O PT sempre foi uma agremiação política muito dividida e este fato, sob certos aspectos, não é algo necessariamente ruim, como advoga seus adversários. Ao contrário disso, na realidade, pode ser um indicador, inclusive, da pungência de sua democracia interna. A despeito do assembleísmo, quando, depois de longas batalhas, as decisões são tomadas ou deliberadas, tais resoluções são acatadas a nível nacional, o que se constitui numa vantagem do partido quando comparado ao comportamento de outros grêmios do nosso sistema partidário, onde alguns deles ainda são controlados por oligarquias familiares espalhados pelos entes federados.
Um exemplo mais elucidativo deste problema está relacionado ao MDB, que, por exemplo, embora a cúpula da direção da legenda tenha decidido que apoiaria o nome da senadora Simone Tebet nas últimas eleições presidenciais, os clãs familiares do partido resolveram apoiar o nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principalmente aqui na região Nordeste. Representantes desses clãs sequer foram à cerimônia que homologou o nome da hoje Ministra do Planejamento, Simone Tebet. A rigor, ao longo das suas quatro décadas de existência, este fato nunca representou um problema incontornável para o PT.
Nos últimos dias, porém, a coisa começou a esboçar algo que poder ser, de fato, um complicador a mais em relação aos gravíssimos problemas de governabilidade que o partido já enfrenta. Setores da legenda, segundo dizem comandado pelo deputado federal Rui Falcão, do grupo muito próximo a Lula, lidera uma espécie de rebelião dentro do partido. O grupo se recusou a apoiar com votos, na íntegra, o projeto de ajuste fiscal proposto pelo Ministro Fernando Haddad. O debate e as discussões precisam ser contornados antes da votação, que precisou ser interrompida ou adiada numa dessas ocasiões, pelo Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, sob o argumento de que nem o partido do governo estava apoiando a proposta. Essa temática dá uma boa discussão, pois, afinal, o grupo rebelde é aquele mais afinado com as pautas históricas da legenda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário