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Crédito da Foto: Instituto Lula. |
O senador Humberto Costa sempre foi o fiel escudeiro do morubixaba petista aqui no estado. Não acreditamos que esta condição esteja ameaçada. É uma amizade antiga, desde os tempos da Brasília Amarela, na década de 80, quando Lula vinha a Pernambuco e os petistas, à época, dependiam desse transporte para levá-lo à Caetés, no Agreste Meridional do Estado, com o objetivo de rever seus parentes. Ao longo das décadas seguintes, Humberto Costa se tornou o grande timoneiro da legenda no estado, constituindo-se numa bússola ou parâmetro para a tomada de decisões da cúpula do PT em torno dos arranjos aliancista na província.
Tudo anda muito mudado, mas, em princípio, vamos considerar que a sua reeleição ao Senado Federal seria a grande prioridade do partido em Pernambuco, num contexto já tratado aqui pelo blog, onde enfatizamos que estamos diante de uma batalha decisiva para as forças do campo progressista e democrático ou a tomada da Bastilha pela extrema direita, que se arregimenta em todos os campos e aspectos. Em entrevista recente ao Jornal do Commércio o senador considerou até mesmo a alternativa por uma formação própria de uma chapa para concorrer ao Governo do Estado em 2026. Não seria a primeira vez que lideranças da legenda comentam sobre o assunto, já aventando algum nome no horizonte, como o do hoje presidente do Banco do Nordeste, Paulo Câmara, ex-governador do Estado.
Essas coisas são complicadas. Paulo Câmara anda muito bem na gestão do banco estatal. Não sei se ele pessoalmente teria interesse em retornar à política estadual na condição de candidato ao Governo do Estado. Seria uma forma de assegurar a permanência do nome de Humberto Costa como candidato a uma das vagas ao Senado Federal, fato que está produzindo alguns estranhamentos e insegurança, quando se pensa na composição da chapa de uma eventual candidatura do prefeito João Campos ao Palácio do Campo das Princesas, assim como o projeto de reeleição natural da governadora Raquel Lyra.
Embota ambos os gestores façam gestos ao grêmio petista e mantenham boas relações com o Palácio do Planalto, há muitas interrogações sobre o assunto. Para viabilizar sua candidatura ainda em 2026, João Campos vai precisar construir uma capilaridade política no estado para muito além do que o PT pode oferecer. Suas sinalizações vão mais no sentido do clã Coelho, do Sertão do São Francisco, e dos Republicanos, do ministro Sílvio Costa, que, mesmo diante dos afazeres em Brasília, arregaçou as mangas todos os finais de semana em prol do crescimento de sua legenda no estado.
Fato curioso com Sílvio Costa Filho é que, o gasto da sola de sapato foi até o limite de construir alianças que não se contrapunham à base de sustentação de Lula no plano nacional. Não lhes faltou lealdade, tem crédito e, segundo dizem as coxias, seria o segundo nome concorrendo ao Senado Federal na chapa de João. Com um potencial complicado para Humberto Costa, a de ser negociada sem arestas com o Planalto. Vamos discutir essa relação da legenda com a governadora Raquel Lyra numa outra oportunidade. Sobre a relação com o prefeito, vale uma máxima popular: Cesteiro que faz um cesto...
P.S.: Do Contexto Político: Política também tem suas nuances e caprichos. Através do seu trabalho há anos junto aos professores, integrando o eclético grupo da educação - de perfil bastante orgânico e com grande capilaridade em todo o estado - Teresa Leitão se elegeu senadora com relativa facilidade. O capital político do presidente Lula no estado continua em níveis nada desprezíveis, a despeito das dificuldades do partido, o que pode facilitar a inserção de um nome como o de Humberto Costa numa das chapas mais competitivas. Hoje, 28, com o aval da Executiva Municipal, que lançou uma nota oficializando o apoio à gestão, o prefeito João Campos anunciou o nome de Oscar Barreto, do PT, para a Secretaria de Meio Ambiente, assim como o nome de Felipe Curi para a Secretaria de Habitação, mantendo acordos aliancistas anteriores, onde cedeu duas secretárias à legenda. Por cima, ainda garantiu que Osmar Ricardo possa assumir o mandato, convidando um vereador do PV para o secretariado. Tudo ajustado com a burocracia da legenda, que atende à liderança de Humberto Costa no estado, mas nada que assegure a composição do seu nome numa eventual chapa encabeçada por João Campos, até porque o futuro dura muito tempo.