pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Itamaracá: Denúncia de crime ecológico em Vila Velha.


O esquecido e pacato povoado de Vila Velha está sob ataque por especuladores imobiliarios, todos os predios dentro e nos redores tem sido comprados e centos de metros de cercas de arame farpado levantadas muitas das quais estão bloqueando os tradicionais caminhos dos nativos.




IMAGEM SATELITAL DO ANO 2007





IMAGEM SATELITAL DO ANO 2010


Em 1989 FUNDARPE qualificou a casa/estaleiro de Seu Peu como um dos "Marcos Arquitetonicos e Arqueologicos" de Vila Velha, embora não manifestou nada quando foi ilegalmente demolido.








Vista do "Bar de Maruca" do ano 2008, ainda pode-se discernir a casa de "Seu Peu" entre meio dos arvores.




Apos da compra a area foi cercada ate o limite da maré, impedindo o acesso dos nativos a seus barcos. Observa o exagero da cerca, postes a um metro entre si, e dez filas de arame farpado.



O PROXIMO CASO....... ESTA VEZ DEMOLIÇÃO ILEGAL DE QUATRO CASAS HISTORICAS.


Pitoresco casorio de 4 casas, moradia da mesma familia por mais de 70 anos.




IMAGEM SATELITAL DO ANO 2010.




HOJE EM DIA. Entulho e lixo apos da demolição. Todo isso em uma area declarado "Mata Atlantica em Recomposição" na Area de Proteção Ambiental - Santa Cruz ..... Lei desde 2008.






E TODO ISSO DENTRO DE UMA ZONA QUALIFICADO COMO MATA ATLANTICA EM RECOMPOSIÇÃO NA APA-SANTA CRUZ 2008.



Christopher Sellars

 

Tuitadas do Jolugue

José Luiz Gomes,
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José Luiz Gomes

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"Uma das marcas que quero deixar na minha gestão é uma revolução nas ferramentas de internet do MinC", diz Marta. pic.twitter.com/IbAsJKsf
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Luiz Bresser-Pereira @BresserPereira 21 Sep
Condenar réus com base em indícios razoáveis ao invés de provas razoáveis é uma violência contra os direitos civis e a democracia.
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FC Barcelona @FCBarcelona 22 Sep
GGGGGGGGGOOOOAAAALLLLAAAZZZOOOO!! XAVI! #fcblive
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Marcelo Freixo @MarceloFreixo 21 Sep
Mesmo a chuva não impediu nossa militância lotar a #lapa50. pic.twitter.com/6HgcoaAQ
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CULT: Habermas clássico sai no brasil

 

"Teoria do Agir Comunicativo" relê a obra de Lukács e Adorno e ataca as limitações da Escola de Frankfurt




LUIZ REPA
Se um leitor pouco disposto a escalar as duas montanhas, isto é, os dois volumes da Teoria do Agir Comunicativo, indagasse sobre um atalho para chegar ao âmago da obra, a melhor proposta seria saltar de pára-quedas sobre os topos, ou seja, começar a leitura por seus capítulos finais.
Os capítulos que encerram os dois tomos – “De Lukács a Adorno – Racionalização como Reificação” e “Consideração final – De Parsons a Marx através de Weber” – apresentam o essencial do projeto: reconstruir a Teoria Crítica e atualizar o diagnóstico de época, a análise das sociedades capitalistas modernas mais avançadas.
O impacto da obra não poderia ter sido maior quando lançada em 1981. Jürgen Habermas, o ex-assistente de Theodor W. Adorno no Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt, o centro institucional da Teoria Crítica desde os anos 1930, erguia uma crítica severa a seus antecessores – principalmente Adorno e Max Horkheimer – a fim de mostrar que a Teoria Crítica se encaminhara para um beco sem saída e que o diagnóstico de época proposto por eles perdera seu prazo de validade.
Vale lembrar que o diagnóstico de Adorno e Horkheimer, cristalizado na expressão “mundo administrado”, já havia significado uma considerável divergência em relação ao de Marx. Para eles, as tendências que, de acordo com Marx, levariam a uma sociedade emancipada não se comprovaram. Eles deixam de projetar uma crise sistêmica do capitalismo, dadas as possibilidades de intervenção e administração estatal sobre a economia.
Tampouco consideram plausível a intensificação da luta de classes entre proletariado e burguesia, uma vez que são visíveis não a pauperização e a homogeneização da classe trabalhadora, mas antes a diferenciação social interna nessa mesma classe e uma melhora notável no padrão de vida de grande parte da população.
Além disso, contrariando o teorema de Marx, o desenvolvimento das forças produtivas, da técnica e da ciência foi colossal desde os meados do século XIX, mas não acarretou conflitos estruturais com as relações de produção. Em vez disso, a ciência e a técnica se tornaram instrumentos privilegiados de dominação. Por fim, toda consciência crítica se vê acuada diante da fabricação consciente de ideologias, a qual Adorno identificou com o conceito de “indústria cultural”.
Não por acaso, tal diagnóstico se dá nos termos de uma crítica da razão, assim como em Habermas. A explicação disso se encontra em Max Weber e em Georg Lukács: a modernização capitalista pode ser vista, segundo esses autores, como um processo de racionalização crescente, isto é, um processo pelo qual a sociedade se estrutura e se reproduz segundo critérios tidos por racionais. É por isso que a crítica filosófica da razão coincide com uma crítica social da realidade moderna.
É nesse contexto que surge o conceito-chave de razão instrumental, a qual teria se imposto no processo de modernização, na racionalização e no esclarecimento científico do mundo, cujas origens remontam, porém, às relações mitológicas do homem com a natureza. Seguindo esse padrão de racionalidade, só é possível decidir racionalmente sobre os melhores meios para alcançar determinados fins; sobre os próprios fins não há fundamentação racional. Enfim, o mundo administrado seria o contexto de ofuscamento em que predomina a racionalidade instrumental e reificadora.
Para Habermas, no entanto, a crítica da razão instrumental só ganha sentido pleno se acompanhada de uma ampliação do conceito de racionalidade. Só é possível criticar o predomínio da racionalidade instrumental se o critério da crítica é um conceito de razão que vai além da relação meios e fins.
Para tanto, ele desenvolve, recorrendo a diversos autores da filosofia da linguagem, o conceito de racionalidade comunicativa. A relevância prática e social desse conceito é atestada, por sua vez, por uma teoria do agir (ou da ação, para usar um vocabulário mais técnico) comunicativo. Nesse tipo de ação social, a linguagem como tal implica uma lógica intersubjetiva em que os agentes têm de se relacionar entre si como sujeitos ao mesmo tempo iguais e diferentes.
Uma vez que ninguém pode disponibilizar a linguagem a bel-prazer, a ação comunicativa não seria de modo algum episódica. Aos olhos de Habermas, toda vez que realizamos um ato de fala, ou seja, fazemos um proferimento para um outro, não podemos escapar à lógica intersubjetiva segundo à qual reivindicamos necessariamente, da perspectiva do outro, uma pretensão de validade para o que proferimos. Isso se aplica às manifestações mais banais, como simples constatações, até os enunciados mais complexos.
Assim, erguemos com nossos atos de fala cotidianos pretensões de validade como verdade, correção normativa e veracidade. Nossos atos de fala podem ser aceitos ou rejeitados no que concerne à referência verdadeira aos estados de coisa descritos, à relação correta com o conjunto de normas pressupostas na interação ou, simplesmente, à relação veraz dos agentes com seus respectivos mundos subjetivos.
O reconhecimento da validade do que é dito é importante para o prosseguimento da interação. Ele significa um acordo, geralmente implícito, que orienta a ação de cada um dos agentes envolvidos. No entanto, esse acordo só poderia motivar cada um a agir em confiança mútua porque cada um dá implicitamente a garantia recíproca de que há razões para a validade que foi associada ao ato de fala.
Assim, no caso de contestações ou dúvidas, os agentes passam a argumentar para sustentar ou rejeitar a validade do que foi dito.
Segundo Habermas, na prática comunicativa cotidiana, as argumentações – ou, no seu vocabulário, os discursos – são raras, porém explicitam todas as dimensões de racionalidade inscritas na ação comunicativa. Essas dimensões se referem a todos os procedimentos que devem possibilitar um consenso entre os participantes, tais como máxima liberdade de expressão, máxima igualdade de direitos e inclusão de todos os possíveis concernidos.
Se esses procedimentos não são reciprocamente pressupostos pelos participantes, eles próprios não consideram que participam de uma discussão efetiva. A racionalidade e – o mais importante para a Teoria Crítica – os potenciais de emancipação não se encontram nos consensos alcançados, os quais são sempre falíveis, mas nos procedimentos da discussão livre e igualitária.
Por isso é também um equívoco tomar Habermas como um filósofo do consenso, já que estão em jogo para ele as possibilidades libertadoras da discussão.
Segundo Habermas, esse potencial de emancipação não pode ser subestimado, visto que nenhuma socialização é possível sem recurso à linguagem (e nenhuma linguagem natural pode ser privada de seu uso comunicativo), que nenhuma tradição cultural independe da linguagem, que nenhuma norma pode se impor somente à força, mas depende também de consensos considerados legítimos.
No caso das sociedades modernas, a ação comunicativa se torna ainda mais estrutural, já que não existe nelas um saber capaz de predeterminar todas as esferas da vida, como era o caso das visões míticas e religiosas do mundo nas sociedades tradicionais.
Isso significa que o processo de racionalização não representou apenas o desenvolvimento da ciência e da técnica, como enfatizaram Adorno e Horkheimer, mas também uma dependência cada vez maior de todos os contextos de interação social em relação a procedimentos argumentativos.
Analisado dessa forma, o processo de racionalização implica também a dependência da legitimação do poder em relação aos procedimentos democráticos, o que significa dizer que o capitalismo tem de lidar sempre com a democracia de massa. E esta, por sua vez, com uma esfera pública que remete, em princípio, ao potencial de discussões cada vez mais abertas e livres.
Com isso, Habermas pode absorver o conteúdo de verdade do diagnóstico de Adorno e Horkheimer, sem concordar com o esgotamento dos potenciais emancipatórios.
Ele concorda com os seus antecessores sobre a caducidade das perspectivas revolucionárias de Marx, mas não conclui daí que a emancipação tenha desaparecido do horizonte. O lamento pela revolução perdida cede lugar à atenção pelas ambivalências modernas e pelas conquistas democráticas.
Trata-se de pensar em formas de vida emancipadas no plural, ligadas a movimentos sociais com demandas que não se vinculam mais – ou pelo menos não diretamente – à transformação das relações de trabalho. As formas de vida emancipadas têm de ser analisadas no contexto de um novo conflito, que está no centro do diagnóstico habermasiano: o embate entre o mundo da vida e o sistema.
Nesse diagnóstico, as patologias e os conflitos modernos podem ser reportados na maior parte a uma tendência de colonização sistêmica do mundo da vida.
Isso quer dizer que os sistemas dinheiro e poder (economia capitalista e burocracia estatal) se autonomizam em relação aos contextos de interação comunicativa e passam a penetrar os âmbitos do mundo da vida (a esfera privada da família e das amizades e a esfera pública), cuja reprodução depende do uso comunicativo da linguagem.
Como os sistemas dinheiro e poder se reproduzem por meio de ações estratégicas e instrumentais, a monetarização e a burocratização das relações sociais que eles acarretam levam inevitavelmente a distúrbios e reações de resistência do mundo da vida. Levam em geral a formas distorcidas de comunicação, de maneira que os participantes sofrem uma coerção sistemática para considerar os outros e a si mesmos como objetos manipuláveis.
Por outro lado, os novos movimentos sociais (o feminista, o estudantil, o ecológico etc.) representam reações do mundo da vida à invasão sistêmica, lutando por formas autônomas de convívio social. Dessa maneira, a teoria da ação comunicativa tem de ser lida como uma teoria sobre um novo tipo de conflito estrutural, relativamente desligado das classes sociais e atravessando a sociedade por inteiro.
As três décadas que nos separam da aparição da Teoria do Agir Comunicativo permitem uma visão mais clara tanto de sua fecundidade quanto de seus limites históricos.
De um lado, a teoria da ação comunicativa estimulou teóricas feministas, como Seyla Benhabib, Nancy Fraser e Iris Young, a repensar os conflitos em que se envolvem os movimentos sociais. Além disso, como demonstra a obra de Andrew Arato e Jean Cohen, ela serviu de base para o desenvolvimento de um conceito de sociedade civil que se diferencia tanto do mercado como do Estado. Também possibilitou novos impulsos para um modelo de democracia deliberativa que serviria de alternativa às ideias de democracia representativa e participativa.
Por outro lado, a crise do Estado de Bem-Estar Social, já observada em 1981, intensificou-se a tal ponto que dificilmente se pode tirar da ordem do dia a premência das questões materiais e distributivas. Soma-se a isso a diminuição do espaço de ação política que os Estados nacionais sofrem por conta da globalização econômica. Conflitos pouco analisados na obra de 1981, como os ligados ao fundamentalismo religioso, aparecem de maneira significativa mesmo em sociedades supostamente racionalizadas.
A obra posterior de Habermas aborda todos esses problemas, o que demonstra sua disposição incomum de atualização contínua.
Luiz Repa é professor de filosofia na Universidade Federal do Paraná.
Teoria do Agir Comunicativo
Jürgen Habermas
Trad.: Paulo Astor Soethe e Flávio Beno Siebeneichler
WMF Martins Fontes
730 págs. (vol. 1), 824 págs. (vol. 2)
R$ 135 (caixa)
 
(Resenha publicada na Revista Cult)

domingo, 23 de setembro de 2012

A primeira crônica de Nelson Rodrigues sobre Pelé.

A primeira crônica de Nelson Rodrigues sobre Pelé

ACHEI UMA CRÔNICA DE NELSON RODRIGUES SOBRE PELÉ, DATADA DE 25 DE MARÇO DE 1958, NUM SANTOS 5 X 3 AMÉRICA, NO MARACANÃ.
O JOGO ERA VÁLIDO PELO TORNEIO RIO-SÃO PAULO. TUDO INDICA QUE É A PRIMEIRA CRÔNICA DE NELSON SOBRE PELÉ. UMA RARIDADE, PORTANTO. ACOMPANHE:
 
 
Depois do jogo América x Santos, seria uma crime não fazer de Pelé o meu personagem da semana. Grande figura, que o meu confrade Albert Laurence chama de “o Domingos da Guia do ataque”. Examino a ficha de Pelé e tomo um susto: — dezessete anos! Há certas idades que são aberrantes, inverossímeis. Uma delas é a de Pelé. Eu, com mais de quarenta, custo a crer que alguém possa ter dezessete anos, jamais. Pois bem: — verdadeiro garoto, o meu personagem anda em campo com uma dessas autoridades irresistíveis e fatais. Dir-se-ia um rei, não sei se Lear, se imperador Jones, se etíope. Racionalmente perfeito, do seu peito parecem pender mantos invisíveis. Em suma: — Ponham-no em qualquer rancho e sua majestade dinástica há de ofuscar toda a corte em derredor.
O que nós chamamos de realeza é, acima de todo, um estado de alma. E Pelé leva sobre os demais jogadores uma vantagem considerável: — a de se sentir rei, da cabeça aos pés. Quando ele apanha a bola e dribla um adversário, é como quem enxota, quem escorraça um plebeu ignaro e piolhento. E o meu personagem tem uma tal sensação de superioridade que não faz cerimônias. Já lhe perguntaram: — “Quem é o maior meia do mundo?”. Ele respondeu, com a ênfase das certeza eternas: — “Eu”. Insistiram: — “Qual é o maior ponta do mundo?”. E Pelé: — “Eu”. Em outro qualquer, esse desplante faria rir ou sorrir. Mas o fabuloso craque põe no que diz uma tal carga de convicção, que ninguém reage e todos passam a admitir que ele seja, realmente, o maior de todas as posições. Nas pontas, nas meias e no centro, há de ser o mesmo, isto é, o incomparável Pelé.
Vejam o que ele fez, outro dia, no já referido América x Santos. Enfiou, e quase sempre pelo esforço pessoal, quatro gols em Pompéia. Sozinho, liquidou a partida, liquidou o América, monopolizou o placar. Ao meu lado, um americano doente estrebuchava: — “Vá jogar bem assim no diabo que o carregue!”. De certa feita, foi até desmoralizante. Ainda no primeiro tempo, ele recebe o couro no meio do campo. Outro qualquer teria despachado. Pelé, não. Olha para frente e o caminho até o gol está entupido de adversários. Mas o homem resolve fazer tudo sozinho. Dribla o primeiro e o segundo. Vem-lhe ao encalço, ferozmente, o terceiro, que Pelé corta sensacionalmente. Numa palavra: — sem passar a ninguém e sem ajuda de ninguém, ele promoveu a destruição minuciosa e sádica da defesa rubra. Até que chegou um momento em que não havia mais ninguém para driblar. Não existia uma defesa. Ou por outra: — a defesa estava indefesa. E, então, livre na área inimiga, Pelé achou que era demais driblar Pompéia e encaçapou de maneira genial e inapelável.
Ora, para fazer um gol assim não basta apenas o simples e puro futebol. É preciso algo mais, ou seja, essa plenitude de confiança, certeza, de otimismo, que faz de Pelé o craque imbatível. Quero crer que a sua maior virtude é, justamente, a imodéstia absoluta. Põe-se por cima de tudo e de todos. E acaba intimidando a própria bola, que vem aos seus pés com uma lambida docilidade de cadelinha. Hoje, até uma cambaxirra sabe que Pelé é imprescindível em qualquer escrete. Na Suécia, ele não tremerá de ninguém. Há de olhar os húngaros, os ingleses, os russos de alto a baixo. Não se inferiorizará diante de ninguém. E é dessa atitude viril e mesmo insolente que precisamos. Sim, amigos: — aposto minha cabeça como Pelé vai achar todos os nossos adversários uns pernas-de-pau.