domingo, 14 de julho de 2024
sábado, 13 de julho de 2024
Editorial: Encontro da direita jovem no Recife.
Depois do encontro da CPAC, em Santa Catarina, pelo menos neste sábado, 13, Recife se torna a capital da direita no país. Os dados indicam que por aqui eles estão muito bem estruturados. Há uma forte presença do bolsonarismo no Recife, talvez ainda insuficiente para alçar um representante para dirigir os destinos da Capital ou do Estado, mas eles se configuram como uma força política competitiva. Na última eleição para o Senado Federal, por exemplo, o candidato que representa o bolsonarismo, obteve mais de um milhão de votos, testado nas urnas pela primeira vez, concorrendo com figurinhas tarimbadas do meio político. Ficou em segundo lugar na disputa.
Gilson Machado, que já foi ministro do Turismo de Jair Bolsonaro, aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenções de voto para a Prefeitura do Recife. A direita pernambucana receberá aquele que talvez seja hoje o grande ícone da juventude de direita no país, o deputado federal por Minas Gerais, Nikolas Ferreira. O ex-presidente Jair Bolsonaro participar[a do evento através de videoconferência.
Salvo melhor juízo, o deputado federal Nikolas Ferreira(PL-MG) já cumpriu este papel antes, por ocasião das últimas eleições presidenciais. Ele é uma espécie de clone de Jair Bolsonaro, ora aparecendo junto com ele durante os eventos, ora o substituindo em outras ocasiões, como no encontro de hoje, por exemplo.
Editorial: PL já cogita retirar nome de Ramagem da disputa no Rio.
A coluna do jornalista Cláudio Humberto, hoje, dia 13, traz a informação dando conta de que os caciques do PL já cogitam em retirar o nome do delegado Alexandre Ramagem da disputa pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Possivelmente tal hipótese não passa pela cabeça do candidato, que tem focado na narrativa da perseguição política com o objetivo de prejudicá-lo no pleito.
Ramagem dever ser ouvido pela Polícia Federal e, pelo andar das investigações envolvendo uma ABIN paralela no Governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, as encrencas legais que o envolve, segundo apurou a PF, são preocupantes para a candidatura. Esses fatos vieram à tona justamente num momento de incremento da campanha do candidato, quando se pretende reverter uma situação hoje francamente favorável ao atual prefeito Eduardo Paes(PSD-RJ), que concorre à reeleição.
Cogita-se que um mulher poderia compor a chapa com Alexandre Ramagem. Em princípio, o nome do ex-interventor, general Braga Neto, foi pensado como o candidato do bolsonarismo. Pelo andar da carruagem política, a situação é desconfortante para o partido no Rio de Janeiro, sobretudo se avaliarmos os padrões de alianças celebrados por Eduardo Paes, envolvendo representantes evangélicos também identificados com o bolsonarismo. Naquela praça, portanto, as ideologias estão bastantes "diluídas".
sexta-feira, 12 de julho de 2024
Editorial: MP propõe rescisão do contrato com a Âmbar Energia, dos irmãos Joesley e Wesley Batista.
Sugere-se que os irmãos Joesley e Wesley Batista tenham entrado no ramo da energia até recentemente. São riquíssimos, mas os negócios do grupo estão concentrados, sobretudo, na carne. Em entrevista recente ao UOL, o ex-candidato à Presidência da República, Ciro Gomes, rasgou o verbo sobre este assunto, mas preferimos usar da cautela e da prudência necessária ao abordá-lo por aqui. Trata-se de um assunto nevrálgico. Ao se confirmar, no entanto, que o contribuinte, o infeliz pagador final de impostos, possa financiar uma transação entre um ente público e um ente privado, aí, certamente, estamos diante de um escárnio.
Outro gravíssimo problema elencado são as audiências, fora da agenda, entre entes públicos e privados, conforme tem sido divulgado pela imprensa. No final, a nossa conclusão de que o Governo Lula 3 precisa redobrar os cuidados, uma vez que vem se enredando em celebrações de transações sensíveis, vulneráveis, sujeitas às interdições dos órgãos de fiscalização e controle, capazes de produzir um grande desgaste para o Governo.
Precatórios, Secom, Leilão do Arroz, Âmbar Energia, Codevasf. São os que este editor consegue lembrar no momento. É preciso que se tome muito cuidado com essa questão, pois a oposição, principalmente a bolsonarista mais radical, tem olhado o assunto com lupas ampliadas, disposta a explorá-los seja em ambiente institucional, como o parlamento, seja em praça pública, por ocasião da montagem dos palanques das eleições municipais.
Editorial: Uma visão da indústria têxtil a partir dos operários e operárias.
Os críticos de Casa Grade & Senzala observam, de forma genérica, que o antropólogo Gilberto Freyre analisou a sociedade colonial brasileira a partir de um olhar lançado da Casa Grande. Rebento com descendência familiar na fina flor da aristocracia açucareira do Estado de Pernambuco, sugere-se que, em tais circunstâncias, talvez não pudesse ser diferente mesmo. Ariano Suassuna, por exemplo, enfatizava que o escravizado de Gilberto Freyre era o escravizado domesticado, jamais o escravizado do eito, menos ainda o escravizado que fugia do cativeiro e reconstituía sua vida nos quilombos escondidos nas matas adjacentes.
"Reconstituía" é um termo que, provavelmente, mereceria enormes reparos dos historiadores. Na realidade, até hoje essas vidas não foram reconstituídas, se considerarmos, por exemplo, os altos índices de analfabetismo entre a população negra do país, principalmente entre as mulheres, o que indica um componente perverso de gênero. Como afirmou o professor Cristóvam Buarque, os escravos no Brasil foram soltos, nunca libertos. O abolicionista Joaquim Nabuco, certamente concordaria com essa afirmação do professor pernambucano.
Em três romances, que perfazem um total de mais de quase 400 páginas, analisamos a trajetória de implantação, consolidação e decadência da indústria têxtil na cidade de Paulista, uma cidade localizada na Região Metropolitana do Recife, que, durante décadas, foi considerada uma cidade-fábrica ou uma espécie de fazenda da oligarquia industrial. O primeiro dos três romances é Menino de Vila Operária, vencedor do prêmio José Lins do Rego, na categoria romance, em 2022.
O segundo romance é Cidade das Chaminés e, finalmente, completando a trilogia, Chaminés Dormentes. No seu conjunto, os romances reconstituem - aqui o termo pode ser usado - o processo de industrialização têxtil no país, com um foco mais particular para a situação emblemática, sobre diversos aspectos, do caso da cidade de Paulista, onde a família Lundgren mantinha duas fábricas de tecidos. Tudo o que ocorreu com a indústria têxtil no país, de alguma forma, repercutiu por ali, desde as novas tecnologias - como as mudanças dos pedais por exemplo - até as crises ou grandes greves do setor no país.
O olhar que se lança sobre todo este processo não é o da vivenda dos coronéis, mas um olhar a partir da Vila Operária, que abrigava os operários e operárias que trabalhavam na indústria têxtil local. Eram pessoas recrutadas nas cidades interioranas dos Estados da Paraíba e Pernambuco e, consequentemente, permearam tal ambiente social com suas crenças, seus valores, seus costumes, suas trajetórias difíceis de vida. Eram comuns, por exemplo, as parteiras, as rezadeiras, os tipos "esquisitos", problemas psicológicos produzidos muito em função, possivelmente, dos desajustes da próprio relação de produção ali estabelecida.
A hegemonia do grupo Lundgren sobre a cidade extrapolava a esfera produtiva, atingindo as esferas religiosa, política e cultural dos moradores locais, todos abrigados em sua Vila Operária. A questão era tão preocupante que um dos maiores adversários dos Lundgren no Estado, por aparentemente contraditório que possa parecer, foi justamente o interventor Agamenon Magalhães que representava, naquele momento, a Ditadura do Estado Novo. Foi por determinação de Agamenon que o arsenal mantido pela milícia local foi apreendido. 270 armas, entre fuzis, metralhadoras e milhares de munição.
Editorial: Chaminés Dormentes.
O
romance reconstitui, historicamente, a decadência da industrialização têxtil no
país, a partir de uma experiência observada na cidade-fábrica de Paulista,
localizada na Região Metropolitana do Recife, em Pernambuco. Durante o seu
apogeu, o município ostentou a condição de maior polo têxtil da América Latina,
situação que o coloca como um indicador seguro para entendermos como este ciclo
de industrialização se deu em todo o Brasil, pois as indústrias do Grupo
Lundgren, em Paulista, se constituíam numa espécie de termômetro ou parâmetro
seguro para avaliarmos o que ocorria neste setor da economia no país.
Além
de abordar o processo de decadência da indústria têxtil no município, o romance
envereda pelas consequências daí decorrentes, uma vez que tudo, absolutamente
tudo no município girava em torno dessa indústria, a Companhia de Tecidos
Paulista. Como ficaria a cidade com o encerramento de suas atividades? O que
fazer com o espólio de construções históricas do período? Qual a memória a ser
preservada? a da oligarquia industrial – representada pelo clã da família
Lundgren - ou a memória da luta dos trabalhadores e trabalhadoras por sua
emancipação?
A
indústria fechou suas portas na década de 80 do século passado, mas, já na
década de 60, refletia a crise no setor têxtil que se observava no plano
nacional, de onde não haveria mais retorno, exceto pelo interregno da fase do
Milagre Econômico Brasileiro, decorrente da fase inicial desenvolvimentista da
Ditadura Militar implantada no país com o Golpe Civil-Militar de 1964. Milagre
que durou muito pouco, pois o santo era de barro. O que perdurou por longos 21
anos foram os danos políticos e institucionais daí decorrentes, como a
supressão de direitos, liberdades civis e a perseguição aos adversários, com
seus reflexos no município, elementos que são, igualmente, tratados no romance.
O
texto está dividido em três partes. Na primeira parte abordamos os problemas
enfrentados pela indústria têxtil naquele período histórico específico,
envolvendo, inclusive as sucessivas greves ali verificadas, aguçando, até o
limite do possível, o conflito entre capital e trabalho. A greve de 1962 é a
mais emblemática entre elas, pois ocorre num ambiente político extremamente
favorável à classe trabalhadora, significando conquistas importantes, embora
não duradouras, pois, logo em seguida, dois anos depois, ocorreu o Golpe Civil-Militar de
1964.
A
segunda parte enfoca as consequências da queda das atividades da indústria
têxtil no município, pois existia um padrão de interdependência bastante
acentuado entre esta indústria e os moradores locais, uma relação que
extrapolava o caráter estritamente produtivo, atingido outras esferas, como a
moradia - existia uma vila operária – os roçados da Companhia, que
produziam alimentos para a população local. Registre-se, igualmente, que a
oferta de bens culturais na cidade também estava condicionados à indústria
têxtil da família Lundgren.
Na
terceira e última parte, abordamos o quadro de ebulição política que exista no
país naquele momento, no início da década de 60, de muita agitação política,
sindical e estudantil, em torno das reformas de base que país reclamava, que
envolvia questões relativas à reforma agraria, educação de adultos, entre
outras, e como tal momento se refletia no município. Historicamente, como se
sabe, tais reformas foram abortadas pelo golpe de classe articulado pelas
forças conservadoras consorciadas com os militares, produzindo longos dias de
trevas para o país. O livro já está disponível pela Plataforma Kindler pelo link.
quinta-feira, 11 de julho de 2024
Editorial: TCU vê problemas na contratação de empresas para a comunicação digital do Governo.
Salvo melhor juízo, foi a oposição que acionou o Tribunal de Contas da União acerca desta licitação envolvendo a contratação de empresas que ficariam encarregadas de estabelecer as diretrizes da comunicação institucional do Governo Lula 3. À época, o valor seria de R$ 97 milhões, mas, pelas notícias mais recentes, o cifra atinge o montante, na realidade, de R$197 milhões. A licitação foi aberta ainda na gestão de Paulo Pimenta, hoje Ministro Extraordinário para a Reconstrução do Rio Grande do Sul.
Surgiram várias rumores de embaraços com esta licitação, como a eventual participação de empresas que já mantinham vínculos antigos com o PT. Antes de qualquer coisa, quem tem que apurar isso são os órgãos de controle e fiscalização do Estado, a exemplo do TCU. O órgão já determinou a suspensão da licitação, uma vez que já teria detectado alguns problemas. Neste caso, infelizmente, as contas não fecham em favor do Governo.
Abre-se um flanco de desgaste de imagem junto à opinião pública - contraditoriamente a partir de um órgão que seria responsável justamente pela imagem do Governo - Depois, numa série de reportagem, o jornal Estado de São Paulo expôs um suposto Gabinete da Ousadia que poderia funcionar nos mesmos moldes do famigerado Gabinete do Ódio. Soma-se isso, as recentes lambanças com o leilão do arroz, que deixou o governo despido, contingenciado a tomar algumas medidas - como a demissão de servidores - o que apenas comprovam que, de fato, o arroz estava bichado.
Editorial: Morre Magdalena Arraes, uma grande mulher.
Dr. Miguel Arraes era um homem pelo qual papai tinha um grande respeito. Pelos idos da década de 60, quando ele disputou o Governo do Estado, depois de exercer o cargo de prefeito do Recife, a oligarquia familiar dos Lundgren, em Paulista, através de diversos expedientes, pediam explicitamente para que os moradores locais não votassem nele. Era uma época de grande ebulição política na cidade e, contrariando as determinações dos Lundgren, Arraes foi bem votado naquele charco oligárquico.
O golpe de 1964 chegou antes ao município, talvez dois anos antes, quando ocorreram greves operárias emblemáticas, que representaram grandes avanços para a classe trabalhadora. Arraes no Governo do Estado, Almino Afonso em Brasília, como Ministro do Trabalho do Governo Goulart, permitiram que o ventos políticos favoráveis soprassem em favor dos humildes trabalhadores da Companhia. Arraes não permitiu que a Polícia Militar, aliada à milícia armada dos "Galegos" massacrassem os trabalhadores.
Logo essas oligarquias, seja no perímetro urbano, seja na zona rural, se associariam aos militares para abortar as conquistas da classe trabalhadora, apoiando o golpe Civil-Militar de 1064. Alguns anos depois, Arraes volta do exílio e, novamente através do voto popular, reassume o Governo do Estado, estabelecendo uma alinhamento político controverso, mas que que nunca deixou de fora as forças do campo popular e progressista. Por essa época fazíamos o nosso mestrado, o que implicou na necessidade em ouvir atores políticos importantes, direta ou indiretamente vinculados àquele período.
Entre esses diversos depoimentos, sempre as melhores referências a Dona Madalena Arraes, como uma pessoa de personalidade forte e, mais que isso, ativa politicamente. Ela não era apenas a esposa do Dr. Miguel Arraes. Quando o PT foi fundado aqui no Estado, nos idos do ano de 1980, por exemplo, uma de suas preocupações era a de que a agremiação pudesse desintegrar a união das forças do campo popular no estado. Dona Madalena morreu hoje, aos 95 anos de idade. Nossos sentimentos à família.
quarta-feira, 10 de julho de 2024
Vamos aprofundar essas discussões?
Editorial: Os planos "A" "B" e "C" de Bolsonaro.
Caso tamanha resiliência não seja suficiente para habilitá-lo às eleições presidenciais de 2026, conforme informamos no nosso perfil do Privacy, a partir de informações do jornalista da revista Veja, um dos filhos de Jair Bolsonaro será o ungido por ele para herdar o seu espólio eleitoral naquelas eleições. Mas, a julgar pelo andar da carruagem política, sobretudo pelo que ocorreu recentemente no encontro da CPAC, em Santa Catarina, se depender dos bolsonaristas mais renhidos, não existe um plano "A", um plano "B" ou um plano "C".
Eles trabalham com a possibilidade concreta de Bolsonaro disputar as eleições presidenciais de 2026. Praticamente todos os convidados ao evento, inclusive o presidente da Argentina Javier Milei, fizeram questão de deixar isso bastante claro em suas falas. Milei insinuou, inclusive, que Bolsonaro é um perseguido político. Curiosa a desenvoltura de Milei durante o evento, mais se parecendo com um artistas do que propriamente um presidente de uma nação.
Desses embaraços jurídicos todos que envolvem o ex-presidente, talvez aquele relativo à eventual participação em uma tentativa de golpe seja onde ele possa reunir melhores condições de uma anistia, uma vez que se trata de um assunto que pode ser resolvido através do Legislativo. Até o presidente Lula já se pronunciou favorável, embora sob protestos.
Editorial: Finalista do Jabuti Acadêmico é livro sobre as comissões da verdade.
Editorial: As duas coisas que enchem hoje no país.
Numa dessas propagandas antigas - antigas mesmo, ainda do tempo do apogeu do fusquinha - a Revista Seleções estampava uma peça muito bem elaborada por um publicitário, onde aparecia uma imagem do Fusca e logo embaixo os dizeres: "Compre o carro que só tem quatro coisas que enchem". Não sabemos se os leitores irão concordar conosco, afinal, o que pode ter enchido a sua paciência pode, nem sequer, ter sido percebido aos olhos deste editor. Essas coisas são bastante relativas. Vai de pessoa para pessoa.
Feitas essas considerações iniciais, apontamos, em nossa modesta opinião, duas coisas que já estão passando dos limites. Uma dessas coisas diz respeito a esse "rolo" da joias sauditas. Há relatos contraditórios sobre o assunto, com alguém, da mais estrita confiança do homem, afirmando que entregou o dinheiro da venda em mãos e, do outro lado, os advogados alegando que o cidadão sequer se envolvia com o assunto. Neste enredo todo até a Polícia Federal andou corrigindo as cifras anteriormente divulgadas. Há rumores de que o martelo apenas será batido sobre este assunto depois das eleições de outubro. Até lá...
Outra conversa fiada diz respeito a tal picanha do Lula. O próprio presente já andou admitindo que, para o pobre, talvez ter assegurado o ovo e o franco já estaria de bom tamanho. A própria carne já ameaça deixar a lista de itens da cesta básica, produzindo uma discussão interminável em torno dos impostos cobrados. O próprio presidente, ao fazer uma fala sobre as exportações de frigorífico brasileiro para a China, nas entrelinhas, acaba por admitir que a nossa picanha irá mesmo para aquele país.
Editorial: Aprovação de Lula melhora, segundo pesquisa Quaest.
Há uma grande expectativa em torno de uma pesquisa do IPEC, antigo IBOPE, sobre a avaliação do Governo Lula. Por algum motivo, a pesquisa não foi divulgada. Hoje, dia 10, no entanto saiu uma pesquisa do Instituto Quaest Pesquisa e Consultoria acerca da avaliação do Governo, com indicadores que, aparentemente, podem animar o Planalto. Segundo o Instituto, a aprovação de Lula, que estava em queda, emite sinais de recuperação junto à população. 54% dos brasileiros aprovavam o Governo Lula 3, enquanto 43% ainda permanecem reticentes.
Curiosa é a avaliação do diretor do Instituto, o cientista político Felipe Nunes, acerca do resultado dessa pesquisa, sugerindo que a elevação desses percentuais de aprovação pode ter sido em função de uma melhor percepção do desempenho da economia por parte dos extratos da população que recebem em torno de dois salários mínimos. Outra questão apontada pelo cientista é que a população possa estar dando maior importância hoje aos problemas relativos à segurança pública. Felipe Nunes também aponta que os evangélicos também estariam demonizando menos o presidente Lula, digamos assim.
Não queremos aqui jogar uma ducha de água fria nessas avaliações, mas, a rigor, elas podem não refletir as conclusões dos analistas. Na realidade, o Governo Lula não enfrenta um bom momento nessas duas áreas nevrálgicas, economia e segurança pública. Por outro lado, é pouco provável que os evangélicos tenham perdoado o presidente Lula. A avaliação de Felipe Nunes é pontuada pelos dados coletados, em bases que não podem ser refutadas. Externamos aqui, tão somente, apenas o nosso estranhamento sobre os eventuais indicadores que sugerem essa melhoria de avaliação.
terça-feira, 9 de julho de 2024
Editorial: Carlismo lidera na Bahia. Desta vez o PT reverte?
Terra do Senhor do Bomfim, o Partido dos Trabalhadores aprendeu a fazer milagres na Bahia. O partido já reverteu situações extremamente desfavoráveis, como foi o caso da eleição de Jerônimo Rodrigues(PT-BA) para o Palácio de Ondina. Havia um franco favoritismo do deputado federal ACM Neto em todas as pesquisas de intenção de voto para o Governo do Estado. Por essa época, os principais caciques da legenda no estado se entendiam bem e uniram forças para reverter aquela situação desfavorável.
No final, além de eleger Jerônimo Rodrigues, ainda deram 70% dos votos baianos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Possivelmente a melhor performance de Lula em todo o país. As coisas já não são mais como antes. O próprio Jerônimo tem se queixado do Governo Federal no tocante à segurança pública. Há, por outro lado, questões relativas à presença de Rui Costa no estado, justificadas em termos dos compromissos da agenda do ministro na capital federal.
No dia de hoje, saiu o resultado de mais uma pesquisa de intenções de voto para a capital Salvador. O atual gestor, Bruno Reis, do União Brasil e ligadíssimo ao herdeiro do Carlismo no estado, ACM Neto, disputa e lidera a pesquisa com 50%, enquanto o candidato do PT, o vice-governador Geraldo Júnior, pontua com apenas 20% das intenções de voto. Milagres até existem, mas desta vez está difícil.
Editorial: Em reunião do PSD, Kassab reafirma a prioridade de eleger Daniel Coelho no Recife.
O candidato do PSD à Prefeitura da Cidade do Recife, Daniel Coelho, cravou 7% das intenções de voto na última pesquisa do Instituto Datafolha, posicionando-se em segundo lugar na disputa, bem atrás do primeiro colocado, João Campos(PSB), que pontua com 75% na mesma pesquisa. Estrategicamente, seu staff de campanha assinala que este índice está dentro do planejamento e das expectativas do seu desempenho na disputa. Se as eleições municipais ocorressem hoje, o atual gestor seria reeleito ainda no primeiro turno, sem maiores dificuldades.
Mas temos ainda três meses pela frente, debates, campanha pela TV e rádio, rearranjos entre os postulantes, como, por exemplo, uma eventual candidatura da deputada federal Michelle Collins, conforme comentamos por aqui. Evangélica e bolsonarista raiz, a candidata poderia dividir o eleitorado evangélico que talvez simpatizasse com a candidatura do prefeito João Campos. Não se sabe se esta hipótese seria suficiente para embolar o jogo, mas a possibilidade existe. Algo em torno de 30% do eleitorado recifense é evangélico, segundo alguém do ramo.
No dia de ontem, em encontro na cidade de São Paulo, a cúpula do PSD local - por cúpula entenda-se aqui o seu presidente em Pernambuco, André de Paula - encontrou-se com o morubixaba Gilberto Kassab, juntamente com o candidato da legenda, Daniel Coelho, ouvindo do líder nacional que a eleição em Recife seria prioridade para o partido. Mesmo em São Paulo, o bruxo acompanha com lupa o que ocorre na política brasileira em todo o país. Não analisamos o caso do Recife em particular, mas já antecipo que o partido terá um bom desempenho nessas eleições municipais.
segunda-feira, 8 de julho de 2024
Vamos aprofundar essas discussões?

Editorial: O incrível contorcionismo político do União Brasil em São Paulo.
A ideia de uma candidatura própria do União Brasil em São Paulo sempre foi muito bem recebida pela cúpula nacional da legenda, embora encontrasse algumas resistência de dirigentes do partido naquela praça. Assim, embora o deputado federal Kim Kataguiri postule tal candidatura, a mesma não contaria com o apoio do diretório municipal da legenda, que, em princípio prefere apoiar o nome do prefeito Ricardo Nunes, que concorre à reeleição pelo MDB.
Nos últimos dias, entretanto, sugiram rumores de que o vereador Milton Leite, que comanda a legenda no município, não estaria se sentindo bem acomodado na frente formada pelo prefeito Ricardo Nunes. Ele chegou a sugerir que a indicação do coronel Mello para concorrer, na condição de vice, na chapa de Nunes não seria do agrado da legenda. Depois surgiram rumores de que ele poderia deixar de campo da frente ampla montada por Nunes. Ele chegou a declarar que, hoje, a sua relação com Nunes é péssima.
O raciocínio mais imediato poderia sugerir, de imediato, que ele, finalmente, havia se rendido aos apelos e teria aquiescido à necessidade de apoiar um nome da própria legenda, que seria o de Kim Kataguiri. Grande engano. O que estaria em jogo seriam conversações no sentido de o partido apoiar o nome do coach Pablo Marçal(PRTB-SP). Kim Kataguiri já se pronunciou sobre o assunto, afirmado que não apoiaria nem Nunes, tampouco Pablo Marçal.
Editorial: Derrite acusa o Governo Lula de não ter política de enfrentamento ao crime organizado.
O capitão Guilherme Derrite, Secretário de Segurança Pública de São Paulo, durante a sua fala no encontro da CPAC, em Santa Catarina, sugere que o Governo Lula 3 não tem uma política efetiva de enfrentamento ao crime organizado. A afirmação mereceu uma resposta imediata do Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que, depois de enumerar as ações do Governo nesta área nevrálgica da segurança pública, assinalou que o combate ao crime organizado é prioridade em sua pasta.
Não se poderia esperar outra coisa desse evento realizado pela extrema-direita no país, que reuniu a nata de bolsonaristas convictos. As críticas ao Governo Lula seriam inevitáveis, mais ou menos moderadas, segundo o palestrante. Javier Milei, que já havia soltado cobras e lagartos contra o presidente Lula, chegando ao limite do estoque de impropérios de deselegância, limitou-se, desta vez, a defender o presidente Jair Bolsonaro e criticar o socialismo.
O que preocupa nessa agenda paralela da oposição é, na realidade, seja dentro do parlamento, seja no exercício do poder executivo estadual sob o seu controle, a constituição de uma espécie de governo paralelo. Derrite, por exemplo, mencionou as ações conjuntas de combate ao crime organizado, encejadas pelos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, em sua percepção exitosas, mas sempre dentro de uma leitura de que tais ações sejam executadas à revelia das políticas públicas federais no tocante o tema, que, segundo ele, aliás, sequer existem.
Editorial: Coalizão de esquerda vira o jogo nas eleições parlamentares francesas.
Marine Le Pen antecipou-se à derrota da extrema-direita na França informando que a vitória do seu grupo político foi apenas adiada. Não seria improvável que ela tivesse lá suas razões, principalmente neste ambiente político atual, quando a agenda de retrocessos civilizatórios dessa extrema-direita, em escala global, parece encantar a um número cada vez maior de apoiadores. Mas não foi desta vez, pois os francesas acordaram para evitar aquele sono político profundo capaz de produzir monstros, daqueles tipos que nos levam, algum tempo depois, a nos perguntar: como isso foi possível?
Aqui no Brasil, ainda estamos vivendo sob tal pesadelo, tendo sobressaltos, uma vez que eles estão ativíssimos, como ficou evidente nesta última reunião da direitona realizada em Santa Catarina. Nem plano "B" eles tem. O Plano é "A" mesmo, com o ex-presidente assumindo a condição de grande representante da direita brasileira, apresentando-o como alguém que está sendo perseguido, vítima de revanches políticas, como ficou claro na fala do presidente argentino Javier Milei.
Estamos repercutindo aqui pelo blog e nosso perfil da Privacy algumas das falas mais importantes do evento da CPAC, que já programou um novo encontro no país, desta vez a ser realizado na região Norte do país. Algumas dessas falas já mereceram até a resposta de autoridades do Governo Lula, como foi o caso do Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que rebateu as acusações do Secretário de Segurança Pública de São Paulo, Derrite, que apontou a ausência de uma política de enfrentamento ao crime organizado no país.
O xadrez politico das eleições municipais do Recife em 2024: A oposição tenta unir forças para jogar as eleições do Recife para um segundo turno. É só isso?
Na semana passada a sabatina do UOL\Folha foi com o candidato à Prefeitura do Recife, Daniel Coelho(PSD), que, possivelmente será o candidato do Palácio do Campo das Princesas para enfrentar o prefeito João Campos, que tentará a reeleição. Conforme já informamos antes, não há outra alternativa à oposição se não a de prospectar eventuais falhas na gestão do socialista. Daniel, por exemplo, apontou que a Prefeitura do Recife não investe absolutamente nada em termos de serviços públicos de transporte, encargo que fica sob a responsabilidade exclusiva do Governo do Estado.
O candidato propôs uma espécie de tarifa zero, caso conquiste confiança dos recifenses para gerir a cidade a partir de 2025. Nesta última pesquisa do Instituto Datafolha, ele desponta com 7% das intenções de voto, ficando em segundo lugar na disputa, mas empatado com o candidato bolsonarista, Gilson Machado, que crava 6% das intenções de voto. Naturalmente, ele tentou minimizar essa distância quilométrica que o afasta do prefeito João Campo na competição, que aparece com 75% das intenções de voto, podendo vencer as eleições ainda no primeiro turno, caso elas fossem realizadas neste comento.
No entanto, muito água ainda vai rolar até o dia 06 de outubro. Segundo avaliou Daniel, o escore está dentro das previsões do seu staff de campanha. A imprensa repercutiu no dia de hoje eventuais indisposições entre dirigentes do PSD e o PP, ambos partidos que integram a base de apoio da governadora Raquel Lira. O imbróglio envolve, além da disputa no Recife, a disputa pelo prefeitura de Jaboatão dos Guararapes. O deputado federal Eduardo da Fonte(PP-PE) estaria exigindo que a governadora apoie o nome da deputada federal Clarissa Tércio para a prefeitura do município, sob pena de lançar o nome de Michelle Collins no Recife.
Hoje alguns órgãos de imprensa já dão como certa a candidatura da deputada federal, com o objetivo de retirar eleitores evangélicos do celeiro do prefeito João Campos, provocando, quem sabe, um segundo turno das eleições. Na realidade, essa narrativa omite alguns questão cruciais. A relação entre André de Paula(PSD-PE) e Eduardo da Fonte(PP-PE) estão estremecidas. O lançamento da candidatura de Michelle Collins não teria, necessariamente, nenhum objetivo de reforçar as forças do campo de oposição ao prefeito João Campos, mas, na realidade, forçar uma tomada de decisão da governadora Raquel Lyra sobre o pleito de Jaboatão dos Guararapes. Em favor de Clarissa, evidentemente.
Quando, alguns anos atrás, ocorreu um processo de eduardolização da política pernambucana, já naquela época, sinalizávamos que o deputado Eduardo da Fonte corre numa raia própria. Ele não é dependente político de nenhum governo. à época, Eduardo Campos manteve alguns entreveros com o deputado, exatamente em razão dessa sua condição de independência. O "galego" não conseguiu vergar o deputado. Na semana passada foi anunciado que o esposo de Michelle Collins, o pastor Cleiton Collins, irá coordenar os trabalhos do PP visando as eleições municipais. Trabalha para eleger uma penca de 80 prefeitos no estado. Isso representa praticamente a metade dos municípios pernambucanos.
domingo, 7 de julho de 2024
Editorial: O que pensa a direita brasileira sobre o país?
Gostaríamos de ter acompanhado de forma mais efetiva o encontro da direita em Santa Catarina, mais precisamente em Balneário Camboriú. Seria uma rara oportunidade de, a partir de uma análise de discurso, formular, ainda que incipientemente, algum entendimento sobre o que pensa a direita brasileira sobre o país e o Governo do PT. Pelas fotos do encontro, que estão sendo divulgadas pela imprensa, além de auditório lotado, o encontro contou com a presença dos ilustres representantes da direita brasileira.
Vamos tratá-los de direita, porque, com raras exceções, o termo extrema-direita é solenemente rejeitado. Não soubemos o que foi dito pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, mas o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, afirmou que Santa Catarina só e Santa Catarina porque o PT nunca governou o estado. O deputado federal Ricardo Salles fez críticas à gestão do meio ambiente do Governo do PT, queixando-se de que as críticas dirigidas a ele quando era o titular da pasta, no Governo Bolsonaro, eram em decorrência dos mesmo problemas que o pais enfrenta neste momento.
Aproveitou para enfatizar que será candidato ao Senado Federal pelo estado de São Paulo nas eleições de 2026. Isso já havia sido antecipado pelo próprio Bolsonaro, quando seu nome foi preterido da disputa nessas eleições municipais. Salles desejava ser candidato à Prefeitura do São Paulo, pelo PL. A outra vaga segundo suas expectativas deve ser preenchida por Eduardo Bolsonaro, fincando um estaca de direita no principal estado da federação. Falta apenas combinar com o eleitorado.
A deputada federal Caroline de Toni, que preside a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, disse que o país enfrenta um momento sombrio. Na realidade, ao que se sabe, deixamos as trevas até recentemente. Ao longo da semana, vamos tentar trazer por aqui mais informações sobreo encontro da direitona em Santa Catarina. A notícia boa é que eles sofreram um revés na França.
Editorial: Javier Milei chega a Balneário Camboriú para o encontro da direitona.
O presidente da Argentina, Javier Milei, chega hoje à Santa Catarina para o encontro organizado pela CPAC - Conservative Political Action Conference -, uma entidade que congrega o pensamento conservador ou, se preferirem, de extrema-direita. Como o evento está sendo realizado no Brasil, naturalmente, os bolsonaristas tiveram um amplo espaço durante os debates. No dia de ontem, por exemplo, discursaram o ex-presidente Jair Bolsonaro, a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro, e o deputado federal Flávio Bolsonaro.
Há todo tipo de perfomance nesses eventos de direita. O ex-presidente Jair Bolsonaro disse que estaria pronto para uma sabatina com a imprensa para tratar do caso rumoroso das joias sauditas, além de ter se derramado em lágrimas depois do discurso. Milei deve discursar no dia de hoje, domingo, 7. A rigor, se o Governo Lula fosse mais rigoroso, não era nem para ele está no país, depois de suas últimas declarações ofensivas ao presidente.
Estranhamente, neste caso, Lula resolveu utilizar-se de sua resiliência e tirou por menos o episódio das agressões do presidente argentino. Não sei se foi a melhor forma de encaminhar o problema. Não estranharíamos, por exemplo, se ele, Milei, durante seu discurso, voltasse a bater nessa tecla.
Editorial: Ninguém quer economizar no Governo Lula?
Até recentemente, o Governo Lula anunciou alguns ajustes orçamentários, o que pode significar o corte de despesas da ordem de 26 bilhões em programas sociais em andamento. Isso não significa quase nada em termos dos déficits públicos acumulados, de onde se conclui que a disposição do Governo em economizar é bastante duvidosa. Um economista liberal já havia concluído que o Governo se divide entre aqueles que querem gastar e aqueles que querem gastar mais. Alguém poderia sugerir que, por se tratar de um economista liberal, tal afirmação é questionável. Pode até ser que ele tenha exagerado na afirmação, mas, a rigor, é isso que, de fato, está ocorrendo.
O Governo Lula 3 parece sofrer uma pressão danada de alguns integrantes no sentido de implementar ou ampliar as despesas com políticas sociais, mesmo que tais despesas não tenham lastro na receita. Essa gastança desenfreada, segundo os analistas, não podem conduzir a bons resultados. O Governo, por outro lado, também parece que não de ouvir conselhos.
Há alguns anos atrás, a economista Tânia Bacelar, para explicar o que significava esse tal déficit nas contas públicas, tomou como exemplo as finanças de uma família. Gaste mais do que você arrecada e saberá o que isso significa. A sanha arrecadatória, por outro lado, também tem desagradado muitos setores da economia, que já externaram seu descontentamento com tal política.