pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Editorial: Ética à lá carte II
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terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Editorial: Ética à lá carte II



Reflexo desse conjunto de anomias que o país enfrenta nos últimos anos - o mundo, na realidade, e não apenas o país - talvez o mais grave seja mesmo esse processo de degenerescência institucional que o Brasil atravessa. Em condições normais, quando o indivíduo se sente violado em seus direitos, procura essas instituições com o propósito de que tais violações sejam minimamente reparadas, uma vez que alguns danos - os psicológicos, por exemplo - geralmente se constituem em danos não reparáveis à saúde, com o agravante de que manter um plano de saúde hoje não é para qualquer um. E olha que serão precisos muitas sessões de psicanálise que, geralmente não estão no cipoal de cobertura dessas apólices, cada vez mais limitados.  

A nossa impressão é que o indivíduo hoje nunca se sentiu tão desprotegido, diante de um aparelho de Estado sob o assédio recorrente de grupos do crime organizado e dos milicianos.  Se, há pouco, falava-se no uso da mentira como arma política - coisa típica dos regimes fascistas e autoritários - consolidando o estatuto do relativismo da verdade - ou pós-verdade - hoje já podemos falar num relativismo ético, ou, como se referiu o terrível editorialista do Estadão, numa ética à lá carte. O editorial do jornal faz referência ao critério relativo ao uso dessa expressão nos julgamentos éticos do Governo Lula3, onde se aplaina o julgamento quando o indivíduo é do PT e aplicam-se punições exemplares aos membros do ancien régime, como se a companheirada não pudesse infligir os preceitos éticos. Ou seja, estamos diante de um relativismo ou partidarização da ética. 

Já havíamos observado a ausência de critérios legais, republicanos, institucionais durante a vigência do Governo Jair Bolsonaro, onde as práticas persecutórias institucionais eram induzidas, sobretudo, em razão das afinidades políticas do sujeito em lide.  A questão crucial aqui é que o PT não poderia, em hipótese nenhuma, repetir o Governo Bolsonaro, conforme temos insistido por aqui. Sugere-se que estamos diante de uma Síndrome de Estocolmo, se considerarmos que tais procedimentos se reproduziram em outras esferas. Não à toa já se fala numa oposição petista ao Governo Lula3. A razão é que o nível de aparelhamento institucional foi de tão monta - aliada às condições precárias de governabilidade - que estamos verificando situações muito semelhantes. Ministros do Governo Lula3 estão sendo acusados de práticas assediativas numa proporção preocupante. Este editor já fez algumas críticas aos editoriais do Estadão por aqui, mas, neste caso, trata-se de um tema que precisa ser levado muito a sério. 

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