pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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domingo, 5 de janeiro de 2025

Editorial: O sucessor de Tarcísio segundo o próprio Tarcísio.



Há uma nebulosa denúncia de novos eventuais desvios de emendas parlamentares, liberadas para a área de saúde, que estão indo para um emendoduto, num esquema de fraudes gigantesco, onde o dinheiro público cumpre outra finalidade, que não de salvar vidas, mas vai parar nas mãos de gatunos do erário. Não temos ainda informações mais precisas sobre este novo caso envolvendo desvios de emendas parlamentares, sendo prudente não aprofundá-lo por aqui. Assim que tivermos mais informações, voltamos a abordá-lo. No caso do DNOCS da Bahia, a Polícia Federal já havia concluído suas investigações, onde uma quadrilha se apoderou indevidamente do montante de 1,4 bilhões de recursos públicos. 

Por enquanto, voltemos ao teor deste editorial, que aborda a sucessão do governador paulista, Tarcísio de Freitas. Seja para 2026 ou 2030, já comentamos por aqui sobre o núcleo duro do campo conservador - e até da extrema direita - que se concentra no principal estado da federação. Não resta a menor dúvida de que o governador Tarcísio de Freitas está sendo moldado para uma missão nacional. Isso já não depende apenas de uma vontade pessoal. No momento, como o capitão Jair Bolsonaro ainda almeja ocupar a cadeira do Palácio do Planalto, Tarcísio cede às expectativas do ex-chefe. Bolsonaro, aliás, tem desestimulado eventuais candidaturas presidenciais em todos os quadrantes. Até mesmo dentro do núcleo familiar. O candidato do campo conservador e de direita - já que eles destetavam serem tratados como extrema direita - é ele mesmo, independentemente do rolo da inelegibilidade, que eles pretendem resolver. 

Considerando uma eventual candidatura presidencial do governador Tarcísio de Freitas, quem o sucederia no Palácio Bandeirantes? Segundo o próprio Tarcísio, suas preferências recaem sobre o prefeito reeleito, Ricardo Nunes. Aliás, a reeleição do prefeito Ricardo Nunes já se insere no escopo de uma estratégia que pretende tomar a Bastilha do Palácio do Planalto, conforme chegou a admitir um dos principais integrantes dessa nucleação conservadora paulista. O Planalto apostou todas as suas fichas em Guilherme Boulos, que foi derrotado nas urnas, inclusive com os votos da periferia, o que é mais grave. 

Charge! Renato Aroeira via Facebook.

 


sábado, 4 de janeiro de 2025

João Cezar de Castro Rocha: 2025 será o ano decisivo do Lula 3 | Entrevista

Charge! Aroeira via Brasil 247.

 


Crônica do Cotidiano: O caso da privada levada pela vereadora.




Não vamos aqui identificar os personagens,  por razões óbvias, mas o caso ocorreu no estado mais importante da federação, São Paulo, num país chamado Brasil, onde a confusão entre esfera pública e esfera privada é apenas um tema a ser explorado pelos acadêmicos nas universidades. A linha é muito tênue, quase inexistente, conforme observava o historiador Sérgio Buarque de Holanda. Isso traz consequências até para a nossa democracia, onde os padrões de relações sociais não são institucionalmente orientados, abrindo brechas para o compadrio, o nepotismo, o familismo amoral, os favores devidos, o tapinha nas costas, a anistia a golpistas e torturadores, além de outros expedientes do gênero. 

Estamos com os ânimos tão acirradas que já deixamos de abordar determinados assuntos por aqui, apenas para não melindrar, o verbo desses momentos bicudos que o país atravessa. Mas, como estamos no Brasil, vale o adágio de um clube carnavalesco que desfilava pelas ladeiras de nossa cidade histórico de Olinda durante o período momesco: Nós sofre, mas nos goza. Período momesco é apenas uma forma de expressão, possivelmente imprecisa, uma vez que a cidade mal sai de um carnaval e já está se preparando para o próximo. Olinda é uma cidade encantos, belezas mil, luxúrias e licenciosidades, que nem o incêndio do período da ocupação holandesa conseguiu aplacar. Os pecados do Período Colonial ainda persistem em seus becos, suas ladeiras, suas bicas, seus altos. 

Dizia-se que o grande cronista Sérgio Porto, mais conhecido como Stanislaw Ponte Preta, costumava levar sempre um bloquinho de anotações com ele, mesmo nos momentos em que desfrutava do convívio da família, nas praias cariocas. Estivesse entre nós, o grande Stanislaw talvez não precisasse tanto esforço de inspiração para escrever suas crônicas cotidianas no jornal Última Hora. Sérgio escrevia num momento difícil, sob a égide da ditadura militar. Lendo hoje suas crônicas, até nos surpreende a sua liberdade criativa, que os militares permitiam que brotasse. Ao que se sabe, Sérgio nunca foi molestado pelos militares em razão do teor dessas crônicas. 

Aqui na Paraíba, no mesmo período, alguém confundiu um tal de Geisel e toda a redação foi demitida da imprensa oficial.  Pois bem, leitores. Voltando ao que de fato interessa, uma vereadora não reeleita resolveu levar a privada do seu gabinete para casa, impondo ao sucessor a providência imediata de adquirir outro utensílio para o caso de necessidade. Conforme captou a  chargista Marília Marz, a definição de público e privado foi atualizada com sucesso. 

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


Editorial: Ministro Flávio Dino manda suspender recursos de repasses a 13 ONG's.



Não estamos nos referindo aqui a este caso específico, mas havermos de concordar num ponto: há muita picaretagem envolvendo algumas dessas ONGs, que atuam no país. Uma CPI recente, tratando da atuação dessas ONGs no Estado do Amazonas, abriu as vísceras dos engendramentos nebulosos de algumas delas, agindo em conluio com agentes públicos. Por outro lado, tudo evidencia que há algo de muito podre em relação às transações que envolvem esses repasses de emendas parlamentares. Não sabemos em que momento vamos chegar a algum consenso minimamente republicano em relação à sua concessão, destinação e, principalmente, a prestação de conta do dinheiro de nossos impostos. Está difícil, uma vez que, na medida em que o STF impõe regras de transparência, eles querem mesmo é quebrá-las, sob o argumento da intervenção indevida. 

As medidas saneadoras adotadas pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, são extremamente necessárias e bem-vindas. Não vamos aqui entrar nos detalhes mais escabrosos das irregularidades encontradas para não melindrar, que continua o verbo por excelência desses tempos bicudos de instabilidade institucional que o país atravessa. A partir de um relatório da Controladoria Geral da União, que apontou irregularidades em relação à impossibilidade de mecanismos eficazes de prestação de conta de 13 ONGs, o Ministro Flávio Dino determinou a suspensão de repasses de dinheiro público através dessas famigeradas emendas parlamentares.

Num climão de beligerância declarada, os parlamentares estão voltando à Brasília com a faca nos dentes, dispostos a derrubarem todas as  medidas tomadas pelo STF, através do Ministro Flávio Dino.  Para completar esse enredo nebuloso, já se fala num jeitinho brasileiro para a liberação dessas emendas, o que não seria de todo improvável, disfarçadas com outras rubricas. É o Brasil.  

Editorial: Em favor da democracia sempre.



Infelizmente, as ameaças às instituições democráticas são uma constante no país. Tais instituições são, em princípio, frágeis, quando observadas, por exemplo, mesmo entre teóricos que guardavam divergências entre si, a exemplo de Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda, dois dos maiores intérpretes do país. Nós não temos uma democracia consolidada. Há um imenso abismo de desigualdades sociais e econômicas, associados a um passado histórico que não nos credencia a uma coexistência com uma democracia política perene. Há um desequilíbrio não aconselhável entre democracia substantiva e democracia política. 

Esses percalços históricos, longe de esmorecer os nossos ânimos, devem nos estimular no sentido de superarmos essas dificuldades e, um dia quem sabe, construir um sistema democrático perene, menos infenso às recorrentes tentativas de desmonte. Nos últimos dias, atores políticos comprometidos com este projeto de democracia do país estão se pronunciando a este respeito, dimensionando o perigo que as nossas instituições democráticas correram em 08 de janeiro. Realmente temos razões de sobre para as preocupações. Não é algo a ser minimizado, tampouco anistiado. A tentativa de desmonte do edifício democrático no país ocorreu em várias etapa, não se restringindo ao que alguns tratam como o badernaço da capital federal. O resultado do pleito foi questionado, ocorreram reuniões onde o Estado de Exceção foi proposto, autoridades públicas deixaram de cumprir os seus deveres constitucionais... um enredo nebuloso.  

O Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou um vídeo tratando dessa questão nevrálgica para o país e irá se manifestar publicamente por ocasião da data, em protestos que ocorrerão em Brasília e em Araraquara.  Para o evento de Brasília, ao que se sabe, Lula teria convidado todo o seu staff político. Em favor da democracia sempre!

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Charge! Cláudio Mor via Folha de São Paulo.

 


A febre do dólar: especulação do 'mercado' ou realidade? | Entrevista co...

Charge! Aroeira via Facebook.

 


Editorial: Planalto irá protestar contra o 8 de janeiro.


Na verdade, o termo correto é repudiar o 8 de janeiro. Na realidade, a comemoração, neste caso, se deve ao fato de termos superado mais uma tentativa de golpe de Estado no país, o que sugere que o Governo Lula3 possa se posicionar em relação ao ocorrido. Este terceiro Governo Lula não anda bem das pernas. A torcida é sempre para que esses problemas sejam superados nestes dois anos que restam. Não sabemos se realmente procede, mas estávamos lendo a pouco que existem setores que atuam dentro da SECOM com absoluta autonomia, sem o controle do titular da pasta. Se existe isso, há algo de muito errado com esse organograma. Isso ajuda a explicar porque as coisas não andam bem na comunicação institucional. Não é tudo, mas explica um pouco. Panela onde muita gente mexe, põe a perder a vaca atolada. 

Em 2024, quando o golpe civil-militar de 1964 fez aniversário de 60 anos, uma determinação do morubixaba petista preconizou que fossem interrompidas quaisquer manifestações contrárias àquele aniversário. Segundo dizem, até dinheiro público já havia sido empenhado pelo Ministério dos Direitos Humanos. A atitude, em tom conciliador, com o propósito de evitar animosidades com as Forças Armadas, produziu um ruído infernal junto às organizações de direitos humanos e entre os setores mais identificados com as bases históricas de sustentação do petismo. Até um museu havia sido proposto pelo então Ministro da Justiça, Flávio Dino, com base numa experiência chilena. 

Agora, independentemente de eventuais novos ruídos com os militares, alguns deles inclusive arrolados na última tentativa de golpe, o Governo Lula3 anuncia que irá comemorar a passagem do 08 de janeiro, na capital federal e em Araraquara, onde Lula esteve no período, acompanhando as ações do Governo Federal em relação às fortes chuvas que atingiram a cidade. O governo está precisando calibrar a sua bússola política. Não enxergamos algum acerto por aqui.  

Editorial: O Recife tem um novo gerente.



Estamos hoje, dia 03, com um cenário político nublado. Os parlamentares estão voltando com a faca nos dentes para se contraporem e derrubarem os vetos do Governo Lula3; praticamente uma crise instaurada no Ministério da Saúde, motivada pela falta de algumas vacinas básicas nos postos de saúde; uma primeira ranhura na relação entre entre Nunes e Mello, em São Paulo, que dizem ter a ver com a divisão dos espaços na gestão; e, finalmente, a repercussão de um longo editorial do Estadão sobre a Suprema Corte. Diante das tormentas, vamos levar o barco devagar, como aconselha os velhos marinheiros, e nos concentrarmos aqui na província, mais precisamente por ocasião da primeira eleição do prefeito Geraldo Júlio, no ano de 2012, quando tivermos alguns problemas ao anteciparmos sua vitória, em artigo escrito e publicado num site local. Reflexo das ações, já naquele momento, de nossa esquerda pé na jaca. 

Escrevemos até um livro sobre aquela campanha. O livro adormece em nossos arquivos. Nunca chegou a ser publicado. Política é momento e o cavalo passou selado. Depois de duas gestões bem-sucedidas, o ex-prefeito, que poderia ter sido pensado como alternativa de candidatura ao  Governo do Estado, recolheu-se aos seus aposentos. Sugere-se que a relação entre o ex gestor do Recife e a família Campos ainda são das melhores, mas haveria eventuais fissuras entre o ex gestor e setores da legenda socialista no estado. A família Campos, aliás, endossava tal candidatura. Desconhecemos se ele ainda exerce alguma ação nos bastidores da política local, mas as semelhanças entre as gestões de João Campos e a de Geraldo Júlio, em alguns aspectos, começam a se tornarem evidentes, até mesmo no tocante à escolha do jovem Victor Marques, a rigor um técnico, como seu sucessor, assim como ocorrera anos antes, quando Eduardo Campos apostou todas as suas fichas no então desconhecido técnico que atendia pelo nome de Geraldo Júlio. 

Naqueles idos entendíamos que alguns movimentos do governador Eduardo Campos indicavam que ele pretendia tomar a Bastilha do Palácio Capibaribe, sede do Governo Municipal. Não foi por falta de aviso que o PT vacilou. Antes de indicar o nome de Geraldo Júlio para concorrer à Prefeitura do Recife naquele ano, O PSB, que à época tinha bons assessores na área de marketing político, contratou uma pesquisa qualitativa para saber o perfil de um gestor que os recifenses desejavam para gerir os destinos da cidade. Eles concluíram que, muito mais que um político, as preferências recaiam sobre um gerente, um técnico capaz de conduzir uma gestão que enfrentasse os grandes gargalos da cidade, o que nos conduz a concluir sobre o DNA desse gerencismo do prefeito João Campos. 

É curiosos como João Campos, talvez numa lição deixada pelo pai, faz política mantendo um distanciamento regulamentar do ideologismo. Assim como o pai, para tocar a gestão, dá preferência aos técnicos. Prepara Victor Marques para sucedê-lo na Prefeitura do Recife. Victor entra timidamente neste terreno, pois até pouco tempo ainda era um técnico de conversas de ouvido com o chefe, numa relação de longas datas, quando o prefeito ainda era Chefe de Gabinete do governador Paulo Câmara. João Campos entregou a ele a Secretaria de Infraestrutura, como não poderia deixar de ser, pois é a secretaria das entregas das obras de impacto, abrindo um horizonte político promissor para o jovem. Num futuro, que os socialista desejam esteja próximo, assim como ocorreu no passado, com Eduardo Campos, os dois palácios estarão sob o controle do grupo novamente. Victor ser filiado ao PCdoB é uma mera formalidade. 

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Charge! Renato Aroeira via Facebook.

 


Drops Político: João das entregas.


O prefeito reeleito do Recife, João Campos, tem pressa. A pressa é tanta que já se especula sobre uma eventual candidatura do prefeito ao Governo do Estado, já nas eleições de 2026. Por enquanto, a despeito das polêmicas, isso fica no plano das especulações. O certo é que a ocupação da cadeira do Palácio do Campo das Princesas sempre esteve nos seus planos políticos. É uma questão de tempo, de onde se conclui essa sua obsessão pelas entregas reclamadas pela população, transformada numa vitrine de sua gestão. Dá a impressão de que ele se sente sempre atrasado neste sentido. As demandas são imensas, numa das capitais mais desiguais do país, exigindo sempre muito empenho dos gestores. O prefeito, no entanto, vai no caminho certo. 

Drops Político: Nunes assume com aceno a Jair Bolsonaro.

Crédito da Foto: Taba Benedicto, Estadão Conteúdo. 


Curioso como os holofotes sempre se voltam para a grande metrópoles do país. Não foi diferente no dia de ontem, quando os prefeitos eleitos por todo o Brasil tomaram posse em suas respectivas cidades. Como se sabe, nos escaninhos, já existe todo um engendramento de olho nas eleições de 2026. Em São Paulo, o prefeito reeleito Ricardo Nunes(MDB-SP) já externou que não deseja o seu MDB em apoio ao projeto de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As sinalizações foram claras em direção ao ex-presidente Jair Bolsonaro.  Quem se movimenta muito bem no tabuleiro da política paulista é o secretário Gilberto Kassab, Presidente Nacional do PSD, que declarou recentemente ser muito improvável, igualmente, o apoio do partido a Lula. São Paulo se tornou uma trincheira antilulista. 

Editorial: A eficiência como critério na reforma ministerial do Governo Lula3.

 


Aguarda-se para este início de ano, com algumas expectativas, a reforma ministerial do Governo Lula3. Esta reforma tem sido anunciada a um bom tempo, desde as últimas eleições municipais, quando o PT sofreu uma nova refrega nas urnas. Desta vez, segundo especula a imprensa, a partir dos burburinhos emitidos pelas reuniões palacianas, há um ingrediente que se acrescenta à acomodação da vasta base aliada, certamente o critério mais determinante nessas reformas: A eficiência dos titulares das pastas. Pesquisas apontam várias áreas com sérios problemas, impondo-se medidas saneadoras. Nessas reuniões, o morubixaba petista já teria sinalizado para esta questão nevrálgica. 

Há um erro aqui desde o início, quando, em nome dessa tal governabilidade, Lula precisou negociar cargos no governo com inúmeros partidos do centro do espectro político, e, quando esses partidos indicam nomes para ocuparem esses cargos o critério técnico quase sempre é negligenciado. O que conta aqui é a capilaridade do sujeito junto à direção ou bancada da legenda, assim como as verbas disponíveis daquele órgão para se fazer política, numa análise estritamente republicana, sem considerarmos aqui outras intenções. A rigor, nem o próprio PT foi muito exigente neste quesito, se considerarmos o desempenho de alguns titulares. 

Essa necessidade de governabilidade que se impõe a um Governo fragilizado em sua representação e articulação política precisa ser submetida a um exame anátomo patológico político, onde se possa diagnosticar a dimensão das enfermidades, que já começam a atingir a própria legenda do PT. A dissidência aberta por ala do partido em relação às divergências sobre o conteúdo deste último pacote fiscal concebido pelo Ministério da Fazenda é um bom exemplo disso. Pelas nossas contas, já são 18 partidos nessa coalizão, com vaga para acomodar mais, pelo andar da carruagem política. 

Charge! Laerte via Folha de São Paulo.

 


quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Editorial: Expectativas inflacionárias e impasses políticos.



A economia não é uma ciência exata, o que abre margem para algumas situações que fogem ao controle das previsões dos economistas. Na nossa época de estudantes, por exemplo, fala-se muito numa mão invisível do mercado. Ao longo dos anos, essa tal mão invisível tornou-se uma grande balela, pois seus reflexos na conjuntura econômica são bem visíveis mesmo. Basta um suspiro, uma declaração inoportuna durante uma entrevista para o dólar aumentar sua cotação no mercado. E, por falar em mercado, este ente anda muito preocupado com as medidas tomadas pelo Governo Lula em relação ao ajuste das contas públicas. O que está sendo proposto no momento está muito aquém das expectativas. 

É este um dos grandes gargalos que o Governo Lula3 deverá enfrentar a partir de amanhã, depois do feriado de ações de graça. Não há mais tempo a perder. Lula terá dois anos para colocar as finanças públicas em ordem, conter o avanço da inflação, ajustar o passo com o mercado  e com as entregas às suas bases históricas de sustentação, criando a marca ou identidade deste terceiro mandato, algo que ainda não foi feito. Do contrário não se reelege, tampouco o nome que o campo progressista indicar como seu sucessor. E olha que nem mencionamos aqui o nó górdio do imbróglio político, uma dor de cabeça desde o início do governo. 

As Casas Legislativas estarão sob nova direção, mas isso não quer dizer muita coisa. Os nomes que ascenderam aos seus comandos já estão comprometidos até a medula com grupos oposicionistas, assim os que deixam o cargo estão articulando formação de federações políticas com partidos ligados ao bolsonarismo. Como se tudo isso não fosse o suficiente, o PT abriu uma dissidência com potencial de criar alguns embaraços daqui para frente, sobretudo porque essa dissidência representa os verdadeiros anseios da população que se identifica com a legenda e com o Governo, a chamada base histórica de sustentação.  

Editorial: Para começarmos o ano com uma Cioba a R$750,00.



Não seria, em  princípio, aconselhável começarmos o ano falando de notícias ruins, mas, convenhamos, nos despedimos de 2024 num ambiente nada otimista. Algumas ocorrências do ano que passou podem sugerir algumas premissas, sejam positivas ou negativas, para o ano vindouro. O blog Contexto Político passará por algumas mudanças editorias em 2025, onde incorporará matérias relativas à educação e cultura, com um foco maior na literatura. Três notícias que repercutiram bastante neste final de ano, sugerem as expectativas, neste caso talvez não muito otimistas - com o perdão dos leitores otimistas - sobre o que possa ocorrer em 2025. 

Repercute bastante nas redes sociais a degradação ambiental em que se encontra o outrora paraíso de Balneário Camboriú, em Santa Catarina. Ocupação da orla com prédios altos, sob a complacência do poder público; intervenções de engorda da praia, que não deram certo, formando lagoas de fezes que invadem o asfalto durante as chuvas; esgotos a céu aberto, que tornaram a balneabilidade praticamente impossível. Como Santa Catarina hoje é administrada por um bolsonarista, os nordestinos de todos os quadrantes, inclusive este editor, convidaram os catarinenses para conhecer as praias da orla da região nordestina, a exemplo, de Fortaleza, Bahia, Paraíba, Maceió, entre outras. Um desses vídeos, comparando Camboriú a uma praia de Fortaleza, viralizou na rede X. 

Agora, você que vem para o Nordeste precisa preparar o bolso. Também repercutiu bastante um peixe Cioba, vendido na Ilha de Areia Vermelha, na realidade uma croa que se forma com a maré baixa, localizada na praia do Saco, em Cabedelo, vendido por R$ 750 reais, acompanhado de arroz, pirão e vinagrete. O peixe deveria ter no máximo uns cinco quilos, o que significa dizer que o seu preço numa peixaria normal deveria custar algo em torno de R$ 200,00, calculado ao preço de R$40,00 o quilo. O valor assusta, está acima do mercado e remete-nos ao fantasma da inflação, que começa a nos ameaçar nas gôndolas dos supermercados. Claro que há muitas variáveis em jogo, sobretudo se considerarmos que o produto está sendo comercializado numa área de praia, onde a última coisa a ser pedida é um peixe, onde há muita exploração. Mesmo assim, sugere aquele "descontrole" de expectativas produzidos em tempos de inflação alta.  Aproveitem que o peixe ainda não foi vendido. 

Para encerrar, permitam-me a mudança de pessoa no texto,  se alguém me informasse que até meados de 2025 minha vida teria uma reviravolta eu não me sentiria ameaçado. Como os ânimos estão bastante acirrados - reflexos desses tempos políticos bicudos de 2024, que devem continuar em 2025 - a insinuação foi lida como uma ameaça e rebatida na mesma medida pelo integrante do Governo Lula3, que adiantou não ter medo de miliciano. Aproveitamos o ensejo para desejarmos tudo de bom para os nossos eleitores e leitoras em 2025. 

Charge! Pedro Vinício via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Editorial: As divisões no Partido dos Trabalhadores.


O PT sempre foi uma agremiação política muito dividida e este fato, sob certos aspectos, não é algo necessariamente ruim, como advoga seus adversários. Ao contrário disso, na realidade, pode ser um indicador, inclusive, da pungência de sua democracia interna. A despeito do assembleísmo, quando, depois de longas batalhas, as decisões são tomadas ou deliberadas, tais resoluções são acatadas a nível nacional, o que se constitui numa vantagem do partido quando comparado ao comportamento de outros grêmios do nosso sistema partidário, onde alguns deles ainda são controlados por oligarquias familiares espalhados pelos entes federados. 

Um exemplo mais elucidativo deste problema está relacionado ao MDB, que, por exemplo, embora a cúpula da direção da legenda tenha decidido que apoiaria o nome da senadora Simone Tebet nas últimas eleições presidenciais, os clãs familiares do partido resolveram apoiar o nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principalmente aqui na região Nordeste. Representantes desses clãs sequer foram à cerimônia que homologou o nome da hoje Ministra do Planejamento, Simone Tebet. A rigor, ao longo das suas quatro décadas de existência, este fato nunca representou um problema incontornável para o PT. 

Nos últimos dias, porém, a coisa começou a esboçar algo que poder ser, de fato, um complicador a mais em relação aos gravíssimos problemas de governabilidade que o partido já enfrenta. Setores da legenda, segundo dizem comandado pelo deputado federal Rui Falcão, do grupo muito próximo a Lula, lidera uma espécie de rebelião dentro do partido. O grupo se recusou a apoiar com votos, na íntegra, o projeto de ajuste fiscal proposto pelo Ministro Fernando Haddad. O debate e as discussões precisam ser contornados antes da votação, que precisou ser interrompida ou adiada numa dessas ocasiões, pelo Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, sob o argumento de que nem o partido do governo estava apoiando a proposta.  Essa temática dá uma boa discussão, pois, afinal, o grupo rebelde é aquele mais afinado com as pautas históricas da legenda. 

Editorial: O PT que não foi contemporizado na gestão de João Campos.


Hoje, dia 31, estávamos lendo, num blog local, a informação sobre uma manifestação do deputado Carlos Vera, que integra a tendência petista CNB (Construindo um Novo Brasil), acerca da não participação de membros desta corrente partidária na próxima gestão do prefeito João Campos, na Prefeitura da Cidade do Recife. A manifestação do deputado, se não tomada isoladamente, tem várias implicações. Estamos tratando aqui da corrente hegemônica do partido, aquela que congrega as principais lideranças da legenda, inclusive Humberto Costa, no plano estadual, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no plano nacional. 

No passado, liderada por José Dirceu, quando ainda se chamava Articulação Unidade na Luta, esta tendência partidária foi a principal responsável para a pacificação de outros grupos mais radicais, constituindo-se como uma corrente partidária fundamental para o processo de institucionalização da legenda, permitindo que Lula chagasse ao Palácio do Planalto, depois da digestão dos acenos - sugere-se que inevitáveis - ao capital. A fala de Carlos Vera, salvo melhor juízo, certamente, não é uma fala isolada, reverberando, possivelmente algum ruído ou insatisfação de setores da agremiação, que não foram contemporizados na segunda gestão do prefeito João Campos. 

Ter priorizado alguns setores do partido e não outros, pode indicar algumas previsões acerca  do fechamento da chapa de João Campos na eventualidade de ele vir a se candidatar ao Governo do Estado ainda em 2026. Indica, no final, que o partido está dividido, o que não se constitui em nenhuma surpresa, mas hoje ganha alguns ingredientes novos, quando membros da legenda passam a não acompanhar o Governo, por exemplo, em votações importantes como o pacote de ajuste fiscal. Essa ala do partido se contrapõe às propostas relativas ao salário mínimo e ao BPC, que sofreu alguns ajustes, afrouxando algumas regras mais rígidas de concessão como fora proposto inicialmente. Em princípio, depois de acomodar integrantes da legenda na próxima gestão, o prefeito teria mantido um diálogo com os dois senadores do partido no estado. Tudo teria sido aplainado. Será? 

Editorial: Ética à lá carte II



Reflexo desse conjunto de anomias que o país enfrenta nos últimos anos - o mundo, na realidade, e não apenas o país - talvez o mais grave seja mesmo esse processo de degenerescência institucional que o Brasil atravessa. Em condições normais, quando o indivíduo se sente violado em seus direitos, procura essas instituições com o propósito de que tais violações sejam minimamente reparadas, uma vez que alguns danos - os psicológicos, por exemplo - geralmente se constituem em danos não reparáveis à saúde, com o agravante de que manter um plano de saúde hoje não é para qualquer um. E olha que serão precisos muitas sessões de psicanálise que, geralmente não estão no cipoal de cobertura dessas apólices, cada vez mais limitados.  

A nossa impressão é que o indivíduo hoje nunca se sentiu tão desprotegido, diante de um aparelho de Estado sob o assédio recorrente de grupos do crime organizado e dos milicianos.  Se, há pouco, falava-se no uso da mentira como arma política - coisa típica dos regimes fascistas e autoritários - consolidando o estatuto do relativismo da verdade - ou pós-verdade - hoje já podemos falar num relativismo ético, ou, como se referiu o terrível editorialista do Estadão, numa ética à lá carte. O editorial do jornal faz referência ao critério relativo ao uso dessa expressão nos julgamentos éticos do Governo Lula3, onde se aplaina o julgamento quando o indivíduo é do PT e aplicam-se punições exemplares aos membros do ancien régime, como se a companheirada não pudesse infligir os preceitos éticos. Ou seja, estamos diante de um relativismo ou partidarização da ética. 

Já havíamos observado a ausência de critérios legais, republicanos, institucionais durante a vigência do Governo Jair Bolsonaro, onde as práticas persecutórias institucionais eram induzidas, sobretudo, em razão das afinidades políticas do sujeito em lide.  A questão crucial aqui é que o PT não poderia, em hipótese nenhuma, repetir o Governo Bolsonaro, conforme temos insistido por aqui. Sugere-se que estamos diante de uma Síndrome de Estocolmo, se considerarmos que tais procedimentos se reproduziram em outras esferas. Não à toa já se fala numa oposição petista ao Governo Lula3. A razão é que o nível de aparelhamento institucional foi de tão monta - aliada às condições precárias de governabilidade - que estamos verificando situações muito semelhantes. Ministros do Governo Lula3 estão sendo acusados de práticas assediativas numa proporção preocupante. Este editor já fez algumas críticas aos editoriais do Estadão por aqui, mas, neste caso, trata-se de um tema que precisa ser levado muito a sério. 

segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Editorial: Governadores do Nordeste saem em defesa do decreto que estabelece diretrizes para ações policiais.



Havia uma expectativa de que tal atitude pudesse ocorrer, mas, nesses tempos bicudos - onde já se especula sobre uma oposição petista ao Governo Lula3 - a incerteza é a tônica do jogo. Não deixa de ser bem vinda a iniciativa dos governadores do Nordeste em lançarem um manifesto em defesa do decreto do Governo Federal, através do Ministério da Justiça, que determina as diretrizes sobre as ações policiais no país. O decreto se impõe como algo absolutamente necessário, diante do quadro de descalabro das ações policiais pelo país afora. Depois da pavorosa cena da ponte, passou a circular nas redes sociais uma abordagem de integrantes da Polícia Militar Paulista onde há um evidente excesso. Três policiais interpelam uma mulher desarmada, em sua residência e, do nada, um dos policiais dá um soco nesta mulher, levando-a a um desmaio.

É contra esses abusos que se insurge o Ministério da Justiça. A reação dos governadores de oposição, como estamos comentando por aqui em alguns momentos, já seria esperada, uma vez que eles não estão mais preocupados com o palanque político do que com a resolução do problema. Se a solução emanar do Governo Federal, muito pior. Há uma indisposição latente com todas as diretrizes que surgem do Ministério da Justiça. Eles já estão prevendo ações junto ao STF para não se submeterem a essas diretrizes, assim como acionar a Bancada da Bala para barrá-lo.  Nenhuma surpresa se o ministro Ricardo Lewandowski for novamente convocado, quando já disse, na última ocasião em que esteve na Casa, que sua pasta está inteiramente aberta aos convites dos parlamentares. 

No finalzinho do ano, o prefeito do Recife, João Campos, tratou de aparar as últimas arestas com o Partido dos Trabalhadores, confirmando nomes na máquina, além de manter uma conversa com a cúpula dirigente do grêmio partidário no estado. Por outro, salvo melhor juízo, jornalistas já estavam cobrando um posicionamento da governadora Raquel Lyra sobre este tal decreto do Ministério da Justiça. A resposta foi dada com este manifesto de apoio, onde ela aparece bem posicionada na foto. Na foto e na sua articulação orgânica com o Governo Lula3. Tá fogo esse palanque governista no estado. 

Editorial: Ministro Flávio Dino vê "nulidade insanável" no ofício encaminhado pela Câmara dos Deputados.


O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, resolveu liberar parte das emendas parlamentares que estavam retidas. Mas deixou claro que não se sentiu convencido em relação às explicações da Câmara dos Deputados em torno do assunto, ao classificar o ofício como uma "nulidade insanável". Há uns arranjos complicadíssimos em todo esse processo. O Ministro Flávio Dino, na realidade, deve ter aquiescido às injunções práticas que envolvem a liberações dessas emendas, como a eventual interrupção de serviços à sociedade, em áreas nevrálgicas, como saúde, por exemplo. Quanto ao potencial político, capaz de produzir um tsunami entre os Três Poderes da República, ele já criou a couraça necessária para enfrentá-lo. 

Quando a poeira assentar, talvez já sob nova direção, esse assunto possa ser retomado e, desta vez, espera-se que seja levado mais a sério, conforme a necessidade se impõe. Louvável as iniciativas do Supremo Tribunal Federal no sentido de indicar uma normatização minimamente transparente e republicana na concessão, utilização e prestação de contas dessas emendas. O "aperto" produzido pelo bloqueio suscitou ou abriu a Caixa de Pandora das eventuais irregularidades atinentes a essas emendas. Lula, proibido de viajar, recebeu em Brasília o candidato favorito à Presidência da Câmara dos Deputados, o paraibano Hugo Motta. 

E, por falar na Paraíba, não seria "normal" que um deputado paraibano apareça liberando emendas para uma cidade do Ceará, Redenção, como já foi denunciado. Não é preciso ser expert no assunto para concluir que há alguma coisa errada por aqui. Pelo andar da carruagem política não se constitui exagero tratarmos o caso do DNOCS da Bahia como apenas a ponta do iceberg. 

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo

 


domingo, 29 de dezembro de 2024

Editorial: Ministério da Justiça divulga nota de esclarecimento sobre o decreto que regula ações policiais.



Este decreto que regula as ações policiais, publicado recentemente pelo Ministério da Justiça, ainda vai dá muito o que falar. Há uma indisposição latente entre alguns governadores em relação às ações de políticas públicas de segurança pública emanadas pelo Ministério da Justiça, comandado por Ricardo Lewandowski. Não é um problema de nomes. Não há como questionar o espírito público, a capacidade técnica e a habilidade política do titular do cargo. Mesmo atuando hoje no STF, o ex titular da pasta, o Ministro Flávio Dino, continua um alvo preferencial das investidas de amplos setores oposicionistas, principalmente os diretamente vinculados ao bolsonarismo, numa evidência inconteste dessas indisposições.  

Veja-se, por exemplo, as rusgas recentes em relação à sua decisão de bloquear o pagamento de emendas parlamentares, eivadas de irregularidades, como o andamento dos trabalhos de investigação da PF estão evidenciando. A nota assinada pelo próprio Ministro Ricardo Lewandowski, fala de um "consenso". Consenso que, infelizmente, está muito longe de ser construído entre o Governo Lula3 e a oposição em torno deste assunto, uma vez que segurança pública tornou-se um mote de campanha política, de olhos nas eleições de 2026. 

A leitura que eles estão matreiramente fazendo é que se trata, imaginem, de um decreto que favorece o banditismo, pois o policial só irá reagir depois que o bandido sacar a arma, quando o objetivo, na realidade, seria o de evitar abusos de autoridade, que se tornaram perigosamente recorrentes nos últimos dias. Esses governadores de direita e de extrema direita vão trabalhar com este mote até outubro de 2026. Ao que se sabe, devem recorrer ao STF e, nas entrelinhas, ficamos sabendo que a Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados - hegemonicamente dominada pela bancada da bala - pretende barrá-lo. 

Charge! Renato Aroeira via Facebook.

 


Quem foi Paulo Freire?







Ao senhor Eduardo Bolsonaro.

Não vai ser possível te fazer compreender a grandeza de Paulo Freire nesses poucos parágrafos, pra isso seria necessário que o senhor lesse os livros dele antes de se propor a falar sobre um assunto que você não entende. Mas posso tentar te ajudar a saber um pouco melhor quem foi Paulo Freire, um homem de espírito grande, e livre de muitas das amarras do ego que a maioria de nós trazemos.
Patrono da educação brasileira, Paulo Freire é o acadêmico brasileiro mais homenageado de todos os tempos, com títulos de Doutor Honoris Causa em 41 universidades do mundo, além de centenas de outras menções e prêmios internacionais, entre eles o prêmio Educação pela Paz, da UNESCO, que Freire recebeu em 1986.
De acordo com levantamento do pesquisador Elliott Green, professor da Escola de Economia e Ciência Política de Londres, Paulo Freire é o terceiro pensador mais citado do mundo em trabalhos acadêmicos da área das ciências humanas.
Sua obra 'Pedagogia do Oprimido' é o único livro de autor brasileiro na lista dos 100 livros mais pedidos em universidades de língua inglesa pelo mundo. E quando consideramos apenas os autores da área da Educação, o livro de Paulo Freire é o segundo livro mais consultado em bibliotecas de língua inglesa do mundo inteiro.
Na década de 1960, Paulo desenvolveu uma metodologia que alfabetizou 300 cortadores de cana no Rio Grande do Norte em 45 dias (40 horas-aula). Isso só foi possível porque essa metodologia de Freire baseou-se nos contextos e saberes de cada comunidade, respeitando as experiências de vida próprias de cada indivíduo e utilizando estas sabedorias locais para otimizar os processos de alfabetização. Foi então convidado para preparar o Plano Nacional de Alfabetização, no governo João Goulart, que previa a ampliação da sua metodologia para formação de educadores em escala nacional. Porém, o Golpe Militar interrompeu esse plano, Paulo Freire foi preso por 70 dias e posteriormente exilado do país. Em 1968, Freire foi convidado para ser professor visitante na Universidade Harvard, Estados Unidos.
Atualmente, há instituições de ensino que seguem as ideias de Paulo Freire em diversos países. É o caso da Revere High School, escola em Massachusetts que em 2014 foi avaliada como a melhor instituição pública de Ensino Médio nos Estados Unidos.
Não é nenhuma surpresa que seu Jair "queremos-uma-garotada-que-não-se-interesse-por-política" Bolsonaro queira acabar com a influência de Paulo Freire na educação brasileira. O próprio Freire explicou antecipadamente essa intenção de Bolsonaro numa frase bem didática:
"Seria uma atitude ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que proporcionasse às classes dominadas perceber as injustiças sociais de maneira crítica" (Paulo Freire)
Infelizmente as ideias de Paulo Freire NUNCA foram amplamente colocadas em prática de forma sistemática na educação brasileira. Se nossas escolas tivessem realizado concretamente a proposta de educação para o pensamento crítico e libertário de Paulo, provavelmente o senhor Eduardo Bolsonaro e seu pai jamais teriam sido eleitos representantes do povo brasileiro. Portanto, não é de nenhuma forma surpreende que o senhor e seus eleitores não conheçam bem o trabalho de Paulo Freire.
Você, seu pai e Olavo propõem acabar com a influência de Paulo Freire na educação brasileira alegando que ele teria "acabado com o nosso ensino". O engraçado é que as ideias de Paulo Freire, tendo sido muito mais aplicadas no exterior do que no Brasil, de nenhuma forma acabaram com a qualidade do ensino dos seguintes países:
Austria - Instituto Paulo Freire
Alemanha - Paulo Freire Kooperation, Oldenburg
Finlândia - Paulo Freire Center
Holanda - Centro Paulo Freire, Vrije Universiteit Amsterdam
Inglaterra - Freire Institute, University of Central Lancashire
Estados Unidos - Paulo Freire Democratic Project, Chapman University
Canada - The Freire Project
França - Institut International bell hooks - Paulo Freire
Itália - Istituto Paulo Freire
Portugal - Instituto Paulo Freire
África do Sul - Paulo Freire Project, University of KwaZulu
Portanto, seu Eduardo, me diga você quais foram os prêmios, as menções honrosas internacionais, o reconhecimento acadêmico ou mesmo prático de Olavo de Carvalho em alguma fila de pão do Brasil profundo, e então voltamos a conversar.
Desejo humildade e sabedoria pro senhor.

Prof. Rafael Dias.