Não é a primeira vez que os tucanos (os políticos do PSDB)
ensaiam desembarcar de um governo prestes a ser afastado, por denúncias de
corrupção, improbidade administrativa, obstrução a Justiça e outras coisas mais.
O partido que se constituiu à esquerda do velho PMDB, com a proposta de ser uma
agremiação socialdemocrata e dá um choque de modernidade ao capitalismo
brasileiro, tornou-se hoje uma caricatura grosseira (e medonho), de um agrupamento de oligarcas, com um fino verniz
de sofisticação, dotado de um apetite despudorado por cargos, recursos e zonas
de influência na política governamental brasileira.
0 álter- ego desse partido é
hoje o Banco Itaú que, aliás, financiou a compra da reeleição de FHC,
segunda a amante do ex-presidente tucano. E que tem sido amplamente
beneficiado pelo governo. Que o diga o
negócio do Nióbio, em Minas Gerais, quando o playboy era governador e seu primo
(hoje preso,) presidente da Cemig. Criado para ser um partido de centro-esquerda no espectro
político do país, o PSDB tornou-se o partido do mercado financeiro,auferindo
seus parlamentares muitos benefício dessa espécie de “advocacia administrativa”
da banca no Congresso nacional.
Quando se apresentou a possibilidade do “impeachment” de
Fernando Collor de Melo (de quem os tucanos herdaram a agenda política) , foram
eles os últimos a abandonarem o barco, juntamente com o ex-senador Marco
Maciel, que se autonomeou-se “funcionário da governabilidade”, naquele momento.
Na verdade, FHC estava prestes a ser nomeado por Collor Ministro das Relações
Exteriores. Quando se deram conta que era inevitável o afastamento de Fernando
Collor de Melo, saíram “a francesa”, bem devagarinho, do governo colorido.
Não é à toa a dança de rato que os tucanos estão fazendo
agora, com o sai-não-sai do governo temeroso.
Toda hora surge a data do desembarque, e a saída é adiada mais para
frente. Nesse momento, fala-se da espera pela denúncia contra Michel Temer na
iminência de ser formulada pelo STF/PGR, com base nos áudios da JBS. Estão
atrás de uma desculpa para ensaiar o desquite, enquanto vão ficando no governo,
mantendo os ministérios e seus foros privilegiados até o fim.
Não se iludam: essa turma não vai“largar o osso” assim tão
fácil. Até porque seus ministros estão na Lava-Jato e dificilmente terão alguma
chance de vitória nas próximas eleições. Os tucanos acham que podem mergulhar
na lama, com imunidades políticas. Sujar as mãos com luva de pelica. Estão
enganados. O seu tempo político está se esgotando rapidamente nessa curse
política, que perdura e se aprofunda.
Nem uma escaramuça será capaz de livrá-los da dubiedade, conivência com
este governo que está aí.
Michel Zaidan Filho é filósofo, historiador, cientista político, professor titular da Universidade Federal de Pernambuco e coordenador do Núcleo de Estudos Eleitorais, Partidários e da Democracia - NEEPD-UFPE
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