pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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domingo, 25 de maio de 2025

Editorial: Kleber Mendonça e Wagner Moura são premiados em Cannes. É a potência do cinema pernambucano.



A 78° edição do Festival de Cinema de Cannes concedeu o prêmio de melhor ator a Wagner Moura e de melhor diretor ao cineasta pernambucano Kleber Mendonça. Nesta imersão em cinema a qual nos submetemos durante a pandemia, o cinema pernambucano era recorrentemente citado durante as aulas. Pernambuco se transformou numa grande Escola de Cinema. Aguardamos com muita ansiedade a leitura do livro A Potência do Cinema Pernambucano, de Diego Medeiros, lançado recentemente, que ainda não tivemos a oportunidade de ler. Pernambuco tem realizado algumas películas fora da curva, que estão ditando tendências na esfera cinematográfica, recebendo, com louvor, o reconhecimento da crítica, a exemplo de O Agente Secreto, Kleber Mendonça.  

Algumas dessas produções contam com o inestimável apoio do aparelho de Estado, através de fundos como o Funcultura, mas há exemplos de outras produções que não contam com esses recursos, como o caso que observamos recentemente da produção de um documentário envolvendo os relatos de um cobrador de ônibus, que está sendo realizado por um cabeleireiro de Camaragibe, salvo melhor juízo, o que significa dizer que essa febre de produção cinematográfica atinge também a Região Metropolitana do Recife e o interior do estado. O Funcultura cumpre um papel estratégico neste aspecto. Na época em que estive participando da comissão do projeto, observamos que os recursos foram reduzidos individualmente para os produtores com o objetivo nobre de atender o maior número possível deles, uma vez que, naqueles tempo de obscurantismo cultural a que o país esteve submetido,  não haveria a contrapartida da ANCINE naquele ano.  

No final, felicitar o Kleber Mendonça, que, durante anos, dirigiu a Coordenadoria de Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, responsável pela marca criada do Cinema da Fundação, que se tornou sinônimo de cinema cult. O Cinema da Fundação, sob a sua coordenação, tornou-se uma marca reconhecida nacionalmente, como um espaço de exibição de películas de excelente qualidade. Salvo melhor juízo, Kleber Mendonça fez sua formação de cinema na Inglaterra. Como Jean-Luc Godard, em uma de suas fases, flertou até com o Maoismo, às vezes pensamos que o Kleber tem lá suas simpatias por Ken Louch. 

sábado, 24 de maio de 2025

Editorial: Depoimentos sigilosos que não são assim tão sigilosos.



É curioso como os depoimentos das testemunhas dos indiciados na tentativa de golpe do 08 de janeiro estão chegando à imprensa. Salvo melhor juízo, o próprio STF antecipou-se em informar que não teria ocorrido nenhum bate-boca entre integrantes daquela Corte e uma das testemunhas arroladas pela defesa do Almirante Almir Garnier. As oitivas não estão sendo transmitidas pela TV Justiça, mas, mesmo assim, o teor das narrativas ou versões das testemunhas saem no dia seguinte em praticamente todos os órgãos de imprensa. Ontem até a última flor do Lácio entrou nas discussões quando uma das testemunha se utilizou de metáforas para se referir a uma eventual possibilidade de a Marinha coordenar um golpe de Estado no país. Segundo dizem, quase foi "fritado", numa advertência do magistrado para que ele se ativesse às questões técnicas. 

Na realidade, só iremos saber o que, de fato, ocorreu em termos de planejamento de mais um golpe de Estado num futuro próximo, quem sabe com a ajuda espiritual de um pesquisador da envergadura acadêmica de René Armando Dreifuss, quem melhor descreveu o que ocorreu em relação ao golpe militar de 1964, golpe que envolveu intensos planejamento entre militares e a classe dominante, tratado no seu texto como um golpe de classe. Isso só seria possível através de uma sessão de psicografia. Na realidade, o que acontece é que ninguém quer se comprometer, tampouco comprometer os colegas de farda.  

Há uma fala gravada de um dos militares conspiradores onde se evidencia o seu desprezo pelas instituições democráticas do país, numa evidência cabal de seu despreparo. Não há dúvidas de que há, no escopo da caserna, militares susceptíveis às aventuras golpistas. Quando confrontados com a Justiça, no entanto, todos são honrosos defensores dos princípios constitucionais. 

Charge! Kleber Alves via Correio Braziliense.

 


Editorial: MDB de Pernambuco elege seu novo presidente.


Hoje, 24, o MDB pernambucano está realizando uma eleição interna para escolher o seu próximo presidente. Não conhecemos outro momento em que o partido realizasse a escolha do seu novo dirigente num clima de tanta animosidade entre as chapas concorrentes. De um lado, Jarbas Filho, filho do ex-governador Jarbas Vasconcelos, figura de proa da legenda desde os tempos em que o partido fazia oposição ao regime militar. Jarbas Filho, juntamente com o senador Fernando Dueire, forma uma ala do partido que tende a integrar-se ao Governo de Raquel Lyra. Do outro lado, o Secretário de Articulação Política do Gestão Municipal, Raul Henry, que deve sua carreira política ao padrinho Jarbas Vasconcelos. 

Raul tem sido muito comedido em torno dessa polêmica, sobretudo em razão do seu respeito ao ex-governador. Não vamos entrar aqui nas entranhas que dividem essas duas chapas, pois as indisposições partiram para o plano pessoal. Jarbas Vasconcelos e Raul Henry, criador e criatura, sequer se cumprimentaram na chegada do ex-governador na cabine de votação. A eleição de hoje define os rumos do partido em relação as eleições majoritárias de 2026. Mesmo depois das eleições, conforme prevê Raul Henry, a possibilidade construção de uma unidade será sensivelmente difícil. 

O MDB articula uma federação com o Republicanos, o que, geralmente, produzem seus efeitos nas composições partidárias nas quadras estaduais, ditando rumos que nem sempre coincidem com os projetos nacionais da nova federação. O MDB não escapa a esta condição. Nessas arranjos está em jogo as eleições para o Senado Federal, onde há muitos candidatos para poucas vagas nas chapas em processo de formação. Está difícil encontrar espaço para tantos nomes. A União Progressista já afirmou que, depois da musculatura política formada, deseja dois nomes na majoritária com quem vier a compor.  

Editorial: A entrevista de Antonio Rueda à Veja.


Na atual conjuntura da política nacional, não seria nada surpreendente se os cientistas políticos estivessem atentos às nuvens dessa tendência de formação de federação dos grêmios políticos nacionais. Em alguns casos, com o do PSDB, podemos falar de uma fusão, num primeiro momento, e uma posterior federalização, possivelmente com a União Progressista, conforme já enfatizou o seu líder Marconi Perillo. E, por falar em federação, repercute bastante uma entrevista recente concedida pelo Presidente Nacional da União Progressista, o pernambucano Antonio Rueda, à revista Veja. A chamada deste editorial bem que poderia ser: Até tu Rueda? Em razão de sua elogiada postura com relação à composição com a base governista. Rueda era elogiado pelo Planalto por sua fidelidade ao Governo, na condição de Presidente Nacional do então União Brasil. Não compareceu ao evento de lançamento da pré-candidatura de Ronaldo Caiado à Presidência da República. 

As coisas mudaram muito desde então. Na entrevista à revista ele observa aquilo que já foi dito aos quatro cantos do mundo: A federação deve apoiar um nome de centro-direita para as eleições do próximo ano. Convém frisar que este nome pode não ser, necessariamente, o do governador de Goiás, Ronaldo Caiado. A movimentação de direita está há anos luz de distância da movimentação dos grupos de esquerda, conforme enfatizamos no dia de ontem. A única semelhança entre ambos os movimentos talvez seja mesmo a resistência de suas principais lideranças em discutirem alternativas que não sejam as suas, a exemplo de Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva. 

No campo de direita, os movimentos correm à revelia. Já se fala em ranhuras na relação entre Tarcísio de Freitas e a família Bolsonaro. Até recentemente, o Secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite, pediu desfiliação do PL, argumentando dificuldades de viabilizar pela legenda os seus projetos políticos. Derrite é pré-candidato ao Senado Federal por São Paulo. O Movimento Brasil, liderado pelo ex-presidente Michel Temer continua com suas articulações, independentemente dos humores da família Bolsonaro. No campo de esquerda, o assunto sequer é aventado, mesmo em se sabendo das enormes dificuldades que o presidente Lula enfrenta neste momento, sendo aconselhado a não tentar um quarto mandato. 

sexta-feira, 23 de maio de 2025

Resenha: Eu vim aqui para ser louco.



Precisamente em 3 de junho de 2024 foi comemorado o centenário da morte do escritor tcheco Franz Kafka. O escritor que denunciou a angústia humana morreu angustiado, sem poder se alimentar, vítima de uma tuberculose na garganta. Kafka embalou as nossas leituras ainda na adolescência. Era a primeira stand para a qual nos dirigíamos quando chegávamos à antiga Livro 7, livraria localizada na 7 de setembro, aqui no Recife, que possuía um espaço exclusivamente dedicado ao escritor. Em nossa modesta biblioteca temos um bom acervo dedicado ao artista da fome, ainda constituído desde este período. Algumas dessas obras são raras, hoje quase impossível de ser encontrada até em sebos tradicionais. 

Até recentemente foram lançados os três volumes de uma biografia sobre o autor de O Processo, escrita pelo filósofo alemão Reiner Stach. Reiner é um dos maiores especialistas em Kafka, mas se perde na tentativa de encontrar elementos novos à biografia do autor de A Metamorfose. Nada que Max Brod, amigo e confidente deste os tempos em que estudavam direito juntos, já não tenha antecipado. Pouca gente enfatiza isso, mas Max Brod foi um grande escritor, porém eclipsado pelo biografado. Max Brod ficaria mais conhecido como aquele que permitiu que o mundo conhecesse a obra do escritor tcheco.  

É incrível como há estudos sobre Kafka, mesmo diante de uma obra repleta de inconclusões. Há uma grande polêmica em torno desta dispersão de sua escrita, mas não seria este o momento de adentrarmos neste assunto. Até O Processo, um dos seus textos mais exaltado, é um livro composto pela junção de artigos que, em tese, consegue atingir a unidade tão somente por um grande esforço do autor e, naturalmente, a tolerância dos seus leitores. Outro dia ficamos impressionados com a grande atenção dada pelos ensaístas marxista brasileiro a Kafka, inclusive o maior entre eles, Carlos Nelson Coutinho. 
Possivelmente já comentamos isto por aqui em outros momentos.  

Há uma grande curiosidade sobre quais teriam sido os escritores que poderiam ter exercido alguma influência sobre Franz Kafka. Depois, claro, da relação dele com o pai e a namorada Milena, cujas cartas mereceram recentemente um compêndio de páginas de gente ligada à psicanálise. Para aqueles que gostam da literatura de Kafka e pretendem explorar o universo da angustia humana, também recomendaríamos  o escritor norueguês Knut Hamsun, autor de A Fome. Mas já antecipo que é preciso ter muito estômago para ler A Fome. Para aqueles que desejam saber o que Kafka tinha na estante - e lia, naturalmente - Robert Walser, autor de O Ajudante, único texto do autor traduzido para o português. 

Walser era uma espécie de escritor para escritores. Explorou vários gêneros e se saiu bem em todos. Há uma história interessante sobre Walser, que eventualmente exploramos em alguns de nossos textos. Olsen foi internado, contra a sua vontade, num hospital para tratamento de distúrbios mentais. Em protesto, parou de escrever. Melhor que o tivessem deixado em paz. Não seria improvável que tal condição de saúde de Walser tenha instigado Kafka a se aproximar de seus textos. As pessoas do hospital que sabiam que ele escrevia - e bem - e costumavam perguntar porque ele havia parado de escrever,  ele respondia: Eu vim aqui para ser louco. O mesmo título com o qual nomeamos este livro de crônicas. 

Crônicas sobre literatura, para sermos mais precisos. A ideia surgiu quando líamos um texto do escritor alagoano, Graciliano Ramos, ainda no início de sua carreira, quando ele escrevia crônicas para os jornais do estado. Graciliano costumava analisar livros recém-lançados, sugerindo queimar uma gordura aqui e ali, evitar tantos adjetivos, afinando o violino da escrita dos iniciantes. Era um livro que ele jamais aprovaria a sua publicação, exigente como ele era. Nunca ficou satisfeito com o resultado do seu primeiro romance, Caetés, mesmo depois dos elogios do crítico Antonio Candido. Foi educado com Antonio Candido, mas disse que mantinha suas reservas em relação ao texto. 

O livro faz uma viagem pela Paris de Ernest Hemingway e, naturalmente por Praga. Assim como todo escritor que se preze, Kafka escrevia nu e morava numa casa bem próxima ao centro de Praga. Há uma estátua em sua homenagem na cidade que nem os comunistas ousaram derrubá-la por ocasião da Primavera de Praga. Algumas dessas crônicas, por outro lado, fazem referência a situações vividas por escritores brasileiros, no seu cotidiano, quando, por exemplo, Graciliano Ramos resolve reprovar o texto de Sagarana, de Guimarães Rosa, e prestigiar o pernambucano Osman Lins, indicando-o vencedor daquele certame, possivelmente, o primeiro concurso literário de vulto do país, organizado pelo editora José Olympio. O alagoano ficou com a consciência pesada.  

Editorial: As novas pesquisas sobre a popularidade do Governo Lula.



Medidas de contenção de liberação de viagens de servidores públicos, aliadas ao período de restrições associado à pandemia da Covid-19, fizeram o governo passado economizar bilhões em recursos públicos. A ressalva que se faz aqui é em relação às políticas públicas do Governo Bolsonaro, que, em certa medida estavam relacionadas ao torniquete que se aplicou em relação a alguns órgãos públicos, a exemplo do IBAMA, da FUNAI, ICMbio, entre outros. Em todo caso, medidas de contenção dos gastos públicos são sempre bem-vindas. Foram bilhões economizados em tempos de crise - que, a rigor, ainda não foram superados - que podem fazer uma diferença enorme na contenção do déficit público, no equilíbrio das contas públicas. 

Neste sentido, o Governo Lula 3 não tem dado bons exemplos de austeridade. A coluna do jornalista Cláudio Humberto do dia de ontem, 23, traz uma estimativa dos gastos do Governo Lula 3 com diárias e passagens, chegando à conclusão de que se trata do governo que mais gastou com viagens em todos os tempos. Superou todos os governos anteriores. São R$ 5,1 bilhões. E este montante não inclui o próprio Lula e os Ministros de Estado. Aguarda-se para as próximas horas uma nova pesquisa do Instituto Genial\Quaest sobre a avaliação do governo. Antes mesmo de a pesquisa ser divulgada, os ventos que sopram não são favoráveis, se considerarmos por exemplo, a pesquisa do IPESPE divulgada no dia de ontem. 

Não há como se livrar do escândalo relativo ao roubo do INSS. Isso macularia a imagem do governo mais honesto do mundo. O dano é irreparável em quaisquer circunstâncias, mesmo que se responsabilize os governos anteriores sobre a leniência ou incompetência para evitar os desmandos com os recursos dos aposentados e pensionistas. O Governo Lula 3, que já não estava muito bem em termos de avaliação, dificilmente conseguirá contornar este problema. Nem com seiva de bananeiras se estanca essa sangria. Isso ficou visível num debate recente entre o senador Jaques Wagner, líder do Governo no Senado Federal,  e o senador Rogério Marinho, representante da Oposição, promovido pela Globo News. Jaques Wagner passou a ideia de nem ele mesmo acreditava no que estava afirmando. É a pior situação possível num debate. 

Charge! Aroeira via Facebook.

 


quinta-feira, 22 de maio de 2025

Editorial: As contradições nos depoimentos dos militares sobre a tentativa de golpe de Estado.



Está tudo muito confuso em relação aos depoimentos das testemunhas militares sobre os episódios de mais uma tentativa de golpe de Estado no país. Supõe-se, em princípio, que o espírito de corpo na tropa esteja sendo a razão dessas contradições. Os militares convocados como testemunhas não estão querendo comprometer os companheiros de farda que, por ventura, apoiavam o intento de ruptura institucional. Um general presta um depoimento à Polícia Federal e se contradiz na oitiva realizada no STF. Um outro confirma tudo o que ocorreu na famosa reunião que reunia a cúpula militar para as tratativas de uma eventual tentativa de golpe de Estado. Hoje, dia 22, um militar graduado pediu para que o seu nome fosse retirado da lista de testemunhas. 

No início da semana, contrariando uma sequência de decisões, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu não aceitar a denúncia contra dois militares. As denúncias envolvendo os demais foram aceitas. General ouvido no dia de hoje, 22, comandante à época do QG de Brasília, negou que tivesse proibido a PMDF de entrar no recinto do quartel. Ponderou que havia a necessidade de um trabalho coordenado. Oficiais da PM do Distrito Federal, no olho do furacão desde o início, por razões óbvias, foram envolvidas naqueles episódios voluntária ou involuntariamente. Não sabemos se houve algum relaxamento de prisão, mas toda a cúpula foi presa por determinação do STF. 

O cerco contra os golpistas está se fechando. Não se pode brincar com isto. Pelos áudios que vazaram recentemente do celular de um dos envolvidos, o projeto golpista previa tempos sombrios para o país, que, aliás, não seria de surpreender. Já havia um monte de guardas da esquina com disposição para se transformarem num Johnny Abbes Garcia, o temido chefe do serviço de inteligência da ditadura de Rafael Trujillo. 

Resenha: Severino Bucho-Azul



Numa daquelas tardes enfadonhas de repartições públicas, adentrou à nossa sala um companheiro de trabalho. Exultante, ele nos relatou que havia vencido um concurso literário com um livro de literatura infanto-juvenil. Cumprimentei-o pela premiação, mas nada muito além disso. Ele, aliás, modestamente, preferia ser conhecido por outras áreas de conhecimento com as quais  se identificava melhor, num arranjo que o filósofo francês Michel Foucault talvez classificasse como lugar de sujeito. Alguns anos depois, lendo e pesquisando bastante sobre literatura deste gênero, constatamos que o companheiro trabalho possuía uma expressiva produção literária sobre o assunto, merecedor de um reconhecimento institucional maior dentro e fora da repartição. Osman Lins também enfrentou situação semelhante. Era um excelente escritor que, para o banco onde trabalhava, não passava de um simples escriturário. Já consagrado nacionalmente, alguns anos depois o banco o convidaria para uma exposição, talvez com o propósito de reparar o equívoco. Ele se recusou. 

Ele já havia falecido e nós já não tivemos a oportunidade de nos redimir em razão da pouca atenção com uma pessoa que poderia, inclusive, nos fornecer elementos importantes sobre este gênero literário. Sujeito bom, afável, de trânsito fácil, possivelmente sensível a um pleito desta natureza. Infelizmente, penso que não apenas eu não conhecia esta capacidade do rapaz. São vários livros publicados sobre literatura infantil. Há alguns anos escrevemos no nosso primeiro conto infantil. Confessamos nossas dificuldades até hoje com este gênero literário, o que não deve ser um sentimento apenas deste escriba. Conto é um gênero difícil, suscitando até hoje muitas teorias sobre o assunto. 

Quanto mais o estudamos, mais dúvidas aparecem. Finalmente saiu o Severino Bucho-Azul, selecionado num concurso do gênero, o que nos deixou com a certeza, ao menos, de termos cumprido os requisitos. Depois, resolvemos transformar o conto num texto de literatura infanto-juvenil, onde pudéssemos repassar para um público maior a história de Severino Bucho-Azul, um cidadão que alimentava o imaginário fértil do pessoal da vila onde morávamos, em virtude de ser o principal suspeito de virar lobisomem nas noites de lua cheia. Embora no passado tenha integrado o temido grupo de milicianos mantidos pela companhia, Severino, aposentado, morava nos arrabaldes da vila, num enorme sítio, repletos de pés de cajueiros, mangas rosas e espadas, o que atraia os meninos do local, independentemente da suspeita que pesava sobre ele. 

Vestia inseparavelmente uma camisa, em qualquer situação do dia, com o propósito de esconder uma enorme cicatriz no abdômen, como resultado de um atentado que quase o levou a óbito. As pessoas da vila relatavam vários episódios que comprovavam a sua existência, assim como as atrocidades por ele cometidas. Em noites de lua cheia a vila era tomada por um verdadeiro pavor entre os moradores. Parte dessa narrativa também se encontra no nosso primeiro romance, Menino de Vila Operária, onde relatamos a formação de um grupo de caça ao sujeito, formado por corajosos peladeiros do local. Em breve no nosso perfil da plataforma Amazon. Pré-vendas pelo Zap 81986844557. 

Editorial: Hugo Motta desdenha da pressão da Oposição.


Na Paraíba já existe até mesmo carros circulando com adesivos de Hugo Motta como candidato ao Governo do Estado nas eleições de 2026. Há uma especulação danada em torno do assunto, seja entre alas governistas, seja entre alas oposicionistas, uma vez que, definida uma candidatura do atual Presidente da Câmara dos Deputados, os arranjos políticos locais mudam substantivamente. Há até nomes contadíssimos que já afirmaram que renunciariam a candidatura em nome de Motta. Há políticos que juram que ele será candidato e já trabalham em suas articulações políticas com esta possibilidade concreta. Outros acreditam que ainda não chegou a vez do jovem político de Patos colocar como horizonte a ocupação da cadeira do Palácio Redenção. 

E, por falar em Palácio da Redenção, há no nosso livro de crônicas sobre Jampa, uma sobre a histórica Praça dos Três Poderes ou apenas Praça João Pessoa, com uma "sacada" daquelas do comendador Arnaldo, que faz uma analogia com as prostitutas que circulam nas imediações daquele logradouro. Mas, voltemos ao Motta. O rapaz ainda é muito jovem e o futuro a Deus pertence. Sobre a possibilidade de uma candidatura ao Governo do Estado, ele desconversa, embora seja um nome com amplas viabilidades de costuras à direita e à esquerda do espectro político paraibano, fenômeno que contribuiu, igualmente, para a sua eleição para a Câmara dos Deputados. 

A Oposição, no entanto, já perdeu o encanto com o político paraibano. Consideram que ele hoje faça o jogo do Executivo e do Judiciário. Ele já disse que a fila é grande para uma CPI do INSS, ao tempo em que acrescenta ser desnecessário os ajustes em termos do PL do Anistia, uma vez que o STF deve declarar sua inconstitucionalidade. Mesmo conhecendo os entraves políticos e jurídicos do PL, a Oposição não aceita os argumentos do Presidente da Câmara dos Deputados. 

Editorial: O espião que saiu do Rio.


O Espião que Saiu do Frio foi um romance escrito em 1963, no auge da Guerra Fria. Escrito por John Le Carré, é considerado o maior romance de espionagem já escrito até hoje. Uma das características dos escritores de romances policiais é a sua prolixidade, embora não tenham o reconhecimento no campo literário, que considera o gênero romance policial uma espécie de subliteratura. Até recentemente lemos a biografia de Georges Simenon, forjado nas redações de jornais, que se tornaria um dos grandes mestres do gênero, capaz de escrever um desses romances em apenas 13 dias. Sentava numa praça ou numa calçada da Sacre Coeur e voltava para o apartamento com o romance praticamente construído. Simenon começou publicando contos nos jornais belgas, mas sua carreira apenas deslanchou quando ele chegou à França, onde fechou contratos fora da curva com editoras locais. Simenon se apaixonou por uma brasileira que trabalhava naquele país, com quem manteve um romance tórrido, mas isso já é tema para as nossas próximas conversas. 

Este assunto veio à tona quando saiu uma notícia dando conta de uma matéria do The New York Times, possivelmente a partir das conclusões dos relatórios da CIA, onde se informa sobre o processo de "limpeza" dos espiões russos que tinham como missão se infiltrarem nos Estados Unidos. Eles estabilizavam suas condições de cidadãos "normais" no Brasil, depois viajavam para a terra de Tio Sam, onde iniciavam os trabalhos para o SVR(Serviço de Inteligência Estrangeira). Com o desmonte da antiga União Soviética, os serviços de inteligência do país foram desmembrados, ficando o FSB, responsável pela segurança interna, enquanto o SVR ficou responsável pela espionagem no estrangeiro. 

Na época da antiga União Soviética a temida KGB era o serviço de espionagem mais eficiente do mundo, digna de proezas que deixaram o Mossad no jardim da infância. Hoje, as coisas mudaram muito no mundo da espionagem. O Mossad israelense aparece no topo da lista, seguido da CIA, dos serviços secretos de sua majestade e ali, pela rabeira,  os serviços secretos da França e da Federação Russa. Assinalando sempre que há muita subjetividade nessas análises. 

quarta-feira, 21 de maio de 2025

Editorial: A república das fofocas.


O Brasil realmente não é um país para amadores. Nós temos uma comissão de ética que julga orientada pela ideologia. Aos amigos tudo, inclusive a transgressão da ética. Agora mesmo estamos diante de uma relativização do delito. Fulano e Beltrano cometem os mesmos delitos, mas o que vale para Fulano não vale para Beltrano. É como se alguns tivessem a licença para roubarem e outros não. Outro dia a quebra de protocolo de uma primeira-dama causou o maior frisson. O pior veio depois, com os fuxicos e as intrigas sobre quem teria vazados os diálogos indiscretos, especulando-se sobre o nome A ou B, atenuando-se a caça às bruxas depois que os serviços de inteligência identificaram o indiscreto. 

Agora, depois que vazaram os diálogos sinceros de dois ex-auxiliares da Presidência da República, hoje sai a notícia de que um deles foi demitido, uma vez que afirma nos diálogos que preferia até mesmo votar no barbudo do que na madame. Um país desses não pode dá certo. Lá atrás, Sergio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre, cada um ao seu modo, já nos alertavam para este problema. Neste momento, passamos por uma fase de banalização da corrupção. As maracutaias com os recursos públicos se tornaram tão recorrentes que passaram a integrar o nosso cotidiano, sem motivar aquelas indignações de outrora. 

É nestas horas que sentimos a falta da inteligência do pensamento e dos traços de um Millôr Fernandes, de um Sérgio Porto, de um Nelson Rodrigues, que encontravam inspiração para os seus trabalhos quando o trem ainda não tinha descarrilado como agora. Ficamos aqui a imaginar como esses gênios poderiam descrever esta situação pela qual o país está passando neste momento. 

Resenha: As mulheres do Clube do Cupim.



Há muitas questões polêmicas envolvendo o Clube do Cupim, inclusive este romance que, escrito ainda em 2023,  precisamos proceder algumas mudanças no texto, por recomendação do editor, para não comprometer um dos maiores nomes da literatura brasileira, que, no início de sua carreira, assumiu posições explicitamente misóginas. Curioso que o inserimos no texto de forma bastante contextualizada, fazendo as maiores ressalvas em torno desta postura, que, a rigor, em princípio, não combinava com ele. Uma dessas atitudes involuntárias que a gente toma na vida, movidos pelo ambiente cultural de uma sociedade marcada a ferro e fogo pelo patriarcado. Geralmente, a gente nem se dá conta. 

Salvo melhor juízo, não há grandes estudos sobre este Clube do Cupim, que funcionou aqui no Recife, no bojo da luta antiescravagista. Há bons artigos escritos sobre o assunto, mas nenhuma grande investigação, daí as polêmicas e discrepâncias até mesmo entre esses artigos escritos sobre o Clube. Num livro organizado sobre a escravidão por Leonardo Dantas Silva, há um artigo bastante interessante sobre este Clube. Recomendamos a leitura porque se trata de um livro que conta com o "selo" de seriedade, competência e honestidade intelectual do historiador. O texto que consta no livro, inclusive, diverge bastante do artigo no qual nos baseamos para conduzir o enredo do romance, mas não podemos deixar de reconhecer seus méritos. 

Como se tratava de um clube clandestino, sugere-se que haja escassez de documentos acerca da dinâmica do seu funcionamento, a composição dos seus membros, entre outras questões. Mesmo clandestino, personalidades que participavam da luta antiescravagista institucional integravam o Clube, a exemplo de Joaquim Nabuco e José Mariano. O Clube do Cupim cumpria a missão de resgatar e transferir escravos do estado de Pernambuco para o Ceará, uma vez que, graças à bravura de Chico da Matilde, o Dragão do Mar, aquele estado libertou seus escravos institucionalmente antes da assinatura da Lei Áurea. 

À época, havia uma espécie de filial do Clube do Cupim funcionando na cidade de Goiana, cidade localizada na Zona da Mata Norte do Estado. O clube era liderado na cidade pelo sapateiro Batista, que, numa dessas empreitadas, conseguiu libertar centenas de escravos de um engenho local. Suspeitamos que o tal Batista seja um dos poucos líderes identificados do antigo Quilombo do Catucá, que se localizava naquela cidade. Se não se tratar do mesmo sujeito, ficamos com a cota da imaginação. Na realidade, o Quilombo do Catucá se estendia por quase toda a Região Metropolitana do Recife. Foi o segundo maior quilombo do Brasil, ficando abaixo apenas do Quilombo dos Palmares, em Alagoas. 

O Clube do Cupim montava uma verdadeira operação de guerra para retirar esses escravos dos engenhos, acolhê-los e encaminhá-los ao Ceará, através de uma rede contato bastante afiada para descascar esses "abacaxis". Um dos aspectos mais interessantes do Clube é que ele era formado por homens brancos, bem situados, pode-se dizer da elite, mas também por pessoas simples, do povo, talvez ex-escravizados, e surpreendentemente, por mulheres. Chamou a nossa atenção a participação dessas mulheres, contadas num artigo em número de quatro, que participavam dos "ritos", assinavam atas, e, principalmente exerciam um papel estratégico na viabilização dos trabalhos do Clube. Essas mulheres são as protagonistas deste romance. Pré-vendas pelo Zap 81986844557. 

Charge! Kleber Alves via Correio Braziliense.

 


Charge! Thiago via Jornal do Commércio.

 


Editorial: STF ouve como testemunha o ex-comandante da Aeronáutica, Baptista Junior


Há rigor, não há informações precisas sobre as resistência na caserna em relação ao golpe civil-militar de 1964. Possivelmente houve, mas não é um tema muito explorado pelos pesquisadores que se debruçam acerca deste tema. Sobre esta última tentativa de golpe de Estado no país, no entanto, as fissuras entre os militares golpistas e os militares legalistas ficaram mais evidentes. Ontem, por exemplo, os Ministros da Suprema Corte resolveram não aceitar as denúncias contra dois militares, um general e um coronel, por não encontrarem elementos que pudessem comprovar a sua participação na trama golpista. As denúncias contra outros 11 militares foram aceitas. 

Dois comandantes de forças militares foram cruciais para interromperem as tessituras deste último golpe. O general Freire Gomes, que já foi ouvido pelo STF, e o Brigadeiro Baptista Junior, com audiência marcada pra o dia de hoje. Segundo avalição do Ministro Alexandre de Moares, o depoimento do general Freire Gomes entrou em contradição com o que ele havia afirmado antes na Polícia Federal. Confirmada as suspeitas do Ministro Alexandre de Moraes, há de se perguntar sobre as motivações que teriam levado o general a se posicionar desta forma. O mais provável é que resolveu atenuar em relação a um colega militar. O episódio, naturalmente, aumentou as expectativas em relação ao depoimento do ex-comandante da Aeronáutica, Baptista Junior, que assumiu uma postura legalista, em respeito à Constituição Federal naquela ocasião. 

Num encontro no dia de ontem, em Brasília, que reuniu milhares de prefeitos de todo o país, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi vaiado em diversos momentos, numa demonstração da insatisfação dos gestores municipais sobre a condução da política nacional, que acaba se refletindo na ponta, a exemplo desta propalada isenção de impostos para quem ganha até cinco salários mínimos. O Governo Lula 3 navega sobre águas turbulentas.  

terça-feira, 20 de maio de 2025

Editorial: A saúde de Joe Biden.


Há casos interessantíssimos sobre chefes de Estado que são acometidos de enfermidades e seus assessores tentam esconder da população a sua real condição de saúde. Por isso não surpreende que um jornalista tenha lançado recentemente um livro tratando exatamente deste assunto, onde remonta, a partir de um exaustivo de trabalho de jornalismo investigativo, como as autoridades americanos esconderam os problemas de saúde do ex-presidente Joe Biden. Biden, pelo que se sucedeu, já cumpriu seu mandato de presidente dos Estados Unidos com alguma dificuldade, explicitada no momento em que disputava a reeleição, onde precisou ser substituído. 

Agora vem a notícia de que Joe Biden foi diagnosticado com câncer de próstata. Até recentemente a Netflix lançou uma série documentário com três capítulos, que remonta os acontecimentos do 11 de setembro e a posterior caçada humana empreendida ao terrorista Osama Bin Laden. Como eles utilizam cenas reais daqueles fatos, Joe Biden, ainda aparece nas imagens esbanjando saúde, ao lado de Barak Obama. Em meio às turbulências institucionais que sacudiram as nossas instituições democráticas nos últimos anos, hoje se sabe que o democrata exerceu um papel decisivo sobre os rumos de nossa democracia. Biden foi o primeiro chefe de Estado a reconhecer a vitória de Lula nas últimas eleições presidenciais. 

Com a eleição de Donald Trump as nuvens mudaram sensivelmente. O republicano se identifica com grupos políticos que não são grandes exemplos de democratas. O pior é que esses grupos contam com o apoio do republicano para viabilizarem seus projetos políticos no país. 

Editorial: STF inicia hoje julgamento da denúncia contra o núcleo 3 da tentativa de golpe de Estado.



No dia de ontem, 19, durante as oitivas de testemunhas, a imprensa está noticiando uma eventual divergência no depoimento do ex-Comandante do Exército, o general Freire Gomes. Durante toda a discussão acerca das tessituras de mais uma tentativa de golpe de Estado no país, o general Freire Gomes assume um papel crucial. Sua recusa em embarcar na aventura golpista pode ter sido determinante no desfecho daquele enredo. Freire Gomes pode ter sido a peça que impediu que a engrenagem golpista funcionasse a contento. Nas entrelinhas, sabe-se que teria sido destratado pelos pares e linchado nas redes sociais pelas hordas bolsonaristas. Durante a sua fala, no entanto, o general afirmou não ter presenciado nenhum conluio entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o almirante Garnier, da Marinha, que, supostamente, teria emprestado sua solidariedade ao intento. 

O depoimento não converge com as declarações prestado pelo general à Polícia Federal, daí as ponderações do Ministro Alexandre de Moraes. Hoje, 20, é a vez da Primeira Turma do STF julgar a denúncia contra uma espécie de núcleo tático da tentativa de golpe, envolvendo vários militares e um policial federal, que teve recentemente o teor da perícia do seu celular anexado aos autos da tessitura golpista, acrescentando mais alguns elementos preocupantes àquela trama, trazendo luz sobre a encrenca institucional em que o país estaria metido caso essa gente lograsse êxito no desmonte de nossas instituições democráticas.

A denúncia que estará sendo julgada no dia de hoje é sobre um grupo tático, composto por militares, crucial na execução do golpe propriamente dito. Conforme enfatizamos anteriormente, é fundamentalmente importante o entendimento da cúpula das Forças Armadas sobre o assunto. Sabe-se que o objetivo final dessa campanha pelo PL da Anistia não visa unicamente aqueles que estão presos na Colméia ou na Papuda, mas, sobretudo, o núcleo duro da tentativa de golpe de Estado. Anistia, entende as Forças Armadas, seria uma forma de estimular novas insubordinações.  

segunda-feira, 19 de maio de 2025

Charge! Kleber Alves via Correio Braziliense.

 


Editorial: Nova vaquinha para Jair Bolsonaro.



Numa campanha anterior, o ex-presidente Jair Bolsonaro arrecadou, através de PIX, nada menos do que R$ 17 milhões de reais, provocando até mesmo a preocupação da Receita Federal sobre a legalidade do procedimento. Salvo melhor juízo, esses recursos chegaram até mesmo a serem retidos por algum tempo. Pelo andar da carruagem política, são esses recursos que o ex-presidente estaria utilizando para as suas viagens, despesas médicas e, principalmente, para o pagamento dos honorários da banca de advogados que contratou para a sua defesa. São advogados caros, pelo que se informa. Uma notícia prosaica saiu esta semana, dando conta de que o ex-presidente já teria estuporado a metade desse dinheiro, cabendo agora uma nova campanha para a arrecadação de novos recursos através de uma nova vaquinha. 

E, por falar em Jair Bolsonaro, continua a novela sobre a sua ascendência sobre a definição de um candidato de direita para disputar o pleito presidencial de 2026. Segundo consta, o núcleo duro que gravita em torno da figura do ex-presidente estaria incomodado com as movimentações do governador Tarcísio de Freitas, que hoje se encontra, na realidade, pressionado a assumir a condição de candidato pelas forças conservadoras. Aliás, para sermos mais sinceros, com quaisquer movimentações que fujam ao controle estrito da família Bolsonaro. Na ausência do capitão nas urnas, cogita-se a possibilidade de uma candidatura de Michelle Bolsonaro ou de Eduardo Bolsonaro, que se encontra licenciado do cargo, morando nos Estados Unidos. 

Numa entrevista recente, Valdemar da Costa Neto, Presidente Nacional do PL, foi categórico em afirmar que quem decide o candidato é Jair Bolsonaro, pois os votos são dele. O PF deve tudo a Bolsonaro. Pelo andar da carruagem política, conforme prevê Gilberto Kassab, talvez as forças do campo conservador lancem mesmo duas candidaturas ao pleito presidencial de 2026. 

Resenha: Um daiquiri cinematográfico no cais de Havana.


Este editor praticamente se formou em cinema durante a pandemia da Covid-19. Fizemos inúmeros cursos sobre o tema, principalmente os organizados por instituições acadêmicas. Era uma paixão de nossa adolescência, projeto que nunca foi levado adiante em razão de inúmeras circunstâncias. Somos da época do "Cine Goteira", quando as películas eram exibidas em praças públicas, com todo mundo torcendo para que não chovesse, tema explorado em nosso primeiro romance, o Menino de Vila Operária. O cinema exercia um verdadeiro fascínio entre os meninos da vila. Já adulto, passamos a sentir uma verdadeira paixão, principalmente em relação às películas que tratavam de temas políticos. Por essa época, nossos diretores predileto eram os realistas russos Serguei Eisenstein e Dzika Vertov. Isso não mudou ao longo dos anos. Dzika Vertov, por exemplo, exerceu forte influência sobre um grupo de cineastas revolucionários franceses, que formaram o Grupo Dzika Vertov, a partir do Movimento de Maio de 1968, entre eles Jean-Luc Godard.   

Durante o período da pandemia, isolado, acompanhamos, com particular interesse, um curso que tentava estabelecer um link entre cinema e marxismo, o que nos levou a estabelecer contato com outros cineastas revolucionários, inclusive o cubano Tomás Gutiérrez Alea, um dos principais expoentes do ICAIC, instituto que revolucionou o cinema latino-americano, tornando-se a verdadeira escola de cinema do continente. Importantíssimo na formação de grandes cineastas. O ICAIC foi tão revolucionário que chegou a ser dirigido por uma mulher negra, a primeira cineasta cubana, Sara Gómez, a lente da Revolução Cubana. Dialeticamente, porém, o ICAIC chegou a "censurar" dois documentaristas do instituto, que realizaram um documentário mostrando a vida degradada de cubanos na periferia do cais de Havana. O fato gerou uma grande polêmica à época, algo que se contrapunha aos ideais daquele instituto de cinema. 

A censura e a posterior estigmatização dos cineastas, acusados de contra revolucionários,  foi importante para refletirmos sobre até onde ia o limite daquela liberdade de expressão. Isso nos deixou bastante intrigado e, posteriormente, extravasamos essas nossas preocupações através da construção de um conto tratando do assunto. O professor do curso havia visitado Cuba e, pontualmente, externava a sua experiência naquela Ilha, apontando seus problemas, mas sempre muito otimista, enfatizando que o grande objetivo da revolução era o de assegurar a segurança alimentar da população do país. O conto ficou longo, quase um novela. Durante a pandemia, igualmente, devoramos os volumes da nova biografia de Kafka, escrita pelo filósofo alemão Reiner Stack. Um trabalho soberbo, uma pesquisa exaustiva, realizada por um grande especialista no escritor tcheco. 

De imediato, a trilogia atingiu o conceito de um dos melhores trabalhos biográficos contemporâneos. Sinceramente, não sabemos o que ele apresenta de elementos novas à vida do autor de O Processo, que já não tenha sido explorado pelas biografias anteriores. Ele contesta, por exemplo, o perfil de pessoa reservada de Kafka, uma vez que ele era um bom vendedor de seguros na empresa da família. Não sei se há aqui elementos para desfazer este traço de personalidade do autor. Kafka era tão ensimesmado que até para organizar os seus trabalhos para publicação quem assumia essa tarefa era Max Brod, dada as dificuldades de interlocução de Kafka com os editores. Como o conto invoca esses elementos políticos e burocráticos, típicos do estilo kafkiano, resolvemos reunir no livro outros contos escritos com o mesmo perfil, alguns deles tratando de cinema, como um outro sobre o cineasta da Escola dos Estudos Culturais Inglesa, Ken Louch. Conforme havíamos prometido, estão aí algumas informações para satisfazer a curiosidade sobre as capas dos livros que estão expostas no blog. O livro será disponibilizado em breve no nosso perfil KDP da Amazon, mas já pode ser solicitado como pré-venda pelo Zap 81986844557. Vale a leitura.  

Editorial: O "controle" da CPMI do INSS.


CPMI's são importantes em quaisquer circunstâncias, independentemente dos seus resultados. Há uma grita enorme acerca dos últimos relatórios produzidas por duas delas, a da Covid-19 e a do MST. Concluído os trabalhos, relatórios lidos e encaminhados aos órgãos responsáveis da Republica, é aqui que se esbarra numa espécie de leniência, traduzida no engavetamento pura e simples desses relatórios. Acompanhamos essas duas últimas e confesso que aprendemos bastante, uma vez que não se trata apenas de se saber como agiram os gatunos do erário nessas ocasiões. E, ainda assim, essas CPMI's se tornam importantes, uma vez que ficamos atualizados acerca das "inovações" utilizados por essas gangues para desviar recursos públicos. No caso da CPMI do INSS, que hoje parece-nos inevitável, já se sabe, por exemplo, que havia uma engenharia abominável de expedientes para roubarem os pobres velhinhos aposentados e pensionistas. 

Ontem, 18,  surgiu a informação de um servidor do órgão com poderes paranormais, capaz de ressuscitar velhinhos, ou seja, o pobre aposentando morria e continuava ativo no sistema, beneficiando malfeitores. No caso da CPI do MST gente muita boa foi convidada, tanto pelo Governo quanto pela Oposição, que trouxeram informações importantíssimas sobre a dinâmica dessa questão no país, um drama que se arrasta a centenas de anos sem que se apresente uma solução concreta. Na verdade a elite agrária do pais não permite que este problema seja resolvido, desde a época das sesmarias. Esta questão está na raiz das tessituras entre militares e tais elites, que culminou no golpe civil-militar de 1964. É curioso que, mesmo ao seu "modo", a questão da reforma agrária foi uma das mais urgentes preocupações dos militares quando no poder. Até o sociólogo Gilberto Freyre deu sua contribuição nessa discussão, produzindo um prospecto a este respeito, a pedido de Marco Maciel.  

Correndo atrás do prejuízo, o Governo agora se movimenta para ter um controle sobre os trabalhos da CPMI do INSS, talvez destinando a ela o mesmo destinos das anteriores. Neste caso, no entanto, o ônus político do roubo no INSS será pesadíssimo. As narrativas criadas com o intuito de livrar-se desse ônus estão se tornando ridículas. As pessoas que lidam com comunicação deveriam saber disso. 

domingo, 18 de maio de 2025

Editorial: A estranha narrativa do Governo sobre a crise que estourou no INSS.



A crise do INSS é estrutural e não adianta colocar um dedo sobre o buraco com o objetivo de tentar estancar o vazamento porque a represa já rompeu. Desde que foi anunciada a operação que mobilizou dezenas de policiais federais e servidores da Controladoria-Geral da União, outras tantas operações já se seguiram e algo sugere que estamos apenas na ponta do iceberg no que concerne ao volume de dinheiro público desviado e apropriado indevidamente através de expedientes dos mais escabrosos. Como se não fosse suficiente a "fábrica" de velhinhos, um servidor do órgão estaria "ressuscitando" pessoas que haviam morrido no cadastro. Não sabemos como a PF está se arranjando para atender a tantas demandas operacionais. No dia ontem, 16, foi Alagoas e Paraíba. Hoje, 17, Caruaru, em Pernambuco. 

Desde o início desta crise que o homem forte da comunicação do Governo Lula 3, o marqueteiro Sidônio Palmeira, está no olho do furacão, tentando minimizar os danos da crise para a imagem do Governo. Salvo melhor juízo, participou, inclusive, de reuniões nevrálgicas após os fatos, que culminaram,  com a tomada de decisões radicais, como o afastamento de servidores do órgãos. Um vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira tratando deste assunto, praticamente interditou as narrativas adotadas pelo Governo para se contrapor à avalanche de indignações que se apossou da sociedade brasileira diante deste fato. André Janones publicou um vídeo nos mesmos moldes, mas bem aquém do alcance obtido pelo vídeo protagonizado por Nikolas Ferreira. 

Análise apontam que o Governo teria perdido essa guerra de narrativas, com consequência que se refletiram sobre a popularidade que já não ia muito bem. Agora, diante da inevitabilidade de instauração de uma CPMI, próceres integrantes do Governo repetem uma narrativa igualmente estranha. Jaques Wagner, que já havia dito que a crise estava encerrada, antes mesmo de ressarcir os aposentados e pensionistas lesados, agora afirma que só faz sentido uma CPMI se for para investigar o Governo Bolsonaro. É preciso investigar todos os governos, senhor Jaques Wagner, inclusive o do PT. Se essas fraudes começaram em 2016, ainda no Governo Temer, elas só aumentaram exponencialmente desde então, principalmente a partir de 2023. Por outro lado, a Ministra Gleisi Hoffmann, afirmou que uma CPMI neste momento atrapalharia as investigações. Atrapalharia as investigações? Não entendi. 

sábado, 17 de maio de 2025

Resenha: Cantos e encantos de Jampa.


Quando retornou ao Brasil, depois de uma temporada de cinco anos de estudos nos Estados e na Europa, o nome do sociólogo Gilberto Freyre esteve relacionado à iniciativas importantíssimas no campo das ideias e, igualmente, no campo da imprensa e editoração. Criou e dirigiu periódicos, a exemplo de A Província, assim como tornou-se introdutor no país dos famosos guias de viagens. Em solo brasileiro, articulou-se com editora para lançar, ao menos cinco deles, projeto que não se materializou dentro da expectativa inicial, tendo sido interrompido com as publicações de um guia prático, histórico e sentimental sobre o Recife e outro sobre a cidade de Olinda. Havia o projeto de outros três, salvo melhor juízo, um sobre Salvador, que Jorge Amado acabou escrevendo, outro sobre o Rio de Janeiro e, finalmente, um sobre a cidade histórica de Outro Preto, em Minas Gerais. 

Gilberto também foi pioneiro na publicação dos chamados livros organizados, inaugurado com o lançamento de O Livro do Nordeste, onde diversos artistas, escritores e intelectuais produziram textos sobre a região. Neste livro há uma particularidade igualmente inovadora. A publicação de um poema sob encomenda. Gilberto solicitou o poema ao amigo Manuel Bandeira, que produziu aquele primor de poema é que a Evocação do Recife. Nas nossas conversas com o comendador Arnaldo surgiu a ideia de produzirmos um guia histórico, turístico,  sentimental e gastronômico sobre a nossa querida João Pessoa. Arnaldo, ainda nos tempos da juventude, quando estudava jornalismo na capital, conheceu o céu e o inferno da cidade, morando em casas de pensão, matando a fome com caldo de cana e pão doce, naqueles tempos difíceis, antes de se afirmar profissionalmente.   

Chegamos a iniciar o projeto, mas a saúde de Arnaldo não permitiu a sua continuidade. Arnaldo hoje vive isolado em sua dacha de Bananeiras, no friozinho gostoso da região do Brejo Paraibano, comendo os camarões pitus frescos de Solânea e cuidando dos jardins de Dona Margarete. Quando a temperatura baixa ao limite máximo, ele bate o telefone para nos embrenharmos nas matas da cercanias à procura de araçás e pitangas. Produzimos uma série de crônicas a partir dessas nossas conversas porque a ideia inicial era mesclar leveza e prazer à leitura do texto, sem ater-se às regras burocráticas dos cânones. 

Há histórias engraçadíssimas no livro, como as suas aventuras de juventude na festa da padroeira da cidade; os sábados no Mercado da Torre, num banquete da gastronomia local, acompanhado das melhores cachaças do mundo, as produzidas no Brejo Paraibano; as andanças pelos inferninhos do bairro do Varadouro; as refeições especiais servidas nas pensões aos domingos, que consistiam em k-suco de morango, macarrão e carne de lata Wilson, quando ninguém mais aguentava o cuscuz com ovo dos outros dias da semana. Tratamento vip apenas para os rapazes que prestavam favores sexuais às viúvas dona das pensões. Para esses tinha iogurtes, toddynho e coisas do gênero. Tudo que pudesse deixar os mancebos no "ponto". 

Ninguém conhece melhor a cidade de João Pessoa do que Arnaldo. Conhecia cada rua, cada beco, cada viela, cada praça da cidade. Tivemos a oportunidade de constatarmos isso a partir de nossas andanças pela cidade. Arnaldo era também um exímio conhecedor da gastronomia local, sendo capaz de dizer onde seria possível comer o melhor sarapatel, a melhor feijoada além de informar quem as preparava. Se desse na telha de comermos uma costela no bafo, ele nos conduzia ao melhor boteco onde a iguaria era servida. Se alguém estranho punha a mão no preparo, ele apontava a transgressão de longe, informando que sentia a ausência do tempero de Dona Fulana de Tal.   

Resolvemos reunir todas essas crônicas em livro, por recomendação do próprio Arnaldo. São textos que trazem informações fora da curva; numa linguagem coloquial, bem-humorada, de leitura agradável; que fecham o circuito de interesses que trazem os turistas à cidade, hoje uma das mais procuradas do mundo para passeios turísticos e até para moradia.  Como a cidade está se tornando "pequena" para tanta demanda, há algumas referências ao Litoral Sul, com suas praias belíssimas de Tambaba, Tabatinga, Coqueirinho. Em breve o livro estará disponível para comercialização pela plataforma KDP da Amazon. Vendas antecipadas pelo ZAP (81) 986844557.  Muitos pedidos de informações sobre os livros divulgados neste blog, o que agradecemos o interesse de nossos diletos leitores e leitoras. Já publicamos inúmeras resenhas sobre esses livros no blog. 

Editorial: "CPI a gente sabe como começa, mas não sabe como termina".


Há dois atores políticos relevantes, ambos já nos deixaram,  a quem é atribuída a frase acima: Ulisses Guimarães e o pernambucano Sérgio Guerra. No momento, em relação à instauração da CPMI do INSS, dada como favas contadas, o Governo Lula 3 corre atrás do prejuízo, com o objetivo de minimizar os danos. Havíamos afirmado por aqui, movido pela intuição, que esta CPMI seria inevitável. Agora é o próprio Davi Alcolumbre, Presidente do Senado Federal, que já procurou Gleisi Hoffmann para comunicá-la sobre o assunto. Agora só resta tentar minimizar os danos. Há uma especulação em torno do nome da socialista Tabata Amaral(PSB-SP)para conduzir os trabalhos desta CPMI como relatora. 

Os socialistas apoiaram o requerimento da CPMI e a relação com o Governo depende de algumas variáveis, como maior participação na máquina, além de manter Geraldo Alckmin como vice numa eventual chapa de reeleição. Nas atuais circunstâncias, por mais contraditório que possa parecer, acreditamos que seria prudente Lula seguir os conselhos do ex-presidente Michel Temer, que não recomendou uma nova candidatura ao petista. O Governo vem cometendo deslizes primários, como este último na China, que poderia ter sido evitado apenas com o cumprimento do rito protocolar. Encontro reservado é encontro reservado. Entre membros formais de governo. Depois, dissemina-se um cisma, um clima de desconfiança entre os integrantes do núcleo duro, o que não deve ajudar muita coisa, sobretudo navegando-se em mares turbulentos.  

É bom que se instaure esta CPMI. É a oportunidade de abrir a caixa-preta do INSS. O problema das fraudes no INSS é um problema estrutural, onde não se pode creditar toda a responsabilidade a este ou aquele governo de turno. É muito grave. A cada nova investigação da Polícia Federal surgem novos mecanismos fraudulentos que estão sendo utilizados por quadrilhas especializados nessas modalidades crimes. São autorizações de descontos indevidos, aposentadorias irregulares e até "fábrica de velhinhos", ou seja, estão criando beneficiários inexistentes, fictícios. Se mexer, e acreditamos que a CPMI possa entrar a fundo nesta questão, possivelmente encontraremos outros expedientes fraudulentos do gênero. Acabamos de publicar esta postagem e descobrimos que a PF está na cidade de Caruaru, cumprindo novos mandados de busca, em razão de novas fraudes aplicadas contra o INSS. Novas aposentadorias "arranjadas" como documentação falsa. A Polícia Federal agora investiga se houve facilitação por parte de algum agente público. Somente numa dessas aposentadorias pagas com retroativo, o rombo ultrapassa os R$ 100 mil reais.  

 

Editorial: A CPMI das fraudes no INSS tornou-se inevitável. Alcolumbre já avisou a Gleisi Hoffmann.



A CPMI do INSS, pelo andar da carruagem política, não tem mais volta. Será instaurada contra a vontade do Planalto, que não a desejava de jeito nenhum, nem para responsabilizar Bolsonaro pelos desmandos no órgão, conforme a narrativa governista. Parece que o "paredão" desta vez será vencido, uma vez que esta CPMI está imbuída de muitos interesses em jogo, bem como por um componente de apelo popular que não poderia ser negligenciado. Até parlamentares do PT estão assinando o requerimento, precedente que pode abrir a porteira de partidos daquele núcleo duro histórico aliado ao partido, uma vez que a "base aliada" já aderiu em peso ao requerimento. A preocupação do Governo neste momento é a contenção de danos, ou seja, criar as condições de composição da CPMI que faculte alguma margem de manobra na condução dos trabalhos. 

Soubemos que a deputada federal do PSB, Tabata Amaral, estaria articulando pela indicação da relatoria. Integrantes do Governo Lula 3 estão usando umas expressões curiosas para se referirem aos dissidentes como, por exemplo, "o que vocês estão fazendo aí?", numa referência aos parlamentares do PSB que assinaram o requerimento. Ao que se sabe, o Presidente do Senado Federal já teria comunicado à Ministra da Articulação Política, Gleisi Hoffmann, que a abertura da CPMI para investigar o escândalo do roubo no INSS. A dimensão do problema é gigantesco. O Governo enviou mensagens aos aposentados perguntando sobre se eles haviam detectado irregularidades de descontos indevidos em seus proventos. Deu 98,2% de retorno positivo. 

Depois dessa mega operação contra as fraudes no órgão, a PF já desencadeou duas outras operações com a mesma finalidade. Os fraudadores estão fabricando velhinhos em série para recebimento irregulares de benefícios. Situação delicadíssima a da nossa previdência social, acossada, de um lado pela insolvência natural do regime de aposentadorias, e, de outro, por um esquema de fraudes gigantesco, com a possível participação de agentes públicos, como se constatou nesta última operação da PF, onde um servidor de cargo estratégico do órgão poderia estar agindo de forma mancomunada com algumas dessas entidades. O filho dele advogava para uma dessas entidades. 

sexta-feira, 16 de maio de 2025

Editorial: Bolsonarismo raiz já considera a alternativa Michelle Bolsonaro.

 



A revista Veja desta semana traz uma matéria de capa sobre as especulações, no núcleo duro do bolsonarismo, acerca da possibilidade de uma candidatura presidencial da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Michelle é muito resiliente eleitoralmente, mas, por algum motivo, encontra dificuldades de assimilação nas hostes do bolsonarismo raiz, vele dizer entre os familiares e entre o grupo que gravita sob a ascendência direta do ex-presidente Jair Bolsonaro. Neste escopo, entra a liderança de Valdemar da Costa Neto, Presidente Nacional do PL, que afirma, reiteradamente, que quem decide é Bolsonaro. O PL deve tudo a ele. Por bolsonarismo mais radical ou raiz entenda-se esse núcleo de alta linhagem, dirigente, uma vez que os eleitores identificados com o bolsonarismo não teriam qualquer dificuldade em sufragar o nome de Michelle Bolsonaro, conforme evidenciam as inúmeras pesquisas de intenção de voto realizadas até este momento. 

O PL, talvez mesmo por injunção deste problema, é um dos poucos grêmios partidários que não está se movimentando em torno de uma fusão ou federalização. O próprio Gilberto Kassab, hoje um dos atores mais inteirados sobre o cenário político nacional, acredita que as forças do campo conservador poderão construir duas alternativas de candidatura. Uma a partir deste conjunto de forças, talvez  encetada, quem sabe, pelo Movimento Brasil, de Michel Temer, e outra pelo PL. O PL já andava de conversações com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, mas o capitão é irredutível. Só há uma alternativa de direita: Ele mesmo ...ou talvez Michelle, para ficar em família. 

Essas especulações em torno de uma candidatura da ex-primeira-dama surge exatamente num momento em que a mídia passa a dar publicidade a eventuais áudios atribuídos ao ex-Ajudante de Ordens, Mauro Cid, onde ocorrem algumas indiscrições. Caso as especulações tomem contornos de confirmações, Michelle Bolsonaro abdicaria de uma candidatura ao Senado Federal pelo Distrito Federal. Segundo se especula, ela poderia escolher o estado por onde deseja ser eleita senadora da República. Seria o certo pelo duvidoso, a despeito de sua condição confortável nas pesquisas de intenções de voto.   

Editorial: Novas revelações sobre a tentativa de golpe de Estado.


Talvez nunca chegaremos a conhecer todos os detalhes da trama que envolveu a tentativa de golpe de Estado do 08 de janeiro. Quem sabe no futuro algum réu confesso escreva algum livro revelando todas as nuances daqueles acontecimentos. Por enquanto, ninguém assume a condição de golpista. Até recentemente, jornalistas do UOL Prime, esmiuçaram todos os diálogos e mensagens encontrados no celular do ex-Ajudante de Ordens da Presidência da República, o tenente-coronel Mauro Cid. Seria um material que, em princípio, não estaria no escopo do material que hoje subsidia as investigações da Polícia Federal e integra o inquérito que envolve os artífices da tentativa de golpe no país. 

Tiveram a paciência de ouvir milhares de mensagens tratando de amenidades até encontrar algum mensagem que pudesse estabelecer alguma relação com aqueles acontecimentos. Hoje, 16, temos a notícia de que o agente da Polícia Federal que estava infiltrado entre os alvos golpistas - pois fazia a segurança do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva - acrescenta mais informações sobre a trama, a partir do que a Polícia Federal encontrou depois de periciar o seu aparelho celular. O circuito vai se fechando contra aqueles que tramaram contra as nossas instituições democráticas e é bom que seja assim. Os diálogos evidenciam que o agente ficou decepcionado com a falta de atitude do capitão e fez ameaças veladas a um ministro da Suprema Corte. Os diálogos indiscretos não vamos repetir por aqui, pois os leitores sabem bom do que esses golpistas são capazes. No Chile, esmagaram as mãos de Victor Jara a coronhadas e depois o mataram, desferindo contra ele 42 disparos. Com essa gente não se brinca. 

Até agosto estima-se que o STF conclua alguns desses inquéritos, determinando as penalidades aos envolvidos, caso sejam condenados. O ex-presidente Jair Bolsonaro está completamente enredado, mas continua alimentando algumas expectativas positivas, sabe-se lá baseado em que. Talvez esteja faltando, como alguém sugeriu, um ator político de seu staff mais próximo com a franqueza suficiente para informá-lo sobre a real situação em que ele se encontra. Não será candidato e a condenação em relação ao inquérito que responde no STF é quase certa.  

Charge! Kleber Alves via Correio Braziliense.