O novo mandatário da Capitania hereditária de Pernambuco foi empossado,
no dia primeiro de janeiro de 2015, falando em um novo federalismo. Como auditor do
Tribunal de Contas do Estado, ex-coordenador administrativo do TJ (onde tem um irmão)
e ex-secretário da Fazenda, o mais novo integrante da oligarquia pernambucana
deve saber que um novo federalismo só se faz com reforma tributária e a União.
Não existe federalismo, quando se pratica renúncia fiscal e se exclui a
presidenta da república do pacto federativo. O vocabulário do novo governante
está mais próximo da chamada “guerra fiscal” e o uso criminoso de tributos
estaduais como forma de política de desenvolvimento regional. E sem o concurso
vigoroso da União, não há como falar de federalismo, ou falemos de um
federalismo acéfalo, sem cabeça. A não ser que o Estado de Pernambuco queira
encabeçar este novo pacto federativo...contra a União.
Neste ponto,
foi no mínimo curiosa a resposta do gestor estadual quando inquirido pela
repórter como ele faria para concluir as obras (da imobilidade) inacabadas e
tirar do papel vários outras. Aí, o gestor apontou para a União. Disse que a
União ajudaria o Estado a fazer os investimentos necessários para dar continuidade
ao “ciclo virtuoso” de desenvolvimento regional. Parece que o novo mandatário
não prestou a devida atenção aos discursos de posse dos novos eleitos e o da
própria presidenta reeleita: “parcimônia”, “paciência”, “ajuste”, “corte de
gastos”, em favor do saneamento da política fiscal do Estado brasileiro. Talvez
tenha sido o único que não tenha prestado a atenção à palavra de ordem de
contenção de despesas e equilíbrio fiscal. A quem ele pretende enganar, ao
desviar a responsabilidade administrativa e política pelo Estado de Pernambuco,
para o governo federal, depois de ter atacado insistentemente a presidenta
Dilma, apoiado a candidatura de Marina Silva e Aécio Neves?
Se o contexto
econômico-financeiro da União fosse positivo, seria ainda de duvidar da oferta
de benesses ao Estado, depois da campanha eleitoral. Imagine-se num contexto de
graves restrições fiscais e tributárias, com a sinalização de cortes no
Orçamento da União, redução do crédito, aumento da taxas de juros, sobrevalorização
do dólar e baixo crescimento econômico? – Que o sr. Paulo Câmara vá se
arrumando por aqui mesmo, porque dificilmente seus aliados aqui e alhures
poderão fazer alguma coisa para lhe ajudar. Oxalá a sua administração não seja
tratada pelo governo do PT como foi a do velho Miguel Arraes pelo sr. Fernando
Henrique Cardoso com a ajuda dos aliados do PFL e PSDB e PMDB de Pernambuco. 0
ex-governador comeu o “pão que o diabo amassou” na mão dos tucanos e
pefelistas, tratado como foi como inimigo até o fim. Se o novo mandatário não
contar com a metade da hostilidade e boicote com que teve de arrostar o velho
cacique pessebista, já será uma enorme vantagem para ele. Mas não conte muito
com a rica pletora de recursos e obras, com que contou o recém-falecido neto,
quando era aliado do PT.
Michel Zaidan Filho é filósofo, historiador, cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco.
Convite para conhecer um projeto federalista de plena autonomia aos estados, desfazendo o "federalismo de três níveis" um modelo frankenstein que não deu certo... Acessar www.federalista.org.br
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Saudações Federalistas!