de Dilma, o Planalto chamou os repórteres para uma conversa. Apelidou o encontro de entrevista coletiva. Em verdade, foi um “quebra-queixo” de resultados. Interessava ao cabo eleitoral trombetear o triunfo de sua “poste”. Observado por Dilma, Lula disse coisas assim: “O que ela vai ter de vantagem sobre mim? Primeiro, ela ajudou a colocar esse carro em marcha. Então, o carro nao está na garagem, os pneus estão calibrados, o motor está regulado.”
Lula caprichou no gogó: “O carro está andando a 120 por hora. Ela, se quiser, pode pisar um pouquinho mais no acelerador e chegar a 150, 160 por hora. Ela não tem por que brecar esse carro. Só tem que dirigir com muita responsabilidade e olhar bem as curvas, não passar quando tiver duas faixas amarelas. [...] Porque a Dilma aprendeu na Unicamp, e no governo de que ela foi chefe da Casa Civil, que em economia não existe mágica. Não existe ninguém capaz de tirar da cartola o coelhinho que vai fazer as coisas acontecerem como se fosse um milagre.”
Decorridos mais de dois anos, Dilma falou aos repórteres na África do Sul como se quisesse tirar cartolas de dentro do coelho. Valendo-se de uma analogia surrada –a dose do remédio não pode matar o paciente –declarou que seu governo não vai combater a inflação à custa do crescimento. Levadas ao ar na velocidade da internet, as declarações eletrificaram o mercado.
A galera raciocionou: a inflação sobe perigosamente. O BC já acenava com a hipótese de salgar a Selic. Juro alto conspira contra o PIB. Se Dilma não admite comprometer o crescimento, a lógica indica que ela não autorizará o BC a fazer o que deve ser feito. Pronto. Estava consumado o estrago. Dilma mandou chamar os repórteres. Disse que não admite “manipulação de fala.” O combate à inflação, repisou, “é um valor em si.” Quem manipulou? “Eu não fui”, respondeu, secamente. E mais não disse.
Numa boa e honesta coletiva, com direito a réplicas e tréplicas, Dilma teria o tempo que quisesse para explicar que tática adotará contra o fantasma da inflação, cujo lençol anda assanhado. Poderia discorrer também sobre a velocidade do carro que Lula dizia em 2010 estar com os pneus calibrados e o motor regulado.
A presidente há de ter uma teoria sobre o comportamento de sua suposta Ferrari. Lula entregara em oito anos um crescimento médio de 4%. Taxa superior à de FHC: 2,3%. Sob Dilma, obteve-se nos dois primeiros anos um pibinho médio de 1,8%. Visto pelo retrovisor, o Lula de 2010 é o que a Dilma de 2013 chamaria de “manipulador” de falas. Tocou o trombone antes que sua protegida exibisse a capacidade de sopro.

(Publicado originalmente no blog do jornalista Josias de Souza, Portal UOL)

Dirceu: "PT deveria ter abatido candidatura de Campos".


PE_247 - O PT deve intensificar os ataques contra o governador de Pernambuco e potencial candidato à Presidência da República pelo PSB, Eduardo Campos. De acordo com a colunista da Folha de São Paulo, Vera Magalhães, o ex-ministro José Dirceu (PT) teria dito que o Partido dos Trabalhadores “deveria ter se empenhado para abater a candidatura de Campos antes que ela levantasse voo, e que agora seria tarde”, publicou. Ainda segundo ela, Dirceu também teria observado nenhum partido , nem mesmo o PMDB, deverá ingressar 100% na campanha da reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). As declarações do ex-ministro teriam sido proferidas durante um jantar com empresários no Rio de Janeiro.
Com a temperatura esquentando por conta das eleições, o PT deverá se valer do que considera ingratidão e traição por parte do PSB , em referência a legenda tentar lançar-se rumo ao Planalto. Nesta linha, o discurso proferido pela presidente Dilma durante o evento de inauguração do primeiro trecho de uma adutora em Serra Talhada, interior de Pernambuco, faz sentido. Na ocasião, Dilma elencou os investimentos e projetos que alavancaram a economia estadual, além de cobrar – embora de forma light – lealdade aos aliados, em uma referência dirigida à legenda socialista.
Veja aqui a nota da colunista:
''Em recente jantar com empresários, no Rio, José Dirceu disse que o PT deveria ter se empenhado para abater a candidatura de Campos antes que ela levantasse voo, e que agora seria tarde.
O ex-ministro, condenado no mensalão, também previu que nenhum partido, nem mesmo o PMDB, vá apoiar '100%' a reeleição de Dilma. Todos devem ir ao palanque rachados.
No encontro reservado que tiveram na terça-feira em Brasília, o senador Pedro Simon (RS) presenteou Campos com um livro. O pessebista ficou muito satisfeito com o teor da conversa com o dissidente do PMDB.'' 
(publicado originalmente no Brasil 247)

Do Face: Aécio Neves pode contratar David Axelrold, o estrategista de Barack Obama

Segundo ele com um discurso pronto para renunciar à candidatura caso o partido não manifeste apoio integral oa seu nome, Aécio Neves não se descuida da retarguarda e já definiu alguns nomes para assessorá-lo na campanha. Segundo comenta-se, pretende convidar o estrategista do presidente Barack Obama: David Axelrold. Pay attention, Diego Brandy!!! Aécio aproveitou o momento para desdenhar das articulações entre o governador Eduardo Campos e o seu desafeto no ninho tucano: José Serra.

quinta-feira, 28 de março de 2013

ACM Neto nega tensão política com governador


Bahia 247 - O prefeito de Salvador (BA), Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM) negou que esteja se desentendendo com o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), no que diz respeito à transferência da execução das obras do metrô para o Governo Estadual. De acordo com o democrata, os encontros que ele vem tendo com o petista mostram que entre ambos o “tensionamento político é zero”.
“Eu acho que as pessoas acabam superrelativizando coisas e, mais do que isso, somente eu e o governador temos noção plena do que está sendo tratado e da condução que está sendo dada nesse processo. Eu vejo leituras que não correspondem com a realidade”, afirmou ACM Neto em entrevista coletiva. A execução da obra de 12 quilômetros, dos quais seis já foram construídos, vem desde 1999 e não há sinais concretos sobre o cronograma.
O impasse se deve ao controle das linhas de ônibus que alimentarão o metrô. Enquanto prefeitura defende a implantação de um sistema de integração e cobrar separadamente as tarifas (ônibus e metrô), o Governo do Estado quer linhas alimentadoras cuja tarifa esteja embutida no sistema metroviário. Além disso, o Executivo municipal quer cobrar uma taxa de R$ 1,40 para os ônibus e o Estadual, R$ 0,95, investindo R$ 4,3 bilhões para não deixar a tarifa aumentar. O empreendimento ligará a Estação da Lapa à de Pirajá indo até o Acesso Norte, na Rótula do Abacaxi.
O prefeito ACM Neto negou desentendimentos com o governador Jáques Wágner. “Estávamos (eu e Jaques Wagner) juntos no evento da Copa, e dia 05 de abril a presidente vem a Salvador e estaremos juntos novamente. Semana passada eu conversei com o governador três vezes por telefone, nos encontraremos até o fim de semana, portanto, não queiram enxergar problema onde não existe”, afirmou.
O democrata disse que “se houver bom senso de lado a lado, uma nova proposta pode servir de ponto de convergência das posições de um lado e de outro e que com isso a gente possa fechar esse assunto quem sabe até a próxima semana”. O gestor municipal não quis divulgar a data do encontro com o governador. “Já está marcado, mas deixa a assessoria de imprensa do governador informar ou não – eu não sei se ele pretenderá dar divulgação – até porque eu só pretendo falar em detalhes sobre esse assunto depois que nós chegarmos a um entendimento final”, acrescentou.

(Publicado originalmente no Brasil 247-Bahia)

Editorial: Dilma Rousseff: Uma reeleição praticamente definida?




                                   Em pronunciamento recente na Casa de José Mariano, o vereador André Régis (PSDB), declarou-se incrédulo com a ascensão da popularidade da presidente Dilma Rousseff, a despeito dos problemas enfrentados pela economia brasileira. Segundo o vereador, essa ascensão desafia, inclusive, a própria Ciência Política, uma vez que uma das variáveis determinantes nesse processo seria a condução da política econômica. Como explicar a melhoria dos seus índices de popularidade diante de indicadores econômicos tão modestos? Na região Nordeste, por exemplo, que enfrenta a maior seca de sua história, a presidente atinge índices surpreendentes: 85% de avaliação boa e ótima.
                                   Alguns analistas também apontaram essa aparente contradição, mas logo se convenceram de que outra série de variáveis positivas foram determinantes para que a presidente alcançasse esses índices, como a baixa taxa de desemprego com crescimento de renda, o carisma pessoal da presidente – que passa a imagem de uma administradora firme, competente e segura – além, evidentemente, das políticas sociais distribuição de renda, como o Bolsa Família, amplamente aprovada pela população, sobretudo seus estratos mais fragilizados. Ou seja, mais do que os índices econômicos – como um pibinho acanhado – valem muito mais as boas políticas sociais implementadas pelo Governo Federal.
                                   O Nordeste foi uma das regiões que mais contribuíram para alavancar a popularidade da presidente. Oficialmente, o planejamento regional é algo que ficou no esquecimento nos últimos governos, mas, mesmo por vias tortuosas, os programas de seguridade social atendem, em sua maioria, a contingentes populacionais majoritariamente localizados na região, o que explica o fato de o Nordeste ter se tornado um reduto eleitoral petista na Era Lula/Dilma. Tornou-se, portanto, uma região estratégica para os seus planos de continuar como inquilina do Planalto por mais 04 anos.
                                   Já na sua primeira eleição, as sementes plantadas pelo Governo Lula na região foram fundamentais para equilibrar o jogo eleitoral, garantindo a sua vitória, superando suas dificuldades em outras regiões do país. Certamente o ensaio de uma candidatura como a do governador pernambucano, Eduardo Campos, acendeu a luz amarela na ante-sala do Planalto. Não o suficiente para apavorá-los, mas para alertá-los sobre a necessidade de cuidarem bem do seu reduto, traduzido no conjunto de medidas anunciadas para a região, algumas delas antecipadas durante a inauguração recente de trecho da adutora do Pajeú, em Serra Talhada.
                                   Os possíveis candidatos adversários, dentro do esperado, desdenharam desses índices, mas eles sabem que não será nada fácil enfrentar um governante com tamanha aprovação, chegando a piques de 79%(CNI)IBOPE, no seu conjunto. Nem todas as notícias são alvissareiras. Há uma previsão de que a estiagem na região se prolongue pelos próximos meses, agravando os problemas. A pesquisa de intenção de voto para a Presidência da República, realizada pelo Instituto Datafolha, confirma o bom momento vivido pela presidente Dilma Rousseff. Com 58%, se as eleições fossem hoje, ganharia no primeiro turno, o que levou alguns analistas, caso de Marcos Coimbra, do Instituto Vox-Populi, a concluírem que 2014 é uma eleição já praticamente definida, independentemente dos ingredientes do “cozido”.
                                   Um dos fatores pelos quais o ilustre vereador pode procurar uma explicação para do fenômeno é o fato de que o seu partido, o PSDB, apesar dos acertos das políticas que nos proporcionaram a estabilidade econômica – ameaçada? – padece de um grave problema, já apontado pelo jornalista, a demofobia. A sensibilidade social tem sido uma marca petista, apesar do mensalão e dos tropeços na economia. No último seminário realizado pelos tucanos, em São Paulo, de certa forma, a admitir que o partido precisa sentir o “cheiro do povo”, o grão-tucano FHC calça a sandália da humildade e reconhece o problema.