pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Editorial: A banalização do golpe ou tentativa de golpe de Estado.


Há muitas especulações em torno deste assunto, mas vamos permitir que a Polícia Federal, que realiza um trabalho merecedor do reconhecimento da sociedade brasileira, tire suas conclusões sobre o que ocorreu em Brasília, no último dia 13, onde ocorreram explosões nas praças dos Três Poderes, perpetradas pelo senhor Francisco Wanderley Luiz, que acabou cometendo suicídio. A versão de integrantes do governo Lula e do Judiciário é uma, a versão dos bolsonaristas é outra, completamente divergentes. O consenso é que estamos mergulhado numa baita crise institucional, num terreno pantanoso, onde exige-se a manutenção do equilíbrio emocional e político para atravessá-lo. 

Hoje, dia 15,  a imprensa já mostra um outro caso, desta vez de um hacker, que estaria postando mensagens semelhantes ao do senhor Francisco Wanderley Luiz, que, no caso, acabou concretizando suas ameaças, inclusive assinalando a data do evento e o que pretendia. Nove foras os problemas emocionais do senhor Francisco, num ponto um dos ministros do STF tem razão ao afirmar que algumas correntes ou atores políticos conhecidos passaram a estimular ou incitar tais comportamentos. Posam de democratas, mas trata-se apenas de bravatas. Defendem uma democracia de conveniência, onde somente eles podem ganhar o jogo eleitoral. Jogadores com este perfil, realmente, precisam ser excluídos da peleja. Aliás, sequer chamados a participarem, como se fazia em nossas peladas da infância. 

Não operam com a incerteza inerente ao processo democrático, conforme advertia o cientista político polonês Adam Przeworski. Não se pode banalizar um golpe de Estado, como alguns atores políticos pretendem, decretando anistia, passando uma borracha como ocorreu em relação à ditatura militar de 1964, quando grandes violadores dos direitos humanos no país, capazes de cometer atrocidades que deixariam Johnny Abbes García abismado, tenham passado desta vida para outro plano palitando dentes e jogando dominó em clubes conhecidos. É preciso que os cidadãos e cidadãs que atentaram contra as instituições democráticas do país conhecem o ônus pesado da justiça. Havia um rebanho que foi apenas incitado, mas, por outro lado, não há a menor dúvida de que esteve em curso um projeto autoritário.  O ato de Brasília interrompe uma discussão que, a rigor, nunca deveria ter sido aberta. 

Editorial: O debate público que realmente importa.



Em meados da década de 50 do século passado, o cineasta italiano Roberto Rossellini esteve no Recife, em princípio, com o propósito de transformar numa película o livro A Geografia da Fome, do sociólogo Josué de Castro. Até recentemente, lemos o livro Rossellini Amou a Pensão de Dona Bombom, do escritor pernambucano Cícero Belmar, que trata deste assunto. Curioso que o fio da meada do enredo - apenas o fio, uma vez que o enredo é muito bem construído -  é um cartão deixado dentro de um livro, comercializado num sebo do Recife, onde o cineasta do Realismo Italiano faz referência às irmãs Passarinho, que frequentavam a pensão de Dona Bombom e residiam na periferia da cidade.  

Depois de um passeio pelas pontes do Recife, onde o cineasta encantou-se com a pesca do siri, realizada de cima delas, Rossellini é conduzido ao Restaurante O Buraco da Otília, famoso restaurante que funcionou durante décadas na Rua da Aurora, onde é submetido a um repasto gastronômico da culinária pernambucana, regado à galinha à cabidela - que ele elogiou bastante - pirão de camarão pitus e o famoso cozido. A sobremesa foi na casa do sociólogo Gilberto Freyre, que o atendeu embora houvesse chegado de uma viagem cansativa ao sul do país e estivesse refazendo suas energias no sítio da propriedade - onde foram servidos o famoso licor de pitangas, o Bolo Souza Leão, o tradicionalíssimo Bolo de Rolo e, naturalmente, o sorvete de araticum-cagão, o preferido do antropólogo, cuja fruta encontra-se entre as variedades existentes no Solar de Apipucos. 

Josué de Castro, que há anos mantinha desavenças com Gilberto Freyre, não compareceu ao encontro. Diplomaticamente, como era do seu feitio, alegou alguns compromissos, mas o real motivo todos sabiam. Depois de visitar o Museu de Arte Popular, que ainda funcionava em Apipucos, ao final da tarde, ninguém sabia para onde levar Rossellini. O poeta Carlos Pena Filho, que acompanhava a comitiva,  sugeriu o Recife Antigo, onde o cineasta experimentou algumas doses de whisky escocês legítimo - o que não seria difícil encontrar por ali, em razão dos produtos contrabandeados que entravam pelo Porto do Recife - Rossellini acabou esquecendo seu tórrido romance com Ingrid Bergman. As irmãs passarinho, possivelmente, levaram o cineasta italiano às nuvens. 

O filme, infelizmente, por razões desconhecidas, acabou não sendo realizado, a despeito das costuras institucionais materializadas, inclusive com assinatura de contrato, com a anuência de Josué de Castro. Nós temos as nossas hipóteses para a sua não realização, mas as discutiremos oportunamente. Todo esse introito é para trazer à discussão sobre a importância do debate público. Discussões levantadas sobre alimentação em décadas do século passado, a partir de um debate entre os dois sociólogos pernambucanos, continuam presentes no dia de hoje, a julgar pelo número de recifenses que ainda encontram-se na condição de insegurança alimentar, morando nas famosas palafitas do Recife e nas ruas do centro da cidade. Possivelmente população negra, talvez com um recorte de gênero, cujas precárias condições de vida já eram denunciadas, além de Josué, por textos romanceados como O Moleque Ricardo, do escritor paraibano José Lins do Rego. Escrevivências dos tempos da recifensização de Zé Lins, sempre acompanhado por Gilberto. 

Esses problemas vieram à tona na última campanha para a Prefeitura do Recife. Reeleito com certa facilidade, o prefeito João Campos, antenado que é, deve ficar atento às críticas formuladas pelos adversários contra a sua gestão, onde alguns desses problemas são apontados. Recife ainda tem muitos problemas, embora suas entregas o tenha credenciado a mais um mandato e uma avenida política pela frente. Em São Paulo, um observador mais atento deve ficar mais ligado às medidas tomadas pelo prefeito reeleito, Ricardo Nunes, fazendo exigências às operadoras de transporte coletivos - acusadas de associação às organizações criminosas - que demonstrem sua capacidade de receita para continuarem operando. 

Na outra margem, afastou um servidor de carreira, que estava vinculado à sua gestão, salvo melhor juízo, depois das críticas durante os debates de televisão, dirigidas pelo psolista Guilherme Boulos. Isso evidencia um desprendimento do gestor, além da capacidade de assimilar aquelas ponderações que devem ser levadas em conta. O interesse público não deveria ficar submetido às birras de campanha. O mesmo vale para as propostas apresentadas, como a do candidato do PSOL, que pretendia zerar as filas de atendimento no serviço público de saúde. 

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Charge! Gilmar via X

 


Editorial: O que se sabe sobre o atentado em Brasília?


No momento apenas o que a imprensa tem noticiado, assim como as pistas deixada pelo próprio Francisco Wanderley Luiz, autor do atentado. A Polícia Federal investiga o episódio como um atentado terrorista. Em princípio sugere-se que o autor tinha mesmo intenções de cometer um ato terrorista e se suicidar. Outra hipótese seria um acidente na execução do atentado, o que resultou em sua morte. O episódio, naturalmente, alimenta as inevitáveis teorias da conspiração, seja por parte dos bolsonaristas, seja por parte dos lulistas. Um deputado da base do governo andou estabelecendo uma comparação infeliz entre este atentado e o que ocorreu no Rio Centro, este sim um ato terrorista perpetrado por agentes públicos, com o propósito de impedir a reabertura política em curso, costurada por grupos mais moderados entre os militares. Caso se concretizasse como se pretendia, seria uma tragédia. Não há comparação possível entre ambos. 

Presume-se que Francisco Wanderley Luiz tenha agido sozinho, externou suas intenções através de suas redes sociais e, a rigor, poderia não está no gozo pleno de suas faculdades mentais. Trajava um terno colorido, chapéu branco, muito semelhante às vestimentas do Coringa. Havia se candidatado a vereador nas últimas eleições e não havia obtido um bom resultado. O país continua mergulhado numa névoa de instabilidade institucional desde algum tempo, talvez a partir de 2016, se desejarmos estipular um período. Podemos não ser muito preciso por aqui, se considerarmos que as Jornadas de Junho começaram em 2013. Este é um real problema que as nossas instituições democráticas estão enfrentando. 

As hordas radicais continuam sendo incitadas, ganhando espaço, mobilizadas por causas não necessariamente de caráter democrático ou republicano. Passaram a relativizar o conceito de democracia, como se estivéssemos tratando de uma democracia de conveniência, circunscrita aos cercadinhos. Por outro lado, não desejam conviver com a incerteza que são inerentes aos regimes de democracia representativa. Se o adversário ganhar, foi roubo. Isso não é ser democrático. Assim é que se confirma que o 08 de janeiro ainda não terminou. Com o agravamento da instabilidade econômica que se avizinha, diante de um déficit público gigantesco, que se amplia a cada mês. 

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Editorial: Duda Lima no Roda Viva: É cedo para falarmos em 2026.



O marqueteiro que comandou a campanha vitoriosa do prefeito de São Paulo à reeleição, Duda Lima, foi o entrevistado do Programa Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda-feira, 11.  Há vários recortes que poderiam ser explorados de suas falas, mas vamos nos deter num questionamento sobre se Lula teria alguma chance de se reeleger em 2026. Prudentemente, o marqueteiro observou que ainda é muito cedo para se especular em torno do assunto. Já antecipamos por aqui, em outra postagens, que, se as eleições fossem hoje, com os atuais índices de aprovação que ostenta e a economia em frangalhos, Lula não seria reeleito. Nos Estados Unidos, um dos motivos da derrota de Kamala Harris foi minimizar o debate sobre o tema, optando pelas pautas identitárias, quando parte mais sensível do ser humano, conforme ensinava Roberto Campos, continua sendo o bolso. 

Mas, como observou Duda, teremos um longo caminho até outubro de 2026. As testagens já estão nas ruas. Salvo melhor juízo, o PL andou realizando algumas sondagens sobre o assunto e, a rigor, quem melhor se apresenta como eventual concorrente do presidente Lula - já que não se vislumbra um outro nome no campo progressista - é o da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, embora haja um veto até mesmo familiar às suas pretensões políticas, que estipulam que uma candidatura dela ao Senado Federal pelo Distrito Federal já estaria de bom tamanho. Na realidade, mas do que nunca, Bolsonaro pretende voltar à Presidência da República em 2026, se assim a inelegibilidade permitir. 

A vitória de Donald Trump nos Estados Unidos deu um novo impulso ao capitão. Aqui em Pernambuco, os institutos de pesquisa também já estão nas ruas realizando seus levantamentos em relação às projeções de nomes para 2026. O curioso é que, se ao final e ao cabo, o PL descobrir que o único nome capaz de derrotar Lula seja Michelle Bolsonaro. Como eles vão se arranjar com o capitão, que não abre mão do protagonismo. Uma curiosidade sobre Duda Lima. Sua formação acadêmica é em Farmácia. Com especialização em suturas políticas, presume-se. 

Charge! Rico via X

 


Editorial: O mar que avança em Baía da Traição.


Tornaram-se recorrentes os vídeos que circulam nas redes sociais mostrando o estrago produzido pelo avanço do mar no município de Baía da Traição, na Paraíba, terra dos índios potiguaras. Este editor tem uma paixão pelo município, onde o nosso primeiro romance, Menino de Vila Operária, teve uma excelente recepção. Nunca entendemos bem o motivo, mas acreditamos que seja em razão da proximidade do Município de Rio Tinto, onde a oligarquia industrial da família Lundgren também mantinha uma fábrica de tecidos. Essas vilas operárias guardam semelhanças impressionantes. A estrutura do município era similar, com a mesma arquitetura, os mesmos padrões gerenciais, a mesma hegemonia dos Lundgren em todos os aspectos, inclusive no cultural, onde mantinha à época a maior sala de cinema da América Latina, o Cine Orion.  

Também lá há registro da cerimônias do Partido Nazista, o que aumenta as especulações sobre eventuais simpatias - se não da família - mas dos operários alemães da fábrica, pelo Nazismo. As tarefas da indústria que exigiam maior qualificação técnica eram realizadas pelos engenheiros alemães que vieram trabalhar na indústria. Li uma importante tese de doutorado onde se refuta completamente a hipótese de a família Lundgren manter alguma simpatia pelo Partido Nazista. Por outro lado, curiosamente, dois encontros dos simpatizantes do partido no Nordeste foram realizados onde a oligarquia industrial mantinha interesses: Paulista e Rio Tinto. 

Quanto à molecada, que deve ter lido o livro à procura das reminiscência de sua recôndita infância, as vivências são as mesmas: Peladas nos finais da tarde, batismo ou uma de jia nos riachos e ribeirinhos, coletas de frutas da época - lá a mangaba ainda é muito abundante - pesca do camarão Pitu, burrica, cabra cega, cabo de guerra, amarelinha, corridas de patinetes, bola de gude, pau de sebo nos festejos juninos, capturas de passarinhos canoros, banhos de bica nos dias de chuva, pipas ao vento, revoadas das tanajuras, o time de várzea, os primeiros alumbramentos. Confesso que Vivi, como diria o poeta chileno Pablo Neruda. 

P.S.: Do Contexto Político: Para os leitores que solicitaram mais informações sobre o livro, o mesmo pode ser adquirido pelo blog ou pelo site da Estante Virtual. 

Editorial: Degenerescência institucional.



O Brasil passa por um dos seus momentos mais delicados. Antes o problema tratar-se apenas dos incêndios na região do Amazonas; o dragão da inflação, que já começa a rondar as gôndolas dos supermercados, com seu apetite voraz; os mosquitos da dengue, que agora incidem em todas as estações do ano; as nevrálgicas questões relacionadas à segurança pública ou as agruras que passa o Governo Lula3, completamente desnorteado, sem saída, metido numa sinuca de bico. Infelizmente é preciso admitir que o Governo Lula3 não vai bem. Restou como alternativa sinalizar que vai mexer na aposentadoria dos militares, o que significa mexer num vespeiro. Nem em tempos de "normalidade" houve espaço para tal discussão. Imaginem num momento de instabilidade institucional crônica. 

O processo é mais grave e diz respeito a uma espécie de degenerescência institucional generalizada. Uma metástase. Até recentemente, por muito pouco não se instala na dependência de um órgão de fiscalização e controle das contas públicas um salão de beleza para atendimento dos servidores, onde se oferecia até mesmo depilação de contorno. Nas repartições públicas são recorrentes as denúncias de assédios institucionalizados, que é quando os gestores e dirigentes, que deveriam atuar de forma isenta e republicana, sugere-se que dão sinal verde para as perseguições sistemáticas a determinados servidores que não se coadunam com os grupelhos encastelados.  

As investigações sobre o assassinato do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, que seria um delator de uma organização do crime organizado, desmonta um novelho estarrecedor, evidenciando que a corrupção do aparelho policial de São Paulo, assim como de outras praças do país, não é menor do que em relação ao Rio de Janeiro, implicando num ônus pesado para a população. Vamos fazer por aqui uma presunção dos tempos do faro investigativo. A organização criminosa, de fato, tinha interesse na morte do empresário, mas o mais provável é que ele tenha sido morto pela banda podre. No Maranhão e no Mato Grosso, no que concerne à corrupção também presente no sistema judiciário, se o indivíduo  reúne as condições econômicas, poderia comprar a decisão de sentenças em seu favor. O dinheiro saía em poucas horas, de forma expressa, sacado na boca do caixa, por zelosos auxiliários dos envolvidos.  

Na Paraíba, o GAECO e o MPPB, que realizam um trabalho digno do reconhecimento da população, impetraram uma grande ação junto à Defensoria Pública do Estado, onde, supostamente, há indícios de irregularidades relacionadas aos desvios de funções praticadas por alguns servidores. Neste caso, precisamos até consultar alguém da área para saber como isso seria possível numa instituição que, em princípio, foi concebida exatamente para proporcionar a chance de defesa ao cidadão ou cidadã que não poderia bancar as custas de um processo.  Não vamos entrar em mais detalhes por aqui para não melindrarmos, mas está tudo dominado. 

Charge! Pedro Vinício via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 12 de novembro de 2024

Editorial: A queda de braços entre o mercado e o PT. Lula no meio.



O ajuste fiscal, se sair, possivelmente não terá atendido às expectativas do mercado. Isso se conclui pelo andar da carruagem política, onde, em certo momento, alguns membros mais identificados com as diretrizes partidárias parecem desconhecer que o PT é Governo. Estabeleceu-se uma verdadeira batalha campal entre o mercado e dirigentes do partido, que lançaram até um manifesto em defesa das teses históricas da legenda, onde não se cogita efetuar cortes que atinjam os programas sociais ou abortem políticas públicas que possam prejudicar o atendimento de serviços como o SUS, por exemplo. Não vamos chegar a algum denominador comum. Sabe-se que Fernando Haddad já deu o caso por encerrado. 

Já colocou as cartas na mesa, deixou todo mundo informado sobre a real situação das contas públicas no país. Aliás, infelizmente, também se pode concluir que essas reuniões não estão sendo nada produtivas, uma vez que a insatisfação entre os dirigentes dos ministérios atingidos é grande. Há trocas de farpas e até ameaças de demissão. É a típica situação onde não se pode afirmar que, entre mortos e feridos, escaparam todos. Alguém vai sair chamuscado. A bola agora encontra-se com o morubixaba petista, que deve arbitrar sobre essa querela, mas as suas declarações também não são nada alvissareiras, sugerindo que o núcleo duro do PT possa ter sido mais convincente ao petista do que a sua área econômica. 

Quem não suporta mais esse lenga-lenga é o Fernando Haddad. Ficamos aqui somente imaginando qual será o futuro do ministro Fernando Haddad neste governo. Certamente ampliará sua área de atrito com os companheiros e, pela frente, um futuro incerto sobre a economia, onde amplos segmentos do governo se mostram reticentes a entender a necessidade desse ajuste fiscal. Caso ele não supere essa fase, aí sim é que as coisas tendem a degringolar de vez, desgastando-o ainda mais. Essa briga com o mercado é uma fantasia criada pelos ideólogos da legenda. 

Charge! Nando Motta via Brasil 247!

 


Charge! Renato Aroeira via Jornal 247

 


Editorial: Vereador que desejava licença de órgão público para se fazer caridade, torra 76 mil em verbas públicas em padaria.


Este país, realmente, não pode ser levado muito a sério. No ano passado repercutiu de forma bastante negativa uma proposta de um vereador que desejava que as entidades ou pessoas que distribuíam quentinhas aos moradores de ruas passassem pelo crivo do poder público, que deveriam emitir uma licença para se fazer tal caridade. Do contrário, essas pessoas ou entidades deveriam ser proibidas. Especulou-se à época que o propósito era o de atingir o programa desenvolvido pelo Padre Júlio Lancellotti, que, ao longo de sua vida, em razão do seu trabalho social, construiu algumas inimizadas com pessoas de perfis conhecidos. 

Ontem, dia 11, esteve ocupando o topo do Trending Topics X, uma matéria com a informação de que o tal vereador teria gasto algo em torno de 76 mil reais em dinheiro, pago pelo erário, numa padaria conhecida. Não raro, surgem notícias assim pelos jornais ou redes sociais, sempre envolvendo homens públicos.  Além dos apreciados pães de queijo mineiro, outro duto de desvios são os combustíveis, sempre realizados em locais e postos específicos, envolvendo tanques cheios para ir daqui à esquina, gasolina que daria para dá a volta ao mundo, numa evidência clara de irregularidades. Num período não muito distante, até o lanche da rapaziada das motociatas eram pagos com cartões corporativos. 

A proposta de licença para se fazer caridade soou tão mal que foi retirada. Pelo perfil de quem torra 76 mil em lanchinhos numa padaria, sugere-se que a proposta indecente tinha como objetivo mesmo atingir o trabalho humanitário realizado pelo sacerdote. Continuamos carecendo de bons exemplos, de homens com espírito público, capazes de separar a verba do erário dos seus proventos.  

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Editorial: Lula tenta uma reaproximação com os evangélicos.



Mesmo antes das eleições presidenciais de 2022, o nicho eleitoral dos evangélicos passou a representar uma grande preocupação para o morubixaba petista. Uma das afirmações de Lula é não saber como este divórcio se deu, ao longo dos anos, quando essas relações já teriam sido bem melhores no passado. Essa discussão já foi amplamente debatida por este blog, onde tratamos deste assunto em inúmeras ocasiões. Para não saturar os nossos leitores, vamos aos fatos. Nesta minirreforma ministerial que estaria sendo pensada no Planalto, depois da refrega das últimas eleições municipais, prevê-se o convite a um evangélico, de preferência uma mulher. 

Primeiro que não é com a abertura de espaço na Esplanada dos Ministérios que o problema da relação truncada com os evangélicos será sanada. Longe disso. O problema é bem mais complexo. Mais uma vez, ao sugerir convidar uma mulher, o partido sugere não ter entendido que essa discussão identitária chegou ao limite em amplos segmentos sociais. Uma das razões pelas quais ocorreu o sucesso da candidatura de Donald Trump nos Estados Unidos foi exatamente a insistência de Kamara Harris em insistir nessa pauta de gênero, quando a inflação estava nas alturas, o americano comum endividado e a avaliação de Joe Biden descendo as escadarias. 

A notícia boa é que já existem alguns segmentos dentro do PT manifestando uma preocupação efetiva com este assunto, sugerindo focar no bolso, no emprego, na segurança, nos salários e menos em lacrações. O PT perdeu essa organicidade com os evangélicos depois do processo de oligarquização a que foi submetido, quando se criaram as castas dirigentes, muito mais preocupadas com o processo eleitoral do que com a atenção às suas bases. Houve um tempo em que existiam núcleos evangélicos dentro da legenda, que faziam essas interlocuções. Este é um dos motivos. Existem outros, talvez ainda mais determinantes. 

Editorial: E os cortes, Haddad?


Algo sugere que vamos ter alguns problemas por aqui. Os cortes não deverão sair conforme as expectativas do mercado. O mercado, aliás, passou a ser o grande vilão do Governo Lula3, que passou a identificar nesta entidade um inimigo de suas políticas públicas. Ceder aos seus "caprichos" - que neste caso poderia ser traduzido como por ordem nas contas pública - significa boicotar o próprio governo, praticamente inviabilizando suas pretensões de continuar como inquilino do Palácio do Planalto.  Ninguém consegue convencer o morubixaba petista do contrário, embora uma ala mais consequente considere a possibilidade da adoção dessas medidas como uma credencial positiva junta à população. 

O que ninguém aguenta mesmo é a corrosão do poder de compra dos salários, para satisfazer os desejos incontroláveis do dragão da inflação, que já começa a rondar as gôndolas dos supermercados. Principalmente os estratos mais pobres, com os quais as relações do PT estão truncadas. Os ricos se protegem com os juros da taxa selic nas alturas.  Segundo os economistas, o bicho gosta de boa iluminação, de coxão mole e, para variar, de vitamina de abatate, que chegou a R$ 35,00 reais o quilo num mercadinho aqui próximo. Não se pode negar o bom gosto do bicho. 

Penso que o morubixaba petista tinha bons planos para o pupilo Fernando Haddad. Hoje é visível o seu desgaste no Governo Lula3. Segundo o próprio ministro, não há mais o que conversar. Já ocorreram várias conversas. A chiadeira, no entanto, é generalizada. Vai desde os petistas que se contrapõem às medidas draconianas, aos que temem os cortes em suas respectivas pastas. Alguns até ameaçam com pedido de demissão. Lula deve bater o martelo esta semana. 

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo

 


domingo, 10 de novembro de 2024

Editorial: "Quem não se comunica, se trumbica, PT"



Esta expressão tornou-se popular através do comunicador pernambucano Abelardo Barbosa, o Chacrinha, que comandou um programa de auditório durante anos, sempre com grande audiência. Hoje, dia 10, tivemos a oportunidade de acompanharmos duas entrevistas concedidas por dois atores políticos relevantes do Partido dos Trabalhadores, o senador pernambucano, Humberto Costa, e o Ministro da Educação, Camilo Santana. Se nos pedissem uma síntese dessas duas entrevistas, diríamos, sem medo de errar, que a ênfase foi dada sobre a necessidade de o PT enfrentar o problema de comunicação. Há um verdadeiro hiato entre o PT e amplos setores da população. 

Há algum tempo o Governo Lula3 almeja fazer mudanças nessa área da comunicação institucional. Verbas estão sendo previstas - possivelmente essas não entrarão na tesoura dos cortes - e existe a possibilidade de mudanças de nomes que hoje comandam esta área nevrálgica. Antes de materializar essas mudanças, o PT precisa, na realidade, debater o que vai propor à população. Há uma narrativa histórica, que acompanha o partido desde a época de 80, que se encontra completamente dissociada da sociedade. Se, por um lado, os princípios devem ser mantidos, por outro lado, aquele conjuntos de medidas com o propósito de superar as desigualdades sociais, atender aos mais necessitados - sempre através dos programas sociais conhecidos - estão completamente superados. 

A pauta de costumes é outro grandiosíssimo problema. A direita ganhou a narrativa neste terreno. Mantidas as condições atuais, como sugere o próprio Humberto Costa, uma derrota de Lula nas eleições presidenciais de 2026 entra na condição de uma possibilidade concreta. O partido precisa ser submetido a uma profunda autocrítica. A periferia pobre de São Paulo votou majoritariamente em Ricardo Nunes. O pessoal da USP ainda votou em Boulos, mas as universidades já esboçam suas insatisfações com o Governo Lula3, sobretudo se considerarmos a última greve dos docentes. Sugere-se que as pessoas estão cansadas dessas "lacrações". 

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


sábado, 9 de novembro de 2024

Charge! Adão Iturrusgarai

 


Drops Político: Bolsonaro desautoriza movimentações de candidaturas em sua base política.


Embalado pela vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, o ex-presidente Jair Bolsonaro passou a considerar que todas as amarras que dificultavam sua candidatura presidencial em 2026 foram rompidas. Bolsonaro está em lua de mel, em céu de brigadeiro. Não é bem assim. Alguns observadores até sugerem que os processos que existem contra ele ganhem até alguma celeridade. Mas, não vamos jogar uma ducha de água fria neste momento de tranquilidade do ex-presidente. Assim, ele considera tão certa a sua candidatura em 2026 que já andou até nomeando o ex-presidente Michel Temer para ocupar a vaga de vice numa futura chapa, convite que foi rejeitado. Hoje, dia 09, os jornais preconizam que ele não irá tolerar movimentações para sucedê-lo em sua base política. Só depois de morto. Curioso que Pablo Marçal entabula conversas com o União Brasil.  

Drops Político: As veias abertas do Recife.



Um dos aspectos positivos desta última campanha eleitoral no Recife foi a exposição dos problemas urbanos que ainda permanecem na capital pernambucana, uma das mais desiguais do país. Um em cada quatro moradores vivem em favelas no Recife e Grande Recife. A população deu um crédito de confiança ao prefeito João Campos em razão de suas entregas e compromissos de enfrentar esses problemas. Antenado, ele já deve ter no retrovisor as diretrizes que devem nortear esta segunda gestão. Pessoas consequentes não temem as críticas e autocritica. Aprendem com elas. No Brasil, existem mais de 16,5 milhões de pessoas residindo em favelas. Um percentual expressivo delas no Recife. Pernambuco é o terceiro em número de favelas no país. Em favelas ou vivendo nas ruas, o que é ainda mais grave. 

Drops Político: Raquel nomeia um petista para o ProRural.


A governadora Raquel Lyra nomeou o ex-candidato à Prefeitura de Águas Belas, Maurício de Josué, para a direção do Programa Estadual de Apoio ao Pequeno Produtor Rural -(ProRural). A partir de então, começaram as especulações em torno do assunto, sugerindo que a governadora estaria dando uma demonstração no sentido de efetivar os laços de amizade com o partido aqui na província, como indicativo de consolidar uma aliança com o Planalto para as eleições de 2026. Alguns membros da legenda, a exemplo do deputado estadual João Campos, sugerem que o raciocínio é este mesmo, enquanto a governadora confirma o namoro. Outros membros, a exemplo de Oscar Barreto, do Diretório Estadual do PT, que ocupa a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, afirma que não há negociação institucional neste sentido. O ex-candidato teria uma relação pessoal com a governadora. Nossa opinião é a de que, a governadora está, sim, estreitando sua relação com o PT. 

Editorial: Salão de beleza no TCU



O Brasil não é um país para amadores, como observam os analistas.  Tampouco pode ser levado muito a sério, concluem outros observadores. A coluna do jornalista Cláudio Humberto noticiou que estava em andamento a instalação de um salão de beleza nas dependências do Tribunal de Contas da União, onde servidores seriam atendidos no horário de expediente, com um mix de serviços que incluíam massagens relaxantes e até depilação do contorno. O processo teria sido revogado pelo presidente do órgão, Bruno Dantas, que afirmou desconhecer, até então, a tramitação da licitação exótica. 

A repercussão da notícia foi sensivelmente negativa, principalmente por se tratar de um órgão de fiscalização e controle das contas públicas, de onde se espera sempre bons exemplos de austeridade. Por outro lado, no Executivo, também há exemplos que se contrapõem aos princípios de racionalidade e austeridade que se impõem à máquina neste momento delicado, onde o propósito, em princípio, seria atingir as meta de controle do déficit público. O governo permanece firme no propósito de renovar a frota de aeronaves oficiais - um estouro de bilhões - algo que o atual gestor só poderia usufruir a partir de 2026, quando já estaria fora do Palácio do Planalto. A não ser que ele deseje continuar no cargo, habilitando-se a mais um mandato, apesar da idade avançada. 

Até lá, o monstro da inflação, que já começa a rondar as gondolas dos supermercados, precisará ser devidamente contido; o déficit público zerado e sua popularidade atinja escores melhores do que o atual. 35% de bom e ótimo não seria suficiente. A economia foi um dos suportes que alicerçaram a volta da extrema direita nos Estados Unidos. São esses deveres de casa que precisam ser feitos. Dizer que vai continuar para impedir a volta do bolsonarismo não será suficiente para se contrapor a essa onda. Se essa retórica não for acompanhada de medidas práticas, teremos problemas. 

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Drops Político: Boulos reunirá esquerda para definir rumos.



Guilherme Boulos reunirá a esquerda para discutir os novos rumos. É difícil fazer algum prognóstico acerca sobre o que deverá sair desse encontro. Para começo de conversa, Boulos andou dando algumas declarações no sentido de que as teses históricas que sempre caracterizam a esquerda não devem mudar, consoante essas ondas neoliberais ou de extrema-direita, que insiste em atirar a esquerda nas cordas do centro político. É como se no ambiente político atual - depois do esgarçamento anticivilizatório como resultado desses tempos bicudos que vem no bojo dessa onda conservadora - não houvesse mais espaço para a esquerda tradicional. Ou vai para o centro, ou perde completamente a interlocução com a população. Não vai de boa vontade, mas está sendo empurrada. Literalmente. A foto acima, escolhida aleatoriamente, é bem emblemática. Mostra uma senhora idosa, possivelmente no Chile ou Argentina, enfrentado policiais jovens e bem armados, com uma pedra na mão. A situação é um pouco esta. Para completar, o aloprado já assegurou que fortalecerá a direita latino-americana. 

Drops Político: Marçal é indiciado pela Polícia Federal.



Depois de ouvido no dia de hoje, 08, acerca da divulgação de laudos falsos sobre o candidato Guilherme Boulos, durante o processo eleitoral em São Paulo, o empresário Pablo Marçal foi indiciado pela Polícia Federal. Este laudo falso representou um verdadeiro tiro no pé do então candidato Pablo Marçal. A campanha em São Paulo desceu ao subsolo, atingindo o limite de tolerância dos eleitores, que resolveram repelir tais práticas nas urnas. Os analistas acreditam que Pablo Marçal perdeu a chance de ir para o segundo turno naquele momento. Continua na ribalta, em conversas com o União Brasil, de olho em 2026. Quem sabe vai à posse de Donald Trump. 

Drops Político: Dragão da inflação mostra as garras em outubro.



O dragão da inflação mostrou as sua garras neste mês de outubro, período em que, ao que se sugere, o Governo Lula3 está realmente empenhado em equilibrar as contas públicas. Mesmo que pairem muitas incertezas sobre onde a tesoura deve atuar, de preferência que não atinge os mais necessitados, aquele contingente dos programas sociais, conforme observou o morubixaba petista. O fato é que o índice de inflação do mês de outubro esteve acima das expectativas do mercado, o que se constitui num sinal de alerta para a volta do dragão, que sai por aí cuspindo fogo e corroendo salários. Fala-se no aumento da tarifa de energia, assim como das carnes, o que teria produzido essa alta. Há sempre um vilão. O abacate, por exemplo, embora não seja aquele alimento de estrita necessidade, apresentou um aumento absurdo. Não conhecemos a realidade de todas as praças do país, mas aqui em Pernambuco ele chegou a R$ 32,00 o quilo num supermercado. 

Drops Político: Guilherme Boulos não assimilou o resultado das eleições paulistas.


É curioso como o deputado Guilherme Boulos sugere-se não ter assimilado, ainda, o resultado das últimas eleições em São Paulo, onde perdeu para Ricardo Nunes. Afirmou recentemente que ficou espantado com a diferença de votos entre ambos. Hoje, 08, em matéria do Jornal do Commércio, ele tece algumas críticas ao prefeito do Recife, João Campos, que teria feito alguns comentários sobre as possíveis causas de sua derrota, durante uma entrevista ao Programa Roda Viva, da TV Cultura. João, supostamente, teria insinuado que a mudança de comportamento durante a campanha o teria prejudicado. Mencionaríamos aqui, por exemplo, a polêmica live com Pablo Marçal, onde formou-se um consenso sobre o equívoco. Dissecar as causas da derrota é uma outra questão. Vamos simplificar: A gestão de Nunes tinha índices de aprovação que o credenciaria a um novo mandato. Soma-se o amplo arco de alianças que ele montou, que ia de comunista arrependidos à extrema-direita.