O Jornal do Commércio traz, no dia de hoje, 07, um artigo do professor emérito da Universidade Federal de Pernambuco, Flávio Brayner, onde ele discute um tema polêmico, o fim dos intelectuais. Recomendamos o artigo, uma vez que o professor realiza, com base em boa bibliografia, um apanhado histórico sobre como se comportaram essas personas em diversos momentos da História, sejam na militância nas ruas de Paris, sejam protegidos na redoma ou muros da tradicionalíssima Sorbonne. Observa Brayner que o campo dos intelectuais hoje - expressão bourdieusiana - se resume aos salões, aos pares. Escrevendo para os pares, lidos pelos pares, avaliados pelos pares, através dos expedientes específicos, como o currículo lattes, que late mas não morde, como diria outro grande intelectual da UFPE, o professor Michel Zaidan Filho.
Lembra o professor Brayner que Sartre foi o último desses intelectuais que mantinham uma preocupação e engajamento social e saíam da proteção da redoma acadêmica. Sartre sempre defendeu que a missão do intelectual era a de assumir responsabilidades coletivas. Sartre foi muito coerente neste sentido. A foto acima é em Outro Preto, Minas Gerais, quando ele esteve no país na década de 60, depois das indisposições com o Governo Francês, em razão de apoiar a luta de libertação do povo argelino. À época, depois de tomar o tradicional licor de pitangas no bairro de Apipucos, Sartre proferiu uma palestra na UFPE, onde entrou numa grande polêmica em torno de literatura popular e erudita. No romance Chaminés Dormentes, que pode ser lido ou adquirido na plataforma Amazon, relatamos alguns aspectos da passagem do filósofo pelo Recife, onde ele se apaixonou por sua tradutora pernambucana, estranhamento produzindo uma reação inusitada em Simone de Beauvoir.
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