É visível o crescimento dos chamados
“evangélicos” na política nacional. Vale salientar, que a relação entre
religião e política não é de hoje e muito menos algo restrito ao Brasil. Ao
longo da história, as questões da fé sempre foram utilizadas como um apêndice
para chegar-se ao poder.
A falta de credibilidade da chamada classe
política tem proporcionado a uma parcela do eleitor, adotar como ponto de
partida para escolha do candidato, quem corrobora da fé ou pelo menos se diz
ter uma agenda que se assemelha aos seus ideais. Há até aqueles que desejam que
o Estado seja uma extensão do que ele acredita ser sagrado. Com efeito, o que
se deve perguntar, é qual tem sido a contribuição dada pelos que se dizem
cristãos ao país? O fato de escolher
candidatos alinhados ao pensamento cristão significa ser suficiente para
solução dos problemas nacionais? Se a resposta for sim, então se deve eleger
apenas líderes religiosos alinhados ao cristianismo. Acontece que, o fato de
alguém se apresentar como seguidor de alguma Igreja, não deve ser ponto
inquestionável para receber a adesão a sua candidatura.
O Brasil vive um verdadeiro comércio da
fé, praticamente em cada esquina existe um local onde um grupo se reúne por
convicções religiosas e principalmente por questões de identificação
“doutrinária”. Em um cenário tão dividido em que vive o Brasil, engana-se quem
acredita que não se tem um debate acirrado entre os religiosos. Em momentos
assim, a responsabilidade aumenta. Daí, acreditarmos que é possível se ter
cautela com o critério da escolha dos representantes nas esferas públicas. Para
tanto, é necessário que se tenha cuidado para que os membros das igrejas não
venham sofrer do mesmo problema da frente parlamentar evangélica no Congresso
Nacional, onde o corporativismo tem ditado à conduta de boa parte dos
representantes. Como por exemplo, não utilizar o voto como moeda de troca para
beneficiar a si ou a igreja que pertence; entender que o Estado deve ser democrático
de direito e não teocrático.
P.S. Este artigo é um
resumo da palestra proferida na IBC em Jaboatão dos Guararapes.
Hely Ferreira é
cientista político.
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