pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: junho 2022
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quinta-feira, 30 de junho de 2022

Editorial: O combate à pobreza como programa dos candidatos ao Governo do Estado de Pernambuco


Já faz algum tempo que não escuto uma notícia boa sobre o nosso Estado. Seja consoante à economia, à política, à violência urbana, à cultura, à administração pública. Ao contrário, somos informados, cotidianamente, sobre a queda de indicadores dos índices de desenvolvimento, investimentos, e, talvez como reflexo disso, o aumento dos índices de pobreza, desemprego, violência urbana e precarização das condições de vida da população. No dia ontem, surgiu mais um desses indicadores: Pernambuco junta-se aos Estados de Alagoas, Amazonas, e Maranhão, onde mais da metade da população encontra-se na faixa de pobreza. 

Aliás, o país vem empobrecendo de maneira célere, de acordo com os últimas levantamentos realizados por entidades sérias, como a Fundação Getúlio Vargas Social, sob o comando do economista Marcelo Nery. Quando concluiu seu doutorado a sua tese causou uma enorme polêmica à época - em relação à abordagem de estudo do tema, que já era os pobres do país - mas logo as dúvidas se dissiparam e ela foi considerada a melhor tese de doutorado defendida naquele ano. Em síntese, o dado mais preocupante das conclusões da pesquisa da FGV é que nunca antes empobrecemos num ritmo tão acelerado, atirando milhões de pessoas na pobreza e na extrema pobreza.  

Nunca empobrecemos de maneira tão rápida e isso não se deve unicamente aos problemas relativos à pandemia da Covid-19, embora ela possa ter contribuído. Mas tem a ver também com a ausência de políticas públicas estruturadoras que se propusessem a enfrentar o problema, complementadas, num segundo momento, pela ampliação das oportunidades educacionais. Claro que esses dados não podem ser avaliados fora do contexto nacional e até internacional, mas, concretamente, no que concerne a Pernambuco -um dos Estados que mais contribuíram para chegarmos a essa tragédia - alguns deveres de casa deixaram de ser feitos ao longo desses anos. 

Nenhum grande projeto estruturador - depois de SUAPE - capaz de atrair novos investimentos, gerar emprego e renda. Pernambuco, há anos, é governado por oligarquias políticas cevadas na Casa Grande - desprovidas de sensibilidade social e espírito público - que conduzem os negócios de Estado consoante seus interesses particulares e dos seus apadrinhados. Seus críticos e desafetos ainda são tratados com o chicote na mão - como naqueles tempos - ou açoitados em suas reputações, quando não encaracolados com processos jurídicos. A malversação de recursos do erário é outra rotina execrável, que repercute negativamente no objetivo de proporcionar à população a aplicação correta dos impostos arrecadados.

Trata-se de uma vergonha para o nosso Estado, hoje em pé de igualdade com Estados como Alagoas e Maranhão, que, curiosamente, do ponto de vista da condução política, tiveram a mesma "sina" de estar nas mãos de ultrajantes oligarquias políticas familiares. Permitam, por favor, um pouco de paz para o grande sociólogo pernambucano Josué de Castro, que dedicou sua vida a estudar o fenômeno da fome no país, em particular na nossa região Nordeste. Josué sempre afirmava que, a despeito das condições adversas, os moradores das palafitas do Recife - os homens e mulheres caranguejos - ainda viviam em condições melhores do que a população da Zona da Mata do Estado. Nos últimos anos, conseguimos subverter essa equação e, hoje, a capital Recife vive atolada na miséria, completamente vulnerável às intempéries, como as enchentes dos últimos dias.     

    

Editorial: Paulo Guedes, "O Posto Ipiranga", continua prestigiado no Governo.



A economia é um fator decisivo para o projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Se os índices inflacionários continuarem nesses patamares - o salário mínimo não cobre sequer duas cestas básicas - ele pode dar adeus ao seu projeto de reeleição. Como já afirmamos num dos editoriais, a inflação atinge a parte mais sensível do ser humano, o bolso, conforme vaticinava o grande economista Roberto Campos. Provoca os desarranjos e os aborrecimentos cotidianos na hora de comprar o gás - isso para alguns poucos privilegiados - pagar a conta de luz, do fiado na mercearia. 

Isso sem falar nos seus reflexos sobre os padrões de relacionamentos familiares, em tais circunstâncias, sempre marcados por tensões e arengas. Em casa onde falta pão, todas brigam e ninguém tem razão, como diziam os nossos avós. Segundo alguns informes dos bastidores da política, alguns assessores politicos do staff de campanha do presidente Jair Bolsonaro o teriam aconselhado a destituir o atual Ministro da Economia, o senhor Paulo Guedes, também conhecido como Posto Ipiranga. Depois eles mesmos teriam construído um consenso de que a situação poderia ficar ainda pior, caso ele fosse demitido. 

Logo em seguida, o presidente Jair Bolsonaro fez questão de prestigiar o subordinado, informando que ele seria o seu Ministro da Economia num eventual segundo mandato. Mas isso não ficaria nos gestos formais, a julgar pelos últimos rearranjos na equipe de Governo. Duas pessoas pessoas ligadas ao ministro Paulo Guedes tiveram suas indicações para a ocupação de cargos estratégicos no Governo: José Mauro Ferreira, indicado para a Presidência da Petrobras e, mais recentemente, uma de suas assessoras mais próximas, Daniella Marques Consentino, indicada para a Presidência da Caixa Econômica Federal. 

A julgar por essas últimas indicações, a despeito das dores de cabeça com o dragão da inflação, o "Posto Ipiranga" continua prestigiado no Governo Bolsonaro. O Governo está preparando uma série de medidas com o propósito de estancar a sangria, como o aumento do Auxílio Brasil e a concessão de um bônus aos caminhoneiros, mesmo sabendo de seus impactos sobre as contas públicas. A nossa impressão é a de que o país nunca empobreceu tanto, a julgar pelas pesquisas, agora divulgadas, realizadas por entidades sérias, como a Fundação Getúlio Vargas. O próximo governo, seja lá quem for, terá uma missão hercúlea pela frente.       

quarta-feira, 29 de junho de 2022

Charge! Duke via O Tempo

 


Editorial: As mulheres preferem Lula. E podem decidir a eleição presidencial.



No momento, Lula só tem olhos para a esposa Rosângela Silva, carinhosamente chamada de Janja. Mas as mulheres preferem Lula a Bolsonaro. Isso talvez explique o engajamento da esposa do presidente Jair Bolsonaro, Michele Bolsonaro, que entrou de vez na campanha do marido, tendo, inclusive, se filiado ao PL. De fato, ela já vinha cumprindo alguns papéis no Governo, mas, agora, é visível seu empenho de angariar apoios para o marido nesta fase da campanha. Se a rejeição de Bolsonaro junto ao eleitorado feminino será contornada é um outro grande problema. 

Suas taxas de rejeição são altas, principalmente entre as mulheres mais pobres, essas que preferem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP), conforme evidencia uma análise do jornalista Matheus Leitão, em sua coluna da revista Veja. Conforme a renda aumenta, essa taxa de rejeição ao atual presidente diminue, mas anda continua significativa junto a um eleitorado que será decisivo nas próximas  eleições presidenciais. Segundo dados do TSE, o eleitorado feminino é superior em números ao eleitorado masculino. 

Hoje mais comedido, num passado recente ocorrerem várias situações envolvendo entreveros do presidente com mulheres, o que pode ter contribuído para fomentar o espírito de corpo entre as mulheres, que é bastante efetivo. Essa observção trata-se, naturalmente, de uma entre outras tantas possibilidades para tentar entender as motivações dessa rejeição. Somente pesquisas qualitativas poderia, de fato, explicar, com precisão, essa rejeição de Bolsonaro junto a este eleitorado. Por enquanto, por alguma razão, as mulheres preferem o Lula.

Essa seria uma das razões pelas quais sua assessoria estaria aconselhando a adoção de uma medida mais radical do presidente em relação a uma autoridade do governo acusado de assédio sexual pelas funcionárias, mesmo sabendo-se de sua proximidade com o chefe do Executivo. Se dependesse de Bolsonaro, certamente, ele poderia ser afastando do cargo através do "a pedido", mas, nesta fase difícil em que a campanha se encontra,para não contrariar ainda mais um eleitorado feminino reticente, politicamente, uma demissão pura e simples talvez seja o mais adequado.    

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Novas pesquisas apontam para um cenário de polarização?



Havia uma grande expectativa deste editor sobre alguma pesquisa de intenção de voto que trouxesse alguma informação no que concerne ao real potencial de transferência de voto - entre os principais concorrentes ao Palácio do Planalto - para os seus candidatos no Estado. Finalmente, tal expectativa foi atendida com a publicação, no dia de hoje, 29\06, dos dados levantados pelo Instituto Potencial Inteligência, publicados no Blog do Magno Martins. Aliás, duas pesquisas de intenção de voto para o Governo do Estado de Pernambuco estão sendo divulgadas pela crônica política local. A outra é a do Instituto Real Time Big Data, que traz, inclusive, um cenário de mudanças do comportamento dos candidatos na corrida pelo Palácio do Campo das Princesas.

Há, aqui no Estado, como já afirmamos em inúmeras oportunidades, uma grande expectativa dos membros do PSB de que Lula possa alavancar a candidatura do Deputado Federal Danilo Cabral, candidato do partido, que não anda muito bem até este momento. Em Julho, além de curtir o friozinho de Garanhuns e matar as saudadades do berço, o ex-presidente vem ao Estado para cumprir esta missão. Há quem assegure que se trata de uma missão hercúlea, mas há quem aposte no contrário. Como mais um agravante a se ou não superado, a candidata do Solidariedade, Marília Arraes, colou sua imagem a do ex-presidente e não respeitará o contrato de exclusividade.

Quando associado ao nome de Danilo Cabral, Lula, de fato, consegue melhorar seu desempenho, mas, a princípio, num patamar que não ameaça a liderança de Marília Arraes. O mesmo fenômeno ocorre com o candidato do PL, Anderson Ferreira, quando seu nome é associado ao presindente Jair Bolsonaro, que esteve recentemente acompanhando os festejos juninos em Caruaru, ao lado do fiel escudeiro. Aliás, apesar da rejeição altíssima no Estado - acima de 60% - Jair Bolsonaro transfere mais votos para o seu pupilo do que Lula para o socialista Danilo Cabral. O escore de Lula é de 14,8% e o de Jair Bolsonaro chega a 16,1%.

O mais emblematico deste encontro é o fato de que, apesar de ter lançado sua candidatura própria, Anderson manteve suas cordiais relações com a candidata do PSDB, Raquel Lyra, o que sugere a possibilidade de uma reaproximação num eventual segundo turno. Embora os dados do Real Time Big Data sejam mais discretos e "conservadores", os dados do Instituto Potencial Inteligência apontam para uma eventual mudança de cenário na tendência de voto, sugerindo a possibilidade concreta de uma possível polarização entre Marília Arraes, sempre colada em Lula - apesar dos queixumes - e o candidato Anderson Ferreira, apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro. É preciso cautela, pois tal oscilação ainda se encontra dentro da margem de erro, ou seja, de trê pontos percentuais.

A pesquisa do Real Time Big Data traz algumas curiosidades no que concerne à disputa para o Senado Federal no Estado. Há candidatos que seguer tiveram seus nomes oficializados como postulantes liderando a pesquisa, como é o caso de Mendonça Filho e Armando Monteiro, enquanto os candidatos oficializados continuam comendo poeira pelo Estado, sem que tal esforço se traduza, necessariamente, num reposicionamento nas pesquisas de intenção de voto. Vejam os dados do Instituto Potencial Inteligência:

Marília Arraes(Solidariedade): 25,5%

Anderson Ferreira(PL): 13,1%

Raquel Lyra(PSDB): 11,9%

Miguel Coelho(UB-PE): 8,6

Danilo Cabral(PSB): 8,6

TSE: BR-03872\22

terça-feira, 28 de junho de 2022

Editorial: CPI do MEC


O grande Ulisses Guimarães costumava afirmar que uma CPI sabe-se como começa, mas nunca sabe-se como termina. Perdão aos leitores se não traduzi ou fui rigorosamente fiel à expressão do parlamentar, mas, a rigor, foi mais ou menos isso que ele quis dizer. Até este momento, por exemplo, não se sabe sobre os efeitos concretos da CPI da Covid-19, que alcançou enorme repercussão nacional, sendo transmitida ao vivo pela TV. E olha que a transmissão não foi apenas da TV Senado, geradora do sinal, como seria de sua competência. 

Aliás, até se sabe. Por uma dessas ironias, um ex-Ministro da Saúde no Governo Temer - acusado de ser o maior beneficiário de um eventual esquema de superfaturamente - foi inocentado pelos tribunais pela ausência de provas. De fato, haviam indícios de possíveis irregularidades. Não seria rotineiro que um servidor público de carreira fosse acionado em seus dias de folga para agilizar assinatura para a liberação de pagamentos milionários a destinatários confusos.  

Antes que nos condenem, quero informar que acompanhei todos os trabalhos da CPI da Covid-19 com absoluta atenção, lamentando profundamente quando os trabalhos eram interrompidos ou os intimados ou convidados se recusavam a falar. Louvores a CPI da Covid-19 que, com bastante brilhantismo e seriedade, realizou um excepcional trabalho para o país, apontando equívocos no que concerne às ações do poder público para o enfrentamento da pandemia. De fato, se justifica uma CPI do MEC, se considerarmos os padrões de relações nebulosas e de perfil pouco republicano entre entes públicos e privados envolvendo a liberação de recursos públicos. 

Ninguém é louco ao ponto de afirmar que a corrupção acabou neste país, que sempre ocupou a lista de um dos países mais corruptos do mundo. Nossa corrupção é estrutural e não se resolve por decreto ou por bravata, também não se minimiza pela mudança de sinonímia. Está entranhada na máquina pública como uma inhaca mal cheirosa, capaz de produzir danos consideráveis ao interesse público.Obtida as assinaturas necessárias, agora resta as formalidades legais, que envolve uma leitura em plenário pelo presidente da Câmara Alta, Rodrigo Pacheco(PSD-MG), e uma publicação no Diário Oficial do Senado Federal. Esta CPI, em tempo de eleição, será mais um componente da tempestada perfeita enfrentada pelo projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro.   

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 27 de junho de 2022

Editorial: Lula no Festival de Inverno de Garanhuns

 


Os socialistas têm pressa na presença de Lula aqui no Estado. Gestões foram mantidas neste sentido e, finalmente, o martelo parece ter sido batido. Salvo alguma eventual mudança, Lula devará desembarcar em Pernambuco entre os dias 10 e 15 de Julho. O ex-presidente Lula deverá prestigiar o famoso Festival de Inverno de Garanhuns, a sua terra natal, além de ir a Serra Talhada, por sua posição estratégica no Sertão. Na realidade, Lula nasceu no então distrito de Caetés, que à época, pertencia à cidade de Garanhunhs. Hoje, Caetés possui autonimia política e administrativa. 

Assim como nas velhas campanhas de outrora, o ex-presidente deverá realizar algumas tomadas para a sua propaganda televisiva, no horário eleitoral gratúito. Os tempos, naturalmente, são outros. Na década de 80 do século passado, quando o PT foi fundado, Lula, em suas visitas ao Estado, quando desejava rever seus parentes naquela cidade do Agreste Setentrional, utilizava uma velha Brasília Amarela do hoje senador Humberto Costa. Movido pelo sentimento e pelo simbolismo, Lula deverá ir ao sítio onde a sua família viveu na cidade, onde existiria uma réplica de sua antiga residência, contruída pelos petistas locais. 

Enquanto Lula não vem para tentar alavancar a candidatura de Danilo Cabral, do PSB, Marília ocupa todos os espaços políticos possíveis, associando seu nome ao do ex-presidente Lula, numa estratégia que, a rigor, vem dando muito certo, embora amplie sua zona de conflito com os socialistas, que desejam a exclusividade do apoio do ex-presidente. Até recentemente, Lula fez uma declaração bastante contundente em relação a este assunto, assumindo que o candidato da coligação em Pernambuco é o ex-Deputado Federal Danilo Cabral, que, até o momento, não vai muito bem nas pesquisas de intenção de voto.

Se algo serve de alento aos socialistas, sempre tomo como referência o caso da Bahia para analisar a situação política no Estado. Na terra de Jorge Amado, o candidato do PT, Jerônimo Rodrigues também não vai muito bem nas pesquisas de intenção de voto, amargando uma das últimas posições, embora Lula seja imbatível no Estado. Ontem saiu uma informação dando conta de que, quando associado ao nome de Lula, Jerônimo Rodrigues consegue mais que dobrar suas intenções de voto. É nisso que os socialistas locais apostam.   

 

Editorial: Lula e Bolsonaro: A batalha pelo sul


Nas últimas eleições, o presidente Jair Bolsonaro(PL) foi muito bem votado na Região Sul do país. Segundo o Instituto Paraná Pesquisas, ele continua imbatível naquele colégio eleitoral, mas há quem advogue o contrário, ou seja, de que a sua situação não seria, hoje, assim tão confortável. Polêmicas à parte, o fato é que tanto um candidato quanto o outro estão tentando ora recuperar eventuais terrenos perdidos, ora ampliar sua participação naquele colégio eleitoral, como é o caso de Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP). 

A análise do staff político bolsonarista é a de que a inflação poderia estar contribuindo para minar os apoios, em tese consolidados, do candidato Jair Bolsonaro naquela região. Isso significa dizer que mesmo os eleitores bolsonaristas mais renhidos são vulneráveis a uma inflação em alta, embora seu potencial eleitor seja de estratos sociais menos afetados pelas gôndolas de supermercados. O fato que preocupa os assessores do presidente é que, enquanto Lula tornou-se hegemônico no Nordeste, aquela região era de domínio bolsonarista e ele vem perdendo votos nesses redutos.  

Até recentemente, Lula fez sua estréia ao lado de Geraldo Alckmin na campanha exatamente por aquela região, numa visita ao Rio Grande do Sul. Foram muito bem-recebidos e a parceria parece estar dando certo, pois ambos demonstraram bastante afinidades na caminhada. No afã de agradar e vencer as resistências em redutos históricos do PT, Alckmin parece ter esquecido de sua finalidade estratégica na campanha, ou seja, facilitar o trânsito de Lula juntos os setores mais conservadores do eleitorado.Em razão, disso, vem sendo muito cobrado pelos assessores do ex-presidente Lula. 

No campo governista, a granada caiu no colo do Ministro da Economia, Paulo Guedes, uma vez que se formou um consenso de que os problemas da candidatura de Jair Bolsonaro tem uma raiz nos problemas econômicos que o país atravessa. Nos escaninhos da política, comenta-se que até mesmo a saída de Guedes chegou a ser cogitada, mas o episódio poderia colocar mais lenha na fogueira. Poderia ter uma repercussão ainda pior no mercado. Há uma série de medidas cozinhando em banho maria, algumas, como já dissemos antes, radicais. 

Até mesmo o aumento do Auxilio Brasil- de 400 para 600 reais - está praticamente decidido, mas seria prudente, por exemplo, identificar as verdadeiras razões pelas quais o Auxilo Brasil não atendeu às expectativas de tornar-se um suporte para a candidatura de Jair Bolsonaro. Um percentual expressivo dos beneficiários mantém-se fiéis ao ex-presidente Lula e não seria, apenas, em razão do aumento dos valores que mudariam seu voto. Imaginário social é coisa muito séria. Não seria surpresa se os beneficiários não estejam associando o programa ao Governo Bolsonaro, mas aos velhos tempos do surrado "Bolsa Família" da era Lula. 

Editorial: O Brasil que passa fome



Há alguns anos atrás, durante os Governos da Coalizão Petista, políticas públicas efetivas e regulares conseguiram diminuir sensivelmente a pobreza e a extrema pobreza no país. O combate às desigualdades sociais e econômicas é um fator importante, inclusive, para que a população continue apostando no regime democrático. Estamos tratando aqui, obviamente, da chamada democracia substantiva ou econômica que, se não entrar na agenda das políticas públicas, pode ser capaz de solapar os alicerces da democracia política. O cientista político polonês, Adam Przeworski tem um estudo que aponta que a renda per capita da população é um dado crucial para assegurar a estabilidade de um regime democrático.  

Os avanços foram significativos. Estima-se que 33 milhões de brasileiros tenham deixado a condição de extrema pobreza no período. Ao longo dos anos seguintes, infelizmente, tivemos a volta do efeito bumerangue, ou seja, um contingente expressivo de brasileiros e brasileiras voltaram à condição de extrema pobreza. A pandemia da Covid-19, naturalmente, contribuiu para o agravamento do problema, mas foi a ausência de políticas públicas de enfrentamento dessa questão o fator determinante. O retrato do Brasil que passa fome é um quadro nebuloso, pintado com as cores do racismo estrutural e das desigualdades regionais de nossa sociedade, o que nos remete à compreensão de que estamos diante de um projeto, fruto da constituição de uma elite torpe, insensível e inconsequente.  

De acordo com o levantamento do IMDS- Instituto de Mobilidade e Desenvolvimento Social, 47,3 milhões de brasileiros estão na pobreza, um percentual que cresceu 22,3% nos últimos dez anos. 11 milhões de brasileiros caíram na pobreza em 2021. 6,3 milhões caíram para a extrema pobreza no mesmo ano. Deste percentual, 73% são negros e a metade dos pobres e miseráveis estão concentrados na região Nordeste agravando, como afirmamos antes, o problema histórico das desigualdades regionais no país. 

Em ralação à população negra, principalmente entre os jovens, os Governos da Coalizão Petista conseguiram a proesa de modificar o único indicador social relativo à raça nos últimos 500 anos, quando, através do programa de cotas, permitiu que eles tivessem acesso ao ensino superior. Uma verdadeira revolução no que concerne às oportunidades educacionais.     

Charge! Duke via O Tempo

 


domingo, 26 de junho de 2022

Editorial: Quem seria o nosso "Garganta Profunda"?



Recentemente, em virtude dos acontecimentos envolvendo a prisão, pela Polícia Federal, do ex-Ministro da Educação, Milton Ribeiro, passaram a circular pelas redes sociais - convém sempre ter as cautelas necessárias sobre a procedência do que circula nas redes sociais - a versão de que o vazamento de áudio - onde se verifica uma suposta conversa entre o ex-ministro e a filha, com referência a um possível alerta sobre operação de busca e apreensão - poderia ser uma retaliação de setores da Polícia Federal em razão da insatisfação gerada pelo recuo do Governo em não conceder o reajuste para a categoria, que chegou a ser cogitado. 

Não vamos, por razões óbvias, ter uma certeza sobre isso nunca, mas a possibilidade existe. Nos Estados Unidos há um caso emblemático envolvendo essas relações nebulosas entre política e o aparato de segurança do Estado. Refiro-me aqui ao famoso Escândalo Watergate. Informações que só vieram à tona muitos anos depois, confirmam que Mark Felt, que ficaria conhecido por "Garganta Profunda" havia sido preterido de suas aspirações de ser nomeado diretor do FBI por Richard Nixon, que optou por outro nome, de sua confiança. 

À época ele ocupava o cargo de diretor-adjunto.Ficou a mágoa, transformada em revelações devastadoras para o projeto de reeleição de Nixon, ao fornecer datalhes  dos bastidores da invasão à sede do Partido Democrata, localizada no edifício Watergate, tratada, a princípio, como um crime comum. Numa operação, digna dos melhores filmes de espionagem, Mark Felt manteve encontros secretos com os jovens repórteres do Washington Post, Bob Woodward e Carl Berntein, que produziram uma série de matérias sobre o assunto, provocando a reação da sociedade americana em relação àqueles fatos. 

Emparedado, Richard Nixon precisou apresentar o seu pedido de renúncia. Era isso ou um impeachment certíssimo. Depois se apurou que as pessoas envolvidas na invasão do Partido Democrata eram agentes do próprio FBI e tratava-se, obviamente, de um crime político. Aparelhos de escuta haviam sido plantados para acompanhar, ilegalmente, todas as movimentações dos adversários. Watergate é um caso que nos permitem muitas lições, sobretudo num país onde banalizou-se o vazamento de áudios comprometedores.  

Editorial: Lula e Bolsonaro: O grande encontro no Dique do Tororó, em Salvador.


Algo ocorreu errado na agenda dos candidatos ou, deliberadamente, ambos não desejam estar ausentes numa das datas mais fesrejadas na Bahia, o dia 02 de Julho, quando os baianos comemoram a Independência do país. Na realidade, para os baianos, o 07 de setembro é uma mera formalidade histórica, por sinal, bastante equivocada. Essa narrativa é muito bem explorada pelos baianos, não apenas em Salvador, mas também em cidadas históricas, a exemplo de Cachoeira, na região do Recôncavo, onde se pode saborear um excepcional suco de jenipapo, logo no café da manhã, nas melhores pousadas do local. 

Mas, fatos históricos à parte, a motivação deste editorial diz respeito à corrida presidencial de 2022, num dos seus momentos definitivos, quando os principais concorrentes ao Palácio do Planalto agendaram um encontro para as proximidades do famoso Dique do Tororó, em Salvador, para o mesmo dia, ou seja, o 02 de julho. Lula, mais reservado e cuidadoso, agendou o seu encontro para uma espécie de estacionamento do estádio da Fonte Nova, enquanto Jair Bolsonaro pretende realizar uma das suas já famosas motociatas, esta, de fato, nos espaços em torno do Dique do Tororó, onde deve reunir seus apoiadores. 

Creio não se tratar apenas de uma colisão de agendas, mas a convicção de ambos de que a data não poderia passar despercebida na agenda de campanha. A Bahia é o quarto colégio eleitoral do país, portanto um colégio eleitoral estratégico para qualquer pretendente a ocupar a cadeira de presidente. Pelas útimas pesquisas de intenção de voto realizadas no Estado, Lula leva uma grande vantagem sobre Bolsonaro, embora o candidato do partido ao governo do Estado, Jerônimo Rodrigues, encontre-se na rabeira das pesquisas. 

O PT tentará jogar toda a carga do prestígio de Lula no Estado para alavancar a candidatura do seu postulante ao Palácio de Ondina. O PT já ocupa o Palácio há 16 anos e sofre os efeitos inevitáveis da fadiga de material. Vamos torcer que os partidários de ambos mantenham o nível de civilidade política necessário para evitar eventuais confrontos entre a militância, assim como ocorre, infelizmente, com as chamadas torcidas organizadas.     

sábado, 25 de junho de 2022

Editorial: Crimedia: crimes ideológicos, pensamentos ilegais.



Não precisamos fazer um grande esforço para ser convencido pelos argumentos apresentados pelo cientista político Fernando Schüler acerca dos limites de nossa democracia no tocante à liberdade de expressão. Há, inclusive, questões polêmicas em torno do conceito - ou do entendimento sobre ele - por parte de alguns atores políticos ou agentes públicos. Faz algum tempo que o tema se tornou recorrente para o cientista político do INSPER, que vem apontando eventuais equívocos ou erros de interpretação deliberada de autoridades brasileira no que concerne a este assunto. 

De fato ele tem razão quando afirma que o quadro ficou tão nebuloso que cada brasileiro passou a pensar duas vezes antes de externar publicamente a sua opinião. O editor deste blog, por exemplo, exerce uma espécie de auto-censura, ou seja, ponderamos bastante antes de publicar qualquer coisa, sobretudo nesses tempos bicudos que passamos a enfrentar no país. Escrever um editorial sobre as atrocidades cometidas por agentes públicos da força policial, por exemplo, pode assanhar a corporação a ficar contra você, quando, na realidade, você está prestando um serviço contra os maus policiais. Gestores públicos flagrados em malversação de recursos, normalmente, respondem às críticas com processos judiciais contra jornalistas e blogueiros. Defender a democracia e suas instituições, hoje, já seria motivo suficiente para atiçar a horda de grupos de orientação fascista, em número crescente no país, que logo passam a ameaçar os desafetos, na ausência de argumentos. 

Esse fenômeno avança na mesma medida proporcional à deteriorização da nossa experiência democrática, fenômeno que já vem se observando há algum tempo, conforme atestam os organismos mundiais que mensuram a saúde dos regimes democráticos. No último deles, ostentamos a condição de a democracia mais ameaçada do mundo. A mentira tornou-se uma arma política, utilizada com os requintes de crueldade contra adversários, amparada por instrumentos tecnológicos cada vez mais sofisticados, disseminados através das redes sociais.

Fernando Schüler tem uma opinião sobre o que significa "liberdade de expressão" bastante divergente da opinião de algumas autoridades do Poder Judiciário brasileiro. No fundo, ele radicaliza na defesa do cidadão e da cidadã em externar a sua opinião, sem que isso se constitua num crime idelógico, abrindo espaço para severas punições, como o banimento das redes sociais, por exemplo. O cientista político é, na realidade, um intransigente defensor da democracia, do "verdadeiro jornalismo", já que ele é um grande admirador do escritor britânico,George Orwell, ou seja, dizer aquilo que "incomoda" a alguém. Tudo mais seria propaganda, de acordo com o autor de "1984".   

Já faz algum tempo, por exemplo, que cidadãos e cidadãs estão sendo punidos pelo "domínio do fato", uma aberração que atropela os princípios basilares do direito, como a presunção de inocência, a constituição de provas irrefutáveis, o devido processo legal e o direito ao contraditório. Este também é um momento que se caracteriza pela insegurança ou "afrouxamento jurídico", ao nosso ver, exatamente para para dar suporte às tessituras de cunho não necessariamente democrático. Fernando Schüler tem bons argumentos para defender suas teses, como, por exemplo, ao apontar a contradição de algumas autoridades, que impediram o Poder Executivo de bisbilhotar a vida do cidadão comum, mas usam dos mesmos expedientes para punir quem desfere ataques corporativos aos membros do órgão que representam.

A expressão "crimedia" é uma referência ao livro "1984", do escritor inglês George Orwell. O artigo de Fernando Schüler está na edição da revista Veja desta semana.    

Charge! Mare via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 24 de junho de 2022

Editorial: Contagem regressiva para as eleições presidenciais de outubro. Faltam 100 dias.



Possivelmente, já tivemos eleições mais tranquilas no país,onde a aventualidade dos questionamentos sobre os seus resultados não estavam no horizonte. Essa é uma das características de um regime democrático consolidado, mas este, infelizmente, não é o nosso caso.  O candidato perdedor reconhecia a derrota, cumprimentava o adversário pela vitória e a vida seguia o seu rumo. Ainda ativo, ao perdedor competia fiscalizar o trabalho do vencedor, ponderando criticamente, mas tudo dentro das regras do jogo democrático e republicano. O bom da democracia é que o perdedor poderia, no próximo embate, trocar de lugar e, certamente, gostaria também de ser tratado de forma civilizada. 

De uns tempos para cá, esse cenário mudou completamente,o que inspira, necessariamente, os cuidados necessários para que os resultados do pleito sejam respeitados e acatados. Faltam apenas 100 dias para as próximas eleições e a tendência é que o clima de animosidade entre os principais competidores seja acirrado daqui para a frente, o que vai exigir muito trabalho da Justiça Eleitoral, principalmente no tocante ao respeito às regras estabelecidas para o pleito. 

As pesquisas de intenção de voto apontam para um cenário de relativa "estabilidade", mas essa tal "estabilidade" inquieta bastante um dos grupos de competidores, que deseja a vitória no pleito a qualquer custo,  e entendem que já seria o momento adequado para ter revertido este cenário. Medidas estão sendo pensadas, mas, daí a concluir que elas possam reverter essa tendência do eleitorado é uma outra questão. Um dos bons exemplos disso é a "percepção" dos eleitores sobre o Auxilio Brasil, que desafia os mais experientes pesquisadores. Aumentar o seu valor - sem entender o que se passa na cabeça dos beneficiários - talvez não resolva a equação. 

Outra preocupação é o apurado feeling político do Centrão, sempre preparado para lançar os botes salva-vidas no momento certo. Eles, de tão "competentes", nunca erram esse timming.  Eis aqui a principal característica deste grupo político, forjado no exercício do poder, sem qualquer outro encargo, muito menos o ideológico: Espaço na máquina e liberação de recursos conduzem suas decisões, constituindo-se num núcleo de poder "paralelo" com capacidade de emparedar qualquer governante de turno. Na prática, estamos diante de um semipresidencialismo.        

Editorial: A pesquisa do Datafolha não traz boas notícias para Simone Tebet



A mais recente pesquisa do Instituto Datafolha não traz boas novidades para a candidata do MDB, a senadora Simone Tebet. Essa pesquisa seria um divisor de águas nas pretensões da senadora em furar o bloqueio eleitoral imposto pela polarização representada pelas candidaturas de Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP) e Jair Bolsonaro(PL). Neste caso, não estamos tratando aqui de uma frustração pessoal, mas, com tal desempenho, a senadora pode ter enterrado de uma vez as aspirações de construção de uma alternativa de terceira-via para as próximas eleições presidenciais. 

A senadora, como se sabe, enfrentou uma série de batalhas para viabilizar seu nome dentro da aliança de partidos que endossam sua candidatura, formado pelo MDB, o Cidadania e o PSDB. Não foi uma batalha simples, mas ela a enfrentou com o brio de sua dignidade e coerência política. Segundo algumas pesquisas, ainda há um percentual expressivo de eleitores que não se definiram em relação às próximas eleições presidenciais. O problema parece ser o fato de esses eleitores não se inclinarem a endossar um nome que se contraponha à polarização representada por Lula e Bolsonaro. 

A essa altura do campeonato, já existem muitos analistas políticos jogando a toalha em torno deste assunto, ou seja, considerando a hipótese de a terceira via tornar-se uma alternativa inviável no contexto das próximas eleições presidenciais. Pelo andar da carruagem política, não surprenderia que alguns candidatos possam vir a fazer o mesmo. Segundo observadores, o Planalto já estaria preparando um conjunto de medidas para se contrapor às dificuldades enfrentadas pela candidatura de Jair Bolsonaro. Entre essas medidas, o aumento do valor do Auxílio Brasil, que passaria dos atuais R$ 400,00 para R$600,00. 

Certamente existem outros fatores que conduzem os pleitos presidenciais no país para essa polarização, mas, certamente, as "torcidas organizadas' cumprem seu papel neste processo. Ontem, por ocasião da visita do presidente Jair Bolsonaro aos festejos juninos de Caruaru, as claques ficaram divididas, com uns vaiando o presidente, enquanto outros repetiam à exaustão os gritos de "mito". Parece mesmo que iremos nesse diapasão até às eleições de outubro. Afinal, já entramos na contagem regressiva dos 100 dias.   

quinta-feira, 23 de junho de 2022

Editorial: Finalmente, saiu a pesquisa do Datafolha



Depois de uma grande expectativa em torno do assunto, cujas razões discutimos por aqui no blog, finalmente saiu a pesquisa do Instituto Datafolha sobre a corrida presidencial de 2022. Nesta nova pesquisa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP) crava 47% das intenções de voto, enquanto o presidente Jair Bolsonaro aparece com 28%, uma diferença, portanto, de 19 pontos em favor do petista. Numa outra pesquisa anterior do Instituto - marcada igualmente por grandes expectativas - a diferença entre ambos foi de 21 pontos percentuais. 

A rigor, não há diferenças significativas entre esta pesquisa e a anterior, uma vez que os dois pontos percentuais de diferença entre ambos candidatos podem ser creditados, inclusive, na margem de erro do Instituto. O que se coloca é que a pesquisa do Datafolha já teria conseguido captar, pelo menos parcialmente, o humor dos eleitores em relação a algumas adversidades enfrentadas pelo presidente Jair Bolsonaro que, neste momento, encontra-se numa motociata aqui na cidade de Caruaru, Agreste pernambucano, acompanhado pelo candidato ao governo do Estado, Anderson Ferreira(PL-PE), e o candidato ao Senado Gilson Machado Neto, seu ex-ministro do Turismo. No pelotão da terceira via, nenhuma novidade, exceto por um pontinho a mais obtido pelo ex-ministro Ciro Gomes(PDT-CE), que saltou de 7% para 8% das intenções de voto, embora ele não se sinta muito à vontade em se posicionar como de terceira via. 

Nenhuma novidade em relação às expectativas da candidatura da senadora Simone Tebet, que aparece com 2% das intenções de voto, embolada com uma penca de candidatos novos. Na realidade, o que a pesquisa do Instituto Datafolha ratifica é a possibilidade de uma vitória do candidato Luiz Inácio Lula da Silva ainda no primeiro turno das eleições de outubro. Do lado da situação, uma grande apreensão em relação às dificuldades encontradas por Jair Bolsonaro, quando se sabe, concretamente, que o pragmatismo do Centrão não costuma acompanhar candidatos com dificuldades.

Este é um momento crucial da campanha de 2022, uma vez que a assessoria política do presidente Jair Bolsonaro previa uma reação efetiva do candidato, quando os mais otimistas já enxergavam ele à frente do petista nesta fase, como foi o caso de Arthur Lyra, Presidente da Câmara dos Deputados, e Ciro Nogueira, Ministro-Chefe da Casa Civil.   

Editorial: O exemplo de civilidade na política de Rodrigo Pinheiro


Rodrigo Pinheiro(PSDB-PE), apesar de ser do mesmo partido da ex-prefeita Raquel Lyra(PSDB-PE), emite indicadores de que tornou-se um desafeto da ex-prefeita, que disputa o Governo do Estado de Pernambuco nas eleições de 2022. Não raro, a crônica política pernambucana noticia alguma rusga entre eles. Mantemos o devido respeito por ambos e, naturalmente, não compete a este editor emitir algum juizo de valor, tampouco entrar nas nuances desses desentendimentos que, aliás, não são raros. Sugere-se, entretanto, que as indisposições são antigas, antes mesmo de ele assumir o cargo, com o afastamento legal da ex-prefeita. 

Rodrigo Pinheiro tem se notabilizado por uma postura civilizada, republicana, democrática, movida pelo interesse público, que tem surpreendido a muito gente. Durante os festejos juninos da cidade - uma festividade de repercussão nacional e estratégica para a cidade - Rodrigo tem recebido todas as tribos políticas, sem exceção, inclusive adversários da ex-prefeita Raquel Lyra. Como disse antes, uma postura civilizada que tem surpreendido a muita gente, sobretudo num Estado onde o  fazer política pode ser traduzido através dos conhecidos expedientes de retaliações, ao estilo da raposa Agamenon Magalhães, que enfatizava o estilo "Aos amigos tudo. Aos inimigos, os rigores da lei". 

Quem promete uma fuzarca na cidade no dia de hoje são os partidários do presidente Jair Bolsonaro(PL), que visita a cidade ao lado dos correligionários, e pretende realizar, igualmente, uma motociata. Um aviso aos navegantes bolsonarista: fuzarca aqui assume o sinônimo de festa, não se constituindo numa expressão depreciativa. Bolsonaro será acompanhado pelo candidato ao Governo do Estado pelo PL, Anderson Ferreira, e o candidato ao Senado pela legenda, o ex-ministro do Turismo, Gilson Machado Neto. 

Tenho certeza de que o prefeito Rodrigo Pinheiro receberá Bolsonaro com o mesmo tratamento de qualquer outro concorrente ao Palácio do Planalto. Isso faz parte de uma agenda de conduta política civilizada rara, que, quando bem exercida, loga chama a nossa atenção. Como se sabe, Caruaru é uma cidade estratégica, até mesmo considerando-se o plano político nacional. Trata-se de uma cidade parâmetro no contexto de uma disputa presidencial, daí se entender as visitas dos ilustres candidatos presidenciais à terra do mestre Vitalino. Ademais, come-se ali uma deliciosa "chã de bode" no Alto do Moura.   

Charge! Duke via O Tempo

 


Editorial: Um momento difícil para a reeleição de Jair Bolsonaro.


Hoje, dia 23\06, deverá ser divulgada mais uma pesquisa de intenção de voto do Instituto Datafolha. Esta pesquisa está sendo aguardada com muita expectativa por todos os concorrentes às eleições presidenciais de 2022. Desde Lula, que lidera todas as pesquisas de intenção de voto realizadas até este momento, à candidata do MDB, Simone Tebet, que terá, nesta pesquisa, um parâmetro para entender como o eleitorado estaria reagindo à sua candidatura como alternativa à polarização representada por Lula e Jair Bolsonaro. 

Mas, entre todos os candidatos, é a Jair Bolsonaro(PL) que tal pesquisa deve interessar em particular, uma vez que a mesma está sendo realizada em meio a uma espécie de tempestada perfeita contra projetos de reeleição. Tal pesquisa pode prognosticar a reação do eleitorado em relação aos últimos fatos desagradáveis ocorridos no país, como a morte do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips; a alta dos combustíveis e dos preços dos alimentos nas gôndolas dos supermercados; assim como a prisão do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro,acusado,pela Polícia Federal, de algumas irregularidades enquanto foi o titular da pasta. 

Segundo alguns analistas, Jair Bolsonaro(PL), diante deste fato, pode ter perdido a sua bala de prata - ou seja, um capital politico tão valorizado por eles - como o de apresentar a credencial de que não haveria corrupção no Governo - em contraposição aos governos da Coalizão Petista. Bolsonaro vinha se recuperando bem nas pesquisas de intenção de voto, criando um ambiente bastante otimista entre partidários e a militância. Havia, inclusive, uma previsão de que ele pudesse ultrapassar Lula neste início de segundo semestre. A sinergia política era bastante positiva, portanto. 

Hoje, o quadro é de um possível abatimento diante de tantos fatos adversos, todos com o potencial explosivo de atrapalhar o seu projeto de reeleição. Seja qual for o resultado dessas eleições, infelizmente, o país já mergulhou numa espiral institucional perigosa, com os constantes assédios a atores e instituições que conduzem o processo democrático.    

quarta-feira, 22 de junho de 2022

Editorial: Lula mantém liderança na pesquisa do PoderData.


Provavelmente amanhã deve sair a pesquisa do Instituto Datafolha, aguardada com grande ansiedade por todos, da mídia, do mercado aos assessores diretos dos candidatos que concorrem às eleições presidenciais de 2022. Curiosamente, a despeito das resistências de alguns, o Datafolha tornou-se uma espécie de "média" entre os institutos de pesquisa. Mas, enquanto não sai a pesquisa do Datafolha, os demais institutos continuam lançando o resultado dos seus levantamentos junto ao eleitorado. 

Hoje, o DataPoder, um instituto relativamente novo no mercado, divulgou mais uma pesquisa de intenção de voto. Nesta pesquisa, Lula abre 10% de diferença em relação ao candidato Jair Bolsonaro no primeiro turno das eleições presidenciais. Lula crava 44%, enquanto Jair Bolsonaro aparece com 34% das intenções de voto. Num eventual segundo turno a diferença entre ambos é significativamente ampliada, ou seja, Lula abre 17 pontos de diferença. Enquanto Lula crava 52%, Jair Bolsonaro aparece com 35%. 

Em mais uma pesquisa, a despeito dos esforços empreendidos, o candidato Ciro Gomes(PDT-CE) mantém-se dentro de seu eleitorado "histórico", aparecendo com 6% das intenções de voto. A terceira via aparece embolada, ainda não emitindo sinais de que conseguirá mudar este cenário, praticamente consolidado. Simone Tebet(MDB-MS), por exemplo, aparece empatada com o candidato Eymael, com 1% das intenções de voto. Em algum momento, embore tente furar o "bloqueio", ela já sugeriu que poderá abdicar de sua candidatura em favor do candidato Luiz Inácio Lula da Silva.

As demais pesquisas não deverão trazer grandes novidades em relação ao cenário apresentado pelo Instituto DataPoder. Uma série de dificuldades estão atrapalhando a recuperação do candidato Jair Bolsonaro, que reagia bem, conforme demonstrava as pesquisas do próprio Instituto DataPoder. A economia não vai bem e isso está se refletindo no humor dos eleitores. Como diria o economista Roberto Campos, a parte mais sensível do ser humano é o bolso. Os eleitores não desmentem essa regra.  

Editorial: Brasileiros e brasileiras: Põe um arco-íris na sua moringa.

 


Hoje, dia 22\06, os brasileiros e brasileiras fãs do cantor pernambucano Paulo Diniz amanheceram mais tristes com a notícia do seu falecimento. Paulo foi um excepcional letrista e tinha um estilo de cantar bastante agradável, daí se entender sua legião de admiradores. Uma de suas composições mais festejadas recebe o título de "Põe um arco-íris na sua moringa', uma música agradável, cheia de otimismo, com o objetivo de embalar manifestações de superação das agruras enfrentadas no nosso cotidiano. 

Isso, naturalmente, numa época menos complicada do que os dias difíceis enfrentados na atualidade. No seu tempo, não existia a Pandemia da Covid-19, que insiste em ficar entre nós, ceifando vidas continuadamente; não pairava sobre nós as dores de cabeça enfrentadas pela Justiça Eleitoral, tendo que, a todo momento, ser questionada a dar satisfações sobre a lisura de suas apurações eleitorais; não existia a ameaça velada do fascismo e do autoritarismo, alimentado pelas hordas de milíciais digitais e grupos paramilitares, bem ao estilo das SS; O recrudescimento de governos de perfil autoritário, sem o menor pudor ambiental, sem alteridade, sem respeito à diversidade. Com todos esses ingredientes, até mesmo o Paulo Diniz concordaria que seria muito difícil colocar um arco-íris na nossa moringa.

"Tudo é válido e inserido no contexto". O quanto de significado essa expressão poderia sugerir, por exemplo, na década de 60 do século passado? Hoje ela remete a outras interpetrações, não necessariamente de corte republicano ou democrático, quando se pensa, por exemplo no uso deliberado das fake news ou da mentira como arma política com o propósito de destruir os adversários; o boiocote aos legítimos processos de apuração dos pleitos; o constante e sistemático assédio aos expedientes e instituições da democracia. Um vale-tudo despudorado. 

O alento, meu caro Paulo Diniz, é que ainda resta um fio de esperança, traduzido, por exemplo, no resultado das eleições do Chile, do México, do Peru, da Guatemala e, mais recentemente, na eleição de Gustavo Petro, na Colombia, país de uma secular tradição conservadora na política. Petro é o primeiro candidato de esquerda democraticamente eleito naquele país. Esteve, durante parte de sua militância política, na clandestinidade dos grupos guerrilheiros.  

terça-feira, 21 de junho de 2022

Editorial: O "Triângulo das Bermudas" eleitoral do Brasil



Aqui em Pernambuco, costuma-se usar a expressão "Triângulo das Bermudas' para se referir a três cidades, de diferentes mesorregiões, que, por sua densidade eleitoral, podem decidir uma eleição majoritária. Nunca havia ouvido falar, até este momento, numa espécie de "Triângulo das Bermundas Nacional", ou seja, um conjunto de três Estados que dão o balisamento da definição de uma eleição presidencial. Isso não se daria pela "densidade eleitoral" desses Estados, como ocorre aqui em Pernambuco, mas por outros fatores, como suas características sociais, econômicas e, por que não dizê-lo, "políticas". 

Essa questão é levantada pelo jornalista Matheus Leitão, da revista Veja, aqui repercutida por este editor, naturalmente, sem a mesma competência daquele articulista. Como seria de se supor, em razão de sua liderança em todas as pesquisas de intenção de voto realizadas até este momento, a performance de Lula nesses Estados é bastante confortável, embora em um deles, o candidato Jair Bolsonaro(PL) possua bons aliados políticos. Em Alagoas, reduto político do adversário, ele deve prestigiar a candidatura do ex-presidente e ex-governador Fernando Collor de Mello, que não aparece nada bem nas primeiras sondagens como candidato ao Governo do Estado.

O mais curioso dessas conclusões, conforme aponta o jornalista Matheus Leitão - baseado em dados das eleições presidenciais anteriores - é que não se trata de um parâmetro ideológico, posto que candidatos de direita ou de esquerda que venceram as últimas eleições presidenciais alcançaram desempenhos semelhantes nesses Estados da Federação: Minas Gerais, Alagoas e Amazonas. Em Minas Gerais, Lula conseguiu, finalmente, fechar um acordo com o PSD do ex- prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, que concorre ao Governo do Estado, reequilibrando a correlação de forças políticas no Estado. 

Em Pernambuco, as cidades que compõem esse denominado "Triângulo das Bermudas", por uma dessas coincidências, apresentam postulantes ao Governo do Estado nas próximas eleições: O ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, do União Brasil; A ex-prefeita de Caruaru, Raquel Lira, do PSDB; e, finalmente, o ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira, do PL, que sustenta o palanque do presidente Jair Bolsonaro aqui no Estado. Este último, aliás, já está prometendo uma motociata, durante os festejos juninos em Caruaru, com a presença de Jair Bolsonaro.     

Editorial: Eduardo Suplicy dá um "carão" em prócer petista.


Está repercutindo bastante nas redes sociais um vídeo onde o vereador por São Paulo, Eduardo Suplicy(PT-SP), reclama, ao vivo, por não ter sido convidado para o encontro onde se debate o esboço de um programa de governo do Partio dos Trabalhadores. Na realidade, não ter sido convidado é o de menos. Concretamente, o vereador interrrompeu uma fala do ex-ministro da educação, Aloízio Mercadante, salientando a necessidade de colocar a sua obsessão de renda mínima de cidadania no programa do partido. Aliás, para ser mais preciso, no programa do partido ela já se encontra. O que o vereador propôs é que ela fosse considerada no programa de governo do PT.  

O ex-senador apontou que Aloízio Mercadante poderia ter alguma diferença com ele, mas que ele continuaria firme no propósito de fazer de Lula e Alckmin os próximos mandatários do país, alcançando a aprovação de Geraldo Alckmin(PSB-SP) e os aplausos de petistas presentes ao local. Não precisamos repetir aqui que Suplicy é Suplicy, um quadro histórico e qualificado da legenda, que sempre conduziu sua vida pública por uma inarredável coerência e autoridade. Dizem que Lula franziu o semblante, enquanto folheava o documento, mas Alckmin fez questão de apoiar a proposta do agora companheiro de militância. 

Indisposições de atores políticos a parte, o que parece estar em jogo é um dilema ou uma disputa de projetos internos da legenda,ou seja, construir um programa de governo o quanto mais próximo do centro político possível, acenando para os setores mais conservadores da sociedade. Por outro lado, a militância orgânica e histórica não arreda o pé da defesa de uma plataforma de governo que não se afaste um milímetro do atendimentos das demandas das minorias e dos segmentos mais socialmente fregilizados. A droconiana reforma trabalahista originária das políticas neoliberais encontra-se no retrovisor desses militantes. 

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: A "cangaceira" Marília Arraes sela a paz na terra de Lampião.

 


Se diz que Marília é uma mulher de briga, daí a tratarmos metaforicamente aqui como uma "cangaceira", muito em razão desse seu perfil de "não abrir parada", em seus projetos políticos, se indispondo, até mesmo, com alguns membros do seu núcleo familiar. A outra referência é à sua passagem pela terra do temido cangaceiro Virgulino Ferreira Lampião, onde, curiosamente, ela não foi para a guerra, mas para selar a paz entre grupos políticos desafetos, mas que apoiam seu projeto de candidatura ao Governo do Estado. 

Como disse, foi um encontro marcado por uma série de "simbolismos", a começar pelo título inusitado "Arraiá do Sebá", numa alusão ao organizador, o Deputado Federal Sebastião Oliveira, do Avante, que deixa as hostes da Frente Popular para integrar-se à sua campanha na condição de vice na chapa. Curiosamente tanto na terra de Lampião, Serra Talhada, como em Sagueiro, cidade próxima, as forças do campo progressista alcançaram relativa capilaridade política ao longo do anos. O avô de Marília, Dr. Miguel Arraes, tinha aliados políticos fidedignos na região.  

Em Serra, o PT possui uma forte liderança no Sertão do Pajeú, o ex-prefeito Luciano Duque, arquiinimigo do grupo político liderado por Sebastião Oliveira. A questão que se colocava é como esses grupos políticos poderiam marchar juntos no projeto de Marília Arraes(SD-PE). Pois se deu o entendimento. Marília conseguiu a proesa de selar a paz entre os dois grupos políticos adversários. As retaliações do Palácio do Campos das Princesas vieram de imediato, com o afastamento de todos os nomes indicados por Sebastião Oliveira no Governo do Estado.

Embora tenha sido notada a ausência do seu grupo de prefeitos no evento - quem sabe para evitar retaliações políticas - sabe-se que ele controla uma penca deles, hoje algo em torno de 17. Assim, como uma candidata de perfil metropolitano, Marília Arraes amplia sua capilaridade em regiões importantes e estratégicas para a definião do pleito, como o Sertão. Um outro nome que quase esteve no palanque de Marília foi o do também Deputado Eduardo da Fonte, do Progressistas, que teria recuado após tratativas com o Palácio do Campo das Princesas.    

domingo, 19 de junho de 2022

Editorial: Lula em Pernambuco... no início de julho.




Hoje a candidata do Solidariedade ao Governo do Estado, Marília Arraes, num misto de encontro e arraial político, realizado em Serra Talhada - onde será anunciado o nome do Deputado Federal Sebastião Oliveira, do Avante, para compor sua chapa na condição de vice - exibiu um grande painel onde se sobressai a figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP), que concorre às eleições presidenciais de 2022. O fato dá a dimensão da encrenca em que Lula está metido no tocante à definição de um palanque aqui no Estado. 

Por ocasião de sua visita ao Estado do Rio Grande do Norte, Lula recebeu o governador Paulo Câmara(PSB-PE) para tratar justamente disso, ou seja, quando ele virá ao Estado para se engajar na campanha do candidato do PSB, Danilo Cabral(PSB-PE). Ficou acertado que em Julho Lula deverá visitar o Estado, em tese, com este propósito, uma vez que assumiu compromissos formais com a legenda socialista, no contexto dos apoios ao seu projeto presidencial. Pelo andar da carruagem político, difícil será convencer a candidata do Solidariedade a aceitar essas formalidades. 

Lula, por sua vez, com a sua larga experiência na política, evita, o quanto pode, entrar em bola dividida. Mesmo com as dificuldades encontradas no campo econômico - que podem ser decisivas para o seu projeto de reeleição, daí se entender a sua indisposição com os aumentos de combustíveis da Petrobras - o presidente Jair Bolsonaro já teria fechado palanques em 23 Estados da federação, enquanto Lula apenas em 15 Estados. Aqui em Pernambuco, por exemplo, o candidato Anderson Ferreira(PL-PE) e Gilson Machado(PL-PE) já aguardam o presidente para ensaiar uns passos de forró em Caruaru. 

A questão do palanque de Lula aqui no Estado tem sido um dos temas mais discutidos dessas eleições estaduais, basicamente por dois motivos: as relações afetivas de Lula com a candidata Marília Arraes, que lidera todas as pesquisas de intenção de voto realizadas até este momento e, a outra razão, seria a real capacidade de Lula em alavancar a candidatura do Deputado Federal Danilo Cabral(PSB-PE) que, até este momento, não enfrenta uma situação muito confortável na disputa. 

Editorial: Que tempos são esses?

A sociedade brasileira, ainda em choque com a ocorrência registrada no Vale do Javari, na região do Amazonas, onde o indigenista pernambucano Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips foram brutalmente executados - num crime com requintes de crueldades, quando trabalhavam em na defesa dos índios e de suas terras naquela região do país - se depara com mais uma violência contra os indígenas, desta vez perpetrada no Estado de Pernambuco, envolvendo o índio Edvaldo Manoel de Souza,61 anos, da etnia Atikum, segundo os primeitos informes, possivelmente morto em razão das agressões sofridas por agentes do Estado. 

Na região do sertão de Carnaubeira da Penha, há 501 km do Recife, segundo os povos da etnia Atikum, que organizaram um protesto contra o ato, a violência política tornou-se recorrente, a despeito das denúncias já encaminhadas às autoridades competentes. Nesses tempos bicudos vividos pelo país, a expressão "autoridades competentes" tornou-se apenas uma referência linguistica, uma vez que, alguns agentes públicos e instituições, hoje, não se orientam, necessariamente, movidas por espírito público, respeito ao ordenamento jurídico ou guiados por uma agenda republicana.  

Registro aqui, no entanto, as medidas adotadas pelo Governador Paulo Câmara(PSB-PE), que, de imediato adotou todas as ações saneadoras cabíveis neste caso, como a designação de dois delegados especiais da Polícia Civil para apurar os fatos, abertura de investigação sobre a conduta dos agentes públicos envolvidos, no ambito da Polícia Militar e da Corregedoria-Geral de Polícia do Estado, todo o trabalho com o acompanhamento do Ministério Público. É o que ele poderia fazer como Governador do Estado, é o que se esperava dele. 

A besta fera do fascismo parece estar solta neste ambiente político de terra arrasada, com forte influência sobre os agentes públicos e cidadãos comuns, que se sentem acima da lei, do respeito às minorias, conduzidos por um discurso de ódio. Este cenário já seria previsível e tende a agravar-se se não for corajosamente enfrentado. O seu "mecanismo" é perigosíssimo. Na Alemanha pré-nazista há uma cena que evidencia o que afirmamos aqui. Num determinado momento, ocorre um flagrante de crianças alemãs agredindo e atirando pedras contra crianças judias, induzidas pelo "discurso do ódio".  

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


sábado, 18 de junho de 2022

Editorial: A difícil missão de Lula na Bahia



Como se sabe, Lula enfrenta algumas dificuldades com os palanques regionais. A Bahia é um desses Estados, onde o petista tem uma missão hercúlea, ou seja, transformar o candidato do partido em um candidato competitivo no pleito de outubro. Por enquanto, sua situação é extremamente desfavorável, embora Lula seja o queridinho dos bainos para voltar a ocupar a cadeira do Palácio do Planalto. Conforme já discutimos em outras ocasiões, ali ocorre um fenômeno curioso: Os baianos pretendem devolver o poder ao carlismo - agora representado pelo neto de Antonio Carlos Magalhães, ACM Neto, ex-prefeito de Salvador - e votar em Lula para a Presidência da República. 

Mudar este cenário não será uma tarefa das mais simples, sobretudo porque, matreiramente, ACM Neto(UB-BA) não se compromete com ninguém, deixando o eleitorado do Estado bastante à vontade para fazer suas opções políticas, desde que uma seja a dele. Os petistas vão tentar jogá-lo no colo de Jair Bolsonaro(PL), mas trata-se de uma manobra de resultados duvidosos, uma vez que a raposa é muito esperta. Num passado recente, já chegou a se indispor com correligionários que aceitaram ocupar cargo no Governo do Presidente Jair Bolsonaro. 

Outra alternativa seria angariar os dividendos políticos do prestígio do ex-governador Jaques Wagner(PT-BA), que hoje ocupa um lugar de destaque no staff de campanha de Lula. Este é o arsenal político que a legenda possui para tentar reverter uma situação de desgaste natural, depois de ocupar o Palácio de Ondina por 16 anos consecutivos. Lula deve visitar o Estado no próximo dia 02 de julho, uma data bastante festejado pelos baianos, tida como a verdadeira data de Independência do Brasil, pois foi nesta data que os baianos expulsaram os portugueses do país. 

O candidato do PT é o ex-secretário de Educação do Estado, Jerônimo Rodrigues(PT-BA), um ator político que não ostenta um grande carisma, mas tem ao seu lado, como candidato ao Senado Federal, o Otto Alencar(PSD-BA), que se notabilizou nacionalmente depois de suas performances durante a CPI da Covid-19. Por enquanto, a desvantagem entre Jerônimo e ACM Neto é enorme. Enquanto Jerônimo não atinge os dois dígitos, o neto de ACM ultrapassa os 60% das intenções de voto. O PT já reverteu situações desfavoráveis em eleições anteriores, mas, neste momento, parece haver uma tendência natural dos baianos em devolverem o Palácio de Ondina aos herdeiros do carlismo. 

sexta-feira, 17 de junho de 2022

Editorial: A elite reacionária brasileira não aceita Lula sem chuchu



É curiosa essa engenharia política brasileira. Ou,mais precisamente, a margem de manobra facultada por nossa elite política e econômica para os setores representativos do campo progressista. Outro dia, aqui no Estado de Pernambuco, um candidato do PCB, em entrevista, afirmou que Lula não seria mais um candidato de esquerda. E não é mesmo. Faz algum tempo que ele deixou de sê-lo. Do contrário, seria inviável ocupar a cadeira do Palácio do Planalto. O próprio Jaques Wagner, um dos seus assessores mais próximo, deixou claro que Lula não faria um governo do PT. 

Hoje, todas as perspectivas de viabilidade eleitoral do candidato indicam que ele deve ampliar seu lastro político junto aos setores mais conservadores da sociedade. Difícil é explicar isso para o "cercadinho", ou seja, para os militantes históricos da legenda. Por alguma razão, o ex-governador Geraldo Alckmin colocou na cabeça que deveria ser simpático a estes setores do partido. Simpático não diria, mas, pelo menos, deveria quebrar a resistência ao seu nome junto a esses setores. Tudo em vão. Ainda ontem, por ocasião se uma visita ao lado do ex-presidente Lula ao Rio Grande do Norte, voltou a ser vaiado pela militância do partido quando o seu nome foi anunciado pelo locutor, causando um inevitável constrangimento. 

Os bombeiros tentaram apagar o incêndio ou minimizar as consequências, mas fica sempre aquela situação desagradável. Paulinho da Força, do Solidariedade, também enfrentou o mesmo constrangimento e ameaçou até mesmo abandonar a aliança com os petistas. Foi preciso muita saliva para fazê-lo desistir da ideia. Não se imagina Geraldo Alckmin voltando atrás na ideia de acompanhar o petista nesta empreitada, mas que é desagradável é. Geraldo passou uma temporada para tomar a decisão de aceitar o convite para ser vice de Lula. Não é possível que ele não tenha colocado essa questão entre as suas conjecturas. 

Geraldo passou a ser cobrado pelos assessores de Lula exatamente para ampliar o cardápio de Lula com chuchu junto aos setores conservadores do eleitorado e eventualmente mais resistentes ao petismo. Quem vaia Geraldo é aquele eleitorado que não deixaria de votar em Lula de jeito nenhum. O lance seria conquistar o voto daquele eleitorado ainda refretário a Lula e, neste sentido, Geraldo Alckmin poderia dar uma grande contribuição.  

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Em mais uma pesquisa, Marília Arraes consolida sua liderança na corrida pelo Campo das Princesas.



O Instituto Opinião, de Campina Grande, divulgou, através do Blog do Magno Martins, mais uma pesquisa de intenção de voto sobre as eleições de 2022 no Estado. Os números convergem com os primeiros levantamentos realizados pelo Instituto - com ligeiras variações, mas ainda assim dentro da margem de erro - assim como com os números apresentados por outros órgãos de pesquisa, ou seja, a candidata do Solidariedade, Marília Arraes, lidera com folga a corrida pelo Palácio do Campo das Princesas. O candidato governista, Danilo Cabral(PSB-PE), apesar dos esforços dos últimos dias, não consegue decolar, mantendo-se entre 5% e 8% das intenções de voto, o que o coloca na rabeira da disputa. 

O PSB cometeu uma sucessão de erros durante o governo e na escolha do candidato, o que sugere que estaria pagando o preço pelos equívocos cometidos. O jornalista Magno Martins observou que uma possível mudança do nome do candidato teria sido cogitada, mas as opções que se apresentam ou se tornaram inviáveis, como o do Secretário da Casa Civil, José Neves - que não desencompatibilizou-se do cargo em tempo hábil - ou de difícil viabilidade, como o nome do também Deputado Federal Tadeu Alencar(PSB-PE), por suas relações familiares com os Campos. 

Assim, o PSB encontra-se diante de um difícil dilema, na expectativa de que a participação de Lula na campanha possa reverter essa situação francamente desfavorável nas pesquisas, o que se constitui numa aposta de resultados duvidosos, pois o próprio Lula parece manter uma postura de quem deseja observar a água do mar bater nas pedras para decifrar o que indica a formação das espumas. A rigor, na medida do possível, o candidato Danilo Cabral já vem trabalhando no sentido de associar sua imagem a do ex-presidente Lula, sem grandes resultados no que concerne à transferência de voto.  

Embora as pesquisas apontem, conforme afirmamos no início, para uma certa "estabilidade" nos números, os demais candidatos estão cumprindo o dever de casa, percorrendo o Estado com suas propostas de governo, ouvindo a sociedade civil e propondo soluções para os gargalos que o Estado ostenta, como os altos níveis de empobrecimento de sua população urbana, altas taxas de desemprego, violência urbana, pouco atrativo em termos de investimentos e, mais recentemente, a sua pouca infraestrutura para o enfrentamento de situações limites dos fenômenos climáticos, como esta última enchente, que deixou mais de uma centena de mortos e milhares de desabrigados. 

Raquel Lyra(PSDB-PE), a candidata do PSDB, acena com um programa para o enfrentar o problema da insegurança alimentar no Estado; Anderson Ferreira(PL-PE) defende ferozmente os investimentos do Governo Bolsonaro no Estado e na região, sempre acompanhado do seu candidato ao senado, Gilson Machado. Ambos realizam um verdadeiro périplo pelas microrregiões do Estado. O jovem ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho(UB-PE), cumpre uma agenda de governança, apresentando um programa de governo enxuto,muito bem elaborado, consoante as principais necessidades do Estado. É o que a gente poderia descrever como um jovem gestor de visão ampla, estratégica, ancorado nos bons resultados alcançados por sua gestão na cidade de Petrolina, recohecida pela população do Sertão do São Francisco que credita a ele um amplo apoio, conforme atesta a pesquisa mencionada acima. Decola de lá com mais de 60% de apoio.  

Tornou-se desnecessário apresentar aqui as razões pelas quais a candidata Marília Arraes lidera todas as pesquisas de intenção de voto para o Governo do Estado até este momento. Por mais de um momento, já tratamos deste assunto e isto poderia cansar os leitores. Quem sabe pesquisas qualitativas poderima acrescentar algo novo a este debate, para muito além do seu recall, de sua inserção com setores orgânicos da sociedade dentro e fora do PT - há, inclusive, uma dissidência do partido que já se manifestou no sentido de apoiá-la - ; o DNA do Dr. Arraes junto ao eleitorado interiorano; a sua força na Região Metropolitana; a forma descortez com que ela foi tratada dentro do Partido dos Trabalhadores ao longo de suas pretenções políticas. Se algum leitor ou leitora levantar mais alguma hipótese, este editor gostaria de conhecê-la.