pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Crônicas do Cotidiano: Os caranguejos dos manguezais da PB-008.
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sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Crônicas do Cotidiano: Os caranguejos dos manguezais da PB-008.


Há poucos dias, por gentileza de um grande amigo, coisa rara hoje em dia, recebemos o arquivo de uma dissertação de mestrado que trata da comunidade Quilombola do Gurugi, na cidade do Conde, na Paraíba. Há na comunidade um museu de terra preta, que ainda conserva as velhas tradições arquitetônicas da época dos quilombos tradicionais, ou seja, a entidade funciona numa casa de pau a pique ou casa de taipa, como quiserem. Ao longo do texto, nos deparamos com alguns relatos dos moradores locais, entrevistados pelo pesquisador. Em determinado momento, eles fazem referência ao Rio Gramame, que corta a comunidade e encontra-se com o oceano numa enseada de tirar o fôlego. 

No passado,  bem distante por certo, suas águas eram tão transparentes que dava para se enxergar uma agulha no seu leito. Hoje, mesmo em áreas rurais, seria quase impossível encontrar um rio que guarde ainda essas  características. O Rio Gramame é um dos mananciais utilizados para o abastecimento de água da capital João Pessoa. Cidade que ainda preserva boa parte dos seus mananciais de florestas.  Neste sentido, a capital do estado vai muito bem obrigado. Quando um gestor público resolveu construir o manancial, logo disseram que a capital já tinha água demais. Hoje se vê o acerto da medida, uma vez que a segurança hídrica da capital é absoluta. 

No mês de Janeiro, que corresponde às férias das crianças, circulamos muito por aquelas bandas, onde as paradas para a compra de frutas nas inúmeras barracas da PB-008, são obrigatórias. Cajus, Mangabas, Manga Espada, Jacas, Seriguelas, a variedade é enorme. O período coincide também com outro espetáculo. É a época de reprodução dos guaiamuns e dos caranguejos uçás. Como a PB-008 corta o manguezal, de um lado e do outro, não é incomum encontrá-los fazendo a travessia para o ritual de acasalamento. Aquilo que seria um espetáculo da natureza, torna-se triste por dois motivos. Embora sob a proteção do período de defeso, alguns desses crustáceos são esmagados pelos carros que passam no local. Outros tantos são capturados pelos motoristas, que estacionam os seus carros no acostamento e enchem vasilhas com caranguejos e guaiamuns para saborearem com cerveja quando chegam aos seus destinos, numa das tantas praias do litoral sul do estado. Talvez fosse o caso de os órgãos de fiscalização ambiental apertarem o cerco naquele trecho

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