pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: fevereiro 2024
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quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Editorial: Depoimento do general Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira preocupa a caserva.



Alguns fatos sobre o que ocorreu por ocasião do Golpe Civil-Militar de 1964 apenas muitos anos depois foram revelados. Apenas por dever de oficio, outro dia tivemos acesso a um texto importante sobre aqueles dias de atmosfera democrática nublada  que o país atravessou, escrito por um dos atores mais ativos e relevantes daqueles episódios, o general Sylvio Frota, que travou uma verdadeira batalha contra o processo de abertura política desencadeado pelo general Ernesto Geisel. Da linha-dura e contrário à abertura, comandante do Exército, Geisel precisou, muito provavelmente, contar com a ajuda do bruxo Golbery de Couto e Silva para encontrar o momento certo para afastar Sylvio Frota do cargo, sem isso representasse algum "trauma". 

Valeu-se de um feriado em Brasília, quando os militares estavam em suas casas, em churrasco com os familiares. Sem tropa, o general teve que se submeter ao destino. Aproveitou o seu tempo de pijama para produzir um dos mais importantes documentos sobre aquele período, com relatos e papéis raros, dos seus arquivos pessoais, que somente ele teria conhecimento. O livro chama-se Ideais Traídos. Como registro histórico, um texto impecável. Aliás, um camalhaço de mais de quase 700 páginas, publicado pelo seu filho, depois de sua morte. Salvo melhor juízo, não seria desejo do militar publicar o texto.  

O recente depoimento do general cearense Theophilo Gaspar Oliveira à Polícia Federal, que teria durado aproximadamente cinco horas, possivelmente é um dos mais esclarecedores até este momento. O general teria descido às minúcias sobre todas as etapas da tentativa de golpe do 08 de janeiro. No cargo que ocupava por ocasião da tentativa de golpe, o general comandava as tropas especiais, os chamados "Kids Pretos", que, conforme afirmamos pela manhã, a eventual participação dessa tropa de elite nas tessituras golpistas ainda suscite algumas controvérsias. 

Talvez não mais depois do depoimento do general. Segundo informe de alguns canais de comunicação, a caserva teria ficado bastante apreensiva com a franqueza do general em seu depoimento à PF. Caso se confirme o teor do seu depoimento, inclusive, talvez precisemos reavaliar a real participação de alguns atores naqueles episódios. Vamos aguardar as conclusões das investigações da Polícia Federal.  

Editorial: Depois da "ressaca" das manifestações bolsonaristas da Paulista, Planalto fica de olho nos evangélicos e nos trabalhadores de plataforma de aplicativos.


Alguém já advertiu sobre os perigos de sermos submetidos ao excesso de informações. Algumas delas sequer podemos checar se se trata de uma informação procedente ou mais uma fake news, que se tornaram recorrentes. Duas dessas informações recentes precisam ser analisadas com os cuidados que se impõem nesses tempos bicudos. Durante aqueles dias sombrios, onde se tramou contra as nossas instituições democráticas e a abolição do Estado Democrático de Direito, até o momento, a informação que temos é que os comandantes militares do Exército e da Aeronáutica não concordaram com a trama. Hoje, porém, nos chega a informação que, supostamente, o comandante do Exército teria acionado um chefe-militar dos "Kids Pretos", com o objetivo de conversar com o ex-presidente Jair Bolsonaro. O cidadão ficaria responsável pela prisão do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. 

Outra informação, ainda confusa, seria a investida do Governo Lula para se contrapor à força demonstrada pelo bolsonarismo no último domingo 25, na Paulista. Um nicho eleitoral que anda atravessada na traquéia do PT desde a última campanha presidencial são os evangélicos. Por um "mal de origem", o descolamento das bases durante o processo de oligarquização da legenda, o partido perdeu completamente o timing neste sentdo. Chegou o momento que até a insuspeita Deputada Federal Benedita da Silva, aconselhou a Lula estabelecer pautas econômicas genéricas que pudessem incorporar tais grupos, evitando a cilada de se meter em questões mais nevrágicas. A opinião sobre o aborto, por exemplo, quando o petista derrapou num primeiro momento.  

No final o PT perdeu rebanho.  Se destrincharmos o perfil dos votos daquela eleição, possivelmente iremos chegar à conclusão que tal nicho votou majoritariamente no candidato Jair Bolsonaro. É preciso tomar muito cuidado com esse grupo, uma vez que eles são muitos sensíveis às fake news, como, por exemplo, aquela disseminada durante a campanha, onde se dizia que, se eleito, Lula fecharia as igrejas evangélicas. Pelo sim, pelo não, com o apoio estratégico desse grupo às manifestações da Paulista, melhor ficar de orelha em pé e ouvidos bem abertos sobre os ruídos das ruas.  

Assim, o staff de Lula estaria preparando uma série de medidas que poderiam suscitar uma reaproximação com este nicho eleitoral, como reavaliar a questão da tributação dos templos. O que nao nos parece muito claro ainda é a investida sobre os trabalhadores por plataformas de aplicativos, onde se prevê uma série de cumprimentos de direitos trabalhistas básicos, comuns a qualquer cristão. Por que eles seriam diferentes? Aqui vai uma interrogação: Este grupo teria uma identificação maior com o bolsonarismo? 

Editorial: Afinal, os "kids pretos" participaram ou não das tessituras e tentativa de golpe do 08 de janeiro?



Há, ainda, algumas controvérsias em torno de uma eventual participação de membros das forças especiais do Exército, também conhecidos como "Kids pretos", na frustrada tentativa de golpe do 08 de janeiro. A revista Piauí aprofundou tal questão numa longa matéria, onde há relatos até de especialistas na área, identificando no ataque à séde dos Três Poderes, em Brasília, as digitais de atuação desse agrupamento de forças especiais, como as ações coordenadas, derrubada dos gradis e a utilização dos mesmos para escalar as rampas, assim como o uso de luvas especiais para dissipar as bombas de gás. 

Tudo meticulosamente pensado, sugerindo que o grupo havia recebido as instruções devidas. Depois ocorreram outros episódios que se somariam a este, como o ataque aos veículos estacionados, por ocasião da tentativa de invasão do prédio da Polícia Federal, em Brasília, assim como a derrubada de torres de transmissão logo em seguida às depredações de prédios públicos do 08 de janeiro. Como pano de fundo, que neste caso não é cueca, a revista examina a formaçáo dos militares que se assenhoaram do ex-presidente Jair Bolsonaro, quase todos eles oriundos dessa tropa de elite do Exército. 

O próprio ex-presidente seria um "Kids Pretos" frustrado. tentou duas vezes entrar na tropa, não sendo bem-sucedido. Com o avanço das investigações sobre a responsabilização de militares envolvidos na trama golpista, agora chega uma informação que pode ser decisiva. Um militar que comandou essas tropas, ouvido pela Polícia Federal, teria informado que recebeu a recomendação do então comandante do Exército à época para uma conversa com o presidente Jair Bolsonaro. Tal comandante ficaria com a incumbência de prender o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.

O termo "recomendação" não se coaduna com o vocabulário da caserna. O mais apropriado seria "ordem". Nas narrativas até agora vazadas sobre a intentona golpista, realmente, tais fatos se encaixam no script. Existe um agrupamento militar sediado em Goiás que seria o responsável pelas ações militares mais efetivas, ou seja, ficaria encarregado de cumprir as missões mais espinhosas, de cunho estritamente militar. Seria um grupo operacional que daria suporte ao núcleo "político" do golpe. Vamos aguardar as conclusões da Polícia Federal, que nos parecem bem próxima de concluir as investigações.  

Editorial: Clima pesado nas eleições que definem o novo dirigente do União Brasil.



De tão escabrosas, não vamos aqui entrar nas nuances sobre o que anda rolando na sucessão dentro do União Brasil. São chantagens, ameaças, intervenções da Executiva Nacional e casos de polícia. Nem parece que estamos tratando de uma sucessão dentro de um grêmio partidário. Dizer que o acordo que havia entre Luciano Bivar, atual dirigente da legenda, e o vice, Rueda, foi quebrado pelo atual manda-chuva é o mínimo. Se dependesse dele,não entraríamos no processo eleitoral que deve escolher o novo dirigente nacional da legenda.  

Este apego ao cargo do pernambucano Luciano Bivar vem desde a época em que ele dirigia o PSL, ocasião em que trocou inúmeros entreveros com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Sabe-se muito bem o que estava em jogo. Concretizada a funsão do PSL com o DEM, o acordo previa que ele assumisse o comando da legenda, enquanto ACM neto assumiria a Secretaria-Geral do recém-criado União Brasil. O estilo de Luciano Bivar desagradou imensamente uma boa parte dos integrantes da legenda pelo país afora.  Uma de suas estratégias foi agir com mão de ferro para manter o controle sobre os diretórios regionais, inclusive o de Pernambuco, quando judicializou uma decisão soberana dos conterrâneas que escolheram o nome do Deputado Federal Mendonça Filho para dirigir o partido no Estado.  

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, é outro integrante da legenda que não se bica com o atual dirigente partidário. Bom de trato, bem articulado e com o apoio de inúmeros membros da legenda, Rueda deve ser conduzido à condição de novo presidente do União Brasil. Será que vamos precisar entrar numa nova contenda para retirar o teimoso Luciano Bivar de sua poltrona? Não conhecemos muito bem qual a linhagem familiar dos Bivar, mas algo está sugerindo um DNA do velho coronelismo da política pernambucana. 

Na terra do "familismo amoral" as coisas funcionam mais ou menos assim. Instituições públicas são tratadas como negócios familiares desde 1500. Sempre que tratamos desses assuntos por aqui, personagens como o cientista político norte-americano Benfield e o historiador brasileiro Sérgio Buarque de Holanda se remexem nas suas tumbas, conclamando: Bem que eu avisei!!!  

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Editorial: A "fritura" de Alexandre Padilha



Nos corredores de Brasília, um dos assuntos em pauta é uma provável substituição do Ministro da Articulação Política, Alexandre Padilha. Nesses casos, antes da canetada definitiva, as ações de desgate começam corroer a resistência do infeliz. O Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira(PP-AL), por exemplo, já estaria despachando diretamente com o Ministro da Casa Civil, Rui Costa. As relações de Padilha estariam truncadas até com o líder do Governo, José Guimarães, do PT cearense, nome na bolsa de apostas para assumir tal ministério, num eventual afastamento do atual títular. 

Costumamos sempre enfatizar sobre os problemas estruturais por aqui, algo que não se resolve apenas com a troca de nomes. Depois de inúmeras refregas, somente agora o Governo ameaça retaliar os deputados da base que teriam assinado o mais recente pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por que somente agora o Governo resolveu adotar uma postura mais rigida? Há de se perguntar, ainda, se a correlação de forças em jogo lhes faculta tal endurecimento de postura, sobretudo num momento de negociações cruciais na área econômica. 

47 parlamentares da base da apoio governista assinaram tal documento. O documento foi protocolado com 140 assinaturas. O mais provável é que a bravata não passe mesmo de uma simples bravata no final. O resulado desse jogo é o seguinte: O pedido de impeachment será engavetado e o Governo volta atrás na decisão de retaliar os parlamentares. Temos reafirmado por aqui que as coisas estão se tornando muito previsíveis no Brasil. 50% da população, segundo o Instituto Genial\Quaest, desejam a prisão de Jair Bolsonaro, reflexo de um país literalmente cindido ao meio. 

Editorial: Esquerda organiza uma "grande" mobilização na Paulista.


Com a maturidade, começamos a perceber que alguns enfrentamentos se tornam desnecessários, uma vez que comprometeriam a nossa preciosa paz. Mesmo quando a causa é justa. Por vezes, os adversários são tão medíocres que se torna inútil travar uma batalha com eles dentro dos planos legais, democráticos, republicanos, civilizados. Já foram suficientemente cevados dentro do estorvo da mediocridade. Seria inútil porque eles voltariams às sua atitudes abjetas na primeira oportunidade que tiverem. Tais atitudes integram, indissoluvelmente, o seu modus vivendiMelhor mesmo guardar a distância regulamentar. 

Não parece ser este, no entanto, o raciocínio das forças progressistas do país, que estão programando uma grande manifestação para a Av. Paulsita, apenas com o propósito de apresentarem números superiores aos atingidos pelos bolsonaristas no último domingo 25. Com isso, eles tentam construir uma narrativa equivocada sobre o que ocorreu na manifestão bolsonarista. Há aqui uma guerra de narrativas que bem já poderiam ser enquadrada como disseminação de fake news. Desta vez os bolsonaristas não foram à Paulista pedir golpe de Estado. Afirmamos isso com a autoridade de um não bolsonarista. 

Há uma série de organizações de esquerda irmanadas neste projeto, como a UNE, o MTST, o MST, partidos como o PSOL, PT, PCdoB, entre outros tantos. Não seria o momento oportuno, uma vez que eles perderam a capacidade de mobilizar seus apoiadores como em outros tempos. Esta variável não poderia deixar de ser considerada, sobretudo nesses tempos bicudos, onde um tropeço por aqui será magistralmente explorado pelos adversários. 

Os apoiadores de Luiz Inácio Lula da Silva estão impondo uma reflexão que se faz necessária. As pesquisas continuam apontando que o morubixaba mantém seu capital político inalterado desde as últimas eleições, embora com índices de avaliação oscilantes, em alguns levantamentos apontando tendência de queda. Estranha o "acanhamento" desses apoiadores. Conforme comentamos no dia de ontem, nem mesmo no aconchego dos lares eles acompanham o líder, conforme atesta o fracasso das lives. O que estaria ocorrendo. Eis aqui uma boa dica de pesquisa para ser explorada pelos institutos. 

Editorial: Governo, enfim, promete retaliar parlamentares da base que assinaram impeachment de Lula.


O Governo Lula está prometendo retaliar parlamentares da "base" que estão entre aqueles que assinaram o mais recente pedido de impeachment do presidente Lula,sob o argumento de crime de responsabilidade, depois das declarações do presidente sobre o conflito entre o Estado de Israel e o Hamas. Há dúvidas sobre  se o governo reúne condições políticas para tanto, mas a medida, a rigor, cumpre uma função de exigir um mínimo de coerência desses parlamentares. O  sujeito tem as emendas liberadas, ocupa cargos na máquina e se contrapõe aos interesses do Governo. Existem outros adjetivos mais adequados para definir a situação, mas vamos ficar na "coerência" para não colocarmos mais combustível nesse ambiente já suficientmente incendiário. 

Das 140 assinatutas do pedido, 47 são de parlamentares do Progressistas, Republicanos, Unão Brasil e MDB, com seus nacos de poder e os cifrões das emendas parlamentares. Somente no último "convescote" entre Executivo e Legislativo, foram liberados R$ 20 bilhões em emendas. O Governo deveria adotar tal procedimento como norma. Não sabemos o porquê da preocupação pontual em relação ao recente pedido de impeachment, quando se sabe que os canapés servidos durante o happy hour já o teria contornado. O próprio Arthur Lira considera a iniciativa como açodada. 

Trata-se do maior pedido até este momento, a oposição deve pressionar pelo seu encaminhamento, mas não vai passar disso. Até este momento, o morubixaba petista ainda pode descansar, com tranquilidade, a cabeça no travesseiro. Neste momento, todas as preocupações do Presidente da Câmara dos Deputados estão voltadas pela sucessão da Casa, onde ele trabalha para fazer o seu sucessor. Empoderado e com prestígio junto aos parlamentares, até o ex-presidente Jair Bolsonaro andou opinando sobre o assunto, se colocando contra um dos postulantes.

E, por falar no ex-presidente, no dia de hoje tomamos conhecimento, através de uma pesquisa do Instituto Genial\Quaest, que 50% da população brasileira deseja a sua prisão. Essas coisas estão se tonando óbvias demais, reflexo de um país completamente cindido entre bolsonaristas e lulistas. Sugere-se que quem deseja a sua prisão corresponde exatamente aos apoiadores do morubixaba petista.   

Charge! Leandro Assis e Triscila Oliveira via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Editorial: Mesmo numa manifestação exitosa, Bolsonaro deu o azar de falar nessa famigerada minuta do golpe.



O Ministro Alexandre de Moraes, durante uma audiência na Suprema Corte, volta a insistir no tema de que não há crime para o golpe de Estado. A razão é simples. Se os conspiradores forem exitosos, a primeira medida é cercear as instituições da democracia, interditando-as da capacidade de aplicar a lei contra os transgressores. É neste sentido que as tessituras e ou artimanhas de caráter golpista devem ser punidas com todo o rigor. Não podemos baixar a guarda, como ocorreu com o Cléber Bambam, que perdeu a luta por nocaute depois de apenas alguns segundos. 

Os bolsonaristas organizaram uma manifestação ordeira, pacífica, dentro do espírito democrático, bastante exitosa na Av.Paulista, durante o último domingo. Eles contiveram, inclusive, o ímpeto de portarem faixas e cartazes, o que se trata de uma exigência demasiada para os mais radicais. O mais exaltado foi o pastor Silas Malafaia, que ousou fazer algumas referências às instituições e autoridades da República. Os demais oradores foram bastante moderados, inclusive o presidente Jair Bolsonaro, solicitando passar uma borracha nisso tudo, esqucer o passado, anistiando aqueles que atentatarm contra o Estado Democrático de Direito. Longe de tal premissa ser aceita, mas, enfim...

O mais difícil os bolsonaristas conseguiram, ou seja, arregimentar tanta gente e mantê-las em comportamento sob controle. Não ocorreram incidentes durante o evento. Não há registro de brigas, roubos, furtos e coisas assim. O comportamento do Governo Lula é o comportamento de quem ficou incomodado com o êxito da manifestação. A narrativa dos desdém é um bom exemplo do que estamos afirmando. Vamos admitir: Os caras são bons de organização e a base de apoiadores do ex-presidente não foi corroída. 

Há um problema. Ao fazer referência à tal ementa golpista, aquele rascunho sobre o Estado de Sítio, encotrado pela Polícia Federal em sua mesa de trabalho na séde do PL, em Brasília, a fala pode ser incriminadora do ex-presidente, ou seja, sugere-se que ele sabia sobre esta ementa e isso poderá ser usado contra ele. O ex-presidente está precisando, como diria nossos avós, tomar um banho de sal grosso todas as manhãs. Que seus apoiadores evangélicos não leiam este texto.  

Editorial: Como reconstruir o ninho tucano?

 


Eis aqui uma resposta difícil, que deverá ser dada pelo ex-governador de Goiás, Marconi Perillo, atual presidente nacional da legenda. Hoje, talvez não possamos falar em nenhum ninho tucano com plumagem suficiente para acomodar os interesses dos seus integrantes pelos estados da federação. Se num passado recente, as rusgas entre o ex-governador paulista João Dória  e o então governador do Rio Grande do Sul foram suficentes para cindir ainda mais a legenda, hoje o embate talvez se dê entre os projetos políticos do ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves - que passou a considerar a possibilidade de voltar a disputar a Presidência da República - e o atual governador gaúcho, Eduardo Leite, desde algum tempo aspirante ao cargo. 

Aqui nos parece não haver dúvida sobre a prevalência de Eduardo Leite sobre Aécio Neves. Por uma centena de motivos. Enquanto Ricardo Nunes estava presente às manifestações bolsonaristas na Paulista, Eduardo Leite estava num encontro regional da legenda em São Paulo, sempre com o propósito de apaziguar os ânimos. Questionado se acompanharia o projeto de reeleição de Ricardo Nunes, como se previa, o tucano informou que o partido deverá seguir um outro caminho, talvez encampando um nome próprio para concorrer ao Edifício Matarazzo. Talvez o próprio Matarazzo. Andrea Matarazzo. 

Uma das premissas acalentadas pelos tucanos é a necessidade de reconstruir a legenda em todo o país, o que pressupõe a urgência em construir nomes que possam disputar as próximas eleições municipais pela legenda. Encampar apoios a candidatos de outros partidos não se coaduna com este projeto. Pelo andar da carruagem política, no entanto, não seria improvável novas defecções entre eles, a exemplo da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, praticamente com um pé fora do partido. 

Raquel é da última fornalha de jovens governadores eleitos pela legenda, nos quais apostamos que poderiam se constituir numa alternativa à sua reconstrução. Algo sugere que possamos ter errado por aqui em certa medida. Nem mesmo Eduardo Leite anda satisfeito com os rumos da legenda.  

Editorial: Caroline de Toni na presidência da poderosa CCJ? Mais encrenca para o Governo Lula.



Pelo acordo costurado entre os partidos, Rui Falcão, atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça(CCJ), deve entregar o comando da poderosa comissão ao PL, que deve indicar o nome da Deputada Federal pelo Estado de Santa Catarina, Caroline de Toni, para presidir a comissão. O Governo protela os impasses criados na transição como pode, com o objetivo de ganhar tempo. Muita coisa passa necessariamente por esta comissão e ter uma ferrenha opositorda do PT em sua presidência não seria de bom alvitre. Nada que não se resolva com um happy hour de 20 bilhões de emendas liberadas, mas é um fato que o Governo enfrenta sérias dificuldades. 

Como se não fossem suficientes os problemas de gestão da máquina, as dificuldades de negociações com o Legislativo, agora soma-se as mobilizações de rua, com um potencial de crescimento daqui para frente, um choque acusado pelo Governo. O desdém demonstrado pelos interlcutores do Planato é apenas a tentativa de impor uma narrativa que minimize as preocupações em torno do assunto. Bolsonaro conseguiu dá uma demonstração de força, reunia algumas lideranças políticas importantes em torno do seu projeto e, a apesar das controvérsias suscitadas pela contagem da USP, um número considerável de pessoas atenderam ao seu chamamento, o que signifca, primariamente, que o ex-presidente mantém intacto o seu poder de mobilizar os seus apoiadores.

O mesmo não se pode assegurar entre os apoiadores de Lula. Este fenômeno não deixa de ser curioso, uma vez que o eleitor de Lula aparentemente ainda está disposto a votar no morubixaba, mas dificilemne estaria disposto a ir às ruas acompanhá-lo. Nem mesmo no conforto dos seus lares isso vem ocorrendo, uma vez que tiveram que cancelar as lives por falta de audiência. A pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas sobre as eleições presidenciais de 2026 evidencia seus escores acima do ex-presidente Jair Bolsonaro.

E, por falar em número de participantes nas maifestações do último domingo na Paulista, vamos ser francos por aqui. Se a Paulista comporta aproximadamente 750 mil pessoas, como as paradas gay conseguem somar dois milhões de pessoas? Por outro lado, como uma manifestação que preencheu todos os seus quarterões, como esta última, teria somado apenas 185 mil pessoas, de acordo com a contagem da USP?    

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


Charge! Céllus via Twitter

 


segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Editorial: Geraldo Vandré na Av. Paulista

Crédito da Foto: Léo Caldas, revista Veja. 


A vida sempre nos reservando algumas boas ou más surpresas. Produzindo um texto ficcional sobre o escritor tcheco Franz Kakfa, passamos a ler uma série de ensaios, dissertações e teses de doutorado sobre a obra do escritor. Fazia algum tempo que não líamos nada sobre o saudoso Carlos Nelson Coutinho, considerado pelo liberal José Guilherme Merquior como o melhor ensaísta marxista do país. Foi assim que ele ficou conhecido e partiu para a eternidade, sem antes deixar de passar no auditório do Programa de Mestrado e Doutorado da UFPE, à época, coordenado pelo amigo professor Michel Zaidan Filho. 

Auditório lotado, com gente em pé para ouvir o grande pensador marxista brasileiro. O que não sabíamos é que Carlos Nelson Coutinha tinha alguns estudos sobre a obra do escritor tcheco, sendo tratado pelos analistas, também, como um crítico literário. Isso vem a propósito de uma música do compositor paraibano, Geraldo Vandré, cantada na Paulista durante a concentração que reuniu um grande número de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. A música é: "Para não dizer que não falei das flores". De fato, sim, essa música embalou os protestos contra a ditadura militar em década do século passado, foi censurada e seu autor precisou amargar um exílio forçado.  

A estranheza aqui, quando cantada pelos bolsonaristas radicais, se dá pelo fato de eles não serem, digamos assim, muito afeitos aos processos democráticos. É bom que se diga, no entanto, que o compositor, depois de um determinado período, negou qualquer intenção de ter composto a música com tal finalidade. Com a idade já avançada, ao regressar do exílio, passou a viver uma vida modesta com a sua irmão, em São Paulo. Neste período, inclusive, compôs uma música para a Aeronáutica, "Fabiana", muito festejada entre os integrantes da força. Neste caso, talvez possamos ensejar que os bolsonaristas erraram apenas a melodia. 

Há muitas especulações em torno do comportamento do compositor sobre sua relação com aquele período de obscurantismo que o país enfrentou nos anos 60. Assim como não sabíamos da vertente de crítico literário de Carlos Nelson Coutinho, igualmente também não há porque demonstrar grande estranheza quando observamos bolsonaristas radicais entoando as músicas do controverso compositor paraibano. Na imagem acima, cujos créditos pertencem ao pessoal da revista Veja, o compositor aparece nas imediações do Hotel Tambaú, no bairro de Tambaú, em João Pessoa, que se encontra em reforma.     

Editorial: Valdemar da Costa Neto esteve presente no ato pró-Bolsonaro na Paulista.



Detentor de grande capilaridade junto às forças conservadoras do país, o ex-presidente Michel Temer, antes do ato na Av. Paulista no dia de ontem, segundo alguns órgãos de imprensa, assegurou aos membros do STF que não haveria ataques à Suprema Corte. Temer é um dos padrinhos do projeto de reeleição do prefeito Ricardo Nunes(MDB-SP), em São Paulo. O ex-presidente, aliás, está no time escalado para defender o atual prefeito dos ataques dos adversários, mantendo-o distante da linha de fogo, evitando, assim, declarações controversas ou exposições desnecessárias, que poderiam trazer algumas implicações na campanha. 

Michel Temer tem uma relação próxima ao Ministro Alexandre de Moraes, pois foi ele quem o indicou para a Suprema Corte, depois de passar pelo Ministério da Justiça. Em outra ocasião, Temer já atuou como bombeiro para aparar as arestas das críticas do ex-presidente Bolsonaro à Suprema Corte. Embora estejamos tratando aqui de uma manisfetação bastante moderada para os padrões bolsonaristas, a manifestação da Paulista, aos poucos, de acordo com juristas, começa a expor algumas situações passíveis de uma reflexão. 

As declarações do ex-presidente sobre o tal documento que trata do Estado de Sítio, por exemplo, assim como a presença do Presidente Nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, que, em tese, estaria proibido de manter contato com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Costa Neto, possivelmente, deve ter consultado seus advogados sobre o assunto, antes de assumir o risco de comparecer ao evento. Nos escaninhos da política, existe a informação de que os implicados nas investigações do 08 de janeiro estão estabelecendo uma escala de trabalho onde tais encontros sejam evitados.

Depois da refrega produzida pela última prisão, é mais sensato supor que o Presidente do PL tenha tomado as precauções necessárias para evitar eventuais problemas. Pelo menos é o que se supõe.     

Editorial: O longo depoimento do ex-comandante da FAB, tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista.



Uma grande leva dos implicados nas tessituras golpistas do 08 de janeiro, que a Polícia Federal intimou para ouvir recentemente, se mantiveram em silêncio durante os interrogatórios, inclusive o ex-presidente Jair Bolsonaro, cujos advogados alegaram que não tiveram acesso aos autos o suficiente para formalizarem uma linha de defesa. Curioso que os principais implicados, aqueles que usavam de bravatas no passado e adjetivaram de "cagões" os militares que se recusaram a embarcar nessa aventura contra as instituições democráticas e a abolição do Estado Democrático de Direito, estavam entre aqueles que se mantiveram pianinhos durante tal interrogatório. 

Tal comportamento dos réus é irrelevante, uma vez que a Polícia Federal já detém provas suficientes da participação de cada um deles na trama obscurantista que pretendiam inflingir ao país. Há, no entanto, um militares que estiveram, na condição de testemunhas oculares, presente àqueles episódios, e que se enquadram entre os legalistas e democratas, ciente dos deveres constitucionais das Forças Armadas. Naqueles dias sombrios, quando a nossa democracia esteve ameaçada, conforme a imprensa vem noticiando, os então comandantes do Exército e da Aeronáutica optaram pela fidelidade aos seus deveres constitucionais.  

O então comandante do Exército, general Freire Gomes, chegou a ameaçar prender o ex-presidente Bolsonaro, caso ele insistisse com a proposta de atentar contra o Estado Democrático de Direito. O tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista, que estava entre os arrolados no interrogatório da Polícia Federal resolveu falar sobre aqueles episódios. Segundo informações, seu depoimento durou nada menos do que cinco horas e deve ter sido importante para as investigações conduzidas pela PF. 

Segundo alguns entendimentos, mais do que se recusarem a participar da trama obscurantista contra o Estado Democrático de Direito, tais militares deveriam ter se reportado contra a conspiração, o que não fizeram, pesando contra eles a imputação da omissão. Consideramos haver um pouco de exagero por aqui, mas vamos aguardar o desfecho das investigações. 

  

Editorial: Mesmo encrencado juridicamente, Bolsonaro dá uma demonstração de força na Paulista.



Desta vez não foi anunciado o provável número de pessoas que participaram da manifestação pro-Bolsonaro, que ocorreu no dia de ontem, na Av. Paulista. Em todo caso, é inegável que havia uma multidão, surpreendentemente comportada, que saiu de suas casas para prestigiar o ato de desagravo em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro. Juridicamente, tal manifestação não produzirá nenhum efeito, mas, do ponto de vista político, trata-se, sim, de uma grande manisfestação de força e de sua capacidade de agregar sua base de apoio popular e política. 

A manifestação da Paulista seria um termômetro sobre a liga que ainda une o bolsonarismo no país. A oxidação natural do tempo e das encrencas jurídicas que envolvem suas lideranças e seus entornos não foram capazes de arrefecer os ânimos de tal base de apoio. É uma massa de apoio que atende aos seus chamados, seja nos embates de rua, seja através das redes sociais. Curioso observar que quando ele não está presente essas convocações ficam esvaziadas. 

Erramos feio por aqui ao sugerir que não haveira como evitar as velhas palavras de ordem, ou os cartazes com aqueles dizeres conhecidos. Surpreendentemente, não haviam faixas ou cartazes, seja contra as instituições da democracia, seja contra as autoridades da República. O único orador que distoou um pouco dos discursos comedidos e ponderados foi o pastor Silas Malafaia, que ainda fez menção ao Supremo Tribunal Federal, invocando a desproporção, segundo ele, da aplicação dos pesos e medidas em relação a outros episódios semelhantes ao 08 de janeiro. 

A base de apoio político que depende dos votos do bolsonarismo fez a escolha correta ao comparecer ao evento, principalmente porque tal evento não pode ser enquadrado como "fora das quatro linhas", para usarmos aqui uma expressão comum ao próprio Bolsonaro. Há argumentos para se contrapor às críticas dos seus adversários políticos  durante as próximas campanhas e ficar de bem com os apoiadores do bolsonarismo. 

Charge! Montanaro via Folha de São Paulo

 


domingo, 25 de fevereiro de 2024

Editorial: O desconforto do MDB com a decisão de Ricardo Nunes em comparecer às minifestações pró-Bolsonaro.


Já discutimos por aqui, inúmeras vezes, a relação difícil entre o atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes(MDB-SP), e o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro. Essa relação difícil tem diversos componentes. Embora a reeleição de Nunes represente uma prioridade para a legenda, no contexto nacional, o MDB possui fortes vinculaões com o PT, ao ponto de almejarem a potencial possibilidade de indicação de um nome para compor a chapa do petista em 2026, quando Lula poderá candidatar-se à reeleição. 

Por incrível que possa parecer, o MDB - ou mais precisamente alas majoritárias da legenda - tem sido um dos partidos mais leais ao Governo. Nos escaninhos da política, sugere-se que eles trabalhem com a hipótese de indicação do nome da atual Ministra do Planejamento, Simone Tebet, ao cargo de vice. Simone alimenta boas perspectivas em torno do assunto, sobretudo em razão das suas aspirações presidenciais. Nas últimas eleições, tentou emplacar, com relativo sucesso, uma candidatura alternativa à polarização renitente entre Lula e Jair Bolsonaro. 

O MDB, no entanto, é um partido onde a construção de consensos em torno deste assunto também se torna algo bastante complicado, em razão das dificuldades de conciliar os inúmeros interesses das federações de oligarquias estaduais que integram a legenda. Essas oligarquias estaduais, nas eleições passadas, por exemplo, não endossaram o nome de Simone Tebet como candidata do partido à presidência da República. Sequer compareceram ao evento que homologou a sua candidatura. 

Não há razões aqui para uma eventual rusga entre as duas legendas, tampouco alguma adomestação. Trata-se apenas de um desconforto no plano nacional. No plano municipal, no entanto, o prefeito deve ter calculado bem as consequências positivas e negativas do seu ato. Sabe que isso será bastante explorado pelos adversários durante a campanha, mas sabe, igualmente, que o capital político do capitão continua inalterado desde as últimas eleições.  

Editorial: A polêmica em torno dos eventuais casos de exploração infantil na ilha de Marajó.


Em épocas de fake news, todo o cuidado é pouco. Por isso, vamos devagar por aqui. Também não é possível deixamos de fazer algumas considerações por aqui, no plano da razoabilidade. É inegável que graves problemas oriundos do drama da extrema-pobreza na região Norte do país, e a questão da exploração infantil precisa ser analisado neste elenco de problemas. Este drama já se tornou até assunto debatido em comissão parlamentar de inquérito. O problema existe e é muito grave, para deixar isso claro. Falarmos aqui de um eventual aumento dos índices daquilo que a cantora Aymeê Rocha relatou durante uma entrevista, onde usa o termo pedofilia hard, relatando que são comuns os casos de crianças entre 5 e 7 anos que se prostituem com turistas por R$ 5,00 reais, é uma outra questão. 

O Ministério dos Direitos Humanos, coordenado pelo jurista Sílvio Almeida, nos pareceu insatisfeito com essas narrativas, uma vez que pode estar existindo a divulgação de fake news sobre o assunto, o que se constitui, de fato, algo a ser investigado. A cem anos atrás, no início de sua carreira política, o próprio morubixaba petista falava sobre o drama de crianças se prostituindo por um prato de comida. Alguém se lembra disso? A Oposição, que não perde a oportunidade criar embaraços para o Governo, já anuncia uma eventual convocação do ministro para as audiências na Câmara dos Deputados.

Em tempos de normalidade e de uma oposição propositiva, este não seria o problema. A questão hoje é que estamos em plena era da instabilidade institucional crônica no país, com uma oposição que deseja derrubar o Governo a qualquer custo. O palanque da última eleição presidencial de 2022 ainda não foi desmontado. Há uma bancada três "B" aí botando para lascar, sem dá trégua alguma ao Governo Lula. Atacam em todas as frentes, nas mínimas oportunidades. Outro tema polêmico é o da fuga da penitenciária de Mossoró, onde serão exigidas muitas explicações do atual Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowisk. 

Editorial: Bases bolsonaristas reagrupadas na Paulista?

Crédico: Isac Nóbrega\PR (reproduçao)


Esta é a grande torcida dos bolsonaristas mais renhidos. As pesquisas apontam que a base de apoio do ex-presidente não foi corroída, independentemente das encrencas jurídicas imputadas ao capitão, tampouco as medidas duras aplicadas àqueles que estiveram envolvidos com as manifestaçãos do dia 08 de janeiro, em Brasília, tipificadas como um atentado às instituições democráticas e ao Estado Democrático de Direito. Ao que tudo indica, as duras penas aplicadas aos participantes deve ter funcionado como uma ducha-fria, capaz de arrefecer os ânimos dos mais exaltados. 

Tanto isso é verdade, que as convocações subsequentes não atingiram o público esperado, exceto aquelas convocadas pelo próprio capitão, como a de hoje, programada para a Av. Paulista. Conforme afirmamos, não houve erosão da base de apoio do ex-presidente, praticamente a mesma que votou nele nas últimas eleições e acreditando nas falácias sobre o processo eleitoral. Talvez seja por isso que cem parlamentares são esperados para logo mais, além de governadores de estados como Minas, São Paulo, Santa Catarina e Goiás. 

É curioso como eles estão receosos de eventuais ataques às instituições, o que pode acarretar implicações legais. Mais curioso ainda são os nomes escalados para falar durante o evento. Se o objetivo é o de conter os ânimos, escolheram nomes bem exaltados para essa missão, como o senador Magno Malta, o pastor Silas Malafaia, Nicolas Ferreira e o próprio Bolsonaro. Nos bastidores, o que se escuta é que alguns participantes respiraram aliviados de não se exporem ao microfone.

A conclusão dos analistas é que tais manifestações é uma jogada de risco, que pode acarretar maiores complicações às encrencas jurídicas que o ex-presidente já enfrenta. Salvo melhor juízo, o STF já sinalizou que não irá tolerar provocações contra a Corte e aos seus membros. A Polícia Federal e a ABIN (qual delas?) estarão acompanhando, in loco, o que estará ocorrendo na Av. Paulista.  

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


sábado, 24 de fevereiro de 2024

Editorial: Zema decide comparecer às manifestações na Paulista em apoio a Bolsonaro.


Existe uma expectativa de que, de fato, o bolsonarismo mais radical possa levar um contingente exepressivo de pessoas à Av. Paulsita, no dia de amanhã, dia 25. Circula a informação de que somente um pastor bolsonarista roxo teria contratado dois trios elétricos para as manifestações. Salvo melhor juízo, se os oradores não se empolgarem, teremos uma hora e meia para os discursos. Não são todos os presentes que irão discursar, a exemplo do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Republicanos. 

A princípio relutantes, atores políticos relevantes, alguns deles bastante identificados com o espólio bolsonarista, a exemplo, de Ricardo Nunes, atual prefeito de São Paulo, e Ronaldo Caiado, governador de Goiás, que, segundo dizem, alimenta expectativas de concorrer às eleições presidenciais. Às vésperas do vento, no dia de hoje, 24\02, o governador mineiro, Romeu Zema(Novo-MG), informou que irá comparecer ao evento. Aqui estamos tratando de um cálculo político complicado, algo que deve ter sido levando em conta em sua decisão. Apesar de jovem, o governador mineiro é uma raposa política. Parece-nos ter aprendido algumas lições com as velhas raposas das alterosas. 

A princípio, o chamamento da manisfetação será um ato em desagravo ao ex-presidente Jair Bolsonaro, mas isso a gente sabe como começa e só Deus sabe como termina. No dia de ontem, por exemplo, já existiria a possibilidade de a manifestação incorporar à sua pauta um apoio ao pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.Pelo sim, pelo não, Romeu Zema deve ter entendio que sua ausência não ficaria muito bem, sendo suficiente para produzir alguns danos futuros em seus projetos políticos. 

Há alguns meses atrás, o próprio Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, tinha dúvidas sobre o capital político do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ou mais precisamente, como o apoio do presidente aos candidatos do PL poderia se refletir em bons resultados nas urnas. Bolsonaro, como se sabe, teria um lado tóxico que afugenta alguns atores políticos que temem arcar com tal ônus, principalmente no tocante a um eleitorado conservador, mas menos propenso a tal radicalismo. O fato é que, a despeito da refrega política que está enfrentando neste momento, o capitão parece manter intacto um capital político importante e desejável. 

  

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Editorial: Manifestações bolsonaristas do dia 25 de fevereiro na Paulista. Vamos ter problemas?



Bolsonaristas e não bolsonaristas estão de olhos bem abertos sobre o que deverá ocorrer na Av. Paulista, no próximo dia 25,quando os bolsonaristas radicais saem às ruas para se manifestarem e ouvirem o seu líder, o ex-presidente Jair Bolsonaro, se defender das acusações a ele imputadas. A princípio, sugere-se que será uma mobilização que deverá contar com um público expressivo, algo que os bolsonaristas são experts em organizar. Aqui reproduzimos uma fala do general G. Dias, quando soube das movimentações em Brasília, um pouco antes do 08 de janeiro: Vamos ter problemas? 

Não seria improvável, posto que se torna uma tarefa praticamente impossível controlar uma massa em tais circunstâncias, enfurecida, mobilizada em termos de protestos difusos. Diante da quadra de instabilidade institucional que o país enfrenta, a manifestação não vem em boa hora, pode incorporar agendas as mais diversas, algumas delas com o potencial, inclusive, de prejudicar o ex-presidente Jair Bolsonaro. É neste sentido que reiteramos que não seria o momento oportuno para tal convocação. 

Para os bolsonaristas mais sensatos, seria prudente obsevar o que ocorreu com as mobilizações do 08 de janeiro. Já são centenas de condenados, com penas altas, e uma multa de 30 milhões, que deverá ser rateada entre eles, com o propósito de ressarcir o erário dos prejuízos causadas ao patrimônio público. Não é possível que tal desfecho não seja capaz de produzir alguma reflexão de caráter pedagógico. Tal convocação sugere, igualmente, que o ex-presidente esteja numa situação "limite", ou seja, presumivelmente, teme por uma eventual prisão. 

Algumas postagens de bolsonaristas nas redes sociais, somente para que tenhamos uma ideia sobre o quanto é difícil controlar tais variáveis, já trazem referência a um reforço ao pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que descaracterizaria as motivações iniciais da convocação da manifestação da Paulista. Neste caso, não seria improvável que possamos concluir pela assertiva do general G. Dias, embora em outro contexto: Vamos ter problemas!  

Editorial: Polícia prende três suspeitos de terem facilitado a fuga dos presos de Mossoró.



Os dois fugitivos do Presídio de Segurança Máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte, já estão há onze dias em algum lugar desconhecido, segundo suspeita-se, ainda no entorno do presídio, naquilo que já se configura numa verdadeira caçada humana, envolvendo 500 policiais de forças estaduais e federais  mobilizados na recaptura. No dia de ontem, a polícia informou que prendeu três suspeitos de terem participado na ajuda aos dois prisioneiros que fugiram do presídio. Por enquanto ainda nada confirmado, mas as prisões ampliam as possibilidades de uma eventual confirmação da hipótese de facilitação de dentro e de fora da unidade prisional. Por enquanto, os detidos teriam ajudado os fugitivos já emprendendo a fuga, de fora do presídio. 

Como se sabe, talvez como medida preventiva, a Corregedoria do Sistema Carcerário, possivelmente um órgão vinculado ao Ministério da Justiça, já teria afastado de suas funções os agentes envolvidos com a segurança e a inteligência do presídio, como medida preventiva, embora nada tenha se confirmado, ainda, sobre a participação de algum agente na facilitação da fuga. No dia de ontem, também surgiu um laranja, residente na periferia de Brasília, cidadão paupérrimo, que chegou a receber o auxílio Covid-19, "dono" de uma empresa com capital de milhões de reais, que teria vencido uma licitação para a realização de obras no presídio em 2022. 

A cada dia surge uma novidade inusitada por aqui. Os presos que escaparam do presídio seriam "executores" da Facção Comando Vermelho. Pois bem. Os "executores" estão ameaçados de serem executados pela facção, depois de acusados por traição. Uma questão que precisa ser respondida, com argumentos bastante consistentes, é como um presídio de segurança máxima chegou a este estágio de não oferecer as condições mínimas para tal adjetivação. Os equívocos são inúmeros, a começar pelo projeto de edificação, que apresentou diversas falhas, como a ausência de um muro no entorno, assim como paredes de alvenaria que poderiam vulneráveis às patolas de caranguejo.  

Editorial: Militares supostamente envolvidos na tentativa de golpe de Estado no modo: "Nada a declarar".



Uma conhecida revista de circulação nacional publicou uma matéria onde informa que o Exército estaria preparando eventuais alojamentos prisionais, na expectativa de uma possível prisão dos militares envolvidos na frustrada tentativa de golpe de Estado, inclusive o ex-presidente Jair Bolsonaro. A razão é simples. Caso a prisão de Jair Bolsonaro seja decretada, ele poderá ficar numa prisão militar, em razão de sua condição de capitão do Exército. O mais interessante é que praticamente todos os militares supostamente envolvidos nas tessituras golpistas, se mantiveram no modo: declarar durante as oitivas do dia de ontem, 22, sob a supervisão da Polícia Federal, que conduz as investigações. 

Salvo melhor juízo, apenas o ex-Ministro da Justiça, Anderson Torres, e o autal presidente do Partido Liberal, Valdemar da Costa Neto, responderam às perguntas formuladas. O silêncio é uma prerrogativa legal que pode ser utilizada pelos acusados. Neste caso, porém, tal atitude passa a ter várias possibilidades de interpretação. No caso da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, o argumento apresentado é que seus advogados não tiveram acesso aos autos na medida de suas expectativas, ou seja, os autos não foram disponibilizados em sua plenitude, dificultando, assim, a formulação de uma linha de defesa do ex-presidente. 

Mas, a rigor, este editor desconfia que já  entramos aqui naquilo que em Teoria do Jogos costumamos identificar como "Dilema do Prisioneiro". Suspeita-se, por exemplo, que Anderson Torres e Valdemar da Costa Neto possam ter entrado numa linha colaborativa com as investigações conduzidas pela Polícia Federal. O núcleo duro que gravitou em torno do ex-presdente, por outro lado, suspeita que Bolsonaro deseja ter acesso aos depoimentos dos demais envolvidos para saber como se colocará. Por isso o silêncio? Não se sabe exatamente. 

O fato é que a Polícia Federal, conforme o próprio Ministro Alexandre de Moraes, do STF, dispõe de provas robustas sobre as tessituras de mais uma tentativa de golpe de Estado no país. Neste caso, pouco importa o silêncio dos envolvidos durante essas convocações. Ao fim e ao cabo, concuídos os inquéritos com absoluto profissionalismo e provas irrefutáveis, quem tiver culpa no cartório terá que arcar com ônus de ter embarcado nessa aventura golpista, seja lá por qual motivo.   

Editorial: Um giro de 36O graus na política paraibana.



Magalhães Pinto, uma grande raposa da política mineira, costumava comparar a política às nuvens, que mudam com muita frequência. Até recentemente, um bolsonarista raiz, o radialista Nilvan Ferreira, foi literalmente "rifado" do PL, o partido ao qual ainda é filiado, em nome de uma articulação interna da legenda que tem como objetivo fazer do ex-Ministro da Saúde do Governo Bolsonaro, Marcelo Queiroga, candidato à Prefeitura de João Pessoa nas próximas eleições. 

Curioso que, diante das novas contingências, segundo o próprio radialista, ele teria procurado outras legendas, com perfil de centro-direita do espectro político, todas elas fechando as portas para o seu ingresso. Em situação assim, como se sabe, quando o indivíduo cai em desgraça, restam poucos a se solidarizarem com o infeliz. Numa atitude bastante digna, o jornalista faz questão de nomeá-los e agradecer-lhes a solidariedade. Nesses episódios, ficam sempre algumas lições. 

Passado alguns dias, o radialista recebeu a solidariedade do senador Efraim de Moraes Filho(UB-PB), que afirmou que as portas do União Brasil estariam abertas ao radialista. Neste meio termo, começaram as especulaççioes em torno de uma eventual candidatura do radialista a prefeito de Santa Rita, cidade onde ele obteve maior votação quando disputou o Governo do Estado. Em princípio relutante, o radialista transferiu seu título eleitoral para a cidade e hoje, 22, anunciou que será pré-candidato a prefeito da cidade nas próximas eleições. 

O melhor, no entanto, ainda estaria por vir. O atual governador do Estado, o socialista João Azevêdo, que já manteve acalorados debates com o radialista, afirmou que tudo ficou no passado e que está disposto a apoiar o seu pleito como candidato a prefeito de Santa Rita, a cidade dos canaviais, com o concurso até do presidente Lula. Nilvan Ferreira, por outro lado, até então um bolsonarista roxo, sinaliza que pode esquecer os embates do passado e aceitar a proposta. 

Gostaríamos muito de saber como os bolsonaristas mais radicais estão se sentido com esta guinada de 360 graus de Nilvan Ferreira. Nilvan construiu uma trajetória política no Estado com uma identificação absoluta com o bolsonarismo. Na condição de candidato ao Governo do Estado, numa eleição vencida por João Azevedo, bateu forte no atual ocupante do Palácio Redenção, enfatizando suas ligações ao ex-governador Ricardo Coutinho, enredado na Operação Calvário. Nilvan deve está um poço até aqui de mágoa com os antigos compenheiros bolsonaristas do Estado.  

Charge! Jaguar via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Editorial: Mais envolvidos nos acontecimentos do 08 de janeiro podem fechar acordo de delação premiada.

 


A Polícia Federal, apenas no dia de hoje, 22, deve ouvir onze pessoas implicadas na frustrada tentativa de golpe de Estado do dia 08 de janeiro. Geralmente, golpista só usam de bravatas quando estão de posse de armas, em condições favoráveis. Na hora de se entenderam com a malha da justiça essa coragem, como por encanto, desaparece. Um deles chegou a tratar os militares que se recusaram a embarcar na aventura golpista de cagões. Sinceramente? Gostaríamos muito de ouvir seu depoimento à Polícia Federal. 

Para os depoimentos de hoje, um deles já afirmou que permanecerá calado, equanto o outro vai se fazer de sonso, alegando que suas declarações golpistas de outrora não passaram de bravatas. Sem alarde, a Polícia Federal vem realizando seu trabalho, seguindo os trâmites legais, guardando o silênco devido sobre as investigações e curso. Nos bastidores, no entanto, assim como ocorreu com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência da República, que resolveu entrar num programa de colaboração premaida e contribuiu bastante para emendar os fios soltos do novelho golpista que culminou com a baderna promovida no dia 08 de janeiro. 

Outros envolvidos estariam disposto a seguir o mesmo caminho, provocando calafrios nos demais implicados. Sugere-se que eles chegaram à conclusão que o cerco está se fechando e chegou a hora do salve-se quem puder. As Forças Armadas, por exemplo, numa ação convergente com o seu papel, está afastando dos cargos de chefias os militares envolvidos em tais episódios. Não esperou nem pelo desfecho do caso, apontando culpados e indicando as punições inerentes. 

Embora atendendo a todos os requisitos necessários e legalmente ainda passível de ser promovido, há quem assegure que a promoção do tenente-coronel Mauro Cid não sairá. Difícil entender em que circunstâncias o militar foi indicado para servir como ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas deve ser algo pelo qual ele estaria possivelmente arrependido.  

Editorial: Empate técnico entre Boulos e Ricardo Nunes na disputa pela Prefeitura de São Paulo



No dia de ontem, o Instituto Paraná Pesquisas divulgou mais uma pesquisa sobre a disputa pela Prefitura de São Paulo. Embora com margens sempre apertadas, o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, apoiado por alas hegemônicas do PT, sempre aparecia na dianteira da disputa. Desta, vez, no entanto, o Instituto constatou um empate técnico entre os dois principais postulantes ao Edifício Matarazzo. Boulos pontua com 33% da preferência do eleitorado paulista, enquanto Ricardo Nunes aparece logo abaixo, apenas numericamente, registre-se, com 32%. 

A margem de erro do Instituto está acima dos dois pontos percentuais, o que significa dizer, igualmente numericamente, que Nunes já poderia ter ultrapassado o psolista. Por dever de ofício, registramos aqui a pontuação dos demais candidatos. A candidata do PSB, a Deputada Federal Tabata Amaral, pontua com 9,7% das intenções de voto na pesquisa; Kim Kataguiri, do União Brasil, cuja candidatua ainda não teria sido homologada pelo partido, surge com 5,2% das intenções de voto, enquanto a candidata do Novo, Maria Helena, crava 3,3% das intenções de voto. O polêmico Padre Kelmon, que deverá atuar como linha-auxiliar do atual gestor, Ricardo Nunes, aparace com 0,7% das intenções de voto. 

A disputa, por inúmeras razões, deverá seguir este diapasão até outubro, se não ocorrer algum tsunami político até lá. Receoso de se envolver com o bolsonarismo tóxico, mas por outro lado, temeroso de perder tal quinhão do eleitorado paulista, o prefeito Ricardo Nunes(MDB-SP) já assegurou que estará acompanhando o capitão na manifestão programada para o dia 25 na Av. Paulista. O empate técnico entre ambos os candidatos é reflexo da exarcebação da polarização política que ambos os lados fazem questão de alimentar. 

Depois das recentes declarações de Lula, que provocaram um tsunami diplomático, o candidato do PSOL, que conta com o apoio do morubixaba petista, saiu-se pela tangente quando indagado sobre o assunto. Passamos aqui a imaginar o quanto isso será explorado nas próximas eleições municipais, assim como o ônus político que o morubixaba petista terá que arcar em relação ao seu projeto de renovação do contrato de locação do Palácio do Planato por mais quatro anos, conforme se presume. 

Editorial: Apenas más notícias sobre o presídio de segurança máxima de Mossoró.


Diante do climão de polarização que este país está vivendo, é quase certo que o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, seja convocado à Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados, praticamente hegemonizada por parlamentares hostis ao Governo, ligados à Oposição bolsonarista. De estilo discreto, disciplinado e comedido, o ex-Ministro do Supremo Tribunal Federal terá uma tarefa difícil pela frente. 

Desde que ocorreu a fuga espetacular daquele presídio, a primeira do país ocorrida num presídio federal de segurança máxima, não chega uma notícia positiva sobre o que ocorreu naquela unidade prisional, no Rio Grande do Norte. Até os presos que fugiram e ainda não foram recapturados estão ameaçados de morte pela facção à qual pertence, o Comando Vermelho. Por alguma razão, a unidade da facção que atua no Estado do Acre se sente traída pelos dois fugitivos. 

Ontem comentamos por aqui que 124 das 190 câmras existentes no presídio estão com defeito. O próprio ministro admitiu haver falhas estruturais na edificação do presídio, como as paredes no entorno das luminária, onde não existia concreto, mas apenas alvenaria. Ainda não podermos confirmar tal informação, mas anda circulando a hipótese de haver um laranja no processo licitatório onde se contratou uma empresa para as reformas do presídio. 

O cidadão reside na periferia de Brasília, é muito pobre e chegou a receber o auxílio Covid-19 durante a epidemia do vírus. O contrato teria sido assinado no ano de 2022, ainda no Governo Bolsonaro, mas foi mantido já no Governo Lula. Essas zonas de intercecção na transição entre os dois governos, conforme já discutimos em inúmeras vezes por aqui, tem deixado escapar alguns penduricalhos complicados para o atual Governo. Este é o caso das investigações que correm sobre eventuais irregularidades na CODEVASF, na ABIN paralela. Para ficarmos em apenas dois exemplos.   

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Editorial: Um diálogo difícil entre Lula e o Secretário de Estado Norte-Americano.



O Secretário de Estado Norte-Americano, Antony Blinken, desembacou no Brasil esta manhã, onde se reúne com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O secretário faz um giro pela Amética Latina, onde pretende visitar outros países além do Brasil. O encontro havia sido agendado muito antes de explodir a crise diplomática entre o Brasil e o Estado de Israel, depois das declarações do presidente brasileiro. Muito dificilmente, tal assunto deixará de constar do diálogo entre o representante dos Estados Unidos e o presidente Lula. 

No passado, os diálogos diplomáticos entre as nações conseguiram evitar alguns possíveis conflitos sangrentos, como em 1962, quando os Estados Unidos conseguiram fechar um acordo com a então União Soviética, que permitiu a retirada dos mísseis com ogivas atômicas instalados em Cuba. À época, quando soube do acordo, o então ainda jovem guerrilheiro Fidel Castro, teria esmurrado a mesa, bastante enfurecido com a decisão de Nikita Kruschev. Por outro lado, se as duas potências não chegassem a tal acordo, o mundo poderia ter sido destruído com uma inevitável guerra nuclear. 

Hoje, nossa conclusão é que a diplomacia, em caráter global, perdeu terreno em sua condição de solucionar conflitos entre as nações. Tudo está muito mudado. Veja-se o caso da guerra na Ucrânia, onde só as armas sugerem ser a solução, o que signifca dizer que vencerá quem conseguir esmagar o adversário. Sem a ajuda necessária, o Exército Russo vem avançando posições dentro do território ucraniano. No caso do conflito no Oriente Médio, que envolve o Estado de Istarel e o grupo terrorista Hamas, civis estão sendo sistematicamente massacrado, sem que se encontre uma saída para o conflito. 

O senador Osmar Aziz(PSD-AM), em pronunciamento na tribuna do Senado Federal, fez uma pergunta bastante pertinente: Como se chama mesmo a morte de 30 mil civis inocentes que moravam na Faixa de Gaza, onde o conflito se desenrola? Fazemos tal inferência apenas para concluir que não se construirá algum consenso sobre o assunto nesse diálogo entre a autoridade do Governo dos Estados Unidos e o presidente brasileiro, que reiterou que não irá pedir desculpas sobre as suas delcarações, ditas com absuluta consciência e convicção. Os Estados Unidos, por sua vez, acompanharão o Estado Judeu em qualquer circunstância. 

Editorial: Morte do poeta Pablo Neruda será novamente investigada por determinaçaõ da Justiça Chilena.


As ditaduras são sempre pavorosas, abomináveis. As pessoas de bem devem empreender todos os esforços possíveis para preservarem as instituições democráticas e o Estado Democrático de Direito. As práticas recorrenres de estupros ocorridas durante a ditadura de Alfredo Stroessner, no Paraguai, relatadas e registradas em inúmeros documentários, alguns deles com depoimento das vítimas, geralmente entre 10 e 15 anos de idade, foram mais comuns do que imaginávamos antes de assistirmos a tais documentários. Há registros dessas práticas inclusive no Brasil.

Aliás, essa prática abjeta do ditador tornou-se algo "institucionalizado" durante o período em que Stroessner manteve-se no poder. Existiam locais reservados exclusivamente para tal finalidade, além de aliciadores que cumpriam o papel de encontrarem essas crianças e adolescentes. A prática envolvia o oficialato que prestava continência ao ditador. Em São Domingos, o chefe de polícia de Rafael Trujillo Molina, que acumulou fortuna em detrimento da miséria da população de São Domingos, mantinha uma caderneta de anotações com as práticas de torturas existentes em todos os países. 

A cada dia o algoz escolhia, possivelmente aleatoriamente, em seu manual, as torturas de um desses países para infringir aos adversários da ditadura comandada pelo sanguinário Trujillo. Observem os leitores até que ponto chega o grau de perversão do ser humano. No Brasil existiam "médicos" que acompanhavam as torturas para informar aos torturadores se o sujeito ainda reunia condições de suportar os maus tratos. Depois, quando os indivíduos morriam, emitiam laudos falsos sobre a causa da morte. 

No Chile, um país onde as instituições democráticas, no período pós-ditadura Augusto Pinochet, conseguiram punir indivíduos envolvidos na violação dos direitos humanos, suspeita-se que o poeta Pablo Neruda,  Prêmio Nobel de Literatura, possa ter sido vítima da ditadura. O último laudo sobre a sua morte, depois do corpo exumado, aponta que ele pode ter sido envenenado. Antes de morrer, o poeta ligou para um amigo falando de uma injeção que havia tomado, fora de sua medicação usual, depois de transferido para outro hospital, sem uma explicação convincente. Há motivos mais do que suficientes para que a sua morte seja novamente investigada, conforme entendeu a justiça daquele país. 

Editorial: 122 deputados já assinaram o pedido de abertura de impeachment contra o presidente Lula.



Salvo melhor juízo, este já seria o décimo-primeiro pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Embora este seja aquele que contou com a maior adesão da Oposição, deverá ter o mesmo destino, ou seja, mofar na gaveta do Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. O Governo Lula, no entanto, neste momento, passa por um momento difícil, daqueles de tempestade perfeita: Uma governabilidade frágil e temerária; défict primário superior aos R$ 240 bilhões de reais; propostas da área econômica com dificuldades de aprovação no Legislativo; o país mergulhado numa profunda crise institucional entre os Três Poderes e, para completar o enredo, uma crise diplomática gigantescas, depois das últimas declarações do presidente sobre o confrito entre o Estado Judeu e o grupo terrorista Hamas, na Faixa de Gaza, que já dizimou 30 mil civis inocentes. 

Pelas redes sociais, as trocas de farpas entre as Deputadas Federais Gleisi Hoffmann, Presidenre Nacional do PT, e a Carla Zambelli, autora do pedido de abertura de impeachment contra o presidente. Não tem sido nada fácil para o presidente Lula, acossado, o tempo todo, por uma Oposição renhida, radical, torcendo o tempo todo contra, que ainda não desceu do palanque, com uma derrota eleitoral não assimilada até hoje. Esse radicalismo oposicionista, principalmente o de matriz bolsonarista, está nos conduzindo a um impasse institucional, de consequências perigosas. 

Sabe-se lá o que deve ocorrer no próximo dia 25, quando está prevista uma grande manifestação, convocada pelos bolsonaristas, que devem se concentrar na Av. Paulista. Certamente virão cartazes, faixas e até falas exaltadas. Há uma "narrativa" conhecida desses grupos radicais contra as instituições democráticas, contra autoridades constituídas, contra os poderes da república, questionando a lisura do processo eleitoral e reivindicando intervenções militares. Duvidamos que tais faixas não estejam presentes em tal manifestação. Alguém imagina, em sã consciência, uma mobilização bolsonarista sem tais ingredientes? 

Pelo andar da carruagem política, Lula deverá enfrentar essa inferno astral até o final de seu Governo. Já são dez pedidos de impeachment, este último mais robusto, com mais de 120 assinaturas até o momento. Alguns parlamentares que asinaram a petição, desavergonhadamente, são de partidos que ocupam espaço na burocracia federal. Estamos diante de uma oposição de armas engalfinhadas, que deseja derrubar o Governo Lula. Infelizmente, esta é a realidade.