pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Resenha: As mulheres do Clube do Cupim.
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quarta-feira, 21 de maio de 2025

Resenha: As mulheres do Clube do Cupim.



Há muitas questões polêmicas envolvendo o Clube do Cupim, inclusive este romance que, escrito ainda em 2023,  precisamos proceder algumas mudanças no texto, por recomendação do editor, para não comprometer um dos maiores nomes da literatura brasileira, que, no início de sua carreira, assumiu posições explicitamente misóginas. Curioso que o inserimos no texto de forma bastante contextualizada, fazendo as maiores ressalvas em torno desta postura, que, a rigor, em princípio, não combinava com ele. Uma dessas atitudes involuntárias que a gente toma na vida, movidos pelo ambiente cultural de uma sociedade marcada a ferro e fogo pelo patriarcado. Geralmente, a gente nem se dá conta. 

Salvo melhor juízo, não há grandes estudos sobre este Clube do Cupim, que funcionou aqui no Recife, no bojo da luta antiescravagista. Há bons artigos escritos sobre o assunto, mas nenhuma grande investigação, daí as polêmicas e discrepâncias até mesmo entre esses artigos escritos sobre o Clube. Num livro organizado sobre a escravidão por Leonardo Dantas Silva, há um artigo bastante interessante sobre este Clube. Recomendamos a leitura porque se trata de um livro que conta com o "selo" de seriedade, competência e honestidade intelectual do historiador. O texto que consta no livro, inclusive, diverge bastante do artigo no qual nos baseamos para conduzir o enredo do romance, mas não podemos deixar de reconhecer seus méritos. 

Como se tratava de um clube clandestino, sugere-se que haja escassez de documentos acerca da dinâmica do seu funcionamento, a composição dos seus membros, entre outras questões. Mesmo clandestino, personalidades que participavam da luta antiescravagista institucional integravam o Clube, a exemplo de Joaquim Nabuco e José Mariano. O Clube do Cupim cumpria a missão de resgatar e transferir escravos do estado de Pernambuco para o Ceará, uma vez que, graças à bravura de Chico da Matilde, o Dragão do Mar, aquele estado libertou seus escravos institucionalmente antes da assinatura da Lei Áurea. 

À época, havia uma espécie de filial do Clube do Cupim funcionando na cidade de Goiana, cidade localizada na Zona da Mata Norte do Estado. O clube era liderado na cidade pelo sapateiro Batista, que, numa dessas empreitadas, conseguiu libertar centenas de escravos de um engenho local. Suspeitamos que o tal Batista seja um dos poucos líderes identificados do antigo Quilombo do Catucá, que se localizava naquela cidade. Se não se tratar do mesmo sujeito, ficamos com a cota da imaginação. Na realidade, o Quilombo do Catucá se estendia por quase toda a Região Metropolitana do Recife. Foi o segundo maior quilombo do Brasil, ficando abaixo apenas do Quilombo dos Palmares, em Alagoas. 

O Clube do Cupim montava uma verdadeira operação de guerra para retirar esses escravos dos engenhos, acolhê-los e encaminhá-los ao Ceará, através de uma rede contato bastante afiada para descascar esses "abacaxis". Um dos aspectos mais interessantes do Clube é que ele era formado por homens brancos, bem situados, pode-se dizer da elite, mas também por pessoas simples, do povo, talvez ex-escravizados, e surpreendentemente, por mulheres. Chamou a nossa atenção a participação dessas mulheres, contadas num artigo em número de quatro, que participavam dos "ritos", assinavam atas, e, principalmente exerciam um papel estratégico na viabilização dos trabalhos do Clube. Essas mulheres são as protagonistas deste romance. Pré-vendas pelo Zap 81986844557. 

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