pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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segunda-feira, 3 de abril de 2023

Editorial: O mal humor de Lula

Crédito da foto: Sérgio Lima, AFP. 


Com as taxas de juros nas alturas - produzindo uma sequência de problemas na área econômica - aliada a um escore temerário de governabilidade, sob constantes chantagens e assédios da oposição, não se poderia esperar que o humor de Lula estivesse em estado de graça. Nos escaninhos da política comenta-se que ele anda bastante irritado, inclusive com os assessores mais próximos. Soma-se a isso a má-vontade de alguns órgãos de imprensa, que fazem questão de explorar o lado negativo do seu governo, como um desses grandes jornais, que, até recentemente, em editorial, afirmou que o retrocesso nefasto representado pelo bolsonarismo poderia se constituir numa alternativa viável de oposição ao petismo. Mesmo com as ressalvas posteriores, o próprio jornal admitiria a improcedência de se levantar tal hipótese.  O petismo é democrático, humanitário, republicano, civilizado. O bolsonarismo nunca foi alternativa ao petismo. 

E, por falar nessas fontes de mau humor, Lula terá mais um motivo a se preocupar. O pente-fino que está sendo passado no Programa Bolsa-Família está sendo realizado com a melhor das boas intenções. O objetivo é combater as fraudes e irregularidades, assim como ampliar o benefício para aqueles que, de fato, precisam dele, pois atendem aos requisitos exigidos. Como o número de "piolhos" ou irregularidades é grande - envolve milhões deles - a grita é generalizada e isso vem sendo matreiramente explorado pela oposição, que amplifica apenas o drama sem se ater, por motivos óbvios, às motivações dos cortes.

Há várias irregularidades nesses programas de benefícios que precisam ser corrigidas. Durante os dias mais nebulosos da pandemia da Covid-19, criou-se um programa emergencial, onde mais de 200 mil militares foram incorporados ao programa, naturalmente, de forma irregular. Ninguém sabe o que ocorreu por ali, mas se constitui uma ingenuidade trabalhar com a hipótese de um erro de sistema que incluiu mais de 200 mil benefícios.    

domingo, 2 de abril de 2023

Editorial: As falsas narrativas sobre o Golpe Civil-Militar de 31 de março de 1964



Sempre foi muito importante tomarmos alguns cuidados com as narrativas. Numa época como a de hoje, caracterizada pela pós-verdade, pela disseminação de fake news, então, esses cuidados precisam ser redobrados, para que não incorramos na possibilidade de disseminar mentiras como verdades absolutas. Alguns setores militares, por exemplo, não tratam do Golpe Civil-Militar de 1964 como um golpe de Estado, mas como uma revoluçãoAté mais recentemente, um dos expoentes ou viúvas desses estertores, voltou a tratar o assunto como tal, em fala proferida no dia 31 de março. 

Por vezes, as narrativas se tornam tão eficientes que as próprias vítimas acabam reproduzindo-as, como foi o caso de uma leitura que fizemos, até mais recentemente, de uma fala produzida por um operário têxtil, tratando o golpe de 1964 como revolução, reproduzindo a narrativa dos militares. Outra falsa narrativa sobre as razões do Golpe Civil-Militar de 1964 diz respeito à ausência de apoio popular do ex-presidnete João Goulart.Quando ocorreu o golpe, o presidente Goulart detinha 70% de apoio popular, não reprimia os movimentos sindicais, estudantis e populares em curso, que colocavam amplos setores sociais na luta pelas reformas de base. 

Foram exatamente essas reformas de base que passaram a incomdar amplos setores conservadores da burguesa nacional, que aliaram-se aos militares e arquitetaram a deposição de João Goulart, naquilo que o historiador e cientista político uruguaio, René Armand Dreifuss classifica como um golpe de classe. A burguesia nacional, consorciada aos interesses estratégicos norte-americanos na região, montou o cenário para a tomada do poder pelos militares. Até recentemente, um ministro do STF declarou-se estarrecido com o nível de alienação das pessoas que foram detidas por ocasião da tentativa de golpe frustrada do dia 08 de janeiro. É num ambiente como este que essas fake news ou narrativas falsas vicejam. Atenção, historiadores. Isso é um perigo!      

Charge! Jaean Galvão via Folha de São Paulo

 


sábado, 1 de abril de 2023

Editorial: Em nome de uma tal governabilidade, Lula divide o governo com ex-bolsonaristas.



Em nossas andanças pelo bairro de Casa Forte, encontramos um ex-prefeito do Recife, que reside na bucólica Estrada das Ubaias. O bucólico, aqui, naturalmente, trata-se de uma licença de expressão. Até um logradouro como o Poço da Panela, ali pertinho, antes uma estância onde os recifenses apreciavam o friozinho do inverno em épocas idas, hoje já se encontra assediado pelo sanha do arquiteto que dita as normas das intervenções urbanas do Recife, ou seja, o capital. Num comentário rápido sobre o destino do governo, ele se mostrava pessimista, em razão da amplitude das alianças celebradas pelo partido. E, pelo andar da carruagem política, parece-nos que ele tem razão.    

Lula completou 90 dias de Governo. Uma de suas primeiras medidas foi assinar uma portaria que tinha como objetivo, segundo fomos informados, desbolsonarizar a máquina pública. Fazer uma limpa ou passar a tesoura, como se diz no linguajar nordestino. Algum tempo depois, ainda demonstrava sua insatisfação com tal situação, alegando que os bolnaristas ainda sobraram na máquina estavam emperrando o seu governo, ou fazendo corpo mole, para usarmos uma outra expressão comum por aqui. 

Algum tempo depois, Lula parou de falar neste assunto. Logo em seguida, veio uma explicação para o silêncio. Foram pipocando, uma a uma, no Diário Oficial da União, as portarias com as nomeações e ou renomeações, em princípio estranhas ao seu governo, de bolsonaristas emperdenidos ou prepostos por eles indicados. Ministério das Comuniçoes, Ministério das Minas e Energias eram os mais contaminados pelo bolsonarismo, conforme as nossas poucas infomações. Mas, possivelmente, outros espaços devem estar na mira, inclusive o poupudo Minitério da Saúde, a menina dos olhos do Centrão.  

Até novos cargos na máquina, a nível de segundo escalação, estão sendo criados para acomodar nos neopetistas. Dos senadores Marcos Rogério ao pernambucano Fernando Bezerra Coelho, aquele mesmo que virava um camarão quando da defesa de Jair Bolsonaro duranre as sessões da CPI da Covid. O senador pernambucano acaba de emplacar uma das diretorias mais importanres da CODEVASF, que, historicamrnte, sempre teve influência da família Coelho, além de outros cargos na Hemobras e na Fundação Joaquim Nabuco, cuja presidência foi indicação do PT pernambucana, a senadora Teresa leitão e o senador Humberto Costa. 

Sob gestão bolsonarista, a CODEVASF foi marcada por uma série de denúncias de corrupção. Vamos ver até onde Lula vai nessa manha política para viabilizar uma governabilidade mínima. Acreditamos que o preço a pagar já está ficando muito alto, seja em políticas públicas coadunantes com as diretrizes do atual governo; seja em termos de desgate com base a ideológica e política do partido; seja, enfim, com os eventuais descuidos com as contas públicas, pois temos raposas cuidando de galinhas dos ovos de ouro.   

Editorial: O bolsonarismo perderia sua essência, Folha.



Há uma determinação do Ministério da Defesa no sentido de proibir os militares de se pronunciarem ou lançarem notas alusivas ao dia 31 de março, no dia hoje, portanto, em relação ao Golpe Civil-Militar de 1964, quando forças conservadores de nossa sociedade, aliada aos militares, tramaram e executaram um golpe de Estado para impedir as reformas de base que estavam sendo propostas pelo Governo do presidente João Goulart. Mas, como a caserva passou a se envolver perigosamente em assuntos políticos, os militares que obtiveram mandatos falam, acredito, com a prerrogativa de parlamentares. 

Um deles, que já havia sido punido por pronunciamentos de caráter golpistas ainda no governo da presidente Dilma Rousseff, voltou a falar no assunto, sugerino que não houve golpe em 1964 - talvez dentro daquela narrativa eufêmica utlizada pelos militares, que tratam o assunto como uma Revolução - e que a ditadura imprimiu uma dinâmica à sociedade brasileira. Dá até nojo voltar a falar sobre o assunto, mas talvez ele se refira ao chamado Milagre Econômico Brasileiro, que durou pouco tempo, mostrando que o santo era de barro. Ainda assim, sob que condições? sob torturas, perseguições aos adversários políticos, supressão às liberdades civis, mortos e desaparecidos nos porões da uma Ditadura Militar, fora do escopo de uma normalidade política saudável, entenda-se aqui, num ambiente de democracia. Sinceramente? Prefiro conviver com o índice de inflação sob um regime de democracia.

No dia ontem, o editorial da Folha de São Paulo foi infeliz ao sugerir que o bolsonarismo, mesmo com todas as ressalvas feitas pelo jornal, poderia fazer bem ao petismo. Erra o jornal ao apontar uma agenda democrática, civilizatória, humanitária e republicana que não tem absolutamente nada a a ver com o bolsonarismo. Se o bolsonarismo incorporasse essa agenda, deixaria de ser o bolsonarismo. O bolsonarismo é fascista, antidemocrático e anticivilizatório. Se o jornal desejou fazer alguma média com a política econômica, até se pode conversar. No aspecto político, não. E, por falar nessas questões, como se comportaram os militares no dia de ontem?  


P.S.:do Contexto Político: A Folha admite que errou no editorial, informando que haveria duas versões de um mesmo editorial e que teria sido publicado, na versão impressa do jornal, o que não havia sido aprovado internamente.  

 

sexta-feira, 31 de março de 2023

Editorial: Em homenagem a Soledad Barrett



Ficamos dois dias ausente das discussões aqui pelo blog, em razão dos arremates finais da conclusão de mais um romance. Quem escreve sabe que, não raro, somo tomados por umas sensações esquisitas, como os bloqueios ou rejeição do trabalho produzido. É preciso dar um tempo para as coisas retornarem à normalidade, seguir seu curso natural, pois logo percebemos que faltavam apenas alguns ajustes pontuais. Em breve teremos novidades por aqui. 

Depois que enfrentamos, aqui na província, uma grande polêmica em torno de uma proposta de mudança de nome de um auditório, em homenagem a um ex-interventor do Movimento de Cultura Popular, em Pernambuco, Carlos Maciel, passamos a ter uma atenção maior ao que, no jargão jurídico, conhecemos como Justiça de Transição. Um amigo professor faz sempre uma brincadeira conosco, informando que a Argentina vence esse placar, em relação ao Brasil, por 43 a 0, ou seja, lá, a justiça conseguiu colocar na prisão agentes de Estado que estiveram envolvidos no cometimento de torturas, durante os estertores da Ditadura Militar, que são tipificados como crimes hediondos, contra a humanidade. Até generais-presidente foram parar no xelindró, com pena de prisão perpétua. 

Como no Brasil tudo se resolve com um tapinha as costas, como diria o poeta, aqui a Lei de Anista foi pactuada por acima, num acordo de cavalheiros, envolvendo setores conservadores e militares que, praticamente, impediu esse ajuste de contas com o passado sombrio dos 21 anos de trevas e obscurantismo ao qual fomos submetidos com o Golpe Civil-Militar de 1964. O professor Sílvio Almeida, Ministro dos Direitos Humanos, ja antecipou que a Lei de Anistia precisa ser revista, assim como pretende retomar os trabalhos da Comissão da Verdade. 

Os casos são estarrrecedores e um acerto de contas com esse passado sombrio seria fundamentalmente importante, para não reproduzirmos novos filhos e filhotes, herdeiros dessas patologias políticas. Em Pernambuco ocorreu o primeiro caso de tortura pública infringida a um opositor do regime, o líder comunista Gregório Bezerra, arrastado amarrado pelo pescoço pela praça do bairro de Casa Forte, no Recife, depois que teve seus pés queimados com uma solução de ácido sulfúrico. A dor que senti não sei descrever, diria ele mais tarde. 

A poeta paraguaia, Soledad Barrett, que estava qrávida de quatro meses, foi torturada e executada numa granja na cidade de Paulista, num episódio que ficou conhecido como o Massacre da Granja São Bento, que alcançou repercussão internacional.  Foi encontrada num tonel, ensanquentada, com o feto coberto em sangue, numa evidência de aborto provocado pela tortura. Dos 34 tiros disparados, 18 deles foram na cabeça, indicador de uma possível execução do grupo da VPR que se reunia no local, depois de traídos pelo Cabo Anselmo. 

Enquanto não ajustarmos essas conta com o passado, vamos viver este clima de escaramuças, onde o nunca mais cede espaço ao eterno retorno. A última dessas tessituras nefastas de retrocesso autoritário ocorreu em 08 de janeiro útimo. Apesar da aparente "normalidade", convém sempre ficarmos atentos a uma observação do sociólogo português, Boaventura de Sousa Santos, quando afirma que o Brasil, infelizmente, tornou-se um laboratório de experimentos nefastos da extrema-direita.  

Charge! Mor via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 28 de março de 2023

Editorial: O cerco se fecha contra Sérgio Moro.



Como afirma o sociólogo Boaventura de Sousa Santos, o Brasil tornou-se um laboratório de experimentos macabros da extrema-direita, independentemente dos resultados das últimas eleições presidenciais. A extrema-direita continua ativíssima no país e se prepara para um novo embate nas urnas nas eleições de 2026, uma vez que os arranjos golpistas de 8 de janeiro não foram bem-sucedidos. O cenário político é evidente quando se observa, por exemplo, que o deputado transfóbico obteve um milhão e meio de votos e ganhou, apenas em uma de suas redes sociais, 43 mil seguidores, depois daquelas declarações estapafúrdias em pronunciamento na tribuna da Câmara dos Deputados, em Brasília.  

Em tal contexto político, já se especula que alguns embates protagonizados entre oposição e governo, nos últimos dias, já podem ser contabilizados no escopo dessas disputas, de olho na linha sucessória de 2026. Não seria improvável. Eventuais nomes para as disputas políticas presidenciais de 2026, no entanto, podem ser abatidos antes mesmo de alçarem voos, como é o caso do ex-juiz da Lava-Jato, Sérgio Moro. Há quem assegure que ele poderia estar pavimentando a estrada no sentido de atuar com o propósito de viabilizar-se politicamente para assumir a condição de candidato da extrema-direita. 

Acreditamos mais na possibilidade de o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, assumir esta condição. Nos últimos dias ele tem enfatizado seu sotaque bolsonarista. O próprio Bolsonaro não pode ser decartado, embora o Valdemar prefira a Michelle. Deve ter lá suas razões. Bolsonaro ainda tem a encrenca das joias das arábias para contornar. Hoje um blogueiro conhecido traz uma inquietação das mais pertinentes: Por que a Arábia Saudita deu tantos presentes caríssimos ao ex-presidente Jair Bolsonaro? A cada dia se descobre mais um lote de joias.  

Já enumeramos aqui dezenas de erros de avaliação de Sérgio Moro. O mais recente é que, longe de atingir seus objetivos iniciais de tornar-se um membro do STF, hoje, ele corre mesmo é o risco de tornar-se, na realidade, réu da Suprema Corte brasileira. Se ele abriu o flanco ao alimentar uma eventual pretensão de candidatura presidencial para 2026, este pode ter sido mais um erro de avaliação, pois, o que ele conseguiu, até o momento, foi atrair a artilharia pesada dos adversários contra ele, anos antes daquelas eleições. 

Como se sabe, sua eleição para o Senado Federal foi marcada por uma série de atropelos, depois das tumultuadas aventuras de candidaturas presidenciais, ora sendo preterido, ora abandonado pelos grêmios partidários que não tinham estrutura para bancá-lo. Agora, o cerco se fecha contra ele, onde se põe em risco até as suas conquistas do momento, como o mandato de Senador da República.Segundo a Polícia Federal revelou, havia um plano do PCC para assassiná-lo, o que significa dizer que ele esta marcado de morte pelo crime organizado. 

Até mais recentemente, a PF informou que localizou carros blindados que seriam utilizados na operação. Nos arranjos políticos de Brasília, o PT assume o controle do Conselho de Ética do Senado Federal, o que siginfica concluir que irão fustigá-lo por ali, à procura de uma motivação para pedir a sua cassação. No dia de ontem, o depoimento do ex-advogado da Odebrecht, Tacla Duran, que pode compremeter o ex-juiz, no curso dos eventuais expedientes  confusos utilizados pela operação Lava-jato. Há provas de extorção arroladas e elas foram encaminhadas ao STF.  

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 27 de março de 2023

Editorial: Sérgio Moro em equilíbrio instável.



Como se sabe, a oposição conseguiu eleger Lula presidente, mas, a rigor, os forças políticas do campo conservador venceram as eleições passadas, a julgar pela composição das Casas Legislativas Federais. E olha que Lula ainda foi eleito com uma diferença relativamente pequena em relação ao candidato Jair Bolsonaro. O arranjo político em Brasília é que será determinante para o governo do petista, que já abandonou as bravatas de palanque e tenta se arrumar como pode com a oposição, dialogando, fechando acordos - e, principalmente, liberando emendas e oferecendo cargos na máquina - para assegurar o mínimo de governabilidade. 

Não está sendo nada fácil, pois o governo precisa lidar com adversários como o Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que aciona o sinal amarelo sempre que algo o contraria nesse relação marcada por interesses de corte nada republicano. Lula, num passado recente, fazia muitas críticas a tais procedimentos, mas, diante das contingências políticas possíveis...O ex-juiz Sérgio Moro anda se equilibrando como pode no seu primeiro mandato como Senador da República, tendo que conviver com as invertidas constantes de membros do governo e com aliados que podem bandear-se para o outro lado, mediante alguns "incentivos", deixando ele não mão, como se diz aqui pelo Nordeste. 

O controle do Conselho de Ética do Senado Federal pode ser a chave para entendermos a possibilidade de um eventual pedido de cassação do senador Sérgio Moro, algo que, certamente, está no horizonte da vingança dos petistas. O PT passou a controlar este conselho e dali deverá partir a artilharia pesada contra o ex-juiz da Lava-jato. O próprio União Brasil anda estabelecendo tratativas com o governo, sempre em caixa alta. Gente que é movida por interesses vis, entrega uma cabeça de bandeja com a menor das facilidades. O jogo político é torpe.   

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


domingo, 26 de março de 2023

Editorial: As intrigas infames da oposição sobre o plano para assassinar Tókio



As plataformas de streaming estão perdendo uma ótima oportunidade de recrutar novos roteiristas para a produção de suas séries policiais de suspense. O caso do plano de sequestro e assassinato, pelo PCC - Primeiro Comando da Capital -, do ex-juiz Sérgio Moro, que era conhecido na organização criminosa com o codinome de Tókio, revelou grandes talentos, pródigos em tirar conclusões precipitadas, fazer ilações descabidas ou distorcer os fatos deliberadamente, com o intuito de prejudicar o Governo Lula. A Polícia Federal, agindo como polícia de Estado, desbaratou as articulações, revelou minúcias do seu planejamento, impedindo que o mesmo fosse concretizado. Agiu, de forma republicana, para proteger um arqui-inimigo de setores do atual governo, numa atitude que merece o nosso reconhecimento. 

Lula fez um pronunciamento infeliz sobre o caso, mas isso pode ser creditado na conta dos circo dos horrores ao qual ele foi submetido por quase dois anos, por uma decisão do tal juiz. Ele tem feito até muitos acenos para os adversários, mas não suporta ouvir o nome do ex-juiz, informação que circula nos escaninhos da política. E, por falar em circo dos horrores, no dia de ontem assistimos a mais um deles, desta vez com setores de oposição procurando estabelecer uma ligação entre o PCC e o PT, ora por um e-mail utilizado pela facção criminosa, o Lulalivre, ora em relação a uma visita do Ministro da Justiça, Flávio Dino, ao Complexo de Favelas da Maré, no Rio de Janeiro.

Flávio Dino, que vinha conduzindo ou administrando esse processo com transparência, tranquilidade, absoluta cautela e postura republicana, parece ter perdido a calma com tais ilações descabidas, sugerindo que tais conjecturas deveriam ser creditadas no terreno pantanoso das canalhices políticas. De fato sim, pois, de concreto mesmo, tais especulações são absurdas, sem qualquer fundamentação. O ministro já deu várias explicações sobre a sua visita ao Complexo de Favelas da Maré. O Lulalivre, gente, no submundo do crime organizado, pode ter sido usado com os mais diversos objetivos, inclusive ou sobretudo, a pretexto de não levantar suspeitas junto aos órgãos de inteligência do Estado. Apenas isso, meus caros roteiristas.      

sábado, 25 de março de 2023

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


Editorial: A queda de braços entre Lira e Pacheco - Planalto de barbas de molho.



O clima está quente em Brsília e, pelo andar da carruagem política, a temperatura não deve baixar tão cedo. Estabeleceu-se um impasse ou uma queda de braços entre o Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e o Presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, em torno de uma polêmica sobre a apreciação das medidas provisórias encaminhadas pelo Planalto. Durante a pandemia ocorrerem mudanças no processo de votação dessas medidas provisórias, procurando otimizar seus encaminhamentos, por razões óbvias. 

Antes da pandemia tais medidas eram avaliadas por uma comissão mista do Senado Federal, avaliação que foi suprimida. Hoje, os senadores não dispõem de tempo para analisá-las com os cuidados necessária. Rodrigo Pacheco, então, diante das reclamações dos senadores, sugeriu que talvez tenha chegado o momento de voltarmos aos procedimentos ou ritos anteriores, ou seja, apreciar tais medidas provisórias como antes, simplesmente recobrando uma rotina adotada antes da pandemia, o que deixou Lira enfurecido, com ameaças de travar ou produzir um apagão no Governo Lula. 

Lula terá que atuar como bombeiro nessa peleja. Segundo os escaninhos da política, até os quatro pedidos de impeachment contra o presidente poderiam ser desengavetados caso esta situação não seja contornada. Há, até, emendas bolsonaristas que descansam sob a poltrona do Presidente da Casa, que poderiam voltar a causar incômodos. O acordo que permitiria eventuais votos do Centrão favoráveis ao governo seria ao custo do Ministério da Saúde e outros cargos importantes na máquina. O Centrão sempre teve interesse nesse ministério, por razões bastante conhecidas que, certamente, não seria a de distribuir preservaivos para as mulheres que vivem o drama da pobreza mestrual. São os impasses políticos produzidos pelo nosso sistema de governabilidade geridos por um presidencialismo de coalizão, que deságua numa espécie de semipresidencialismo não assumido oficialmente. Lira só faz o que quer e consoante os seus interessese e os interesses dos seus pares. Lula não completou nem cem dias de governo e já se encontra diante dessa enrascada, que moeu a presidente Dilma Rousseff até o golpe de misericórdia.    

sexta-feira, 24 de março de 2023

Editorial: O plano para assassinar Sérgio Moro e o "desequilíbrio" de Lula.



Conforme antecipamos, o plano para sequestrar e assassinar o ex-juiz Sérgio Moro é um dos assuntos que mais repercutem na imprensa e nas redes sociais. Alguns jornalistas assumiram o papel de psicólogos e estão se detendo num eventual "desequilíbrio emocional" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao tratar deste tema. Por uma dessas infelizes coincidências, um pouco antes de vir a público as armações no sentido de eliminar fisicamente o hoje senador Sérgio Moro, Lula concedeu uma entrevista ao Brasil 247 onde declarou que  só se sentiria tranquilo quando fxdesse o juiz que o fez amargar 590 dias de prisão. 

Para completar o enredo infeliz, numa viagem ao Estado de Alagoas, indagado sobre o assunto, o presidente Lula sugeria que o tal atentado seria uma armação do ex-juiz. Vamos por parte. Lula sofreu uma tortura psicológica atroz durante os quase três anos em que esteve preso - a partir de processos jurídicos sem qualquer consistência - que deixam sequelas indeléveis no indivíduo. Até de acompanhar o enterro do neto probiram-no, numa atitude covarde, desumana, execrável. Somente quem viveu situações similares pode dimencionar o que isso significa. 

Lula errou, no entanto, ao afirmar que o plano para assassinar o ex-juiz se tratava de uma armação. De fato existia o plano e a Polícia Federal, enquanto polícia de Estado, evitou que tal plano chegasse ao seu desfecho. Moro erra, igualmente, ao imputar responsabilidade ao presidente por tudo que possa vir a ocorrer com a sua família. A oposição a Lula, então, encontrou no episódio uma avenida de possibilidades para atacar o presidente. Eles adoram fazer essas inversões ou troca de papéis. Quem está contaminado até a medula com o crime organizado são eles e não Lula, embora deixemos claro que não é toda a oposição ao presidente Lula que se enquadra neste perfil. Sérgio Moro, por sua vez, que não tem sido muito feliz em seus pronunciamentos no Senado Federal - sempre recebendo grandes invertidas - chamou os holofotes para si. 

quinta-feira, 23 de março de 2023

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


Editorial: O plano para sequestrar e assassinar Sérgio Moro.



Eis aqui um assunto que ainda deve render muitas postagens e alguma tinta na redação dos jornais e revistas impressas. Haveria um plano para sequestrar e assassinar o ex-juiz e ex-Ministro da Justiça do Governo Bolsonaro, Sérgio Moro. O plano estaria sendo urdido desde janeiro, pelo PCC, descoberto durante depoimentos de integrantes dessa facção ao Ministério Público. Assim que tomou conhecimento dos fatos, a Polícia Federal caiu em campo, adotando os procedimentos cabíveis em casos dessa natureza. Hoje se sabe o montante que o crime organizado investiu na operação e que a rotina do ex-juiz era sistematicamente monitorada por integrantes da organização criminosa.  

As motivações seriam eventuais proibições de visitas íntimas aos presídios  e transferências dos cabeças dessa organização para outras unidades prisionais. Como se sabe, mesmo presos, eles mantém suas atividades ilícitas através de redes criadas com este propósito. As ordens para o que está ocorrendo no Rio Grande do Norte, por exemplo, saem de dentro das unidades prisionais daquele Estado. Um outro dado concreto é que deve existir, rotineiramente, um número razoável de juízes que recebem proteção da polícia para a sua segurança, depois de tomarem medidas contra essas lideranças ou os seus prepostos. Em tese, não causa surpresa observar que existe uma ameaça a algum juiz. 

Tampouco se pode fazer qualquer ligação deste fato com a fala do presidente Lula, em entrevista ao Portal 247, onde ele afirma que tudo estará bem apenas quando ele fxder o ex-juiz da Lava-Jato, já comentada aqui como uma fala infeliz e, pelo andar da carruagm política, igualmente inoportuna. Duas coisas são fundamentais aqui. Primeiro, por dever civilizatório, vamos nos solidarizar com o hoje senador Sérgio Moro, torcendo que as ações da Polícia Federal cheguem a um desfecho positivo, no sentido de elucidar os responsáveis por tais ameaças e puni-los. Lamentável esta queda de braço que está se formando entre governo e oposição porque, neste caso, não se trata disso. A Polícia Federal, como órgão de Estado, agindo de forma republicana, pode ter impedido o assassinato de um "inimigo" político. Na outra ponta, conter o ímpeto irresponsável dos bolsonaristas mais radicais, que tentam associar o fato ao PT, como o fazem no caso do assassinato do ex-prefeito Celso Daniel.  

quarta-feira, 22 de março de 2023

Editorial: A repercussão da entrevista de Lula ao Brasil 247

 



Em muito breve completaremos os primeiros cem dias de Governo Lula e, certamente, teremos uma monte de avaliações de setores especializados sobre o seu desempenho. Já existem até institutos de pesquisa com seus pesquisadores nas ruas colhendo informações junto à população. Pelas primeiras sondagens, as avaliações são positivas. Vamos aguardar as médias ponderadas. No campo macroeconômico, a grande queda de braço parece ser mesmo a questão dos juros pornográficos praticados pelo Banco Central, mas a equação desse problema não é tão simples, em razão de disconrdâncias de setores do próprio governo sobre o assunto, assim como em razão da prerrogativa ou autonomia do Banco Central em ditar essas regras. Até um prêmio Nobel de Economia foi convidado a emitir sua opinião e ele não gostou do que viu, o que deixou setores petistas em estado de graça.   

Ainda no campo macro, mas desta vez no político, a ala ideológica diverge sensivelmente dos espaços ocupados na máquina por integrantes do ancien régime, ou seja, de pessoas ligadas ao bolsonarismo. A ideia inicial seria uma desbolsonarização ampla, geral e irrestrita, mas, pelo andar da carruagem política, o que está ocorrendo, se brincar, é uma rebolsonarização do atual governo, a julgar pela presença efetiva de ex-bolsonaristas ocupando cargos estratégicos, seja em conselhos de estatais, seja em ministérios, como a iminente indicação de um vice-ministro para o Ministério de Minas e Energia, sob as bençãos de um Marcos Rogério.Sim, aquele mesmo! o bolsonarista roxo da CPI da Covid. A própria Gleisi Hoffmann já definiu bem o assunto, tratando-o como um caso estelionato eleitoral.  

Estamos aqui dinte de um problema do nosso presidencialismo de coalizão, que torna refém do Poder Legislativo todos os chefes do Executivo no país. A moeda de troca são cargos e liberação de emendas parlamentares. Três parlamentares que haviam assinado a CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro voltaram atrás depois desses "convencimentos". Como se sabe, isso não conduz a bons resultados de longo prazo. No varejo da política, a repercussão negativa da fala de Lula durante uma entrevista ao Brasil 247, onde ele diz que tudo somente estará bem quando ele fxder o hoje senador Sérgio Moro, que, como juiz da lava-Jato, decretou sua prisão, onde ele permaneceu por 590 dias.  

A fala de Lula só caiu bem entre os petistas raízes, mas, além do uso de um linguajar inapropriado a um Chefe de Estado, a impressão que se passa é que ele voltou ao cargo para vingar-se e, a rigor, não foi para isso que nós o elegemos. Aqui concordamos com o juiz citado, que afirmou que o linguajar não condiz com a liturgia do cargo, embora também seja incongruente aceitar que um juiz de direito pronuncie "conjo" ao invés de cônjuge. Fere o decoro verbal.      

Charge! Triscila Oliveira e Leandro Assis via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 21 de março de 2023

Editorial: A vingança de Lula

 



Ontem li uma matéria, numa página de política conceituada, onde o articulista informa que o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria alguns objetivos a atingir que, segundo ele mesmo, poderia apagar de sua biografia os percalços de imagem pública enfrentados por uma prisão que durou mais de 580 dias. Anda circulando um vídeo nas redes sociais - convém sempre tomar os cuidados necessários com esses vídeos, mas, neste caso, trata-se de uma entrevista gravada - onde o petista informa que, quando recebia alguma autoridade em sua cela da prisão na Polícia Federal de Curitiba e que eles perguntavam se estava tudo bem, ele sempre respondia que não. 

Que tudo só ficaria bem quando ele fxdesse o juiz que o havia colocado na prisão. Lula pede aos entrevistadores para editar essa parte da fala, mas acabou vazando. Como ninguém escapa dessas redes sociais, anda circulado um outro vídeo, onde se eviencia que tanto o tal  juiz ao qual Lula se refere e a sua esposa estariam recebendo o auxílio moradia, quando ambos, em tese, moram juntos. Segundo assessores mais próximo ao petista, apagaria de sua biografia essa imagem, por exemplo, o recebimento de um prêmio internacional. O da Paz cairia bem. 

O articulista sugere, inclusive, que, se ele perceber que não deu para atinigr tal objetivo neste primeiro mandato, ele pode até se candidatar a um segundo mandato. Como quem tem tempo não tem pressa e vingança é um prato que se come frio, o petista, matreiramente, costura, nas coxias, as manobras que que o conduzirão a concretizer essa vingança. Salvo melhor juízo, ele já andou afirmando, com muita convicção aliás, que o ex-presidente Jair Bolsonaro será preso. 

E, por falar em prisão, hoje foi decretada, pelo novo juiz da Lava-Jato, a prisão do ex-banqueiro Alberto Yuossef, que está causando um grande rebuliço nos meios políticos e jurídicos, por razões bem conhecidas. O operador sabe demais e pode dá com a língua nos dentes. É curioso como próceres representantes da Lava-Jato, a antiga, estão preocupados com esta prisão, possivelmente com o receio de eventuais revelações comprometedoras deste cidadão.    

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 20 de março de 2023

Editorial: 51% dos brasileiros, segundo o IPEC, não responsabilizam o ex-presidente Jair Bolsonaro sobre a tentativa de golpe de 8 de janeiro.

 



É curioso, mas nada do que ocorreu no governo de Jair Bolsonaro foi por acaso. Aquele ar atabalhoado, expressando uma profunda desorganização era apenas uma aparência, ou, para ser mais preciso, uma forma de disfarçar as reais intenções que estavam por trás de algumas de suas ações, nem sempre de corte republicano, por vezes profundamente perniciosas para a população. Uma medida aqui outra ali, nem sempre com transparência exigida, e caminhávamos a passos largos para as profundezas anticivilizatórias, antidemocráticas e antirrepublicanas.  

Foram ações deliberadas, milimetricamente pensadas, com o objetivo de cumprir objetivos nefastos específicos. O mesmo raciocínio também se aplica à tentativa de golpe de Estado fracassada de 08 de janeiro, que envolveu fontes de financimento seguras, mentorias, apoio logístico e outras coisas do tipo, como orienta os manuais do gênero. Aqui ou na terra do Tio Sam, o ex-presidente nunca se proncunciou sobre tais mobilizações, seja condenando seus excessos, seja reprovando as ações da horda de bolsonaistas radicais que sairam às ruas, ensandecida, disposta a tomar o poder na marra, atacando violentamente as nossas instituições democráticas. Nunca foi devidamente claro sobre o assunto, o que era lido pelos radicais como um indício de que tais atos contava, sim, com o seu apoio. 

Até recentemente, um oficial da Polícia Militar de Brasília, ouvido numa CPI sobre aqueles atos, revelou alguns fatos importantes para entendermos o que se passou, de fato, no acampamento que reunia bolsonaristas radicais em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília. Mas, como dizem os analistas, este país, não pode ser levado mesmo muito a sério. 51% da população ouvida numa pesquisa do Instituto IPEC isenta o ex-presidente de qualquer culpa por aqueles atos.Certo mesmo estava o filósofo Tim Maia, quando afirmava que o Brasil não poderia dar certo. É o país onde prostituta se apoixona, traficante se vicia, gigolô tem ciúmes e pobre é de direita. Resumiu bem o saudoso Tim.  

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo

 


Editorial: As passagens aéreas baratas de Márcio França.



Nos escaninhos da política comenta-se que o Ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, tomou um tremendo pito de Lula com o anúncio em torno de passagens aéreas mais baratas para a população, prioritariamente, atendendo os segmentos de aposentados, servidores públicos e estudantes. Muita coisa deixou de ser esclarecida sobre o assunto, mas é como se o governo passasse a subsidiar as companhias aéreas para o complemento do valor bilhete. Há, incluive, as preocupações em torno de eventuais mecanismos que poderiam facilitar a malversação desses recursos públicos. 

Como a Casa Civil mudou completamente de perfil no Governo Lula, transformando-se numa espécie de órgão coordenador das diretrizes políticas, Lula reclamou que o superministro Rui Costa deveria ter sido informado com antecedência sobre o assunto. É por ali que se faz o filtro das políticas publicas, de onde se conclui ser seu titular um eventual candidato à sucessão de Lula, nas eleições presidenciais de 2026. Depois de algumas ponderações, o próprio Lula parece ter gostado da ideia, mas advoga que a proposta deva atingir um público mais reduzido, como o de estudantes, por exemplo. Trata-se de uma proposição ainda em estudos. 

Márcio França tem um histórico de condução de sua vida pública que nos impõe um grande respeito. Já afirmamos isso aqui por mais uma vez, mas vale sempre a ressalva, diante do pântano em que estamos atolados. Com a vitória de Lula, na divisão dos nacos de poder, coube ao ex-governador, como cota dos socialistas, assumir o Ministério dos Portos e Aeroportos. É certo que o Governo Lula não tem uma diretriz privatista, mas as manobras do governo anterior em privatizar o patrimônio público atingiu duramente esta área, produzindo alguns malogros, como o Aeroporto do Recife, cujos preços aumentaram exorbitantemente, enquanto a qualidade dos serivços despencaram.  

Seu sotaque estatista, por sua vez, não raro, entra em contradição com a própria realidade. Outro dia, alguém observou que ele fez referência a um porto da Bahia, já privatizado, como se público fosse. Insiste em interromper os avanços das negociações de privatização do Porto de Santos - seu reduto político - hoje em processo bastante avançado. A julgar pelo mal negócio que são essas privatizações, a exemplo daquela refinaria da Bahia, que foi vendida aos Árabes, com um valor R$ 11 bilhões a menos, além de estancar a sangria, talvez seja o caso de se pensar num programa de reestatização. Lula hoje falou que deseja interferir na indicação do presidente da Vale do Rio do Doce, um colosso da indústria nacional, vendido a troco de banana podre, em final de feira de interior. 

domingo, 19 de março de 2023

Editorial: Com tão pouco tempo, o PT parece que está "cruzando a linha".



Pelo andar da carruagem política, as alas mais ideológicas do PT terão muitas dores de cabeça pela frente. Até recentemente, uma das mais ilustres representantes desse grupo, a Deputada Federal e Presidente Nacional da legenda, Gleisi Hoffmann sugeriu que estávamos diante de um estelionato eleitoral, ao criticar a formação do Conselho de Administração da Petrobras, com a indicação de nomes majoritariamente de perfil conservador e privatista. Nomes do Centrão, para ser mais preciso, indicado pelo ministro Alexandre Silveira, das Minas e Energias. 

Gleisi protestou, mas, ao que se sabe, as coisas continuaram como estavam. O Ministro das Comunicações, Juscelino Filho, que esteve na marca do penâlti até mais recentemente, também adotou tal expediente, readmitindo para o exercício de suas antigas funções na pasta, antigos colaboradores do governo de Jair Bolsonaro. Lula, que fez declarações contundentes sobre o assunto - afirmando que não iria admitir tais procedimentos - estranhamente, deixou de falar no assunto. 

Afinal, a retirada de assinaturas para a uma eventual CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro vem sendo obtida através do surrado expediente do "convencimento", que signifca, neste caso, a liberação de emendas e cargos na máquina do Estado. Até o organograma de empresas estatais como a CODEVASF estariam sendo modificados para acomodar os novos aliados. Acabamos de ler, não sem algum espanto, na coluna do jornalista Cláudio Humberto, uma notícia que indica que esses expedientes chegaram ao que se poderia classificar como a cereja do bolo ou um coroamento. 

Há a informação de que os senadores Waldir Rauph e Marcos Régério - sim, aquele mesmo - estão por trás da indicação de Efrain Cruz para exercer o cargo tido como um vice-ministro das Minas e Energias. Os cidadãos e cidadãs brasileiros que acompanharam o trabalho da CPI da Covid sabem muito bem quem é o senador Marcos Rogério, um bolsonarista raiz. O PT parece ter cruzado a linha. Vamos deixar um recado aqui para os dois Ciros. O do Ceará e o do Piauí. Ao seu modo e, por razões distintas, ambos teriam interesse nessas movimentações políticas. 

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


sábado, 18 de março de 2023

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 





Editorial: Quem tem medo sobre uma CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro?



Confesso que passei a ficar interessado numa eventual CPMI sobre os atos golpistas do dia 08 de janeiro, principalmente depois do depoimento do oficial da PM de Brasília, no dia de ontem, com revelações estarrecedoras sobre o que ocorria no acampamento montado pelos bolsonaristas radicais junto ao Quartel General do Exército, em Brasília. O Big Brother, apesar dos excessos, ainda assim, certamente ficaria de queixo caído com as ocorrências ali registradas, ainda de acordo com o oficial, que aponta eventuais casos de estupro e prostituição e outras coisas do gênero. Um cardápio abjeto, portanto. 

O militar informa que chegou a disponibilizar cerca de 553 homens da PM com a missão de desmontar o acampanhemtno, mas teria sido impedido de fazê-lo pelo Exército. Alguém que é tão preciso nos números deve estar falando a verdade, conforme ensina os bons manuais de interrogatório. Quando você associa o que ali ocorria com as recentes denúncias de eventuais envolvimentos de órgãos como a  Receita Federal, da ABIN, no sentido de adoção de métodos ilegais, sem autorização judicial  para espionarem os inimigos do governo, aí você tem um quadro nefasto do pardieiro dos porões milicinaos em que estávamos metidos. Aqui convém separar o joio do trigo, mas nunca é demais observar que o trigo também faz mal à saúde. Na realidade, são setores da ABIN e da Receita Federal que teriam sido aparelhados pelo bolsonarismo para esses papéis antirrepublicanos.   

Como ocorre nos sistemas fechados mais tradicionais, o estrago foi grande. O retrocesso civilizatório, republicano e democrático foi grande. Quando a sujeira começa a aparecer debaixo do tapete, pelas mais diversas razões, é que começamos a nos dar conta da dimensão do problema. Hoje, já existe algumas infomrações concretas sobre o que poderia ter ocorrido no dia 8 de janeiro. Está claro, por exemplo, de que foi algo urdido, bem planejado, com a participação efetiva de setores militares, quer como simpatizantes do movimento, que como articuladores ou planejadores. 

A oposição se articula e o governo move moinhos para evitar uma CPMI, algo que, possivelmente, travaria o governo. As razões apresentadas pelo governo são razoáveis embora a oposição tenha dúvidas sobre as reais causas deste temor, sugerindo que integrantes do atual governo sabiam dos acontecimentos e não fizeram nada para impedí-lo. Nas ações do atual governo para impedir a instauração desta CPMI há, pelo menos um equívoco: Esse toma lá dá cá, envolvendo cargos na máquina e liberação de emendas para a retirada de assinaturas.  

sexta-feira, 17 de março de 2023

Editorial: Flávio Dino no complexo de favelas da Maré



A oposição ao Governo Lula tem explorado bastante uma visita do Ministro da Justiça, Flávio Dino, ao complexo de favelas da Maré, no Rio de Janeiro, onde chegou sem nenhum esquema de segurança especial. Além das ironias de integrantes do clã bolsonarista - Eduardo Bolsonaro fez um pronunciamento na Câmara dos Deputados abordando o assunto, carregado de ironias - outros integrantes oposicionistas, além de se perguntarem sobre os motivos da visita, já aventam até mesmo a possibilidade de convocação do ministro para dar explicações sobre o assunto. 

Por razões óbvias, o ministro tem sido discreto ao tratar do assunto, pois foram os próprios moradores locais, através das instâncias comunitárias organizadas, que o convidaram. Genericamente, a pauta seria um projeto de segurança apresentado pela comunidade. Na realidade, a oposição ao Governo Lula está sempre à procura de algum fato novo para desgastar o governo junto à opinião pública. Quando das condolências pelo quinto ano da morte da ativista Marielle Franco, eles fizeram questão de desenterrar o cadáver do ex-prefeito petista Celso Daniel. 

Hoje, a tese de que a vereadora foi assassinada por prejudicar os negócios e os projetos políticos da milícia carioca é bem mais plausível. Infelizmente a estrutura policial do Estado do Rio de Janeiro não reuniu condições de investigar e elucidar este caso, indo até as últimas consequências. O nível de contaminação do aparelho de Estado não permitiu. Foram até onde foi possível. Agora, com um Polícia Federal entrando no caso - sem as interferências das autoridades de Brasília para impedir que profissionais sérios conduzam as investigações - a tendência é que, finalmente, possamos ter um desfecho deste caso, apontando-se e punindo-se os mandantes do assassinato da vereadora. 

O ministro Flávio Dino vai a onde quiser ir e quando for convidado. Não tem satisfação a dar aos milicianos do Rio, que estão preocupados com as suas movimentações junto às suas bases eleitorais, que são tratadas como marginais antes das eleições. Aconselharia ao ministro, no entanto, de fato, ficar mais atento à sua segurança, pois nao se pode brincar com milicianos, que possuem "empresas", cujos negócios, incluem os assassinatos por encomenda, como foi o caso da morte da vereadora Marielle Franco.