Essa contrapropaganda em torno do “foi Geraldo quem fez”, com
o objetivo de arranhar a imagem do candidato do PSB, vem assumindo um contorno
de irresponsabilidade, em alguns casos, em outros, um mascaramento da realidade.
Nunca se negou a participação do sociólogo José Luiz Ratton nas discussões em
torno do Pacto pela Vida, uma das políticas públicas mais exitosas no combate à
violência, elogiada pelas maiores autoridades no assunto, que apontam
Pernambuco como um exemplo a ser seguido nesse ponto nevrálgico da gestão
pública em todo o Brasil. Não bastassem os números que lhes são favoráveis – O Estado fez “escola”,
exportando seu modelo para outras praças da federação. Outro dia publicamos um
artigo sobre o assunto, informando que as ações policiais eram feitas às cegas,
sem o menor planejamento ou estatísticas seguras sobre as modalidades e locais
de ocorrências de delitos. Um trabalho de conclusão de curso na área de
arquitetura, apontando as ruas mais violentas do Recife – pegou as nossas
autoridades de segurança de “calças curtas”. Foi mais ou menos essa a situação
em que o Governo Eduardo Campos encontrou o Estado. Ratton colaborou na
realização de pesquisas sobre o assunto, como um dos assessores especiais do
governador Eduardo Campos. Agora, a execução do Pacto pela Vida, foi um
trabalho acompanhado detidamente por Geraldo Júlio e, em certa medida, pelo
próprio governador Eduardo Campos, uma atitude apontada pelo chefe de Polícia
Civil á época, como fundamental para o êxito do programa. Geraldo, como se sabe, foi
uma espécie de regente da orquestra de perfil técnico que se instalou no Campo das
Princesas com o objetivo de conceber e executar políticas públicas para o
Estado, transformando "demandas políticas", num dizer de Eduardo, também à epoca, em política públicas tocadas com alguns elementos da iniciativa privada.
sábado, 15 de setembro de 2012
O jogo pesado da realpolitik
O jogo da realpolitik é realmente do mais puro fisiologismo.
Para engajar-se na campanha de Haddad, em São Paulo, a senadora Marta Suplicy,
comenta-se, teria exigido um ministério, de imediato. A possibilidade de
participar de um “futuro” Governo Haddad não foi suficiente para convencê-la.
Em Belo Horizonte, Lula também teria prometido o Ministério dos Transportes ao
PMDB em troca do apoio do candidato petista Patrus Ananias. Em São Paulo,
Fernando Haddad esboçou uma reação, embora deva-se considerar a ascensão do
azarão Celso Russomanno, com o apoio explícito da Igreja Universal. Haddad
encontra-se empatado com Serra, mas é imprevisível o resultado de um segundo
turno entre ele e Celso Russomanno. Nas duas praças, em síntese, o Planalto não
fez um bom negócio. No caso de São Paulo, em nenhuma hipótese, pode-se creditar ao apoio de Marta
à reação de Haddad. Em Belo Horizonte, em
todas as pesquisas, Márcio Lacerda, o candidato de Aécio Neves, nem toma
conhecimento de Patrus Ananias.
Revista CartaCapital: "A Pedagoia dos antigos", artigo de Luiz Gonzaga Belluzzo.
A pedagogia dos antigos
Quando suas certezas periclitam, os economistas conservadores sacam do coldre a arma da educação. Não exagero ao interpretar suas hipóteses monocausais e sua lógica binária como manobras destinadas a ocultar as demais condições políticas, econômicas e institucionais que cercam as experiências bem-sucedidas de desenvolvimento e de redução das desigualdades.
Não vou repetir os argumentos já exarados na última coluna que escrevi para CartaCapital a respeito do assunto. Vou me valer de “velharias”, como diriam os comandantes da barbárie midiática up-to-date. Tirei do baú Karl Mannheim e Charles Wright Mills.
Mannheim morreu em 1947 aos 55 anos, na aurora do período mais glorioso e igualitário do capitalismo na Europa e nos Estados Unidos. Entre outras obras, escreveu os clássicos Ideologia e Utopia e Ensaios Sobre a Sociologia da Cultura. No livro Liberdade, Poder e Planejamento Democrático, publicado postumamente, cuidou do papel da educação no fortalecimento das democracias que acordavam dos pesadelos totalitários dos anos 1930.
Mannheim acolhe a ideia de Ortega y Gasset sobre o homem educado: aquele que se distingue pelo conhecimento das filosofias que regem sua época. Isso deveria ser complementado, diz ele, por um conhecimento dos fatos que permitam a todos formar ideias sólidas acerca do lugar do homem na natureza e na sociedade. Cabe à educação examinar os problemas de nossa sociedade, especialmente aqueles relacionados com a vida democrática. Uma vez tratadas essas questões fundamentais para o homem moderno, o estudante vai encontrar o lugar adequado para a boa formação profissional.
Já cuidei nesta coluna de Charles Wright Mills. Morto em 1962, aos 46 anos, Mills escreveu duas obras-primas sobre a sociedade americana (A Elite do Poder e A Nova Classe Média) que anteciparam a emergência das características da sociedade de massa contemporânea nos Estados Unidos.
Mills, um intelectual do velho estilo, estava comprometido com a discussão dos problemas concretos do seu tempo e da sua gente. Crítico implacável dos estilos da ciência servil, lamentava, sobretudo, o abandono do “foco clássico nos problemas substantivos” em favor do que chamava de “ethos burocrático” e do empirismo abstrato.
Ele não escondia sua indignação com o projeto de uma ciência social, cujos propósitos são a previsão e o controle do comportamento humano. Falar com tanto desembaraço sobre previsão e controle é, observava, “adotar a perspectiva do burocrata para quem o mundo é um objeto a ser manipulado”. Mills era um típico liberal norte-americano do imediato pós-Guerra, formado no clima progressista e esperançoso do New Deal. Suas profecias sobre a trajetória da ciência e do conhecimento da sociedade não só se cumpriram como foram ultrapassadas pela capitulação humilhante das ciências sociais diante dos procedimentos pseudocientíficos da economia.
Mills imaginou com impressionante clareza: os estilos de investigação que prezava e praticava como intelectual público seriam avassalados pelo avanço da máquina monopolista, empenhada no controle do destino dos indivíduos livres e na “censura” do debate econômico, social e político. Avizinhavam-se “um período e uma sociedade em que a ampliação e a centralização dos meios de controle, de poder, incluem um uso bastante generalizado da ciência social para todos os fins que os homens no controle de tais meios possam lhe atribuir”.
Ele se dispôs a investigar dois pontos fundamentais: primeiro, as mudanças na organização econômica capitalista e nas grandes organizações sociais (inclusive nos aparelhos de produção do “saber”). Essas transformações dariam origem a uma concentração sem precedentes do poder e aumentariam a distância entre a elite e as massas. Segundo, as perspectivas mentais e ideológicas seriam criadas por um sistema de educação, de informação e de comunicações cada vez mais concentrado e centralizado. Mills não poderia, é claro, imaginar a usurpação quase completa da liberdade de opinião e de informação, prerrogativa dos cidadãos, executada de forma implacável pelos moguls da mídia, transformada, fora as exceções de praxe, em arma de desinformação e propaganda de interesses.
Nas condições de segmentação, especialização e burocratização do saber, num ambiente de brutal concentração do poder de informar e de definir temas para a discussão, é impossível cumprir a promessa moral e intelectual das ciências sociais de que a liberdade e a razão continuarão como valores aceitos e serão usados de forma séria. Para Mills, não há como separar o nascimento das ciências da sociedade das tradições do liberalismo clássico e do socialismo. O colapso dessas tradições significa o declínio da individualidade livre e da razão nas questões humanas.
Leia os últimos artigos de Belluzzo: Terceiro Milênio: Escola e cidadania
Privatização ou concessão: Capitalismo em choque
Privatização ou concessão: Capitalismo em choque
Lula e Eduardo juntos em São Paulo.
Lula foi muito estimulado por alguns petistas a afastar-se do
governador Eduardo Campos. Sempre que estes petistas conseguiam um êxito nessa
manobra – como um “pito” de Lula em não receber Eduardo Campos, por exemplo –
eles comemoravam bastante. Essa tropa de choque petista é liderada pelo
presidente nacional da legenda, Rui Falcão e a eminência parda do partido, José
Dirceu. A urdidura teve vários desdobramentos, mas nem Eduardo nem Lula, como
se afirma numa linguagem popular, emprenharam pelo ouvido. Mesmo nessas
circunstâncias, quando se encontravam, tratavam de dirimir essas querelas e
intrigas, com Eduardo sempre reafirmando seu compromisso de caminharem
juntos em 2014, embora reivindicando o direito de seu partido, o PSB, consolidar-se
nacionalmente. O "blefe" em política é muito comum, mas uma amizade de longas datas e sua gratidão ao Dr. Miguel Arraes, deixaram Lula mais tranquilo quanto às suas reais intenções. Muito mais do que as indisposições da legenda com o governador
Eduardo Campos, o que deixava o casal presidencial magoado com Eduardo era,
certamente, seu projeto de candidatar-se à Presidência da República já para
2014. As suas movimentações no tabuleiro político alimentavam essa
possibilidade. As “medidas” adotadas tanto por Lula quanto por Dilma estavam
todas centradas nessa perspectiva. Hoje vem a notícia que os dois caciques,
Lula e Eduardo, deverão se encontrar num comício em São Paulo pela candidatura
do ex-ministro da Educação, Fernando Haddad. O convite a Ciro, entendido como
uma tentativa de Lula em alimentar as cisões no PSB, neste caso, pode ser desconsiderado.
Os dois, além de Marcelo Deda, deverão pedir voto para Haddad.Comenta-se nas coxias que as imagens poderão ser usadas pelo Guia do candidato Geraldo Júlio para descontruir algumas teses levantadas por petistas de que sua candidatura seria uma "traição" ao morubixaba da agremiação.
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
Le Monde Diplomatique: Eleições nos Estados Unidos.
A tentação do pior |
Obama já aceitou um plano de redução do déficit orçamentário cortando gastos sociais sem aumentar o nível - estranhamente baixo - dos impostos
|
por Serge Halimi |
A gangrena do setor financeiro norte-americano provocou uma crise mundial da qual conhecemos os resultados: hemorragia de empregos, falência de milhões de proprietários de imóveis, cortes nos serviços sociais. Contudo, quatro anos depois, por efeito de um paradoxo singular, não foi possível evitar a chegada à Casa Branca de um homem, Williard (“Mitt”) Romney, que deve sua imensa fortuna às finanças especulativas, ao deslocamento de empregos em direção a região com menores salários e aos charmes (fiscais) das Ilhas Cayman.
Sua escolha do parlamentar Paul Ryan como candidato republicano à vice-presidência dá uma amostra do que podem se tornar os Estados Unidos se, no próximo dia 6 de novembro, os eleitores cederem à tentação do pior. Barack Obama já aceitou um plano de redução do déficit orçamentário cortando gastos sociais sem aumentar o nível – estranhamente baixo – dos impostos sobre as rendas mais altas do país.1 Ryan, contudo, julga essa medida democrata muito insuficiente. Seu programa, ratificado pela Câmara dos Representantes (majoritariamente republicana) e ao qual Romney já aderiu, reduzirá ainda mais os impostos (em 20%), levando-os ao teto máximo de 25%, jamais alcançado desde 1931; aumentará as despesas militares em 15% até 2017; e dividirá em dez a parte do déficit orçamentário no PIB norte-americano. Como Ryan espera realizar todas essas metas? Conferindo ao setor privado – ou à caridade – as missões civis essenciais do Estado. Assim, o plano de saúde dos indigentes terá seu orçamento amputado em... 78%.2
Desde o início de 2011, Obama aplica uma política de austeridade tão ineficaz nos Estados Unidos como fora dele. Ora se gaba pelas (raras) boas notícias econômicas, cujos créditos atribui à sua presidência; ora imputa as más (como a situação do desemprego) à obstrução parlamentar republicana. Tal dialética não remobilizou seu eleitorado, mas o presidente norte-americano acredita que o temor ao radicalismo de direita de seus adversários lhe garantirá o segundo mandato. Mas o que fará nesse segundo momento, se dilapidou as promessas de seu primeiro governo? E agora que as próximas eleições para o Congresso, em novembro próximo, indicam que o parlamento estará mais à direita do que quando ingressou na Casa Branca?
Uma vez mais, um sistema fechado em benefício de dois partidos que rivalizam em troca de favores acordados em meio a negociatas vai obrigar milhões de cidadãos norte-americanos – desencorajados pela indulgência de seu presidente – a votar novamente em Obama. Os eleitores se resignarão, uma vez mais, com a escolha entre o mau e o pior. O veredicto popular, contudo, não estará isento de consequências externas: a vitória de um Partido Republicano indignado pelo “assistencialismo”, determinado a destruir de vez o Estado social e a instalar no poder cristãos fundamentalistas com paranoia e ódio contra os muçulmanos, faria escola entre a direita europeia, acometida pela maioria dessas tentações.
Serge Halimi é o diretor de redação de Le Monde Diplomatique (França).
1 Ler “Chantage à Washington” [Chantagem em Washington], Le Monde Diplomatique, ago. 2012.
2 David Wessel, “Ryan reflects arc of GOP fiscal thinking” [Ryan reflete arco do pensamento fiscal do Partido Republicano], The Wall Street Journal, Nova York, 16 ago. 2012.
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31 de Agosto de 2012
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Palavras chave: Estados Unidos, EUA, eleições, Obama, governo, austeridade, crise, finanças, política
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Governador recebe representante da CPMI da violência contra a mulher
O governador Ricardo Coutinho recebeu nesta sexta-feira (14), a Comissão
Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Nacional que investiga a
violência contra a mulher. O encontro aconteceu no Palácio da Redenção.
Na ocasião, os representantes elogiaram a ação do Governo do Estado pela
atuação das polícias civil e militar, no Caso Queimadas e falaram sobre a rede
de combate à violência contra a mulher na Paraíba.
Integravam a comissão a deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG), a senadora Ana
Rita (PT-ES) e o deputado federal Florisvaldo Fier (PT-PR). Participaram da
audiência os representantes da Procuradoria Geral da União, Polícia Federal,
Secretaria da Mulher e Diversidade Humana, Secretaria da Segurança e Defesa
Social e a deputada estadual Gilma Germano.
Para a secretária da Mulher e Diversidade Humana, Iraê Lucena, a Paraíba tem
avançado nas políticas públicas de combate à violência contra a mulher. “Além de
todas as políticas já desenvolvidas pela secretaria criamos um portal com várias
linhas de acesso para que as mulheres possam se informar sobre como podem se
defender da violência. Todas as ações do governo visam empoderar a mulher e, ao
mesmo tempo libertá-la do agressor”, disse a secretária.
Parceria - Ao iniciar a audiência, a presidente da Comissão, a deputada Jô
Morais, que é natural da Paraíba, agradeceu a hospitalidade do governador e do
povo paraibano. Ela afirmou que o principal objetivo da visita é fazer um
diagnóstico preciso das instituições da rede de combate à violência contra a
mulher e construir parceiros que ajudem neste combate. “Sabemos das dificuldades
neste enfrentamento, como a falta de profissionais especializados, porém,
buscamos reforçar a articulação entre as instituições e o poder judiciário”,
relatou a presidente da CPMI.
Sobre a atuação do Estado no Caso Queimadas, o governador Ricardo Coutinho
afirmou que a atuação da Secretaria de Estado da Mulher e da Diversidade Humana
foi essencial, especialmente por ter ajudado a trazer a conscientização sobre os
crimes de gênero para cidades menores. “Para vocês terem ideia, quem primeiro
prendeu o suspeito foi um policial militar primo de um dos acusados”,
lembrou.
Sobre as ações e investimentos do Governo do Estado em segurança, Ricardo
Coutinho mencionou: “Este ano, investimos R$ 30 milhões em segurança pública,
algo que poucos estados fizeram”, afirmou.
O governador falou ainda sobre a criação da linha de crédito “Empreender
Mulher” – destinada à concessão de financiamento para mulheres em situação de
violência ou vulnerabilidade social. Ao saber da concessão da linha de crédito a
senadora Ana Rita elogiou a ação do Governo. “Independência econômica da mulher
é fundamental, especialmente nesses casos”, disse.
A Paraíba é o décimo Estado visitado pelos integrantes da CPMI . A relatora,
senadora Ana Rita, adiantou que pretende apresentar o relatório final dos
trabalhos até, no máximo, o início de dezembro.
Desde fevereiro de 2012, quando foi instalada, a comissão já visitou os
estados de Pernambuco, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Espírito
Santo, Alagoas, Paraná, São Paulo e Bahia.
Fonte: secom-pb
Jornal Brasil 247: Kassab sai de férias após 1º turno, comentam tucanos.
Kassab sai de férias após 1º turno, comentam tucanos
Foto: Edição/247
Comentário em ato político suprapartidário na noite da quinta-feira dava conta de que decisão já estaria tomada; ausência temporária do prefeito no segundo turno aliviaria a rejeição a José Serra (PSDB); vice-prefeita Alda Marco Antônio estava na roda da conversa; ela já está se preparando para assumir as funções
14 de Setembro de 2012 às 18:28
Marco Damiani 247 – Na quinta-feira 13 à noite, durante ato político a favor da candidatura de José Serra (PSDB) em São Paulo, o comentário que circulava entre personagens como o próprio Serra, o ex-secretário municipal de Esportes Bebeto Haddad, a ex-primeira-dama Alaíde Quércia e a vice-prefeita Alda Marco Antônio era surpreendente: o prefeito Gilberto Kassab vai tirar férias do cargo a partir de 7 de outubro, o domingo em que termina o primeiro turno das eleições municipais.
De acordo com o que eles comentavam na inauguração de comitê suprapartidário de apoio à candidatura Serra, a decisão já está tomada. Além do cansaço natural pelo exercício ininterrupto da função nos últimos quatro anos, a ausência temporária de Kassab da Prefeitura teria um forte componente político. Pesquisas dos tucanos apontam a alta rejeição a Serra, hoje no patamar de 46%, segundo o Datafolha, como derivada da baixa avaliação favorável à administração Kassab.
Tirá-lo da cena durante o decisivo segundo turno seria a fórmula encontrada para evitar mais ataques ao candidato da coligação PSDB-PSD. Ao que pareceu, a decisão já está tomanda. E a vice-prefeita Alda Marco Antôinio já estaria se preparando para cumprir um mês à frente da prefeitura.
(Jornal Brasil 247)
A Queda, o novo livro do jornalista Diogo Mainardi
Diogo Mainardi é um cara polêmico. E por isso mesmo gostamos dele. Sempre adiava as reportagens da revista Veja para ler primeiro sua coluna. Seu humor ácido também nos faz admirá-lo como comentarista do Manhattan Connection, programa do canal Globo News que já foi regra aqui em casa nas noites de domingo (quando ainda era no canal GNT).
Blog donaperfeitinha.com
Recentemente ele publicou o livro que venho indicar, 'A queda'. Este é a história do nascimento até os 424 passos contínuos e contados de seu primeiro filho, Tito, ocorridos os dois fatos no mesmo local: Hospital de Veneza, pontuando assim o que pontua durante todo o texto: de que a vida de Tito é circular. Tito tem uma paralisia cerebral. Resultado de uma irresponsabilidade da dottoressa F. Diogo nos apresenta fatos incríveis da história de Veneza, de personalidades da política, da arte e da ciência que de uma forma brilhante são colocados como parte da vida de seu filho, responsáveis ou influenciadores, portanto, de sua paralisia cerebral. Tito também nos é apresentado de uma forma linda e parece-me uma criança incrível. Hoje Tito tem um irmão, Nico, que, diferente de Tito, teve um parto responsável e é um garoto 'normal'. Achei linda a foto do pai e dos filhos em sua apresentação do livro. Se vestem idênticos, repare abaixo. Anna, mãe dos meninos, aparece em foto em algum momento do texto. É linda. Por que falo deles assim? Bem... o livro é uma história com muito que se pode aprender de uma cultura européia, de história, de arte, mas é, em primeiro lugar, sobre a vida pessoal deles. De um diagnóstico difícil e de uma dedicação de um pai, de uma família, por um filho com necessidades diferentes. O amor deles nos toca principalmente nas palavras mais fortes e Diogo as usa 'aos montes'. Há brutalidade ali. Há brutalidade de um amor gigante que é, naturalmente, o amor 'verdadeiro' de um pai por um filho.
Blog donaperfeitinha.com
Jhonatan de Sousa é transferido para o Presídio Federal de Campo Grande.
Blog do Gilberto Léda
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) e o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), órgão do Ministério da Justiça (MJ) transferiram, na manhã deste sábado (25), Jhonatan de Sousa Silva, de 24 anos, executor confesso do jornalista e blogueiro Décio Sá, para a Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Ele embarcou em um voo comercial da Gol, por volta das 7h30, no Aeroporto Internacional Marechal Cunha Machado, no Tirirical.
A Operação Gladiador foi coordenada pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen), que enviou ao Maranhão três agentes penitenciários federais para acompanhar o traslado e escoltar o pistoleiro Jonathan Sousa até a capital sul-mato-grossense. Os trabalhos tiveram o apoio de três equipes do Grupo Tático Aéreo (GTA) do Maranhão, uma da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic) e uma da Polícia Federal (PF).
A transferência de Jonathan foi solicitada pelo secretário de Segurança Pública, Aluisio Mendes, ao Depen, por questões de segurança. O pistoleiro estava detido em uma carceragem da PF, no Bairro da Cohama. “Fizemos o pedido ao Depen para garantir a segurança e preservar a vida do executor, e fomos prontamente atendidos. A transferência é válida durante dois anos, podendo ser prorrogada de acordo com a necessidade”, destacou Aluisio Mendes.
Nota do Editor: Ficamos tão chocados com a morte do jornalista e blogueiro Décio Sá, que deixamos de publicar aqui no Blog do Jolugue as notícias sobre o caso. Ocorre, porém, que sempre nos mantivemos informados sobre as investigações que indiciaram várias pessoas que tiveram participação na morte do jornalista. Segundo o depoimento do executor, Jhonatan de Souza Silva, confirma-se aquilo que as primeiras linhas de investigação indicavam, ou seja, o assassinato de Décio Sá foi um crime de encomenda, envolvendo agiotas, políticos e policiais corruptos.
Nota do Editor: Ficamos tão chocados com a morte do jornalista e blogueiro Décio Sá, que deixamos de publicar aqui no Blog do Jolugue as notícias sobre o caso. Ocorre, porém, que sempre nos mantivemos informados sobre as investigações que indiciaram várias pessoas que tiveram participação na morte do jornalista. Segundo o depoimento do executor, Jhonatan de Souza Silva, confirma-se aquilo que as primeiras linhas de investigação indicavam, ou seja, o assassinato de Décio Sá foi um crime de encomenda, envolvendo agiotas, políticos e policiais corruptos.
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
Russomanno sobe e vai a 35%; Serra e Haddad continuam empatados.
A taxa de intenção de voto no candidato Celso Russomanno (PRB) subiu de 31% para 35% em duas semanas, segundo pesquisa Ibope/Estado/TV Globo. Já os adversários José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT), empatados tecnicamente em segundo lugar, oscilaram, ambos, um ponto porcentual para baixo e ficaram com 19% e 15%, respectivamente.
Com chances reduzidas de chegar ao segundo turno, Gabriel Chalita (PMDB) oscilou de 5% para 6%, e Soninha Francine (PPS) se manteve com 4%.
Haddad, que havia subido sete pontos porcentuais entre a metade e o final de agosto, impulsionado pela estreia no horário eleitoral, interrompeu a trajetória ascendente e não ultrapassou Serra, que vinha em queda no mesmo período.
O petista e o tucano estão em situação de empate técnico porque a margem de erro da pesquisa é de três pontos porcentuais para mais ou para menos.
Russomanno cresceu nove pontos porcentuais desde a pesquisa Ibope feita às vésperas do início da propaganda eleitoral no rádio e na televisão, na primeira quinzena de agosto. Isso apesar de ter cerca de um quarto do tempo de TV de seus principais adversários, Serra e Haddad.
Nas simulações de segundo turno, o candidato do PRB venceria tanto o tucano quanto o petista se a eleição fosse hoje – por 52% a 25% e 50% a 25%, respectivamente.
O Ibope ouviu 1.001 eleitores entre os dias 10 e 12 de setembro. O levantamento foi registrado na Justiça Eleitoral sob o protocolo SP-00835/2012.
MSN, Brasil.
Com chances reduzidas de chegar ao segundo turno, Gabriel Chalita (PMDB) oscilou de 5% para 6%, e Soninha Francine (PPS) se manteve com 4%.
Haddad, que havia subido sete pontos porcentuais entre a metade e o final de agosto, impulsionado pela estreia no horário eleitoral, interrompeu a trajetória ascendente e não ultrapassou Serra, que vinha em queda no mesmo período.
O petista e o tucano estão em situação de empate técnico porque a margem de erro da pesquisa é de três pontos porcentuais para mais ou para menos.
Russomanno cresceu nove pontos porcentuais desde a pesquisa Ibope feita às vésperas do início da propaganda eleitoral no rádio e na televisão, na primeira quinzena de agosto. Isso apesar de ter cerca de um quarto do tempo de TV de seus principais adversários, Serra e Haddad.
Nas simulações de segundo turno, o candidato do PRB venceria tanto o tucano quanto o petista se a eleição fosse hoje – por 52% a 25% e 50% a 25%, respectivamente.
O Ibope ouviu 1.001 eleitores entre os dias 10 e 12 de setembro. O levantamento foi registrado na Justiça Eleitoral sob o protocolo SP-00835/2012.
MSN, Brasil.
Marta assume ministério e promete deixar "marca" na cultura.
Lilian Venturini, de O Estado de S.Paulo
A petista Marta Suplicy assumiu o Ministério da Cultura na manhã desta quinta-feira, 13, e prometeu deixar uma “marca cultural” no governo da presidente Dilma Rousseff. Durante a cerimônia, a ex-senadora procurou demonstrar sua experiência na área e se disse disposta a dialogar com todos os setores culturais. A petista assume após uma gestão conturbada de sua antecessora, a cantora Ana de Hollanda.
A mudança ocorre no mesmo momento em que Marta aceitou se engajar na campanha do petista Fernando Haddad na disputa pela Prefeitura de São Paulo. A ex-senadora havia desistido da sua pré-candidatura na capital por imposição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela negou que a indicação ao ministério tivesse relação com as eleições municipais.
Em seu discurso na cerimônia de posse, a presidente Dilma procurou enfatizar a experiência de Marta na área cultural e afirmou ter certeza de que a ex-senadora vai “dar conta” do desafio. “Te disse [Marta]: Não peço só a Deus, peço a você, que coordene a área da cultura, trabalhe por ela e leve ela à frente.” Em 2013, o orçamento do ministério será 65% maior em relação ao deste ano.
Marta destacou projetos culturais que elaborou durante sua gestão como prefeita de São Paulo (2001 a 2004). Prometeu ainda tratar como prioridades o acesso à cultura e propostas que unam o setor à produção digital. “Como cultura é algo em permanente transformação, a internet também presta serviço quando ela permite questionar o que está cristalizado”, afirmou.
Incompreendida. Em sua despedida do cargo, a ex-ministra Ana de Hollanda disse ter sido incompreendida em alguns momentos de sua gestão. Assim que assumiu, em 2011, ela enfrentou a resistência de artistas e militantes da área cultural, que questionavam sua competência e decisões como a de frear a tramitação do projeto de reforma da lei de direitos autorais. “Me perguntam por que defendo tanto a criação. Se penso a criação, tenho que pensar em quem vive disso. Isso nem sempre foi bem compreendido”, afirmou.
A presidente Dilma também defendeu Ana de Hollanda: “Sei que nem sempre foi fácil. Essa experiência [de ocupar um cargo público] raramente é fácil. Mas agradeço de coração por sua lealdade, pela maneira histórica com que enfrentou as pressões, muitas vezes injustas e excessivas.”
A saída de Ana de Hollanda já era prevista, mas foi antecipada depois do vazamento de uma carta enviada por Ana ao Ministério do Planejamento, no último dia 27, em que cobrava mais recursos para a pasta. Ana de Hollanda é a 13ª ocupante da Esplanada a deixar o governo.
Nota do editor: Nem a própria Marta Suplicy sabe muito bem o que fará na área cultural. Sua nomeação para cargo atendeu, tão somente, a um rearranjo político, conforme já comentamos anteriormente. Nem mesmo como legisladora, Marta manifestou qualquer interesse pela condução das políticas públicas para o setor. Ontem, o jornalista Carlos Chagas, comentando o assunto, chegou a conclusão - correta - de que sua nomeação atende às articulações, já em jogo, visando as eleições majoritárias de 2014, para o Palácio Bandeirantes. Essa movimentação, inclusive, colocou Aloízio Mercadante com as barbas de molho. Marta já fez alguns comentários concluindo que essa união palaciana - Marta/Dilma/Lula - salva a candidatura de Fernando Haddad em São Paulo.
Brasil 247: "O dedo aponta que a bola da vez é Daniel Coelho
Foto: Edição/247
Crescendo rapidamente nas pesquisas e empatado tecnicamente com o candidato petista Humberto Costa, o tucano Daniel Coelho agora é o alvo com o ressurgimento de uma denúncia na época em que era vereador, em 2008; A quem interessa brecar a candidatura do PSDB à Prefeitura do Recife?
13 de Setembro de 2012 às 14:18
Leonardo Lucena_PE247 – O Escândalo das Notas Frias, em 2008, caracterizado pelas acusações referentes a falsificações de notas fiscais e desvio de dinheiro público, veio à tona novamente e o alvo é o candidato tucano à Prefeitura do Recife, Daniel Coelho. Chama a atenção o “pano de fundo” da disputa pela prefeitura, uma vez que o tucano vem crescendo rapidamente nas pesquisas eleitorais, estando tecnicamente empatado no segundo lugar com o petista com Humberto Costa. Segundo alguns tucanos graúdos, o caso teria sido retomado por ordem do Palácio do Campos das Princesas.
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) quer que os deputados estaduais Daniel Coelho (PSDB) e Francismar Pontes (PSD) recebam punição do Tribunal de Justiça (TJ-PE) pelos crimes de peculato e uso de documentos falsos quando o tucano ainda era vereador, em 2008. Na ocasião, o Tribunal de Contas do Estado abriu processo contra 26 parlamentares no que ficou conhecido como escândalo das notas frias.
“Não tenho nada a esconder, não houve um real de prejuízo ao cofre público. Quem quiser tocar neste assunto nos debates, pode perguntar que a gente responde. Tenho até uma declaração assinado pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) de que não temos nenhum débito”, disse Daniel Coelho, em entrevista à Rádio Folha. Coelho também declarou em entrevista que “é um absurdo que o procurador-geral, indicado pelo governador Eduardo Campos, exatamente na véspera da eleição, quando todas as pesquisas indicam que vamos estar presentes no segundo turno, venha mexer em um processo que estava arquivado”, afirmou.
A suspeita de cunho político na reabertura do processo recai sobre o o procurador geral do MPPE, Aguinaldo Fenelon de Barros, que foi indicado pelo governador Eduardo Campos (PSB) para ocupar o cargo. Em apenas dois dias, o processo, que se encontrava parado desde meados de março, foi movimentado onze vezes. Daí a razão para a suspeita dos tucanos de que a “máquina política” estaria em curso para minar o crescimento de Daniel Coelho, que se for para o segundo turno poderá se tornar uma dor de cabeça aos planos do PSB em comandar a capital pernambucana.
Recentemente, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) não acatou a denúncia sob o argumento de que a mesma teria sido assinada pelo então sub-procurador do MPPE, Paulo Varejão, o que, na avaliação do órgão, deveria contar a assinatura de Fenelon. No entanto, o MPPE informou que isso é o que causa estranhamento, pois outras denúncias com assinatura de sub-procuradores não foram rejeitadas, refutando, assim, a hipótese de haver interesse político. Fenelon já deu a entender que vai recorrer a outras instâncias, se for necessário.
As acusações que permeiam o escândalo dão conta de que um total de 26 parlamentares da Câmara Municipal do Recife falsificaram notas fiscais, caracterizando-se, assim, como crime de peculato – quando um funcionário público usa o erário para em proveito próprio. A punição varia de R$ 2,5 mil a R$ 9 mil. Cada vereador tinha direito a gastar R$ 14,3 mil para suas despesas, como combustível e alimentação. Mas a denúncia foi de que houve um prejuízo de R$ 1,2 milhão aos cofres públicos.
Paralelamente, atendo-se ao cenário político-eleitoral, de acordo com a última pesquisa da Datafolha, feita nos dias 10 e 11 deste mês, o tucano, na terceira posição, conquistou 19% do eleitorado, enquanto que o segundo colocado, Humberto Costa (PT) esteve com 23%. Ou seja, já um empate técnico entre ambos os candidatos e isso significa que aumentam as chances do parlamentar ir para o segundo turno. No levantamento anterior, realizado nos dias 28 e 29 de agosto, Coelho tinha 12%, em terceiro lugar, e Costa 29%, na primeira colocação.
Em meio a um cenário fervoroso marcado pelas alfinetadas entre PT e PSB somadas ao rápido crescimento de Daniel Coelho nas pesquisas, resta saber como este caso irá repercutir no atual quadro eleitoral no recifense.
(Jornal Brasil 247)
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
CULT: A política do espetáculo.
A política do espetáculo
Leia ensaio em que Jacques Rancière mostra que diante da arte é preciso abandonar a passividade
JACQUES RANCIÈRE
Este livro teve origem no pedido que me foi feito há alguns anos de introduzir a reflexão de um grupo de artistas dedicado ao espectador, a partir das ideias desenvolvidas em meu livro Le Maître Ignorant (O Mestre Ignorante)¹. De início, essa proposta causou-me alguma perplexidade. O Mestre Ignorante expunha a teoria excêntrica e o destino singular de Joseph Jacotot, que causara escândalo no início do século XIX ao afirmar que um ignorante pode ensinar a outro ignorante aquilo que ele mesmo não sabe, ao proclamar a igualdade das inteligências e ao opor a emancipação intelectual à instrução pública. Suas ideias caíram no esquecimento a partir de meados de seu século. Achei bom reavivá-las na década de 1980 para balançar o coreto dos debates sobre as finalidades da escola pública com os ventos da igualdade intelectual. Mas, no âmbito da reflexão artística contemporânea, que uso dar ao pensamento de um homem cujo universo artístico pode ser emblematizado pelos nomes de Demóstenes, Racine e Poussin?
Pensando melhor, porém, pareceu-me que a ausência de relações evidentes entre reflexões sobre a emancipação intelectual e a questão do espectador nos dias de hoje também era uma possibilidade. Poderia ser uma oportunidade de distanciamento radical em relação aos pressupostos teóricos e políticos que, mesmo na forma pós-moderna, ainda sustentam o essencial do debate sobre o teatro, a performance e o espectador. Mas, para trazer à tona a relação e dar-lhe sentido, seria preciso reconstituir a rede de pressupostos que põem a questão do espectador no cerne da discussão sobre as relações entre arte e política. Seria preciso delinear o modelo global de racionalidade sobre cujo fundo nos acostumamos a julgar as implicações políticas do espetáculo teatral. Emprego aqui essa expressão para incluir todas as formas de espetáculo – ação dramática, dança, performance, mímica ou outras – que ponham corpos em ação diante de um público reunido.
As numerosas críticas às quais o teatro deu ensejo ao longo de toda a sua história podem ser reduzidas a uma fórmula essencial. Eu lhe daria o nome de paradoxo do espectador, paradoxo mais fundamental talvez que o célebre paradoxo do ator. Esse paradoxo é simples de formular: não há teatro sem espectador (mesmo que um espectador único e oculto, como na representação fictícia de Fils Naturel [O Filho Natural] que dá ensejo aos Entretiens [Colóquios] de Diderot). Ora, como dizem os acusadores, é um mal ser espectador, por duas razões. Primeiramente, olhar é o contrário de conhecer. O espectador mantém-se diante de uma aparência ignorando o processo de produção dessa aparência ou a realidade por ela encoberta. Em segundo lugar, é o contrário de agir. O espectador fica imóvel em seu lugar, passivo. Ser espectador é estar separado ao mesmo tempo da capacidade de conhecer e do poder de agir.
Esse diagnóstico abre caminho para duas conclusões diferentes. A primeira é que o teatro é uma coisa absolutamente ruim, uma cena de ilusão e passividade que é preciso eliminar em proveito daquilo que ela impede: o conhecimento e a ação, a ação de conhecer e a ação conduzida pelo saber. É a conclusão outrora formulada por Platão: o teatro é o lugar onde ignorantes são convidados a ver sofredores. O que a cena teatral lhes oferece é o espetáculo de um pathos, a manifestação de uma doença, a doença do desejo e do sofrimento, ou seja, da divisão de si resultante da ignorância. O efeito próprio do teatro é transmitir essa doença por meio de outra: a doença do olhar subjugado por sombras. Ele transmite a doença da ignorância que faz as personagens sofrerem por meio de uma máquina de ignorância, a máquina óptica que forma os olhares na ilusão e na passividade. A comunidade correta, portanto, é a que não tolera a mediação teatral, aquela na qual a medida que governa a comunidade é diretamente incorporada nas atitudes vivas de seus membros.
É a dedução mais lógica. Contudo, não é a que prevaleceu entre os críticos da mimese teatral. Estes, na maioria das vezes, ficaram com as premissas e mudaram a conclusão. Quem diz teatro diz espectador, e isso é um mal, disseram eles. Esse é o círculo do teatro que nós conhecemos, que nossa sociedade modelou à sua imagem. Portanto, precisamos de outro teatro, um teatro sem espectadores: não um teatro diante de assentos vazios, mas um teatro no qual a relação óptica passiva implicada pela própria palavra seja submetida a outra relação, a relação implicada em outra palavra, a palavra que designa o que é produzido em cena, o drama. Drama quer dizer ação. O teatro é o lugar onde uma ação é levada à sua consecução por corpos em movimento diante de corpos vivos por mobilizar. Estes últimos podem ter renunciado a seu poder. Mas esse poder é retomado, reativado na performance dos primeiros, na inteligência que constrói essa performance, na energia que ela produz. É sobre esse poder ativo que cabe construir um teatro novo, ou melhor, um teatro reconduzido à sua virtude original, à sua essência verdadeira, de que os espetáculos assim denominados oferecem apenas numa versão degenerada. É preciso um teatro sem espectadores, em que os assistentes aprendam em vez de ser seduzidos por imagens, no qual eles se tornem participantes ativos em vez de serem voyeurs passivos.
Essa inversão conheceu duas grandes fórmulas, antagônicas em princípio, embora a prática e a teoria do teatro reformado as tenham frequentemente misturado. Segundo a primeira, é preciso arrancar o espectador ao embrutecimento do parvo fascinado pela aparência e conquistado pela empatia que o faz identificar-se com as personagens da cena. A este será mostrado, portanto, um espetáculo estranho, inabitual, um enigma cujo sentido ele precise buscar. Assim, será obrigado a trocar a posição de espectador passivo pela de inquiridor ou experimentador científico que observa os fenômenos e procura suas causas. Ou então lhe será proposto um dilema exemplar, semelhante aos propostos às pessoas empenhadas nas decisões da ação. Desse modo, precisará aguçar seu próprio senso de avaliação das razões, da discussão e da escolha decisiva.
De acordo com a segunda fórmula, é essa própria distância reflexiva que deve ser abolida. O espectador deve ser retirado da posição de observador que examina calmamente o espetáculo que lhe é oferecido. Deve ser desapossado desse controle ilusório, arrastado para o círculo mágico da ação teatral, onde trocará o privilégio de observador racional pelo do ser na posse de suas energias vitais integrais.
Tradução de Ivone Castilho Benedetti
O Espectador EmancipadoJacques RancièreEd. Martins Fontes
Preço e número de páginas a definir
Preço e número de páginas a definir
Petrolina: Lóssio continua firme na liderança. Uma dor de cabeça para o PSB.
Pesquisa de intenção de votos realizada pelo Instituto Opinião, aponta uma folgada dianteira do médico Júlio Lóssio, do PMDB, em Petrolina. Petrolina é uma das cidades do chamado “Triângulo das Bermudas”, enclaves estratégicas no Estado, que irradiam sua influência por microrregiões inteiras. No último pleito majoritário, pode-se dizer que o Palácio do Campo das Princesas foi derrotado naquela cidade. Desta vez montaram um palanque competitivo, com apoios robustos, encabeçado por Fernando Bezerra Coelho Filho, mas não tem sido suficiente, pelo menos no momento, para reverter uma tendência de voto favorável a Júlio Lóssio, quadro que se mantém desde as primeiras sondagens. Júlio tem uma administração bem avaliada e, se derrotar a máquina do Palácio do Campo das Princesas mais uma vez, desponta, como já afirmamos, como uma das maiores lideranças políticas do São Francisco, com uma eleição de deputado federal garantida depois que sair da prefeitura e em condições de colocar nos seus planos um projeto majoritário, de olho no Campo das Princesas. Até às eleições de 2010, ainda não havia sido firmada uma aproximação entre o PMDB e o PSB, do governador Eduardo Campos. Ganhar as eleições naquela cidade é um trunfo para o PMDB e, embora Jarbas viva uma lua de mel com o Campo das Princesas, ainda é cedo para avaliar sua influência sobre o prefeito. Por outro lado, já ocorreram algumas “rusgas” entre Michel Temer e Eduardo, sobretudo depois da possibilidade de um “aborto” dos planos do “Moleque” dos Jardins da Fundação Joaquim Nabuco ainda para 2014. Neste caso, o que passa a ser jogado é o “grude” ao candidato petista que, embora as condições não sejam as mesmas, sai como favorito para continuar inquilino do Palácio do Planalto. Observo que Lóssio é um caro muito independente. Outro dia provocou o Palácio com os números favoráveis do IDEB naquela cidade. Embora o PSB tenha adotado a política do catch all, é imprevisível como seriam as relações entre Eduardo e Lóssio caso ele derrote, mais uma vez, a máquina do Palácio do Campo das Princesas. Petrolina tem sido uma dor de cabeça para os palacianos. Até Romário já foi escalado para tentar reverter o quadro em favor de "Fernadinho".
Por que Marta virou ministra? por Carlos Chargas
POR QUE MARTA VIROU MINISTRA?
Por Carlos Chagas
Fica difícil entender porque Marta Suplicy virou ministra da Cultura. Se foi como compensação por haver entrado na campanha de Fernando Haddad, mesmo com atraso de oito meses, a pergunta imediata seria saber se vale tanto por tão pouco. Ou que outros ministros serão sacrificados, além de Ana de Holanda, para satisfazer o capricho do ex-presidente Lula em ver eleito seu ex-ministro da Educação. Porque quantos votos Marta teria conquistado para Haddad numa única carreata em companhia do candidato, no fim de semana que passou? Como ele precisa de muito mais votos, seria de presumir ampla reforma ministerial?
Não é por aí, inclusive porque, éticamente, ministros não devem fazer campanhas eleitorais. Indaga-se que relações especiais a nova ministra dispõe com a pasta que assumirá amanhã. No início de sua carreira política foi sexóloga na televisão, tendo transplantado discutível conceito de sua antiga profissão quando ocupou o ministério do Turismo no governo Lula, ao recomendar a passageiros amontoados horas a fio nos aeroportos “que relaxassem e gozassem”.
É verdade que muitos ministros do governo Dilma pouco tiveram a ver com as pastas para os quais foram nomeados, valendo lembrar que Marta é a décima-terceira de uma longa fila de substituições.
Sendo assim, importa continuar garimpando as razões dessa mudança. Ana de Holanda encontrava-se sob fogo batido do PT, que jamais conseguiu ocupar o ministério da Cultura. Os companheiros entraram em guerra com ela desde suas primeiras semanas no exercício do cargo, precisamente por conta dos singulares conceitos praticados pelos petistas. Para eles, cultura seria tudo o que lhes permitisse usufruir da arte, da literatura, da música, da poesia e até da História em proveito de sua ideologia, mais ou menos como nos tempos de Hitler e de Stalin. Tudo em favor de suas concepções, aliás, cada vez mais confundidas com a obsessão de ocupar o poder e valer-se de suas benesses. Como Ana de Holanda não cedeu à investida, virou alvo prioritário. É acusada até mesmo de haver recebido camisetas do Império Serrano para desfilar no carnaval. Estaria o PT a serviço da Portela, da Mangueira ou da Beija-Flor?
Mas por que Marta? – continua a pergunta. Por haver desafiado o Lula, custando tanto tempo para participar de só uma carreata em favor de Haddad? Se a moda pega, será a desagregação do modo petista de eleger pessoas. Ou de governar.
Vale seguir adiante. Com um misto de arrogância e desprezo pela imprensa, a nova ministra disse que conversa muito com a presidente Dilma, “e vocês não sabem de todas as conversas que temos”. Nem queremos saber, daquelas que envolvem receitas de bolo, mas temos esse direito se as duas senhoras cuidam de cultura. Qual a meta do governo, a partir de agora? Meses atrás um bispo-senador foi feito ministro da Pesca, tendo confessado jamais haver empunhado um anzol ou segurado numa minhoca. Outros exemplos se encontrarão com facilidade na atual equipe da presidente Dilma, que nada justificam mais essa falta de sintonia entre os agentes e suas obrigações.
Resta uma ilação: Marta virou ministra para incomodar menos do que vinha incomodando...
Nota do Editor: Muito lúcida a análise do jornalista Carlos Chagas sobre a nomeação de Marta Suplicy para o Ministério da Cultura, envolvendo o emaranhado das eleições municipais paulistas, onde o PT joga todas as suas cartas na eleição do ex-ministro Fernando Haddad. Marta passou 08 meses "amuada", revoltada pelo fato de ter sido rifada da disputa, de relações estremecidas com o Planalto, que insistia no seu engajamento na campanha. O prestígio de Ana de Hollanda nunca foi dos melhores nos corredores palacianos, cuja gestão à frente da pasta sempre sofreu duras críticas, embora, em muitas situações, ela tenha posto o dedo na ferida e cometido o pecado do sincericídio.O que continua intrigando é esse arranjo político que culminou com a nomeação de Marta para a pasta, quando estava em negociação uma possível indicação dela para a Embaixada do Brasil em Washington, algo bem mais próximo de sua conhecida vaidade, mesmo que contrariando normas estabelecidas pelo Ministério das Relações Exteriores, que determina que esses cargos devem ser preenchidos por funcionários de carreira.
terça-feira, 11 de setembro de 2012
Nova ministra da Cultura, Marta se diz "horanda"
Foto: Sérgio Lima/Folhapress
Senadora classificou o convite da presidente Dilma para assumir o Ministério como "honroso e surpreendente" e negou que tenha qualquer relação com sua participação na campanha de Fernando Haddad: "Desde o começo da campanha eu disse que na hora que fosse fazer a diferença entraria e entrei"
11 de Setembro de 2012 às 18:44
247 - Colunista do 247, a senadora Marta Suplicy assume o Ministério da Cultura na próxima quinta-feira. Marta recebeu nesta terça-feira o convite da presidente Dilma Rousseff, que classificou como "surpreendente". "É um convite honroso e surpreendente. Vou assumir o ministério, um desafio interessante e estou muito honrada com o convite. Sou do governo e se a presidenta acha que eu devo exercer a função no ministério, vou atendê-la", disse Marta.
A senadora destacou que terá muito trabalho pela frente. "Vou tomar contato do ministério, estudá-lo antes de me pronunciar. Vou, com muita humildade, estudar todas as questões do ministério, que considero fantástico, e temos muitas coisas para fazer", disse, desmentindo que sua indicação tenha qualquer relação com a sucessão à Prefeitura de São Paulo.
A senadora vinha se mantendo afastada de eventos públicos em favor do candidato Fernando Haddad até a semana passada. "Não [tem relação]. Desde o começo da campanha do Haddad eu disse que na hora que fosse fazer a diferença entraria e entrei. Não tem nenhum vínculo [com a indicação]", disse.
Expectativa
Para o presidente da Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro, Eduardo Barata, que a nomeação de Marta pode resultar em mais recursos e maior força política para o MInistério da Cultura.
“Além de ter sido uma escolha política da presidenta Dilma Roussef, Marta Suplicy transita junto ao Poder Executivo com mais força. Eu tenho certeza de que haverá um outro olhar, o MinC passará a ter mais importância”, disse Barata à Agência Brasil.
Para ele, faltava à ministra Ana de Hollanda uma boa interlocução com o Parlamento, o que não ocorre com a senadora Suplicy. Duas políticas para o teatro adotadas por Marta quando prefeita de São Paulo foram elogiadas pelo presidente da APTR: a iniciativa de levar espetáculos profissionais aos CEUs (centros educacionais unificados) e a Lei de Fomento ao Teatro, que concede financiamento a grupos teatrais, dentro da meta de levar espetáculos para as regiões periféricas da cidade.
Ex-prefeita da cidade de São Paulo, a senadora petista foi ministra do Turismo durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nota do Editor: Por essa, nem a senadora esperava. Estava sendo articulada a sua nomeação para a Embaixada do Brasil em Washington, como parte do acordo em razão da sua desistência de candidatar-se a prefeita de São Paulo, abrindo o caminho para Fernando Haddad. Ao longo desse processo, amuada, Marta criou uma série de embaraços para o candidato indicado por Lula. Bem situada nas primeiras pesquisas de opinião - onde aparecia bem como postulante - Marta era uma peça importante na engrenagem da candidatura petista. Ora porque mantém o controle e influência sobre ala estratégica da composição do PT naquele Estado, ora porque possui densidade eleitoral onde o candidato sequer é conhecido, na periferia de São Paulo. No último domingo, abandonou a Louis Vuitton e o salto alto para acompanhar o candidato, o que já se prenunciava um acordo com o Planalto. É embaraçoso especular sobre o futuro de Marta naquele Ministério. Desde o início de sua gestão, Ana de Hollanda vinha enfrentando problemas de toda ordem, conforme exaustivamente apontado pela imprensa, seja movidos por integrantes do Governo com os quais se indispôs, seja por entidades de classe. Com a solução, Dilma Rousseff corrige alguns problemas: a) Coloca Marta de uma vez na campanha de Fernando Haddad em São Paulo, fazendo as pazes com Lula; b) Evita um problema com o Itamaraty, diexando de nomear para o cargo de embaixadora alguém que não é do quadro de carreira do órgão. Diante dos impasses que o PT está enfrentando nessas eleições, São Paulo passou a ser a maior prioridade da agremiação, uma vez que a toalha já foi jogada em praças como Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte.
Humberto Costa quer ministros ao seu lado
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr e Tarsio Alves/Divulgação
A vinda do primeiro escalão do Governo dilma Roussef daria um gás novo à campanha petista, que vem caindo nas pesquisas, e que perdeu ainda mais força com a não confirmação do ex-presidente Lula nos eventos programados pela legenda no Recife; junto com o apoio ministerial, partido eleva o tom das críticas ao PSB no guia eleitoral
11 de Setembro de 2012 às 12:41
Leonardo Lucena_PE247 – Com a tentativa de “carimbar” a afirmação do ex-presidente Lula em seu guia de que possui “experiência política e competência administrativa”, o candidato à Prefeitura do Recife (PCR) pelo PT, Humberto Costa, está juntando todas as suas forças para trazer ao Recife oito ministros para participarem de sua campanha no que seria uma demonstração de prestígio junto ao Governo Federal. A vinda do primeiro escalão do Governo dilma Roussef daria um gás novo à sua campanha, que vem caindo nas pesquisas, e que perdeu ainda mais força com a não confirmação da participação do ex-presidente Lula nos eventos programados pela coordenação de campanha.
As informações dão conta de que o atual ministro da Saúde, Alexandre Padilha, desembarcará no Recife no próximo dia 20. Com o programa Clínicas da Família, cujas unidades ainda não foram construídas na Capital, o senador pretende deixar claro à população que não terá maiores dificuldades para captar recursos. E, neste caso, trata-se de uma área, ao lado da segurança pública, a qual os recifenses estão mais insatisfeitos. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também integra a lista do candidato petista.
Enquanto Lula não confirma sua vinda à capital pernambucana, o postulante almeja mostrar que sua articulação política encurta o caminho para a concretização de seus objetivos relacionados à gestão administrativa, caso seja eleito. Uma tecla que vem sendo batida constantemente é reafirmar que a experiência política de Humberto Costa - nas Câmaras Federal e Municipal, Assembleia Legislativa do Estado (Alepe), Senado Federal, Secretaria Estadual das Cidades, Secretaria Municipal e Ministério da Saúde – têm mais peso que a história de Geraldo Júlio, que nunca exerceu nenhum cargo eletivo.
Ao mesmo tempo, as cutucadas em Geraldo Júlio não param. Mas, agora, as alfinetadas estão mais severas. Na última apresentação do guia eleitoral, a equipe de Humberto Costa está tentando desconstruir o candidato Geraldo Júlio, alegando que o mesmo, indevidamente, amplia seu currículo atribuindo para si a execução de alguns projetos.
Entram nesta lista, por exemplo, o Pacto pela Vida, que segundo o guia, foi coordenado pelo sociólogo José Luiz Ratton, e a fábrica da Fiat, em Goiana, Zona da Mata Norte, fruto de uma articulação entre o ex-secretário estadual de Desenvolvimento Econômico e o hoje ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho.
Sobre este assunto, um alto integrante do PSB socialista comentou que “a campanha de Humberto Costa está chegando ao desespero. Desde as eleições de 1988, quem partiu para este tipo de ação, com ataques desta natureza, acabou perdendo o pleito. É o que vai acontecer agora”, observou.
Paralelamente, integrantes do PT querem que a participação do ex-prefeito e atualmente candidato a vice, João Paulo, seja mais “viva”. A partir daí, abre-se uma nova expectativa sobre os impactos que isso terá na campanha de Costa. É sabido que, até o momento, o alto grau de popularidade de Lula não foi um instrumento para manter o senador na liderança das pesquisas eleitorais. E no caso de um ex-gestor que deixou o governo com quase 90% de aprovação? Até o momento este impacto também não tem refletido nas pesquisas de opinião.
Agora, é esperar para ver o que vai ser do PT nessa reta final de campanha e se as estratégias de constantes ataques a Geraldo Júlio somadas ao peso que o nome de João Paulo tem em meio ao eleitorado recifense serão suficientes para fazer de Humberto Costa vitorioso nessas eleições.
Nota do Editor: Ontem o senador Humberto Costa e o Deputado Federal João Paulo tiveram uma longa conversa com Lula, testemunhada por Rochinha. Não sei se há muito coisa a fazer diante do quadro, como já informamos em outras ocasições. A presença de Lula term sido constantemente posta em dúvida, ora em razão de seus problema de saúde, ora em razão das contingências políticas que estão em jogo, como a de ter que explicar porque o Recife e não outras cidades onde o partido enfrenta as mesmas dificuldades. Por outro lado, os grãos-petistas começam a por em dúvida as reais possibilidades de mudança do quadro com a presença de Lula. Consideramos que a situação do Recife já está definida, uma vez que Eduardo Campos, aparentemente, apesar de se constituir numa alternativa real de poder, refreou suas aspirações, deixando Lula, Dilma e caciques do PT mais tranquilos. A bem do It's true, acho que não interessa mais a Lula vir ao Recife. Seus problemas maiores com o Eduardo não estavam relacionados às querelas com o PT, mas, sobretudo, em razão de suas ambições pelo Planalto.
Nota do Editor: Ontem o senador Humberto Costa e o Deputado Federal João Paulo tiveram uma longa conversa com Lula, testemunhada por Rochinha. Não sei se há muito coisa a fazer diante do quadro, como já informamos em outras ocasições. A presença de Lula term sido constantemente posta em dúvida, ora em razão de seus problema de saúde, ora em razão das contingências políticas que estão em jogo, como a de ter que explicar porque o Recife e não outras cidades onde o partido enfrenta as mesmas dificuldades. Por outro lado, os grãos-petistas começam a por em dúvida as reais possibilidades de mudança do quadro com a presença de Lula. Consideramos que a situação do Recife já está definida, uma vez que Eduardo Campos, aparentemente, apesar de se constituir numa alternativa real de poder, refreou suas aspirações, deixando Lula, Dilma e caciques do PT mais tranquilos. A bem do It's true, acho que não interessa mais a Lula vir ao Recife. Seus problemas maiores com o Eduardo não estavam relacionados às querelas com o PT, mas, sobretudo, em razão de suas ambições pelo Planalto.
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Nota Oficial do Candidato Roberto Numeriano.
"Não há Direito para o pobre. Ao rico tudo é permitido". (Letra da "Internacional Comunista", hino internacional dos trabalhadores)
No domingo à noite, dia 09, fomos barrados no debate da RedeTV, que não nos convidou, mas, por força de uma liminar concedida pelo juiz eleitoral, ganhamos o direito de participar. A mesma liminar foi cassada depois, e por isso ficamos de fora. Nunca me encantei pelo Direito e suas formalidades porque, nunca sociedade de classes, as leis e a maior parte das decisões judiciais são feitas conforme a ideologia dominante dos magistrados (em geral, gente de direita e até reacionária que, quando jovem, nos bancos universitários, exibe tintas liberais, mas depois, talvez por conta de um "complexo das origens pobres", começa a pensar conforme os patrões togados). Esse dado é produto de várias pesquisas de mestrado e doutorado. Não sei e não me interessa o nome de quem cassou a liminar. Mas o fato é que não devemos esperar muito de um Direito exercido sob o peso do capital privado, sobretudo na esfera pública. Esse "Direito" dos ricos sempre encontra uma "brecha", um argumento supostamente jurídico para embasar o que até pode ser "legal", mas em essência é ilegítimo.
Foi o caso flagrante de ontem, quando fomos barrados. Estávamos lá para discutir a cidade, o Recife e as demandas de seus habitantes, conforme a crítica e o projeto de sociedade da Frente de Esquerda PCB-PSOL, que sem dúvida é a única que rompe, no conceito e na prática, com a apropriação privada do interesse público recifense, com o controle privado por parte de empresas (construtoras, concessionárias de ônibus, entidades patronais, grandes empresários do comércio e indústria), que hoje definem e decidem o que deve ser o Recife e a vida do recifense. Esse poder econômico escarnece da democracia, mesmo formal, conquistada a duras penas por militantes sociais e políticos de várias gerações. Esse poder corrupto, desumano e degenerado impõe quando, o que e onde devemos falar. Esse poder reacionário abusa da liberdade de expressão para ser contra a liberdade de expressão.
A RedeTV, dentre outras, se arvora no direito de negar a voz de quem quer falar aos recifenses. Se alguma lei assim permite, devemos dizer que esse direito é ilegítimo, porque autoritário. Se alguma lei nos impõe o silêncio, devemos protestar e gritar, pois essa lei é fascista e merece total desobediência civil. Peço que boicotem a programação de todas as emissoras de rádio e TV que não respeitam o direito de candidatos iguais disputarem em condições de igualdade o voto do recifense. Ingressei aos 21 anos na militância política, ainda sob a ditadura militar. Não admito ter lutado tanto, junto com meu Partido ( o PCB, que teve dezenas de militantes mortos e desaparecidos na luta pela democracia), para ter cassado o meu direito de debater a cidade com o povo recifense. Como cidadão recifense, jornalista, político, cientista político e professor estou revoltado e indignado, sobretudo pela humilhação imposta pela RedeTV, que, embora sabendo da cassação da liminar, solenemente nos ignorou no hall do Empresarial JCPM, cujos seguranças, quando abríamos a cancela para obter explicações (pois, de fato, nos tratavam com solene desprezo), vieram acintosa e rispidamente nos barrar, como uma ameaça velada de que nos bateriam se passássemos da cancela. Estávamos com uma liminar na mão e fomos tratados como invasores, como bandidos. Não basta a humilhação da mídia impressa, que nos "invibiliza" diariamente?
E o fato é que as redes de emissoras de rádio e TV, além dos jornais, são concessões públicas. O Estado Democrático de Direito, se estivéssemos numa democracia verdadeira, deveria garantir o acesso igualitário a esses meios, para o debate livre e democrático de idéias. Mas garante, desde que a voz fique amestrada, fale nos termos da ordem burguesa autoritária e restritiva de direitos, como o direito e garantia fundamental da expressão da opinião. Essa é, concretamente, a democracia dos ricos, dos poderosos, da elite corrupta que tornou nossa cidade degradada, uma cidade capturada por grupos empresariais que imaginam calar para sempre a voz do povo recifense. Esse Império do Mal, esse banquete de horrores, um dia vai cair. Todos os impérios caem, não será esse, sob esse Direito feito para a elite escarnecer dos outros, que vai durar para sempre. O povo sempre percebe, cedo ou tarde, o que está em jogo.
Perdoem, caros recifenses, meu desabafo e indignação. Mas há momentos em que ou falamos ou sufocamos sob o peso de tanta injustiça política, moral e jurídica. Peço que divulguem pela rede esse protesto.
Roberto Numeriano é candidato da Frente de Esquerda PCB-PSOL.
No domingo à noite, dia 09, fomos barrados no debate da RedeTV, que não nos convidou, mas, por força de uma liminar concedida pelo juiz eleitoral, ganhamos o direito de participar. A mesma liminar foi cassada depois, e por isso ficamos de fora. Nunca me encantei pelo Direito e suas formalidades porque, nunca sociedade de classes, as leis e a maior parte das decisões judiciais são feitas conforme a ideologia dominante dos magistrados (em geral, gente de direita e até reacionária que, quando jovem, nos bancos universitários, exibe tintas liberais, mas depois, talvez por conta de um "complexo das origens pobres", começa a pensar conforme os patrões togados). Esse dado é produto de várias pesquisas de mestrado e doutorado. Não sei e não me interessa o nome de quem cassou a liminar. Mas o fato é que não devemos esperar muito de um Direito exercido sob o peso do capital privado, sobretudo na esfera pública. Esse "Direito" dos ricos sempre encontra uma "brecha", um argumento supostamente jurídico para embasar o que até pode ser "legal", mas em essência é ilegítimo.
Foi o caso flagrante de ontem, quando fomos barrados. Estávamos lá para discutir a cidade, o Recife e as demandas de seus habitantes, conforme a crítica e o projeto de sociedade da Frente de Esquerda PCB-PSOL, que sem dúvida é a única que rompe, no conceito e na prática, com a apropriação privada do interesse público recifense, com o controle privado por parte de empresas (construtoras, concessionárias de ônibus, entidades patronais, grandes empresários do comércio e indústria), que hoje definem e decidem o que deve ser o Recife e a vida do recifense. Esse poder econômico escarnece da democracia, mesmo formal, conquistada a duras penas por militantes sociais e políticos de várias gerações. Esse poder corrupto, desumano e degenerado impõe quando, o que e onde devemos falar. Esse poder reacionário abusa da liberdade de expressão para ser contra a liberdade de expressão.
A RedeTV, dentre outras, se arvora no direito de negar a voz de quem quer falar aos recifenses. Se alguma lei assim permite, devemos dizer que esse direito é ilegítimo, porque autoritário. Se alguma lei nos impõe o silêncio, devemos protestar e gritar, pois essa lei é fascista e merece total desobediência civil. Peço que boicotem a programação de todas as emissoras de rádio e TV que não respeitam o direito de candidatos iguais disputarem em condições de igualdade o voto do recifense. Ingressei aos 21 anos na militância política, ainda sob a ditadura militar. Não admito ter lutado tanto, junto com meu Partido ( o PCB, que teve dezenas de militantes mortos e desaparecidos na luta pela democracia), para ter cassado o meu direito de debater a cidade com o povo recifense. Como cidadão recifense, jornalista, político, cientista político e professor estou revoltado e indignado, sobretudo pela humilhação imposta pela RedeTV, que, embora sabendo da cassação da liminar, solenemente nos ignorou no hall do Empresarial JCPM, cujos seguranças, quando abríamos a cancela para obter explicações (pois, de fato, nos tratavam com solene desprezo), vieram acintosa e rispidamente nos barrar, como uma ameaça velada de que nos bateriam se passássemos da cancela. Estávamos com uma liminar na mão e fomos tratados como invasores, como bandidos. Não basta a humilhação da mídia impressa, que nos "invibiliza" diariamente?
E o fato é que as redes de emissoras de rádio e TV, além dos jornais, são concessões públicas. O Estado Democrático de Direito, se estivéssemos numa democracia verdadeira, deveria garantir o acesso igualitário a esses meios, para o debate livre e democrático de idéias. Mas garante, desde que a voz fique amestrada, fale nos termos da ordem burguesa autoritária e restritiva de direitos, como o direito e garantia fundamental da expressão da opinião. Essa é, concretamente, a democracia dos ricos, dos poderosos, da elite corrupta que tornou nossa cidade degradada, uma cidade capturada por grupos empresariais que imaginam calar para sempre a voz do povo recifense. Esse Império do Mal, esse banquete de horrores, um dia vai cair. Todos os impérios caem, não será esse, sob esse Direito feito para a elite escarnecer dos outros, que vai durar para sempre. O povo sempre percebe, cedo ou tarde, o que está em jogo.
Perdoem, caros recifenses, meu desabafo e indignação. Mas há momentos em que ou falamos ou sufocamos sob o peso de tanta injustiça política, moral e jurídica. Peço que divulguem pela rede esse protesto.
Roberto Numeriano é candidato da Frente de Esquerda PCB-PSOL.
domingo, 9 de setembro de 2012
Cristovam Buarque: O PT envelheceu
Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
Senador Cristovam Buarque (PDT-DF) participou de ato de campanha em apoio ao candidato Geraldo Julio (PSB) à Prefeitura do Recife e criticou a postura adotada pelos petistas na campanha; parlamentar avaliou sentimento da população em relação ao PT como “esgotamento”
08 de Setembro de 2012 às 17:48
PE247 - Quem prestigiou a campanha do candidato à Prefeitura do Recife pelo PSB foi o senador Cristovam Buarque (PDT-DF). Durante uma caminhada neste sábado (8) na Zona Norte da capital pernambucana, ao lado do prefeiturável e do governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, o parlamentar criticou o processo de desconstrução do PT em relação ao à chapa que seu partido integra, dizendo que avalia a atitude dos petistas como um processo de “esgotamento”.
“Em física, se chama fadiga de material. Em política se chama esgotamento. As caras ficaram velhas e o PT envelheceu”, cutucou o pedetista. Além disso, o senador também afirmou que “o Recife não é o quintal de São Paulo”, além de reforçar que PDT e o PSB não são “vassalos” dos petistas.
“Vim aqui para dizer a vocês a responsabilidade de cada um nesse momento. O Brasil inteiro está observando”, continuou. Apesar do discurso, Cristovam acredita que não há afronta na disputa entre o PSB e PT no âmbito federal e que isso não irá interferir na relação com o governo Dilma e com o ex-presidente Lula. “A presidente não pode dizer que o Brasil é do PT. O Brasil é dos brasileiros”, finalizou.
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