pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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sexta-feira, 23 de maio de 2014

Tijolaço: Quando se cai na real, a conversa sobre a Copa é outra

23 de maio de 2014 | 08:55 Autor: Fernando Brito

graficocopa
Com anos de atraso, a Folha publica hoje um levantamento feito pelos repórteres Gustavo Patu, Dimmi Amora e Filipe Coutinho que, como e diz nas conversas informais, “baixa a bola” dos “gastos absurdos com a Copa do Mundo”.
É o que dá ter raros momentos de jornalismo correto na mídia brasileira, porque não é nenhum “furo”, mas apenas a compilação de dados que são e sempre foram públicos.
A começar pela abertura do texto escrito pelos três:
Mesmo mais altos hoje do que o previsto inicialmente, os investimentos para a Copa representam parcela diminuta dos orçamentos públicos.
Alvos frequentes das manifestações de rua, os gastos e os empréstimos do governo federal, dos Estados e das prefeituras com a Copa somam R$ 25,8 bilhões, segundo as previsões oficiais.
O valor equivale a, por exemplo, 9% das despesas públicas anuais em educação, de R$ 280 bilhões.
Em outras palavras, é o suficiente para custear aproximadamente um mês de gastos públicos com a área.
E eles próprios se encarregam de dizer que nem sequer é assim, porque estes gastos diluíram-se pelos últimos sete anos e, sobretudo, porque uma parte ( a maior parcela, 32%) é feita com financiamentos de bancos públicos (quase toda do BNDES) e vai retornar.
Adiante falarei dela.
Bem, do gráfico publicado, conclui-se que o Governo Federal gastou R$ 5,8 bi diretamente com a Copa: R$ 2,7 bi na modernização e ampliação dos aeroportos, R$ 1,9 em segurança pública – quase tudo equipando, a fundo perdido, as polícias estaduais -, R$ 600 mil em portos, R$ 400 mil em telecomunicações  e R$ 200 milhões em gastos diversos.
Aeroportos e portos, além de serem serviços públicos essenciais ao desenvolvimento econômico, geram receitas de tarifas e concessões.
Nenhum tostão, como você vê, em estádios.
Do dinheiro dos estádios, um total de R$ 8 bilhões, perto da metade veio de financiamentos federais, através do BNDES, de duas formas: debêntures e empréstimos.
Debêntures são “letras” financeiras e, no caso do estádio, seus tomadores pagam 6,2%% de juros mais a inflação do período.
No caso dos empréstimos, os tomadores, além de oferecer garantias, têm de pagar  TJLP (taxa de juros de longo prazo), que de 2009 para cá variou entre 6,25% e 5%, mais  1,4% (taxa  BNDES + intermediação financeira), mais risco de crédito (até 4,18%), além da taxa que o o tomador pagará a o banco operar o crédito. No total, portanto, pagam juros muito semelhantes (em geral um pouco maiores, em alguns momentos frações de centésimo menores) que a taxa de juros com que o Governo capta dinheiro no mercado.
Isso quer dizer que não houve empréstimo subsidiado pelo Governo Federal?
Sim, houve,  maiores. E continuam existindo, independente de Copa.
São os recursos para obras de mobilidade urbana que, só nos empreendimentos ligados à Copa, receberam  R$ 4,4 bilhões.
Como é isso: o BNDES financia contrando TJLP + 2% no caso de o empréstimo ser tomado por Estados e Municípios ou por TJLP + 1% + risco de crédito de até 4,18% no caso do financiamento ser feito por empresa privada.
Convenhamos que  é uma forma muito mais adequada de o banco usar seus recursos em favor da população do que, como fez em 2002, aplicar R$ 281 milhões (R$ 1 bilhão, hoje, corrigidos pela taxa Selic) na Net, então propriedade dos Marinho (a família mais rica do Brasil), que estava enforcada de dívidas.
No caso dos Estados e Municípios, a grande maioria, boa parte dos gastos vem  das contrapartidas locais para obras de mobilidade (R$ 2,4 bi, ou 41%) e os restantes R$ 3,3 bilhões em gastos diretamente com obras dos estádios e com as do seu entorno (ruas, praças, pátios, passarelas).
Os números insuspeitos publicados pela Folha vêm na mesma linha daquilo que ontem se comentou aqui.
Tirando os gastos imprevistos de três governos estaduais (Sérgio Cabral , com o Maracanã, Agnelo Queiroz, com o Mané Garrinha e Aécio Neves-Anastasia como Mineirão, que começou as obras ainda na gestão do atual candidato do PSDB à Presidência), os outros dois estádios que custaram muito mais do que o inicialmente previsto, o Beira-Rio e o Itaquerão, foram  tocados pela iniciativa privada.
Há uma hidrofobia de direita implantada na mídia e em parte da classe média que eclipsa qualquer capacidade de exame racional dos fatos.
Se eu fosse um obtuso irracional, que não reconhecesse o direito de uma categoria profissional essencialíssima , como a dos professores, poderia dizer que se gastou muito mais que aquele “um mês”  de Educação que a Copa custou com as greves e paralisações (em geral, justas) do magistério.
E isso seria uma apelação, porque eu estaria colocando nos direitos dos professores a “culpa” das nossas históricas carências no setor.
Colocar na Copa a “culpa” pelos problemas da educação, da saúde, da assistência social, da habitação é, igualmente, uma estupidez.
Que só tem um fundamento, embora a maioria dos que fazem isso não o percebam: as eleições.

(Escrito por Fernando Brito, publicado originalmente no Tijolaço)

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Dilma vence no primeiro turno, aponta nova pesquisa IBOPE

Números extraoficiais, vazados pela coluna Radar, de Lauro Jardim, apontam a presidente Dilma Rousseff com 40%, contra 20% de Aécio Neves e 11% de Eduardo Campos. Os três teriam crescido em relação à pesquisa anterior, reduzindo o percentual de indecisos, brancos e nulos

dilma campos aécio eleições 2014
Os números da pesquisa Ibope, que será divulgada nesta noite, acabam de vazar. Os dados, extraoficiais, foram divulgados pela coluna Radar, e apontam vitória da presidente Dilma Rousseff em primeiro turno. Leia abaixo:
A pesquisa que o Ibope divulga hoje à noite dará alegria a todos os candidatos. Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos sobem em relação à última pesquisa Ibope, do dia 29 de abril.
Nela, Dilma aparecia com 37%, Aécio com 14% e Campos com 6%. Agora, Dilma surgirá na faixa dos 40%, Aécio no patamar de 20% e Eduardo Campos sobe aos dois dígitos, em torno dos 11%.
Em comparação com o Datafolha de duas semanas atrás, poucas mudanças. Aécio e Campos, quando se coteja as duas pesquisas, estão do mesmo tamanho. E Dilma teria crescido um pouco, fruto do momento em que as entrevistas foram feitas – imediatamente após os programas de TV do PT e no auge da supreexposição de uma campanha publicitária em que o governo exibia suas obras.
De agora até o fim da Copa, é mais do que improvável que estes números mudem – exceto, claro, se acontecer algo muito significativo durante o evento. Ou seja, é com esses números que os três principais candidatos começarão a disputa em agosto, quando sobe a temperatura de campanha.
Com os números já tornados públicos, o dia será de intensa movimentação no mercado financeiro. Ao contrário do Sensus e do Datafolha, o Ibope não chancela a possibilidade de segundo turno.
A julgar pelas movimentações anteriores, que provocaram altas das ações quando a presidente caiu, a tendência, nesta quinta-feira, seria de baixa na BM&FBovespa.
Em nome da prudência, e do respeito aos investidores, o Ibope, de Carlos Augusto Montenegro, deveria confirmar – ou não – os resultados, antecipando a divulgação da pesquisa. Caso contrário, dará margem à interpretação de que permitiu que a pesquisa fosse usada por especuladores.
247 e Radar Online
(Publicado originalmente no Pragmatismo Político)

Cais José Estelita: O urbanista do Recife é o capital



(Isso corre o risco de acabar...pode?)

Na calada da noite, a construtura Moura Dubeux iniciou o processo de demolição dos armazéns do Cais José Estelita, para inicio de um mega projeto imobiliário. Aconteceu de tudo. "Carteirada" de vereador; agressões aos militantes que para lá se dirigiram com o intuito de protestarem; especulações sobre a lisura do alvará que autoriza a demolição; a evidente promiscuidade entre poder público e iniciativa privada quando está em jogo investimentos imobiliários no Recife e, pasmem, até mesmo aqueles que estão batendo palmas para o ocorrido, festejando um Novo Recife que vem por ai. A atitude do vereador Raul Jungmann - muito elogiada até mesmo por militantes de esquerda - não merece a nossa aprovação, posto que se trata de uma atitude de puro oportunismo político. Na realidade, como bem descreveu um colega, Raul é uma espécie de personagem à procura de alguém que o leve a sério. Impressionante o contorcionismo político desse cidadão. Sua "carteirada", observo, está sendo muito criticada pelas redes sociais. O "cale a sua boca" - dirigido, segundo dizem, pelo vereador a um segurança que trabalhava no local, em qualquer circunstância, não pega bem. A advogada do grupo "Direitos Urbanos", Liane Cerne, já  estaria tomando as providências atinentes ao militante do grupo que teria sido agredido pelos seguranças da Construtora Moura Dubeux. Fica escancarada uma relação profundamente lesiva ao interesse público, estabelecida entre iniciativa privada e poder público. A engenharia é perversa, passando por cima de ideologias e qualquer coisa que o valha. Agora se discute, como se isso fizesse muito sentido, o fato de que essas negociações foram iniciadas pela gestão do PT, passando pelo PSB. Na realidade, trata-se, lembrando Gilberto Freyre (com Y) de uma inhaca residual presente na gestão pública brasileira. Difícil de remover. São licitações viciadas, nomeação de pessoas de confiança desses grupos privados para os chamados "conselhos", indicações de DAS para atuarem na administração pública, além de outros expedientes que preferimos nem comentar. Soma-se a isso os "coxinhas" de plantão, que ocupam seus espaços na imprensa para aplaudirem essas atitudes. Logo, logo, Recife será reservada apenas para aqueles cidadãos-consumidores, com acesso aos bens de consumo, protegidos pelo Pacto pela Vida. No contexto de uma política higienista, sua população mais empobrecida, gradativamente, vem sendo "tangida" para a periferia. É profundamente lastimável que o poder público - que deveria zelar pelos cidadãos consumidores ou não-consumidores - faça esse jogo nojento dessa nova face imposta pelo capital. Bem afirmou aquele grafiteiro, num muro do Hospital Ulisses Pernambucano: O urbanista do Recife é o capital.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Sartori: Quando a direção sindical não representa a categoria; secretário de Hadda fala em "sabotagem".

publicado em 21 de maio de 2014 às 12:37
Foto Nelson Antoine
terça-feira, 20 de maio de 2014
Sindicatos comandados por pelegos cada vez menos representativos
Motoristas cruzam os braços em São Paulo sem apoio do sindicato da categoria.
Na semana passada os motoristas e cobradores de ônibus do município do Rio de Janeiro fizeram dois dias de greve. Foi um movimento não encampado pelo sindicato da categoria, que já tinha negociado com os proprietários das empresas de ônibus e inclusive aprovado em assembléia um índice de aumento que uma parte significativa da categoria não aceitou e resolveu se organizar em uma greve paralela, utilizando-se de piquetes, fechamento de vias de acesso, terminais e garagens.
Esta situação também se repetiu ontem, 20/05, em São Paulo, depois que uma parte dos trabalhadores não concordou com o acordo firmado entre trabalhadores e patrões e partiu para uma paralisação organizada em um movimento espontâneo paralelo, que acabou por causar um verdadeiro caos no município.
Em ambas situações as autoridades municipais foram “pegas” de surpresa.
Alguns anos atrás acompanhei uma eleição para o sindicato dos condutores em Campinas. A oposição estava muito bem organizada, só era possível ver a campanha eleitoral deles na rua, não aparecia nada da situação, tudo parecia indicar que a oposição seria vitoriosa.
Depois fiquei sabendo pelos motoristas e cobradores da chapa de oposição que nos dias da eleição apareceram motoristas e até mesmo pessoas se dizendo motoristas, que eles nem sabiam que existiam. Resultado: a situação saiu vencedora.
Os membros da oposição denunciaram aquilo que seria a fraude, mas não aconteceu nada. Faz tempo que a imprensa faz o jogo dos proprietários das empresas de ônibus.
As oposições sindicais se organizam e vencem as eleições, porém não levam, porque são “derrotadas” por arranjos ilegais.
Assim, pelegos que não representam  mais a totalidade da base dos sindicatos que comandam, permanecem negociando em nome de uma categoria de trabalhadores, que na realidade quer vê-los pelas costas há muito tempo.
É exatamente isso que está acontecendo com os sindicatos dos condutores de São Paulo e do Rio de Janeiro.
As manifestações de junho e julho do ano passado mostraram que significativos setores da sociedade brasileira estão cada vez mais descrentes em governos, instituições e representações sociais no Brasil.
Nesse quadro, os sindicatos também estão inseridos, principalmente aqueles comandados por pelegos que perderam o rumo da história e teimosamente, de forma oportunista se negam a deixar o poder.
A perda de controle sobre a base sindical por parte dos pretensos dirigentes dos sindicatos dos condutores em São Paulo e no Rio de Janeiro é um sintoma desse novo momento que a sociedade brasileira vive.
Cansados de serem traídos e passados para trás os motoristas e cobradores estão partindo para fazer valer seus direitos com “suas próprias mãos”.
Simplesmente ignoraram o papel histórico e institucional de seus sindicados porque estes já há muito tempo não representam nada.
As autoridades públicas, principalmente na esfera municipal, terão que se adaptar à nova realidade e passar a buscar interlocução junto a estes novos líderes.
Caso contrário, continuaram sendo pegas de surpresa por movimentos espontâneos que são decorrentes da frustração de trabalhadores que, cada vez mais, perdem a confiança em seus sindicatos.
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Diretoria é surpreendida com atitude de alguns trabalhadores (as)
A direção do Sindicato dos Motoristas de São Paulo esclarece que foi surpreendida na manhã de hoje (20/05) com as manifestações realizadas na cidade por alguns trabalhadores (as) que se dizem contrários ao fechamento da Campanha Salarial 2014.
Ontem na Assembleia Geral, que ocorreu no final da tarde, mais de 4 mil trabalhadores (as) compareceram e aprovaram a proposta apresentada que foi de: 10% no salário; ticket mensal de R$ 445,50; PLR de R$ 850,00; melhoria dos produtos da cesta básica (o Sindicato irá determinar as marcas); 180 dias de licença maternidade; fim do Genérico e o reconhecimento da insalubridade, dando o direito a Aposentadoria Especial aos 25 anos de trabalho.
Além disso, ficou determinado a criação de uma Comissão para discutir outras questões como convênio médico, situação do setor de manutenção, ou seja, dar continuidade na resolução de problemas enfrentados pela categoria.
O Sindicato, através do seu presidente Valdevan Noventa e da sua diretoria, irá verificar de onde partem essas manifestações e o motivo real que levou os trabalhadores (as) a tomarem essa atitude, principalmente porque foi logo após terem aceitado e aprovado a proposta em Assembleia.
Sindicato dos Motoristas de São Paulo
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‘Paralisação de ônibus em SP é sabotagem’, diz secretário de Transportes
Motoristas e cobradores de ônibus mantêm paralisação em São Paulo. Jilmar Tatto diz que ‘líderes não aparecem’
21/05/14 – 7h15
SÃO PAULO – A Prefeitura de São Paulo não deu garantias de que haverá ônibus em circulação na cidade de São Paulo, no fim da tarde desta quarta-feira. Motoristas e cobradores de ônibus mantêm a paralisação do serviço, com bloqueios em trechos de avenidas importantes da capital, como Brigadeiro Faria Lima e Rebouças. A circulação dos coletivos está afetada nas regiões Norte, Sul e Oeste da cidade. Dez garagens de cinco empresas permanecem fechadas. Dez terminais de ônibus estão fechados. O rodízio de veículos está suspenso. O secretário de municipal de Transportes, Jilmar Tatto, não classifica a paralisação como greve, mas como sabotagem, já que “os líderes não aparecem”.
O superintendente Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo Luiz Antônio Medeiros irá à garagem da Viação Santa Brígida, na Vila Jaraguá, na tarde desta quarta-feira, para negociar com os grevistas. Já Tatto, também à tarde, se reúne com o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, para definirem uma estratégia de tirar os ônibus estacionados nas ruas, que atrapalham o trânsito.
– Nunca vi greve depois do dissídio. Teve negociação salarial, teve assembleia e dissídio. Estava resolvido. Soa estranho, os líderes não aparecem – disse Jilmar Tatto em entrevista à TV Globo. Questionado se haverá ônibus para os usuários do transporte público no final do dia, Tatto disse apenas que “espera que isso aconteça e que a cidade não pode conviver com isso”.
Pelo segundo dia, a cidade enfrenta problemas. O engarrafamento às 7h já chegava aos 65 km de lentidão, acima da média para o horário. Neste período, o índice máximo esperado pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) é de 47 km de ruas e vias congestionadas. Ao menos oito ônibus parados propositalmente interditam os dois sentidos da Avenida Guarapiranga, na altura da Avenida Guilherme Valente, Zona Sul de São Paulo. O fluxo na via só foi liberado às 6h30.
As empresas Santa Brígida, Via Sul, Gato Preto, Sambaíba e Vip M’Boi Mirim não estão funcionando. A Transpass funciona parcialmente. A Campo Belo, que tinha parado no início da manhã, voltou a funcionar também por volta das 7h. No Terminal Lapa, na Zona Oeste, está bloqueado. Os ônibus continuam estacionados, muitos deles sem as chaves, bloqueando a saída. Motoristas e cobradores que chegaram para trabalhar continuam dentro do terminal.
Por volta das 10h, os motoristas começaram um protesto na região da Avenida Brigadeiro Faria Lima, segundo a CET. Um grupo ocupa duas faixas perto da Rua Cardeal Arcoverde. Outros dois grupos ocupam uma das faixas da Avenida Eusébio Matoso e uma da Avenida Rebouças, na altura da Brigadeiro Faria Lima. Na Zona Sul, a Avenida Pirajussara foi bloqueada por dois ônibus. Também na Zona Sul, no Jardim Ângela, motoristas e cobradores fazem uma manifestação na manhã desta quarta-feira. Eles estacionaram os ônibus e caminham no sentido centro.
Ônibus pichados
Os ônibus no Terminal Lapa amanheceram pichados com a frase “Fora Noventa”, em referência ao presidente do sindicato. Motoristas que apoiam o movimento afirmaram que o sindicato não deu tempo para que a proposta fosse analisada.
– Esse acordo é deles e não nosso. Ninguém teve tempo de analisar. Esse sindicato não nos representa – afirmou um motorista, que pediu para não ser identificado.
A assistente de logística Roseli Carvalho de Sousa, 40 anos, saiu de casa em Osasco, Grande São Paulo, às 5h e até às 8h20 ainda não havia conseguido chegar ao trabalho, na rodovia Anhanguera.
Ela reclama dos transtornos: — A gente entende que eles estão no direito deles de exigir aumento, mas quem sempre paga o preço somos nós.
A CET informou que o rodízio de veículos está suspenso e carros com placas finais 5 e 6 podem circular.
Desde a terça-feira, a cidade enfrenta o caos no transporte rodoviário, os problemas começaram quando um grupo de trabalhadores descontente com o acordo assinado entre o sindicato da categoria e empresários bloquearam as vias e obrigarammotoristas que estavam trabalhando a abandonar veículos nas ruas.
Eleição no sindicato teve tiroteio
Em julho do ano passado, o Sindicato dos Motoristas de São Paulo suspendeu, por uma semana, a eleição de seus diretores. Os sindicalistas estavam na sede para retirar as urnas, mas houve confusão, tiros e a eleição terminou com oito pessoas feridas. Na época, o presidente era Isao Hosogi (Jorginho), que disputava com Edivaldo Santiago da Silva e Valdevan Noventa. Noventa é o atual presidente.
PS do Viomundo: Este é um fenômeno a ser estudado. Greves espontâneas pipocaram nas obras das hidrelétricas de Santo Antonio e Jirau, de trabalhadores que não eram ou não se viam representados por lideranças. No Rio, o mesmo se deu com os garis da Comlurb. Será descrença em lideranças? Gente insuflando o caos? A ver.

(Publicado originalmente no site Viomundo)

A carta de Vladimir Safatle, professor de filosofia da USP, ex-candidato do PSOL ao Governo Paulista.

Vladimir Safatle, professor de filosofia da USP que postulava a candidatura ao governo paulista pelo PSOL está fora da disputa. Partido indicou o cartunista Gilberto Maringoni para seu lugar

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Vladimir Safatle (Reprodução)
Vladimir Safatle, professor de filosofia da USP que postulava a candidatura ao governo paulista pelo PSOL, está fora da disputa pelo Palácio dos Bandeirantes.
Irritado com a legenda e o processo de disputa interna, Safatle questiona o tratamento que recebeu e a relação com a direção do partido. No domingo (18.mai.2014), o diretório paulista do PSOL indicou o historiador e cartunista Gilberto Maringoni para seu lugar.
Segundo o professor, a candidatura ao governo paulista nunca foi uma prioridade para o partido e isso tornou o conflito “inevitável”. Ele diz que e-mails privados para a direção da legenda foram publicados sem a sua autorização, o que poderia abrir espaço para uma ação na Justiça.
Safatle compara o desfecho de sua pré-campanha a uma peça de teatro. “É uma comédia que todo mundo vê de longe, os caras da esquerda se matando como se as questões internas fossem as mais importantes do mundo, um vaudeville [gênero teatral] do século 19, mostrando mais uma vez que a esquerda não está madura para apresentar uma alternativa crível”, diz.
Leia abaixo a íntegra da carta de Safatle, originalmente publicada em Diário da Liberdade:
Carta de Vladimir Safatle aos militantes do PSOL
Eu gostaria de aproveitar esta espaço para falar aos militantes do PSOL, este conjunto impressionante de sujeitos conscientes de seu lugar na história de transformação pela qual nosso país passará. Gostaria de falar com vocês com a segurança de quem sabe que lutamos pelos mesmos desejos, que nos indignamos da mesma forma e com as mesmas intensidades. Queremos as mesmas coisas e, certamente, estaremos juntos por muito tempo. Tudo está apenas começando.
Sei que muitos de vocês se entusiasmaram com a possibilidade de minha candidatura a governador em São Paulo e se decepcionaram, alguns amargamente, quando leram uma “nota interna” do diretório estadual anunciando minha pretensa renúncia. Certamente, os motivos lhe pareceram ainda mais decepcionantes. Mais sei que muitos são conscientes de como uma história só mostra seu verdadeiro sentido quando juntamos todos os seus lados. E há um lado faltante que gostaria de acrescentar a essa história. Por isto, àqueles que fizeram um juízo sobre o que ocorreu, peço que o suspendam momentaneamente. A história é diferente daquela que circulou nos últimos dias e só não me manifestei imediatamente porque esperava que ela se resolvesse de outra forma.
Há alguns setores da esquerda que, em momentos de crise, preferem ressuscitar velhos personagens de romance político ruim, como o traidor, o egocêntrico que não se sacrifica como os outros, o infiltrado, o entusiasta ingênuo, entre tantos outros que vocês já viram mais de uma vez. Melhor seria compreender tais crises como exposição de problemas estruturais que precisam ser abordados de frente caso queiramos alcançar nossos objetivos de transformação social.
Fui convidado a candidatar-me pelo partido no segundo semestre do ano passado. Depois das manifestações de junho, eu e o partido estávamos de acordo da necessidade de uma intervenção no debate eleitoral brasileiro tendo em vista a defesa de uma pauta renovada de esquerda. Havia uma convergência a respeito da importância de dar tradução programática ao profundo descontentamento social no qual o Brasil entrou, principalmente desde 2013. Desde o momento que entrei no PSOL, em outubro do ano passado (e esta era a primeira vez na vida que entrava em um partido, o que demonstra a seriedade do ato e de minha implicação subjetiva), usei o tempo para construir seminários sobre desafios de governo, levar as ideias do partido à frente, participar de inúmeras atividades partidárias, avaliar a pertinência da candidatura a partir da conjuntura e conservar espaços na imprensa que me pareciam fundamentais para o debate que gostaríamos de fazer. A ideia de deixar a decisão para abril era a mais plausível. Vinte e quatro horas depois de me filiar ao PSOL fui mandado embora da TV Cultura. Temia que a aceitação prematura da candidatura fechasse ainda mais portas que usava para divulgar nossas posições na grande imprensa. Usei este tempo também para refletir sobre o significado de uma candidatura, sobre o que seria possível fazer e se, de fato, esta era a melhor escolha de atuação política.
A partir de meados de abril, começamos a discutir questões práticas como política de alianças e infraestrutura para a campanha. Desde o início eu insistira na importância de uma política ampla de alianças à esquerda. Engajei-me pessoalmente em discutir com partidos como PSTU e Rede nestes últimos meses. Conversei várias vezes com suas lideranças. As negociações com o PSTU prosperaram, o interesse em constituir uma frente de esquerda era claro. Para mim, a constituição de uma frente era condição fundamental para impor uma dinâmica sólida de mobilização na campanha e para inaugurar uma outra forma de fazer política que não fossem refém de interesses partidários imediatos. Por isto, insisti que seria melhor definirmos inicialmente a frente antes de lançarmos a candidatura. Sabia da resistência de certos setores do partido à ideia, mas não via como concebível recuar nas alianças se o próprio PSTU lançara um manifesto, o qual assinei, pedindo a constituição da frente.
Noto ainda que esta posição se referia apenas à situação em São Paulo. Nunca interferi ou sugeri o que deveria ser feito em outros estados, e seria delirante acreditar que falaria algo a respeito. Enxergava que uma frente de esquerda nacional seria a melhor resposta para a situação política atual. Continuo pensando que nada será feito neste país sem uma política efetiva de frente que supere a fragmentação fratricida e entediante à qual a esquerda parece querer sempre retornar. Ninguém precisa de uma política especular, na qual procuramos apenas espelhos de nós mesmos. Podemos atuar politicamente compondo com nossas dissonâncias. Sei que muitos de vocês também acreditam neste pensamento.
No entanto, ao discutirmos a infraestrutura descobri o ponto mais frágil. A “nota interna” emitida pelo diretório nacional a respeito de minha pretensa renúncia à candidatura expõe tal questão como se tratasse praticamente de um delírio megalomaníaco de minha parte. Ela passa a imagem de que o partido chegara a exaustão de suas possibilidades e de que eu fora completamente insensível a isto. Tal visão é simplesmente falsa.
Primeiro, a minha última palavra não foi de renúncia, mas de aceitar a oficializar a candidatura a partir do momento que o partido conseguisse assegurar condições mínimas para o embate. Foi o partido que entendeu não haver mais tempo e que melhor seria escolher outro nome. Ninguém faria diferente se, como eu, tivesse descoberto, pela primeira vez apenas em abril, não haver nada em caixa para a campanha e que apenas a televisão e o material gráfico estariam assegurados. Durante meses ninguém me alertara para isto, expondo a real situação apenas na reta final. Eu amo demais as ideias políticas para deixá-las naufragar por falta de planejamento estratégico mínimo.
Nós gostamos de dizer, como ouvimos pela primeira vez nos movimentos Occupy, que representamos “os outros 99%”. Mas para tanto não é possível, ao menos em São Paulo, continuar tendo 1% dos votos. Este 1% não nos representa e não temos o direito de nos acomodar a ele. Durante várias vezes que discuti a infra-estrutura para a campanha, ouvi que 2% de votos estaria bom. Não penso assim, acho esta raciocínio completamente equivocado e se pensasse desta forma, não teria aceito entrar no debate em torno da candidatura. Queria saber a quem interessa que nosso partido continue pequeno. Pensar assim é abrir o caminho para a desqualificação de nossas ideias, dar a impressão de que elas não falam com quase ninguém. Por isto, é verdade, agi como quem queria impedir o partido de se acomodar ao seu tamanho. Continuo acreditando que estava certo e espero que outros também o façam.
No entanto, creio que, no fundo, a candidatura para o governo não era uma prioridade do partido. Senão seria difícil explicar porque o diretório estadual nunca foi atrás de possíveis doadores que indiquei há semanas e porque ele nunca aceitou discutir com membros da frente, como o PSTU, que estavam claramente dispostos a contribuir financeiramente de maneira substancial para a viabilidade financeira da campanha. Durante quase um mês, nada foi feito para melhorar a situação de nossa infra-estrutura, mesmo depois que pedi um cuidado especial com isto. Só quando disse não aceitar a candidatura nessas condições que algo foi efetivamente feito. Sei que o diretório é composto de pessoas extremamente dedicadas e engajadas, muitas das quais tenho real admiração, mas creio que, por várias razões, ouve uma falta de sensibilidade à importância deste problema.
O que foi exigido por mim nos permitiria fazer o mínimo: organizar atividades, contratar uma pequena equipe de pessoas que eu poderia trazer para a campanha, acrescentando-a às forças do partido para auxiliar no planejamento da campanha, na comunicação, assessoria jurídica (pois fora alertado por amigos em outras campanhas que os processos se avolumariam), assessoria de imprensa e na inteligência (montagem de dossiers temáticos, checagem de dados, pesquisa sobre problemas). Eu sabia que essa campanha seria particularmente violenta, pois se a candidatura crescesse, partidos como o PT se voltariam de maneira maciça contra nós. Eu tinha informações de não ser para eles pensável permitir que uma alternativa de esquerda demonstre densidade eleitoral em São Paulo. O que queria era ter o mínimo de condições para suportar o processo com o mínimo de planejamento de longo prazo sem obrigar as pessoas envolvida e se submeterem a trabalho voluntários. Só.
Mas os últimos dias foram a prova de que eu estava correto. Enquanto a direção estadual tornou pública uma “nota interna” que colocava toda a responsabilidade do processo em minhas costas, eu mesmo ia atrás de recursos. Conversei com contatos que havia passado ao partido e que nunca foram procurados, conversei com o PSTU que se dispôs, de imediato, a contribuir com oitenta mil reais, sendo que poderiam conseguir mais caso fosse chamado para uma reunião, que ao final nunca houve, 
a fim de discutir a viabilidade financeira da campanha eleitoral. Ao final, eu conseguira sozinho metade do que precisávamos. Esperava ter a oportunidade de sentar com as inúmeras alas do partido e procurar destravar a situação.
No entanto, na última sexta descobri que, enfim o diretório estadual havia entrado em contato com pessoas, que eu mesmo indiquei há semanas, dispostas a ajudar financeiramente. Havia apenas um detalhe: eles entraram em contato para pedir auxílio a outro candidato a governador. Se as possibilidades do partido haviam chegado a exaustão, então porque só depois que minha candidatura foi descartada o diretório estadual procurou ir atrás de doadores que eu mesmo indicara? Qual o sentido de uma atitude desta natureza?
Como disse desde o começo, entrei no partido para ficar. Creio que esta é a melhor alternativa para construirmos uma nova esquerda no Brasil e deslocarmos o eixo do debate político. Eu aceitei colocar meu nome na disputa como uma “intervenção cidadã”. Não tenho interesse em constituir uma carreira política, sou um professor que gosta do que faz. Mas acredito que há momentos nos quais devemos entrar no debate público a fim de abrir portas para que outros possam passar por elas. Este, de fato, era meu objetivo. Por isto, não funciona comigo o cálculo das ações eleitorais que se acumulam. Isto faz sentido para quem quer construir uma carreira política. Meu objetivo era simplesmente ter as condições básicas para fazer uma boa campanha capaz de mostrar a densidade eleitoral que a esquerda pode ter. Sei que isto é possível e, não sendo desta vez, tenho certeza de que faremos isto em outro momento. De toda forma, o mais importante de tudo foi ter a oportunidade de me aproximar da militância e conhecer seus desejos, descobrir a riqueza de seu engajamento e compromisso. Este é o grupo do qual quero fazer parte. Como disse no início, tudo está apenas começando.

(Publicado originalmente no site Pragmatismo Político)

terça-feira, 20 de maio de 2014

"O inimigo interno é, no conceito de pacificação de hoje, o povo todo das favelas"

Tânia Rego/ABr
Para Maria Helena Moreira Alves, professora aposentada da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, que acaba de lançar o livro Vivendo no fogo cruzado, o Bope entra nas casas, arromba as portas, bate nas pessoas. Ela afirma que ouviu relatos de mulheres que falavam “Graças a Deus meu marido não estava em casa, porque quando tem homem eles matam”
20/05/2014
Viviane Tavares
do Rio de Janeiro (RJ)
O Brasil inteiro se acostumou a assis­tir, por anos a fio,a notícias da violência que caracterizava a vida de uma de suas cidades: em qualquer canto desse país, todo mundo sabia que, no Rio de Janei­ro, traficantes de drogas instalados nas favelas imprimiam um clima de guerra à população.
Em 2009, o Brasil inteiro recebeu, com otimismo, o anúncio de uma polí­tica que expulsaria o tráfico, ‘pacifican­do’ as favelas cariocas. Cinco anos de­pois, esse mesmo Brasil inteiro assiste, na tela da mesma TV, a cenas em que moradores dessas comunidades inter­ditam ruas, queimam pneus em protes­to e atacam a sede da Unidade de Po­lícia Pacificadora (UPP), chorando seus mortos – só que, agora, pela polícia.Depois de passar seis meses visitando, conhecendo e entrevistando pessoas de diversas favelas cariocas, Maria Hele­na Moreira Alves, professora aposenta­da da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), acaba de lançar o livro Vivendo no fogo cruzado, que ajuda a entender esse processo.
Nesta entrevista, ela explica que o projeto de pacificação que chegou ao Brasil tem origens num programa nor­te-americano que foi aplicado durante a Guerra do Vietnã e que tem semelhança com a experiência de outros países, co­mo a Colômbia. Ela localiza na ditadu­ra o início da construção de um inimi­go interno, que hoje se identifica com as populações de favela. E alerta: as pes­soas reagem quando começam a perder seus filhos.
A política de ‘pacificação’ no Brasil vem desde Duque de Caxias, passa por Canudos e hoje é encontrada nas favelas. Como se deu isso historicamente e como você avalia o que temos hoje?
Maria Helena Moreira Alves – É claro que já temos todo um precedente que apoia isso, mas o que nós temos ho­je, o programa da UPP e o termo paci­ficação, está ligado diretamente ao pro­grama dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã, que, aqui, está ligado à dou­trina de segurança interna, que foi apli­cada durante toda a ditadura militar. Isso foi criado durante a ditadura, não foi com Duque de Caxias nem com a es­cravidão. Apesar de podermos dizer que o Bope [Batalhão de Operações de Poli­cias Especiais] parece o capitão do ma­to, na verdade ele é um soldado armado para enfrentar uma guerra interna, e o inimigo interno é, no conceito da paci­ficação de hoje, o povo todo das favelas.
Costuma-se dizer que a referência da UPP aqui no Brasil veio da Colômbia. Você diz que veio do Vietnã. O que há em comum na experiência de Brasil, Colômbia e Vietnã?
Têm em comum o cerco, a tomada do território, o trabalho primeiro mili­tar, seguido de um trabalho social. No Rio, o trabalho social nunca chegou, fi­cou só no repressivo. Em Bogotá sim, teve mais trabalho social, que também não foi adiante, mas a repressão foi mais intensa. O Vietnã foi o modelo, com um programa que se chamava Pacification Hamlets. Era o cerco das aldeias que eles achavam que estavam sob influên­cia dos vietcongues, em áreas do Vietnã do Sul, que estava em guerra com o Viet­nã do Norte. Os Estados Unidos apoia­vam o Vietnã do Sul, mas havia várias áreas que estavam sob influência dos vietcongues. E nesses territórios eles fi­zeram o Pacification Hamlets, que se­guia muito o modelo que agora a gente vê da UPP: primeiro uma invasão militar do território, seletivamente eliminando os líderes mais importantes; depois uma segunda onda de repressão que envolvia tortura não seletiva – já não eram os lí­deres, mas qualquer pessoa comum que eles pegavam, torturavam e jogavam pa­ra as outras verem, como parte do ter­ror; e controle de modo que a aldeia fi­casse pacificada pelo medo. Mas vinha uma segunda etapa que era para ga­nhar corações e mentes, com programas de educação, esportes em geral e saúde também, com muita coisa voltada para crianças. A ideia era dividir a comunida­de, que algumas pessoas que estivessem envolvidas em programas sociais achas­sem bom e tentassem ignorar a parte re­pressiva. E a parte repressiva passava a ser mais escondida. No caso do Vietnã, quando houve o massacre muito famo­so em My Lai, o povo se rebelou e os Es­tados Unidos tiveram que fugir quando perderam a guerra. E o mesmo vai acon­tecer no Brasil. Chega um momento em que a política de terror gera mais raiva do que medo. É parte da própria sobre­vivência: qualquer animal quando es­tá muito acuado se defende atacando. E essa reação vem quando você começa, por exemplo, a perder seus filhos.
Qual é o objetivo da pacificação e quem está sendo pacificado?
A população que está sofrendo esse processo é aquela que não é útil para o sistema econômico. Então, se eliminá­-la, não faz falta. O que eles estão eli­minando são os jovens pobres, negros, analfabetos que não servem para a mão de obra, aquela mão de obra fácil, que já tem muito. Em termos de direitos hu­manos, o Brasil é um dos piores países. É sempre importante lembrar que esta­mos em um país que não está em guerra declarada, embora o ex-governador do Rio de Janeiro tenha declarado guer­ra, mas isso foi da cabeça dele. O Bra­sil está em situação de rebelião popular, mas não é uma guerra civil, ainda. Es­pero que não venha a ser. Se continu­ar essa pressão, até pode vir a ser, co­mo é o caso da Colômbia. Muitos ca­sos, como o da Nicarágua, com o levan­te de Manágua, que eu vivi quando mo­rei lá, foram causados também pelo ter­ror, que controla até certo ponto. De­pois, quando você não tem mais espe­rança, acaba o medo. O levante de Ma­nágua foi quando aconteceu a operação Herodes, no final do governo contra os sandinistas, na qual eles mandaram ro­dear certas áreas mais combativas de Manágua, retiraram à noite das casas os maiores de dez anos e metralharam na rua, com argumento de que eles já estavam entrando na Frente Sandinista de Libertação Nacional. É muito pareci­do com a forma como a polícia brasilei­ra fala que o jovem vai virar traficante: “Nasceu, vira criminoso”. E eles mata­ram tantas crianças, que houve uma re­belião total, as pessoas se juntaram aos sandinistas e fortaleceram o movimen­to, que ganhou a revolução. E as pesso­as falaram que acabou o medo quando não tinham mais nada a perder. Hoje, o que temos? O Bope entra nas casas, arromba as portas, bate nas pessoas... Ouvi relatos de mulheres que falavam “Graças a Deus meu marido não esta­va em casa, porque quando tem homem eles matam”.
Mas, nos exemplos que você cita, como o da Nicarágua, havia forças de esquerda organizada com a qual a população revoltosa se aliou. Como isso se dá no Brasil?
Nós temos um exemplo histórico úni­co no Brasil de organização de revolta popular, que são os quilombos. Infeliz­mente, não se trabalha muito com isso, mas somos um dos únicos países que teve uma revolução popular de escra­vos que chegaram a fundar cidades, fo­ram mais de 8 mil quilombos. Eu acho que ainda temos essa cultura nas fave­las pelo trabalho comunitário, o chama­do mutirão. Existe muito dos quilom­bos nesse sentido. Fiquei admirada de ver que, quando começava um tiroteio nas favelas, apareciam pessoas de tudo quanto era lugar e esvaziavam a esco­la em 20 minutos. Retiravam mil crian­ças, não necessariamente deles, mas de vizinhos, e elas ficavam protegidas até os pais voltarem. É uma organização comunitária muito profunda de solida­riedade. Não é que as pessoas estejam a favor do tráfico ou achem o tráfico me­lhor do que a polícia, mas diziam o se­guinte: o traficante local é da comuni­dade, nós temos menos medo dele por­que se você não for diretamente contra ele, ele não faz nada com você nem com a sua família, já a polícia não, vai con­tra todo mundo. A diretora de uma das escolas em que eu estive no Complexo do Alemão me contou que, durante um tiroteio muito grande, houve um mo­mento em que o Bope entrou, com Ca­veirão e tudo, e começou a dar tiros de dentro da escola. Tiraram até telhas pa­ra dar tiro. E no dia seguinte veio o che­fe do tráfico reclamar com ela, dizendo: ‘como é que você deixa uma coisa des­sas? Eu tenho filho nessa escola’.
Agora, sobre rebelião popular, é outra coisa. Acho que você tem razão. Nós não temos condições hoje de organizar ne­nhuma resistência – eu nem diria rebe­lião – com caminhos dirigidos, como tí­nhamos esperança, quando fundamos o PT, de que o partido fizesse esse papel. Seria o caminho da classe trabalhadora guiada pelo PT para um jeito petista de governar, mudando todas as referências, não fazendo alianças, inclusive com uma coisa que também não aconteceu, e que é triste, que era o novo movimento sindical ser autônomo, não ligado a nenhum go­verno. Durante um tempo isso foi mui­to forte, mas hoje a CUT tem dirigentes no governo, acabou a autonomia do mo­vimento sindical e, de certa maneira, de outros movimentos também. Então, di­minuíram os movimentos sociais como uma corrente que possa organizar o povo e não existe partido que possa organizar o povo em geral, porque todos estão vin­culados a uma política de interesses. Isso é muito grave porque a população deixou de acreditar nas instituições. E o que po­de ser uma rebelião popular, então? Pode ser uma explosão social, do tipo queima tudo, quebra tudo, sem direção, que po­de virar fascista ou pode ser só quebra­-quebra e ter um massacre geral de re­pressão e voltar à situação de repressão interna das comunidades mais pobres. Até ter outra explosão. Isso acontece em vários países. Tem que ter um grande lí­der carismático e todo um movimento por trás organizado para conseguir is­so. E o Brasil não tem mais nem um líder carismático. Eu acho que o Lula ainda é, mas já não tem mais a força da condução de um movimento, como tinha antes. Ele podia ter feito isso em 2002, acho que ti­nha 80% de aprovação para fazer trans­formações profundas. Na hora em que não fez, em que começou a fazer alianças para governar dentro do modelo político que existe, tirou essa possibilidade. E ho­je em dia acho que o povo está descrente. Então nós podemos ter uma situação de muita confusão, muita briga na rua, mas sem uma condução política.
Você disse que a política de segurança mudou muito pouco, mas muitas pessoas acreditaram nas UPPs. Por quê?
Acho que as pessoas tiveram uma es­perança muito grande por chegarem outras coisas com a UPP. E se foi ven­do, com o passar do tempo, que não era isso. Lembro de uma frase de uma mo­radora da Rocinha [favela do Rio de Ja­neiro] que, quando perguntada se era a favor da UPP, respondeu: ‘Estou em si­lêncio’. E foi indagada que, se estava em silêncio é porque estava gostando, e ela respondeu que o silêncio significava o medo. Se você mora lá, diante da vio­lência, não é possível dizer que é contra, com sua família na mira de uma metra­lhadora em cada esquina. E essa popu­lação está em um fogo cruzado porque os donos do morro ainda estão lá, mas os mandantes estão fora da favela. No livro Vivendo no fogo cruzado, a entre­vista com Beltrame [secretário de se­gurança do Rio de Janeiro] mostra que não tem traficante nas favelas, que eles moram fora das favelas, o que existe é o pequeno tráfico, vendido em envelopi­nho de R$ 300. O governo não está com véu nos olhos e sabe quem comanda o tráfico e quem comanda o tráfico é in­ternacional.
Ainda é cedo para avaliar a estratégia adotada no Brasil, como defende o secretário de segurança pública do Rio de Janeiro José Mariano Beltrame? O que já dá para avaliar hoje?
A UPP está muito clara. É possí­vel avaliar há muito tempo. O Beltra­me, por ser um intelectual e ter uma certa vivência que vai além da UPP, ele não gosta muito do programa. In­clusive na entrevista do livro [Vivendo no fogo cruzado] ele diz que não gosta do nome ‘pacificação’ por chamar mui­ta atenção ao que realmente é. O que não está claro é por que o governo fede­ral está apoiando. E por que a Ministra de Direitos Humanos chora quando vê uma notícia como a da mulher arrasta­da [Cláudia Silva Ferreira], a do Ama­rildo, e depois não faz nada de concre­to. Não tem uma intervenção do Go­verno Federal. E tinha na época do Lu­la, isso eu tenho que dar crédito a ele, mas ele acabou se aliando ao Cabral, e a aliança com o Cabral foi mais impor­tante do que os direitos humanos. Ali­ás, ele nos falou isso em uma das entre­vistas: que faria aliança até com o diabo se fosse necessário para o Brasil apro­var as leis sociais para acabar com a pobreza. ‘E para passar as leis no Con­gresso, eu preciso do PMDB. E o PM­DB no Rio é o Cabral. Eu tenho que me aliar ao Cabral’, ele disse. Era uma crí­tica dele mesmo ao sistema de governo. Ainda estávamos no Pronasci [Progra­ma Nacional de Segurança Pública com Cidadania], mas ele já sabia que o pro­grama iria morrer. O que precisamos é uma reforma geral, temos que rever a Constituição. Antes eu falava de des­militarizar, mas agora eu defendo que a PM deve ser abolida. Precisamos de uma polícia civil para lidar com o povo, melhorá-la, treiná-la, trabalhar com in­teligência, não pode ser os que estão aí hoje, mas acho muito difícil. A PM está nas mãos dos governadores.
Por que o Pronasci não vingou?
Eu acho que existem interesses por trás que estão vinculados ao crime or­ganizado e que não querem que o pro­grama dê certo. Realmente não inte­ressa a muita gente poderosa – eu não diria que está no poder, diria podero­sa – do crime organizado internacio­nal, que está vinculado com o crime lo­cal, que isso dê certo. É mais fácil com­prar a polícia, formar miliciano, do que ter uma polícia eficaz que trabalha com a comunidade e vai prevenir crime. Is­so é bem claro. Os governadores não querem porque têm o Exército nas suas mãos e muitas vezes defendem interes­ses não só deles, mas interesses econô­micos próprios. Vi uma notícia de que a senadora Kátia Abreu está apresen­tando um projeto no Congresso que eli­mina o cadastro das empresas que têm trabalho escravo. Isso é muito grave e mostra como ainda existem interesses até para manter a escravidão.
A investigação coordenada por Philipp Alston, relator especial da ONU sobre Execuções Extrajudiciais, Sumárias ou Arbitrárias, aponta diversas iniciativas como o fim da polícia militar e do caveirão, a instalação da ouvidoria da polícia de forma séria e a eliminação dos ‘autos de resistência’ ou ‘resistência seguida de morte’ para o avanço da segurança pública no país. Isso pode ajudar?
As sugestões do Philipp são impor­tantes porque vêm da ONU, mas Luiz Eduardo Soares já falava isso e con­tinua falando. Hoje a OAB já assumiu esse discurso. É importante que seja a ONU porque há possibilidade de san­ções sobre o Governo Federal. E não vai ter esse papo de que não posso inter­vir porque a Constituição não deixa. Is­so é difícil porque faz parte da geopolí­tica internacional não falar da violência do Brasil, não falar mal da UPP, não fa­zer sanção. Se o que está acontecendo no Brasil fosse na Ucrânia seria um es­cândalo internacional. Há todo um es­quema internacional, porque querem que o Brasil continue fazendo o seu pa­pel de subimpério. A doutrina de se­gurança nacional com desenvolvimen­to existe ainda e o papel geopolítico do Brasil como a Escola Superior de Guer­ra concedeu ainda está vigente dentro do contexto geopolítico internacional. Não é à toa que o Obama deu palmadi­nha nas costas do Lula e falou que ele é o cara. O Lula não entendeu o que isso quis dizer. Ele é o cara ideal para con­duzir o país em uma geopolítica que in­teressa aos Estados Unidos, que nunca quiseram reformas políticas profundas no Brasil. Pode ter o Mujica no Uruguai que eles aguentam, dão prêmio, mas o Brasil é outro papo. O Brasil tem fron­teira em quase toda a América Latina, domina o Atlântico inteiro, de lado a la­do, com isso domina a África, e isso tu­do está dentro da concepção da doutri­na de segurança nacional e internacio­nal da Escola Superior de Guerra. (Es­cola Politécnica de Saúde Joaquim Ve­nâncio/Fiocruz)
(Publicado originalmente no Brasil de Fato)

Neri: Os "excluídos" sobem mais! a Dilma não vai ler

E, se depois da Dilma, o Lula resolve voltar ? Daí, o fel, o mau hálito …​



Sabe-se que “a Dilma não vê a Globo”.

A informação foi depois enriquecida de “a Dilma também não lê o Valor” – aqui chamado de PiG (*) cheiroso. 

Porque, como a Globo, a Fel-lha do mau hálito – clique aqui para ver o primeiro resultado do “Manifestômetro” – , o Estadão em estado comatoso e o detrito sólido de maré baixa, o Valor não quer ganhar dinheiro ao informar o leitor, mas ganhar dinheiro com a deposição da Dilma.

O objetivo é o mesmo: ganhar dinheiro e aumentar a concentração da renda.

O método é que varia.

Se lesse o Valor, a Dilma revisitaria, com bom-humor, os números do último estudo do Marcelo Neri, Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, a SAE, e ex-presidente do IPEA – além de notável torcedor do Fluminense… :

(…)

As pesquisas domiciliares fundamentam o argumento dos “dois Brasis” de Neri. “Tem um Brasil das contas nacionais, que governa a maioria das análises econômicas, e há um Brasil que visita as casas das pessoas, que é o das pesquisas domiciliares. Um está descolado do outro”, defende. “Os brasileiros que estão mais próximos da parte superior da distribuição têm uma dificuldade grande de ver o Brasil profundo. A transformação está acontecendo lá embaixo”, continua.

(…)

… o gráfico com o crescimento do PIB comparado ao crescimento dos números da Pnad, da renda mediana e do crescimento dos mais pobres atesta, resumidamente, que “quanto mais você se distancia da média e foca nos mais pobres, a melhora social é mais acentuada. E isso fica mais forte no governo Dilma, inclusive em relação aos anos de governo [do ex-presidente Luiz Inácio] Lula [da Silva]“.

O gráfico de “grupos excluídos” também fez sucesso entre os ministros. “Nele você vê que a renda de mulheres, negros e periferia é destaque do Brasil, seja nos últimos 12 anos, seja no último ano, em termos de renda do trabalho”, diz.

Também compõem a apresentação dados favoráveis à gestão de Dilma e do PT sobre Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), mercado de trabalho e o “risco positivo” do brasileiro ascender socialmente. “Há uma visão do Brasil pouco estrutural. Bolsa Família, Previdência e salário mínimo são importantes nessa conta de melhora de indicadores, mas o grande elemento é o mercado de trabalho”. O crescimento da renda individual nos três anos de governo Dilma, diz o ministro, não é menor que antes, mas existe uma diferença de componentes. “É menos pela ocupação e mais por salário. Isso denota uma certa escassez de mão de obra. O grande nó é que a renda das pessoas mais pobres tem crescido mais que as contas nacionais”, diz.

Leia mais em:
http://www.valor.com.br/politica/3554318/renda-dos-mais-pobres-teve-maior-avanco-com-dilma-do-que-sob-lula-diz-neri#ixzz32GUppr2U

Navalha
A renda dos mais pobres sobe mais que o PIB.
A Big House não tolera ouvir isso !
Os pobres e “excluídos” se apropriam da renda do Brasil com mais velocidade que os bancos que sustentam o Arrocho – com a intermediação do Príncipe da Privataria.
Embora, observe o Neri, todos – inclusive a Big House – cresçam com Lula e Dilma.
Mas, sabe como é, amigo navegante.
O importante é controlar a máquina que divide o bolo.
E para controlar a divisão do bolo é preciso se apoderar do Estado.
Nem que seja com a ajuda da Dilma Bolada.
E, como perguntou o Lula, no segundo encontro com os blogueiros sujos – e se depois da Dilma o Lula resolve voltar ?
Por isso, esse desespero, essa produção de bílis, fel.



Em tempo: o título do PiG cheiroso é suspeitíssimo: “renda dos mais pobres teve maior avanço com Dilma do que sob Lula”. Deve ser para fomentar a discórdia. Vale tudo !


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Marqueteiro de Aécio tenta comprar perfil "Dilma" Bolada no Facebook.

20 de maio de 2014 | 03:07 Autor: Fernando Brito

beijinhonoombro
Num post publicado no final da noite de ontem, Jeferson Monteiro, o jovem e talentoso criador do perfil satírico Dilma Bolada, um grande sucesso da internet, revela as propostas que recebeu de um grupo que tem à testa Pedro Guadalupe, apontado pela Folha como “marqueteiro digital” de Aécio Neves.
Procurado por alguém para conversar sobre uma proposta comercial, Jeferson “deu conversa” e, como ele narra, “o cara me retorna o contato dizendo que falou com o Pedro Guadalupe, membro da equipe digital de Aécio Neves, que por sua vez queria falar comigo.”
“Nem deu tempo d’eu responder: o próprio Pedro Guadalupe me enviou um e-mail ansioso se fazendo de amigo, no melhor estilo “lobo em pele de cordeiro” num cinismo sem igual e como se nunca tivesse feito nada pra mim, querendo saber se era mesmo verdade que Dilma Bolada, estava a venda para aproveitar a personagem e usar o seu “capital político/poder para mudar opiniões” dos internautas.
Guadalupe, conta Monteiro, já havia ameaçado tirar o “domínio” Dilma Bolada no Facebook.
A resposta de Jeferson Monteiro é pública, postada em seu Facebookpessoal:
“Resolvi expor tudo isso aqui porque eu há mais de 1 ano venho sido constantemente atacado por pessoas dessa corja. Sujos e cínicos que têm a capacidade de inventarem mentiras absurdas que vão desde histórias de que mantenho “ligação direta com a Presidenta” até “de sou pago com o dinheiro público e recebo R$120 mil/mês” como foi dito recentemente num blog de simpatizantes tucanos. Não Pedro Guadalupe, eu não quero o dinheiro sujo de vocês. Diferentemente de você eu tenho caráter. Mas é esse o tipo de gente, que Aécio que diz com a maior cara de pau do mundo que “não vai tolerar campanha suja na internet” mantém na equipe, em contato constante com sua irmã, fazendo o possível e impossível para atacar a honra das pessoas e espalhar todo esse chorume de desinformação na internet.”
Guadalupe – que já tentou arranjar encrenca com este Tijolaço quando mostramos que, dois anos antes de se oferecer para a marquetagem de Aécio, escrevia artigos em seu site chamando-o de “O abominável homem dos Neves” e acusando-o de manipular a imprensa – vai ter que carregar as lições de um guri que não confunde ter talento humorístico com ter um caráter que seja uma lastimável piada como o seu:
“(…)eu queria dizer que nem todo mundo tem seu preço. E que eu e nem a minha criação estão a venda, nunca estiveram. Eu esperei ansiosamente pra escrever isso: vocês podem comprar quem quiserem mas a mim não. O que eu faço não há dinheiro no mundo que pague. Vocês deveriam ter sido um pouquinho mais espertos e terem tido o feeling pra saber que eu não sou e nunca vou ser como vocês. Lealdade não se compra e nem se vende.
(Publicado originalmente no site Tijolaço)

Aécio afirma ser a favor da concentração da mídia.

Enviado por  on 20/05/2014 – 5:52 am


Num evento em Curitiba, o presidenciável Aécio Neves criticou Lula por defender a regulação da mídia. Por uma dedução lógica, então posso dizer que Aécio é a favor do oligopólio dos meios de comunicação. 
Segundo publicado no site do Globo, ao comentar entrevista de Lula a blogueiros na semana passada, Aécio afirmou:
- É incrível que o PT, defensor da volta da democracia, queira trazer a agenda da censura para a discussão.
Segundo o senador mineiro, “a liberdade de imprensa é inegociável, é um valor inalienável” e não pode ser usada por um governo como “instrumento” de manutenção do poder.
Com isso, Aécio rechaça qualquer “mudança” que pretenda oferecer ao Brasil. Sua resposta foi previsível. Se fizesse uma observação minimanente crítica à absurda concentração dos meios de comunicação no país, teria ganho pontos com muita gente. Fosse mais inteligente, mencionaria conceitos caros à democracia, como pluralidade de opiniões e respeito a diversidade.
É uma excelente oportunidade para Dilma marcar um golaço. Se ela der uma declaração inteligente, dizendo que não se trata de censura, e que o Brasil deveria debater, democraticamente, uma regulamentação dos meios de comunicação, nos moldes do primeiro mundo, ajudaria a desmanchar a imagem conservadora renhida que tem erodido rapidamente sua popularidade, até mesmo por ser incoerente com a expectativa da população.
Os eleitores de Dilma votaram numa mulher aguerrida, de esquerda, dona de opiniões fortes, nacionalista, com um histórico de luta contra a ditadura. Em sua biografia, destaca-se a frase: “da vida o que se quer é coragem”.
O eleitorado se ressente da ausência de gestos mais recentes que remetam a essa coragem.
A popularidade de Dilma atingiu os píncaros, por exemplo, quando ela enfrentou os bancos e impôs fortes redução do spread.
Está na hora de aproveitar a deixa de Lula e emitir também uma opinião sobre a regulamentação da mídia. As pessoas querem mudança. Se apenas o Lula ousar falar em mudança, o movimento “volta Lula” vai continuar crescendo.

aecio-neves
Publicado originalmente no site O Cafezinho, escrito por Miguel do Rosário

Dicas para jornalista que quer manter o emprego em 2014


publicado em 20 de maio de 2014 às 6:24

Não esqueça: ele é o máximo!
Manual de auto-ajuda para 2014
Dez conselhos que resumem o cúmulo do puxa-saquismo num ano eleitoral
Por Paulo Moreira Leite, em seu blog
Seguem dez conselhos para jovens profissionais em busca de promoção em 2014. A regra é separar o joio do trigo e ficar com o joio. De grande utilidade para quem faz carreira em empresas de consultoria, busca colocação em organismos internacionais, ONGs de nome exótico e muitos recursos do mercado financeiro e, é claro, redações.
1.Quando, numa digressáo histórica, falar sobre o esquema de corrupção na gestão de Celso Daniel em Santo André, não diga que os grandes empresários de ônibus da cidade pagavam propina a prefeitura do PT. Diga que os coitadinhos eram  “extorquidos.”
2. Quando mais uma vez Paulinho da Força xingar Dilma Rousseff , evite mencionar levantamento da Vox Populi que mostra as intenções de voto entre os filiados ao Sindicato dos Metalúrgicos de S. Paulo, principal entidade da Força Sindical. Dados de março mostram vantagem Dilma sobre  Aécio na base de  2,7 a 1. Contra Eduardo Campos,  a vantagem é de 8,3 a 1.
3. Quando falar da megalomania de Lula que trouxe a Copa do Mundo para o Brasil, esqueça de mencionar que Fernando Henrique Cardoso tentou trazer a Copa de 2006 para o país – e caiu fora nas eliminatórias.
4. Quando falar da falta de confiança dos investidores internacionais, não deixe de mencionar a Economist e o Financial Times. Lembre a agência que rebaixou o Brasil. Só evite dizer que entraram 64 bilhões de dólares em investimento direto no país em 2013, contra US$ 32,8 bilhões em 2000, o melhor ano do governo FHC.
5. Quando falar de medidas impopulares, evite lembrar que a austeridade fez o desemprego europeu pular de 8% para 11,9% depois de 2008. No mesmo período, no Brasil, o desemprego caiu dos mesmos 8% para 5,1%.
6. Quando falar que a inflação está fora de controle evite mencionar que ela cresceu 9,2% em média no governo FHC, contra 5,9% depois da posse de Lula. (O pior ano do periodo foi 2003, que trazia a herança de 2002).
7. Quando engrossar a voz para falar que é preciso elevar a taxa de investimento, evite mencionar que ele cresceu 1% ao durante o governo do PSDB e 6,1% durante o governo do PT.
8. Ao mostrar simpatia pelos protestos anti-Coipa, não pare de denunciar a falta de verbas para a  Educação, embora os gastos fossem de R$ 37, 1 bilhões 2002 e tenham chegado a  R$ 112,3 bilhões em 2013.
9. Quando falar da eleição em Minas Gerais, evite lembrar que o atual candidato tucano ao agoverno, Pimenta da Veiga recebeu R$ 300 000 das agências de Marcos Valério. É seis vezes mais do que o deputado do PT João Paulo Cunha, primeiro condenado da AP 470. Por receber R$ 296 000, que jamais admitiu ter guardado para si, Henrique Pizzolato pegou 12 anos de prisão no STF  e hoje está foragido e preso na Itália. Não deixe de mencionar as supeitas contra o deputado André Vargas, do PT, quando falar da operação Lava-Jato. Ignore que Luiz Argolo, de um partido que se aliou a Aécio, é o único parlamentar apanhado quando negociava pagamento em $$$ com o doleiro Yousseff.
10. Quando lamentar o crescimento brasileiro de 2,3%, evite mencionar que o México cresceu 1,1% e que a celebrada recuperação americana ficou em 1,9%.  A Espanha enfrentou uma recessão de 1,2 negativos, a Italia ficou em 1,9 negativos também. O melhor crescimento europeu foi a Inglaterra, 1,8%. Elogie Angela Merkel sem mencionar que a  Alemanha parou em 0,5%.

(Publicado originalmente no site Viomundo)