pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: janeiro 2012
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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Explosão de violência em João Pessoa.




A violência explodiu de vez no Estado da Paraíba. Em visita recente àquele Estado, fomos surpreendidos com as notícias freqüentes de atos de violência na Grande João Pessoa, antes uma cidade conhecida pela arborização e tranqüilidade. Fomos instigados a acompanhar de perto o fenômeno, mas posso antecipar que um dos fatores decisivos foi o sucateamento do aparelho de segurança do Estado – fato que não pode ser atribuído a um único Governo -  aliado à ausência de políticas públicas de caráter permanente no enfrentamento da questão. Na realidade, o que existia em  João Pessoa  era uma panela de pressão prestes a explodir. Uma pseudo-sensação de segurança. 81% dos municípios do Estado já apresentam problemas com o crack, alguns com a sua Cracolândia particular, como é o caso  de Souza, Campina Grande, Cabedelo e a própria capital, João Pessoa. O bairro do Varadouro, precisamente a localidade do Mulungu, tornou-se uma zona de exclusão, ambiente de inferninhos e consumo de drogas. Quase não há policiamento na área e proliferam as “pousadas”, becos e ruelas escuras onde se reúnem consumidores e traficantes. Num processo surpreentendemente célere, a nossa querida João Pessoa subiu às estatísticas da violência. Tornou-se a segunda cidade mais violenta do país e a 25ª do mundo. Mesmo antes de assumir o Governo, o governador Ricardo Coutinho estava se familiarizando com o "Pacto pela Vida", programa de combate à violência que, apesar dos problemas, elevou Pernambuco à condição de Estado com uma das melhores políticas de Segurança Pública do país. Prometo que informarei aos nossos leitores o que houve nesse "intervalo".

Dilma Rousseff já se decidiu pela demissão do Ministro das Cidades.


Quando retornar da viagem à Ilha Caribenha, onde se encontra com os irmãos Castro,  a presidente Dilma Rousseff deve anunciar a demissão do Ministro das Cidades, Mário Negromonte. O problema que se apresenta no momento é a escolha do seu sucessor naquela pasta. Apesar da razoável representação congressual, não há consenso no PP sobre o nome a ser indicado. A pasta das Cidades já atende a todos os "requisitos" que foram determinantes para o afastamento dos demais ministros demitidos no Governo Dilma Rousseff, encerrando com as denúncias de favorecimento através da acumulação indevida de atividades no serviço público, apresentadas na semana passada.  

A demofobia das lideranças tucanas: "Esse pessoal da favela".

 

O crescente reacionarismo de líderes tucanos em São Paulo perdeu o pudor e se aconchega na demofobia, o horror ao povo. Depois das ações na Cracolândia e no Pinheirinho, bate o esculacho sobre as famílias do conjunto habitacional Paulo Gomes Romeo, em Ribeirão Preto. Ao conferir os problemas apresentados nas casas entregues pelo governo, o diretor regional da CDHU (órgão estadual de habitação), Milton Vieira de Souza Leite, concluiu que pobre é uma desgraça.
Em entrevista à Folha de hoje, ao ser questionado sobre os motivos dos problemas nas casas, ele declarou: "A gente conhece o nível de educação [dos moradores]... O pessoal veio da favela. Não está acostumado a viver em casa". À tarde, Vieira rodou.
Que um dirigente da CDHU pense assim demonstra a disposição do governo paulista em relação ao povão: distância. E se incomodar muito, baixa o pau. Em vez de política, polícia. A desocupação do Pinheirinho é mais que insensibilidade posta em marcha. O que se viu foi um atentado aos direitos humanos pelo governo e pela Justiça paulista, como explica Raquel Rolnik, relatora especial da ONU para o direito à moradia adequada e colunista deste Yahoo!.
A invasão da polícia, planejada cuidadosamente e executada com violência, foi acompanhada de ausência de preparo para dar abrigo aos moradores da comunidade. Expulsas sob bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha, essas famílias — incluindo crianças, idosos e cadeirantes — hoje se amontoam em uma escola sem qualquer condição de higiene. Encerrada a operação, as autoridades trocaram elogios por esse "sucesso". Surpreendente? Mas o que dizer de um governo que trata o golpe militar como "revolução" no site oficial da Secretaria de Segurança Pública?
A situação de suposta "ilegalidade" dos moradores do Pinheirinho, respaldada por um mandado judicial, serviu para encobrir abuso de poder. Agora, defensores da operação Pinheirinho denunciam manipulação política por militantes de esquerda (no caso, o PSTU, embrenhado entre os moradores). Ao agitar bandeiras partidárias, buscam esvaziar o drama daquelas famílias.
O caso Pinheirinho é um retrocesso numa democracia ainda capenga e revela do quanto ainda estamos distantes do reconhecimento do direito de cidadania, a despeito do acesso de famílias pobres à categoria de consumidor. Mas em São Paulo a culpa é desse "pessoal que veio da favela."