pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: janeiro 2023
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terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Editorial: É precipitado tentar fazer qualquer julgamento moral do Governo Lula neste momento.


 

Somente no dia de ontem, tivemos uma conhecida apresentadora de TV defendendo assediadores; uma atriz famosa ridicularizando o drama do genocídio vivido pelas crianças Yanomamis; um candidato à Presidência do Senado Federal afirmando que defenderá o legado do ex-presidente Jair Bolsonaro. Isso apenas nos remete à conclusao de que o retrocesso civilizatório observado no país nos últimos anos foi enorme. Talvez bem pior do que imaginávamos. O devastador relatório da FUNAI - produzido ainda num período de algum resídio republicano que restavam, posto que a sua direção sofreria as represárias - é uma evidência de que a bandidagem atingiu o núcleo mais duro do aparelho de Estado no país.   

Pior do que isso somente a má-vontade de alguns setores da grande mídia com o Governo que se inicia, que tem o propósito inegociável de restaurar o tecido democrático perdido e promover a retomada de padrões civilizados de convivência. Ontem, pelas redes sociais, andou repercutindo imensamente um caso de malversação - ou aplicação de recursos em benefício próprio - de verbas oriundas do famigerado Orçamento Secreto, utilizadas por um ministro indicado pelo União Brasil para compor o ministério de Lula. Matreiramente, setores da mídia utilizaram a expressão "Ministro de Lula", numa clara intenção de jogar no colo do Governo a responsabilidade pelos atos do ministro. Que os bolsonaristas explorassem o fato até se entende, mas a grande mídia não.  

Ora, como se sabe, a relação do Governo Lula com o União Brasil ainda é marcada por alguns desacertos. Próceres petistas baianos, integrantes do Governo, por exemplo, rejeitaram a indicação de nomes sugeridos pelo União Brasil. Os nomes indicados, por outro lado, não contam, necessariamente, com o aval dos dirigentes da legenda. Por outro lado, esse tal orçamento secreto é uma grande excrescência que extrapola, em muito, o campo das ideologias. Precisa ser veementemente combatido, mas as contigências políticas, infelizmente, caminham para manter esse expediente nefasto, que depõe contra os mais basilares principios de gestão de recursos públicos. Os escândalos que estão sendo descobertos tendem a ser ampliados enormemente. É prudente fiscalizar, exercer o seu papel legítimo, mas seria prematuro jogar essas lentes contra eventuais desvios de conduta de um Governo que está apenas se iniciando, fazendo um esforço enorme para acertar. Principalmente através desses expedientes. 

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Editorial: O equilíbrio instável de José Múcio Monteiro no Ministério da Defesa.

 


Conhecedor da enorme capaciadade de articulação política do pernambucano José Múcio Monteiro, o presidente Lula fez questão que ele assumisse a pasta da Defesa, num momento político dos mais delicados para o país, mergulhado numa crise institucional sem precedentes. Diante das atuais circunstâncias políticas, fazia um bom tempo que o Ministério da Defesa ostentava um status tão elevado e aos mesmo tempo estratégico. Talvez por isso se tornaram tão recorrentes as notícias sobre o que se passa naquela pasta, o que exige cautela sobre a sua veracidade. Outros fatos, no entanto, são públicos, protagonizados pelos próprios atores, como a obra de engenharia política arquitetada para demitir um comandante militar mais recentemente ou mesmo os relatórios comprometedores da FUNAI sobre a atuação dos militares em terras indígenas.   

Admiro bastante as pessoas com tal capacidade de conciliação, talvez porque não seja bem este o nosso caso. Transigir nunca foi o nosso forte. Quando perdeu a eleição para o Governo do Estado de Pernambuco para o ex-governador Miguel Arraes, José Múcio logo virou a página, tornando-se um ator político de projeção nacional. Como Ministro da Defesa, José Múcio tem o nosso respeito, admiração e uma torcida  enorme para que ele consiga serenar os ânimos na caserna - reposicionando os militares aos seus estritos deveres constitucionais - assim como criar as condições que permitam que as instituições democráticas cumpram o seu papel, evitando flertes com o autoritarismo. 

Vamos aqui, no entanto, fazer duas ponderações críticas. Recentemente o ministro deu uma declaração afirmando que as Forças Armadas estavam completamente pacificadas. Embora tenhamos obtidos avanços inegáveis neste sentido, não há indicadores seguros para se fazer tal afirmação. Na realidade, as Forças Armadas passaram por um processo sistemático de politização durante os últimos quatro anos. Depois, por razões óbvias, existem amplos segmentos simpáticos ao bolsonarismo nos quartéis. Leva algum tempo para que se atinge o ponto ideal. Outro aspecto tem sido a dificuldade de José Múcio no sentido de tomar atitudes mais rígidas em relação aos militares, o que significa que ele se encontra num estágio em que evita, a todo custo, melindrar seus subordinados. Pressionado pelo Governo para os "avanços", ele ainda se sente "inseguro", o que o deixa numa situação de equilíbrio instável como se diz em Ciência Política.   

domingo, 29 de janeiro de 2023

Editorial: Paulo Câmara deixa o ninho socialista.



A informação, segundo dizem de fonte segura, está sendo veiculado pelo blog do Tião Lucena, na Paraíba. Fazemos aqui a ressalva para não cairmos em barrigas ou divulgamos fake news. Nesses tempos bicudos, convém tomar as precauções necessárias. A notícia dá conta de um desligamento do ex-governador Paulo Câmara do ninho socialista, onde esteve no aconchego durante décadas. O fato concreto é que sua relação com determinados setores da agremiação vinha se deteriorando nos últimos anos. Não vamos aqui entrar nos detalhes, mas o jogo é pesado, com golpes abaixo da linha da cintura. 

O presidente Lula, pessoalmente, empenhou-se em encontrar um espaço no futuro governo para o ex-governador, por quem tem uma grande estima. Os escaninhos da política apontavam até mesmo um ministério de ponta, com grande capilaridade e verbas, mas as negociações entre a cúpula da legenda e o Planalto acabaram por priorizar a indicação do ex-governador de São Paulo, Márcio França. A manobra rifou Paulo Câmara, que hoje poderia vir a ocupar um cargo no segundo escalão, possivelmente o Banco do Nordeste. 

Ocorre, entretanto, que a diretoria do Banco está sendo pleiteado por vários caciques da legenda petista. Não há informações sobre os rumos políticos que o ex-governador deverá seguir daqui para frente. Paulo Câmara talvez ainda não saiba o que deseja, mas sabe perfeitamente que não havia mais clima para a sua permanência na legenda socialista. O desgaste vem se arrastando há um bom tempo. São feridas difíceis de cicatrizar, com maior probalidade de evoluir para uma gangrena. Não se sabe se tal movimento teria sido combinado com o Planalto, se e como ele poderia ser "acomodado" no futuro governo.  

Editorial: Uma eleição crucial para a Presidência do Senado Federal.



A eleição para a Presidência do Senado Federal é crucial para a sociedade brasileira assegurar os avanços no que concerne à retomada do ambiente e dos espaços democráticos, criando um antidóto contra eventuais retrocessos autoritários. Entende-se perfeitamente o porque de a oposição ao Governo Lula estar jogando todas as suas fichas na eleição do ex-ministro do Governo Bolsonaro, Rogério Marinho, para a Presidência daquela Casa. Seria conquistar uma trinhciera de resistência contra o atual Governo Lula, assim como possibilitar investidas contra outros Poderes da República, com o propósito de atigir possíveis desafetos ou inimigos "públicos" do bolsonarismo.

No frigir dos ovos - como se diz aqui no Nordeste - seria um retrocesso político. As chances existem e, por elas existiram, ilustres atores do campo político conservador estão assanhados com tal possibilidade. A recondução do senador Rodrigo Pacheco para a presidência daquela Casa teria um significado que estrapola, em muito, a simples eleição de um parlamentar para uma Casa Legislativa. Ela torna-se fundamental para garantir os avanços civilizatórios.

Quando contingenciado - e as ocasiões não foram poucas - Pacheco demonstrou seus firmes e inquestionáveis compromissos com o processo democrático. O mineiro tem perfil para continuar no cargo, sobretudo nesses momentos de turbulências e crise institucional que enfrentamos. Já começaram, muito antes das eleições, a chamada contagem dos votos. Fulano tem tantos votos, Beltrano outros tantos. Não apostamos um tostão furado nessas especulações. Preferimos aguardar o resultado, mas fica evidente a nossa torcida.   

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Editorial: O melhor antídoto antigolpe.


No Brasil, tudo parece ser muito confuso, pois os atores políticos, deliberadamente, costumam confudirem ou mesmo atropelarem os seus papéis. Até recentemente, o país enfrentou um sério problema com a assunção sobre um equivocado poder moderador a ser exercido pelos militares, assim como ficaria evidente a exagerada ingerência desses mesmos atores no tocante ao processo eleitoral. Mas, antes, é preciso dizer que todas essas "iscas" foram jogadas por um Executivo que tinha interesse em politizar o estamento militar, fazendo questão de militarizar a burocracia do Estado, que, aliás, deve estar dando um trabalho danado ao futuro governo, que pretende revalorizar os servidores civis, do quadro permanente e devolver os militares ao seu lugar de origem, ou seja, às funções da caserna.   

O chamado pacote antigolpe, que está sendo discutido no dia de hoje, por razões óbvias, demorou a ser anunciado, possivelmente, para evitar lacunas ou mesmo melindrar certos segmentos. A prudência é sempre muito importante nessas ocasiões e o inteventor nomeado pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, Ricardo Cappelli, vem cumprindo à risca um script que inclui senso de justiça, compromisso inquebrantável com a democracia  e rigor no tocante às medidas adotadas contra os infratores ou golpistas. Seu objetivo é o de reestabelecer as estruturas democráticas comprometidas com as investidas golpistas do último dia 8 de janeiro, sem, contudo, ultrapassar os limites impostos pela Constituição Federal. Tudo está sendo feito dentro dos parâmetros legais.   

Até recentemente, um comandante militar foi exonerado do cargo por quebra de hierarquia. Quem conhece tais nuances, sabe da obra de engenharia política necessária para se tomar uma decisão deste porte. Sylvio Frota, então comandade do Exército durante a Ditadura Militar, foi demitido num feriado na capital federal, quando seus subordinados estavam curtindo um churrasco com a família. Algo nos diz que tal estratégia pode ter sido obra do bruxo Golbery do Couto e Silva. Ele ainda se coçou, mas não tinha muito o que fazer, ressignando-se aos chinelos e ao pijama. 

Cappelli anuncia hoje as medidas que serão adotadas pelo pacote antigolpe - como vem sendo chamado pela imprensa - o seu relatório. O que mais mais se comenta hoje no país é em relação às medidas que poderiam ser edotadas para se evitar novas ocorrências golpistas. Estão previstas medidas de reforço da segurança às instituições democráticas sediadas em Brasília; uma reestruturação dos serviços de inteligência e segurança do Estado; um olhar mais atento sobre o que ocorre nas redes sociais. Há muitos especialistas no assunto, mas, para este editor, vale a premissa do sociólogo francês Claude Leffort, quando afirma que uma democracia que não se amplia tende a morrer de inanição. O melhor antídoto antigolpe consiste em aperfeiçoar as instituições democráticas, criando um modelo de gestão pública onde a população veja suas demandas atendidas e possa creditar sua confiança no regime.           

Charge! Jaguar via Folha de São Paulo