pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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sábado, 6 de abril de 2024

Editorial: Luciana Santos desiste de candidatar-se a prefeitura de Olinda.



Luciana Santos(PCdoB-PE) comunicou que não pretende voltar a disputar a Prefeitura de Olinda, conforme chegou a ser especulado. Numa matéria que publicamos aqui no blog, tratando de eventuais novas perdas de representação feminina no Governo Lula, colocávamos a Ministra de Cência e Tecnologia entre aquelas mulheres que poderiam deixar o Governo. Acrescentávamos, no entanto, que a própria ministra não demonstrava, aparentemente e diante das informações que temos, grande entusiasmo neste novo projeto. Afinal, já havia administrado a cidade por dois mandatos. 

Para completar o enredo, segundo dizem, a comunista fazia algumas exigências para deixar a pasta, como indicar seu sucessor no ministério ou que a vaga fosse destinada ao seu partido. Essa especulação não seria tão recente, uma vez que, ali pelo mês de fevereiro, quando a Deputada Federal Tabata Amaral(PSB-SP) anunciou que seria candidata à Prefeiuta de São Paulo, especulou-se, igualmente, que a pasta poderia se oferecida à deputada em troca de uma desistência de candidatura, criando menos embaraços para o candidato do Planalto naquela praça, Guilherme Boulos, já no primeiro turno daquelas eleições. A essa altura do campeonato político, tais negociações seriam bastante improváveis, diante das costuras e compromissos já assumidos pela deputada. 

Diante dos aperreios políticos, voltou-se a especular sobre uma eventual nova minirreforma administativa que estaria no forno do Palácio do Planalto. Desta vez, contingenciado pelos números desfavoráveis no quesito avaliação, o Governo se orientaria pelas "entregas" dos auxiliares. Conduzindo uma pasta de perfil eminentemente técnica, neste sentido, a pernambucana se sente relativamente tranquila na pasta.   

Editorial: Estima-se em 6 milhões os gastos para recapturar os detentos que fugiram do presídio de Mossoró.



A estimativa de gastos do erário para recpaturar os presos que fugiram do Presídio de Segurança Máxima de Mossoró foram divulgados pelo jornal Folha e São Paulo no dia de hoje. Estão estimados em 6 milhões de reais, um montante nada desprezível. Esta fuga ainda hoje - e talvez por um longo tempo pela frente - estará envolta em alguns lances ou mistérios ainda não de todo esclarecidos. Oficialmente, a última pá de cal já foi jogada sobre o túmulo, principalmente depois da recaptura dos detentos, que deverão voltar para o local de origem, onde cumprirão o restante de suas penas. 

Cai por terra a versão de que a facção à qual pertence os dois detentos havia jurado de morte os fugitivos, uma vez que eles tiveram todo o apoio logístico possível, assim que saíram da unidade prisional. Não lograram êxito no intento final, que seria sair do país, apenas pelo emprenho de setores da inteligência da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal que, mesmo com a troca diárias dos chips de celulares pelos fugitivos, conseguiram monitorar algumas conversas e rastrear o carro que dava fuga aos prisioneiros já no Estado do Pará, uma vez que eles saíram do Ceará até aquele Estado através de um barco de pesca. 

A localização desse carro foi fundamental para se chegar aos fugitivos. Como já não se omite muita coisa, consideramos imprudente que a imprensa tivesse tido acesso ao aparato tecnológico empregado para se chegar ao carro de transporte dos fugitivos. Essa informação, que deveria ter ficado restrita aos serviços de inteligência, acabaram chegando à imprensa.  

Editorial: Raquel Lyra viaja e Priscila Krause assume o Governo de Pernambuco.



Com a viagem da titular, Raquel Lyra, que representará o Estado de Pernambuco na Brasil Conference 2024, que ocorre na Univerdidade de Harvard e no Instituto de Tecnologia de Massachusets(MIT), assume o Governo do Estado a vice-governadora, Priscila Krause. Ainda esta semana ambas estiveram reunidas no lançamento da pré-candidatura do Secretário de Turismo, João Coelho(PSD-PE), à Prefeitura do Recife nas próximas eleições municipais. Praticamente foi lançada a pedra fundamental que consolida a candidatura do secretário como uma candidatura do conjunto de forças políticas que hoje orbita em torno da governadora Raquel Lyra, ou seja, o PSDB, O Cidadania e o PSD, ao qual o secretário filiou-se. 

Há algum tempo ainda das eleições de outubro, não se vislumbra, no horizonte político recifense, um nome que possa, rigorosamente, tornar-se competidor ao ponte de ameaçar o projeto de reeleição do atual gestor, João Campos, do PSB. Em todo  caso, as articulações existem, como, igualmente, a do ex-Ministro do Turismo do Governo Bolsonaro, Gilson Machado, que aguarda, com grande expectativa, a visita do ex-presidente ao Estado, programada para breve, uma vez que ele realiza, neste momento, um périplo pela região. 

Pelo lado do Palácio Capibaribe, a grande expectativa gira em torno das articulações do Palácio do Planalto para impor um nome do PT para concorrer a vice na chapa de reeleição do prefeito João Campos. Pelas capitais federais Brasil afora, o PT enfrenta grandes dificuldades, constituindo-se como uma das alternativas compor chapas competitivas, como é o caso do Recife, indicando o candidato a vice. No nosso caso, no entanto, existem alguns ingredientes específicos, uma vez que já em 2026 o prefeito deve deixar o cargo para disputar o Governo do Estado. 

 

Editorial: Ministro Rui Costa deve ser convocado pela Comissão de Segurança da Câmara dos Deputados.


Alguém já disse que Governo é Governo e Oposição é Oposição. Principalmente no nosso caso, onde há uma oposição ainda ressentida com a derrota nas urnas, em alguns casos, apoiadores de tapetões e que destila ódio por todos os polos. Acrescente-se que eles estão bem azeitados nas ruas e articulados nas Casas Legislativas, infrindo derrotas recorrenres ao Governo Lula. Em certa medida, estão em céu de brigadeiro, articulando-se para manter o controle da Câmara dos Deputados de do Senado Federal, depois de conquistarem comissões importantes. As armas que o Governo Lula detém para enfrentar esse rolo compressor são frágeis, como fica evidente desde o início do Governo. 

O Governo, por outro lado, está diante de um campo minado em algumas áreas, como é o caso da economia, com a alta recorrentes do preço de alguns alimentos; a área nevrálgica da segurança pública, onde são resgistrados aumentos sensíveis dos índices de violência por todo país; na área dos direitos humanos, um recuo de pautas importantes, como é o caso de reabertua da Comissão dos Mortos e Desaparecidos Políticos, reclamada por José Dirceu em seu último discurso no Plenário do Senado Federal; a insatisfação de algumas categorias de serviodores públicos, já em greve ou em via de decretá-las, depois que perceberam que será difícil suportar no orçamento as granadas plantadas pelo antigo gestor da economia, o sehor Paulo Guedes. Neste último caso, o Governo Lula, prometeu que iria retirar essa granada do bolso dos serividores, mas o argumento é que o aperto orçamentário não está permitindo. 

De qualquer forma, o desgate está produzido, criando alguns problemas na implementação de algumas políticas públicas. A Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, procurou recentemente a Ministra de Gestão, Esther Dweck, preocupada com as paralizações de servidores em sua área, estratégica para o Governo. Em meio a este turbilhão o problema dos respiradores voltou a atormentar o hoje Ministro-Chefe da Casa Civil da Presidência da República, o ex-governador baiano Rui Costa. 

O caso teria sido retomado depois da concessão de uma delação premiada, que compromete o trabalho das investigações encetados desde o início do caso. Hoje a Polícia Federal está envolvida na condução dos trabalhos de investigações, o que levou o ministro Rui Costa a solicitar algumas explicações. Deputado que integra a CSP considerou pertinente convocar o ministro para se explicar, argumentando tratar-se, segundo ele, de uma intromissão indevida nos trabalhos da PF. O requerimento, naturalmente, reúne todas as condições de ser aprovado.   

Editorial: Lula usa a palavra "Deus" ou "milagre" 27 vezes durante discurso no dia de ontem.



O Planalto acusou profundamente essa queda de popularidade do Governo Lula, sobretudo num período pré-eleitoral. Trataram de reorientar sua estratégia de comunicação,a partir da contratação de um novo marqueteiro, segundo dizem, Sidônio Palmeira, que já teria prestado alguns serviços de publicidade ao PT. Essas mudanças começaram a ser observadas a partir de um cooper matinal do presidente Lula no entorno do Palácio do Planalto. Mais recentemente, as prováveis digitais dessas mudanças na estratégia de comunicação do presidente passaram a ser mais evidentes. 

Lula passou a orientar sua fala pelos discursos previamente escritos, o que não é muito habitual ao morubixaba petista. Nem sempre isso dá muito resultado, quando se percebe mais uma derrapada verbal, ao se referir às crianças mortas na Faixa de Gaza, mencionando algo em torno de 12 milhões de crianças, um número bem superior à população total do local, sendo corrigido publicamente por autoridade do Governo de Israel. Curioso que Lula fez questão de conferir esses números ao observar o papel escrito que o orientava. É bem provável que sobre para o ghost writer. 

O jornal Folha de São Paulo teve a curiosidade de contar o número de vezes em que o presidente Lula menciona a palavra "Deus" ou "milagre" durante uma fala, desta vez de improviso, proferido por ocasião da inauguração da obras da Adutora do Agreste, na região Nordeste, tradicional reduto do petismo. A tríade milagre, fé e Deus passaram a fazer parte do vocabulário do presidente de forma mais enfática, a partir de orientação que tenta imprmir uma nova estratégia de comunição do Planalto, com o objetivo de construir pontes com o eleitoroado evangélico, procurando conter a sangria nos seus índices de popularidade. 

Conforme enfatizamos por aqui, o eleitorado evangélico tem sido uma grande dor de cabeça para o PT. Isso vem de longas datas, antes mesmo da última campanha presidencial. Trata-se de um problema complexo, impossível de ser revertido unicamente através de uma nova estratégia de comunicação. São agendas díspares, magistralmente explorada pela oposição bolsonarista, e o pragmatismo eleitoral da legenda cortou seus vínculos orgânicos com diversos grupos sociais, os evangélicos aqui inclusos.      

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 5 de abril de 2024

Editorial: Lula afaga João de olho na vice.



Há quem assegure que o jovem prefeito do Recife, João Campos(PSB-PE), esteja trabalhando um nome do seu staff político mais próximo para indicá-la a vice na chapa de seu projeto de reeleição. Isso mesmo. Trata-se de uma mulher que vem das bandas da Zona da Mata Norte do Estado, berço das Heroínas de Tejucupapo. A auxiliar se filiaria ao PSB e seria ungida como vice, permitindo ao atual gestor a tranquilidade necessária em seu projeto de tornar-se governador do Estado, reproduzindo a trajetória política do pai, o ex-governador Eduardo Campos, tudo dentro de um script traçado pelos herdeiros do espólio político\eleitoral das famílias Campos\Arraes. 

O PT, no entanto, enfrenta grandes dificuldades nas principais capitais do país, tendo que se contentar em trabalhar pela indicação de uma candidatura a vice, dada a inviabilidade do cabeça de chapa. Isso ocorre no Recife, assim como em São Paulo e Rio de Janeiro, onde Lula acaba de descartar a indicação da sua Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. No Recife, porém, apesar de suas boas relações com o PT, há um compenente que o prefeito considera fundamental entre as lições aprendidas com o pai. Precisa ter a certeza de contar com o eleitorado recifense em seu projeto de conquistar o Estado, variável que ele precisa ter sob controle absoluto. 

Assim, mesmo diante de suas cordiais relações com o Governo Lula e com o PT, é muito pouco provável - se não impossível, conforme acreditamos - que ele abra mão dessa prerrogativa, atendendo aos apelos do morubixaba petista. Política é um troço complicado, envolvendo inúmeras variáveis em jogo, como, por exemplo, as relações institucionais do Governo Municipal com o Governo Federal, onde existe a liberação de montante de recursos importantes para os projetos em andamento na prefeitura.  É aqui que o PT joga suas fichas.    

Editorial: Governador João Azevêdo critica licenciosidade na liberação de armas durante o Governo Bolsonaro.



Durante as operações de buscas e apreensões realizadas pela Polícia Federal um fato tem nos chamado bastante atenção: Circunstancialmente, a PF tem apreendido um montante expressivo de armas, sob a guarda de algum indivíduo, mesmo que não seja este o objetivo da operação. São muitas armas, um verdadeiro arsenal. A fala do governador da Paraiba, João Azevêdo(PSB-PB), que atenta para o problema, faz todo sentido. Geralmente são pessoas ligadas ao bolsonarismo, o que sugere, inclusive, até mesmo uma preocupação maior: Por que este pessoal mantinha tantas armas e munições? Apenas como hobby? Eis aqui uma questão que mereceria uma amarração de fios soltos. 

Estado com índices de violência ainda sob controle, a Paraíba já ver surgir no horizonte o gravíssimo problema da luta travada, entre facções do crime organizado, por espaço de comércio de entorpecentes. Numa dessas operações mais recentes foi assassinado um sargento da Polícia Militar, o que desencadeou uma verdadeira caçada humana aos responsáveis pelo ato, na cidade de Bayeux, região metropolitana da capital João Pessoa. Até helicóptero está sendo utilizado na captura dos possíveis responsáveis pela morte do policial. 

O Brasil tornou-se um grande campo de guerra entre essas facções do crime organizado, elevando sensivelmente os nossos índices de insegurança pública. Algumas dessas facções atuam em todo o país, conforme é o caso do PPC, hoje em luta interna pelo comando da organização. Em quase todos os Estados existem grupos que atuam apenas naquele espaço geográfico determinado, não raro, em litígio com esses grupos de atuação nacional. Na Bahia, por exemplo, até recentemente havia uma união entre o Comando Vermelho e o Bonde do Maluco, trégua rompida exatamente pelo controle das bocas. 

Editorial: Lula, o "beato" nordestino?



Nossas investigações sobre as relações sociais, políticas e econômicas estabelecidas entre a oligarquia industrial comandada pela família Lundgren e os operários e operárias de suas fábricas de tecido, em Paulista, nos renderam bons textos, inclusive um romance premiado. Ao longo desses estudos, muitos fatos foram sendo revelados, dentro daquilo que já imaginávamos, ou seja, as precárias condições às quais os operários e operárias eram submetidos, reproduzindo-se ali a trágica tríade colonialista na qual o país foi forjado, traduzida na exploração da mão-de-obra, nos grandes letifúndios e no coronelismo, nese caso, mantido sob a égide de uma milícia armada que espalhava terror na cidade. 

Nada muito diferente daqueles tempos, embora ali tal processo já se desse no contexto da matriz econômica do processo de industrialização, da indústria têxtil mais especificamente. Simbolicamente, não sem motivos, a cidade em alguns textos é tratada como a "Fazenda dos Lundgren'. Os herdeiros do grupo fundado pelo comendador Herman Theodor Lundgren tiveram enormes dificuldades de lidar, ainda na década de trinta do século passado, sob o sígno do Estado Novo, com um movimento sindical incipiente, além da Legislação Trabalhista da Era Vargas, que instituía o salário minimo, além de regulamentar o horário de trabalho. 

Até então, os horários de trabalho previam turnos de até doze horas seguidas. A folga semanal remunerada se constituiu num outro grande problema para os indutriais, que sempre davam um jeitinho de subtraí-la nos apontamentos das horas trabalhadas. O único momento em que eles não conseguiam manter esse controle rígido sobre os operários e operárias era por ocasião da presença das romarias do Frei Damião na cidade. Aí não havia jeito para conter a debandada de operários e operárias que acompanhavam o Frei Capuchinho em seus sermões e pregações pela cidade, sempre à procura de algum milagre. 

A menção a este fato se dá em razão de uma matéria publicada na revista Veja, de autoria do Valmar Hupsel Filho, onde enfatiza-se a tecla da religiosidade inserida no discurso do preseiente Lula, por ocasião de sua visita de ontem à região, onde inaugurou a Adudora do Agreste, em Arcoverde. A tríade Fé, Deus e Milagre estiveram sempre presentes no discurso do presidente Lula, que chegou a perguntar o óbvio aos nordestinos, como se eles acreditavam em Deus. Concordamos com o autor da matéria no sentido de que se trata de uma estratégia que objetiva uma reaproximação de Lula com as ovelhas desgarradas do eleitorado evangélico, que o abandona em cada nova pesquisa de popularidade. 

Voltamos a repetir, no entanto, que isso não será suficiente para estancar a sangria. O Governo Lula passa por um momento muito delicado, onde não faz sequer questão de acusar o tranco. Em todo caso...os milagres são possíveis. Como se não fossem suficientes as dificuldades externas, o Governo ainda tem que enfrentar os egos exaltados de alguns dos seus principais auxiliares, mesmo admitindo uma eventual candidatura presidencial em 2026. Seu principal aspirante à condição de ungida, mesmo para 2030, o atual Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já se encontra sob fogo amigo cruzado. 

Durante o texto, fizemos questão de mencionar os termos trabalhadores e trabalhadoras não por uma questão de identitarismo, tão em voga neste momento, mas por um outro motivo, que igualmente, se impôs durante a série de escritos onde abordamos este tema. Surpreendentemente, as mulheres tiveram uma participação crucial em todos os movimentos reivindicativos e de protestos contra as precárias condições de trabalho nas fábricas de tecidos que os Lundgren mantinham na cidade. Desde a exigência de liberação de uma hora para realizarem as feiras aos sábados até os grandes movimentos grevistas que a companhia enfrentou.   

  

Editorial: Os "fios soltos' no enredo da fuga dos prisioneiros de Mossoró.



As investigações inciciais conduzidas para apurar as circunstâncias da fuga dos prisioneiros Deibson Cabral e Rogério Mendonça, do Presídio Federal de Segurança Máxima de Mossoró, apontavam, no início, para indícios fortes no sentido de uma eventual facilitação, como as luzes apagadas no momento da fuga, por exemplo, assim como desleixo com as ferramentas deixadas no pátio por uma empresa que estava realizando obras no presídio. Não se pode afirmar muita coisa sobre as câmaras, uma vez que, em sua maioria, elas não estavam funcionando há muito tempo. 

O relatório final, no entanto, aponta apenas para falhas humanas, sem indícíos de uma eventual facilitação por parte de agentes públicos. Alguns foram punidos, outros estão respondendo a inquéritos administrativos. Embora os presos tenham sido apresentados como "renegados" pela facção à qual pertencem, o Comando Vermelho, do Rio de Janeiro, hoje se sabe que eles contaram, sim, com um efetivo apoio do grupo, que pode ter sido facultado desde o momento em que empreenderam fuga da unidade prisional, a julgar pelo número de prisões efetivadas desde então.  

A tese disseminada de que eles teriam sido jurados de morte pela própria facção, portanto, sugere ter sido algo plantado. Na realidade, a fuga, segundo se especula, teria sido muito festejada pela facção, apresentada como um troféu, que poderia estimular ações do tipo pelos presídios do país a fora, como, de fato, representou, se considerarmos o número de fugas de unidades prisionais apenas nesses primeiros meses do ano. 

Agora a Polícia Federal empreende esforços no sentido de identificar quem teria dado suporte financeiro à operação de fuga dos dois prisioneios, que transcorreram 1.600 km desde a unidade prisional, em Mossoró, até a cidade de Macapá, no Pará, onde foram recapturados. Além de um fuzil, vários aparelhos celulares foram apreendidos com o grupo, o que deve facilitar as investigações. Com o desfecho do caso, talvez o Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, se sinta mais à vontade em prestar maiores esclarecimentos numa eventual audiência na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados.   

Charge! Jaguar via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 4 de abril de 2024

Editorial: Fugitivos da penitenciária de Mossoró são recapturados no Pará.



Num trabalho de inteligência realizado pelas polícias Federal e Rodoviária Federal, que monitoravam o comboio que dava fuga aos detentos que fugiram do Presídio Federal de Segurança Máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte, finalmente eles foram localizados e recapturados no Estado do Pará, há 1600 KM do local onde se deu a fuga. São lances cinematográficos, meus caros leitores, principalmente pelo grau de complexidade em torno de se estabelecer o que são informações verídicas e o que são informações "plantadas", com o objetivo claro de confundir a polícia e, de quedra, também a opinião pública. 

Até recentemetne foram anunciados os dados e relatórios finais sobre este caso. Foram mobilizados, durante um mês, algo em torno de 600 homens, a um custo superior a dois milhões de reais. Embora tenham sido presas pessoas que estariam ajudando na fuga dos detentos, foi descartada, a partir de um determinado momento, a possibilidade de os presos contarem com algum tipo de facilitação, ainda na prisão, envolvendo agentes públicos. Ocorreram falhas e essas serão punidas, com o afastamento de alguns pessoas e a instauração de um inquério administrativo disciplinar que envolve dez agentes públicos. 

Agora vem as contravérsias em torno do assunto. A princípio se dizia que os fugitivos haviam sido abandonados pela facção à qual pertencem, o Comando Vermelho, e estariam jurados de morte, uma vez que condenados em razão de tentarem criar uma dissidência no grupo. Pelo andar da carruagem policial, não teria sido bem assim. Eles teriam recebido apoio do grupo, ao ponto de contarem com "batedores" que davam suporte e apoio logístico aos fugitivos. Seis pessoas foram presas na abordagem da polícia. Outra questão complicada era a informação, segundo dizem da própria força-tarefa que estava envolvida na recaptura dos prisioneiros, de que eles ainda estariam em Mossoró, provavelmente escondidos em alguma caverna. Neste caso, sobrou até para os cães farejadores, que não podem se defender.  

A recaptura dos presos, por razões óbvias, foi muito comemorada pelas autoridades do Governo, principalmente no Ministério da Justiça, hoje sob o comando do ex-ministro do STF, Ricardo Lewandowski, que comunicou ao presidente Lula o ocorrido. Mal sentou na cadeira de Ministro da Justiça e Lewandowski já se deparou com a crise provocada pela primeira fuga de um presídio de segurança máxima no país. Tomou as providências atinentes ao caso, mas a recaptura dos fugitivos seria uma questão de honra. Mantendo o simbolismo, dizem até que eles devem voltar para o mesmo presídio. 

Editorial: Dengue "fora de controle" para 47% dos brasileiros, segundo pesquisa do Poder Data.



Somente este ano a dengue já atingiu 2 milhões de brasileiros, dos quais 680 foram a óbito. São os maiores índices, de acordo com a série histórica que se realiza desde 2000.  O Governo Lula enfrenta um gravíssimo problema por aqui, principalmente quando os levantamentos indicam que o Governo gastou menos do que o Governo Bolsonaro no enfrentamento dessa epidemia. Para completar o enredo nefasto, aponta-se para um recrudescimento da Covid-19, em sua variante mais grave, levando a óbito outros tantos brasileiros. Os números da Covid-19 não estão sendo divulgados, mas a situação também é crítica. 

Este foi um dos temas mais nevrálgicos da última reunião ministerial do Governo Lula. Segundo dizem, sobrou sermões, choros e beijos de consolação. A questão da vacinação da população é bastante frágil, uma vez que não há vacina, exceto uma japonesa, em pequenas doses, muito mais compatível para uma população adolescente. A vacina que está sendo desenvolvida pela Fiocruz ainda está em fase de testes. Aqui abre-se uma avenida para as lapadas que o Governo vem enfrentando de setores da oposição mais radical, como os bolsonaristas, que não deixam de fazer suas comparações à época mais nebulosa da epidemia de Covid-19. 

Uma porteira escancarada, em ano de eleição, o que é mais grave, e já acendeu a luz amarela no Planalto. Vamos admitir por aqui que alguma variável talvez tenha fugido ao controle do Ministério da Saúde em relação a esta epidemia da dengue. 47% da população brasileira também pensa assim, conforme pesquisa do Data Poder.  Talvez ninguém apostou tanto na capacidade do mosquito em multiplicar-se. Fatore climáticos, como o excesso de chuvas, talvez tenha facilitado esta multiplicação, e, consequentemente, a ampliação do número de infectados. 

Mas, vamos ser bem sinceros por aqui. A maior doença do Ministério da Saúde atende pelo nome de Centrão. Para esta praga a única cura são os bilhões que circulam no orçamento daquela pasta. Desde o início do Governo de Lula que a sua ministra, Nísia Trindade, não teve um único momento de paz, fustigada constantemente pelo assédio do grupo, que deseja ocupar a pasta a qualquer custo. Não se sabe muito bem o que virá pela frente, mas o morubixaba tem se mostrado perigosamente pragmático, a julgar pelo veto às manifestações de protestos de órgãos públicos por ocasião da passagem dos 60 anos do Golpe Civil-Militar de 1964.   

Editorial: Matéria de O Globo sugere que a governadora Raquel Lyra pode vetar articulações entre PSDB e PSB em São Paulo.



Ainda no de ontem, publicamos por aqui, alguns arranjos e rearranjos políticos na quadra pernambucana, já de olho nas eleições para o Governo do Estado em 2026. Assim como ocorre no plano federal, também nos Estados essas movimentações já começaçaram há algum tempo. Lula está vindo ao Estado para inaugurar obras, mas nos bastidores se sabe que será uma boa oportunidade de ajustar com o prefeito João Campos(PSB-PE) uma eventual indicação de um nome do partido para compor a sua chapa de reeleição em 2024. Lula e Bolsonanro irão nesse diapasão até quando as circunstâncias permitirem. 

Bolsonaro também já está solto na buraqueira nordestina, com um périplo que incluem os Estado de Pernambuco, Alagoas, Paraiba, Ceará. O esgarçamento dessa polarização política, no nosso ponto de vista danosa social, institucional  e politicamente, deverá ser mantida pelos protagonistas de ambos os polos, até como um mecanismo matreiro para não permitir o surgimento de outras alternativas, algo muito semelhante ao que ocorreu nas eleições presidenciasi de 2022. 

A ordem do dia é demonizar, como ficou claro no encontro que o PT manteve para definir as estratégias eleitorais para as eleições de 2024. Curioso que os tucanos tentam ressurgir das cinzas exatamente com um slongan em contraposição a essa tal polarização. Já avisamos por aqui que eles serão engolidos por esta centrífuga, embora tenham razão quando afirmam que há algo inteligente em meio a essa querela. O partido enfrenta dificuldades pelo país afora, mas contornar os problemas políticos em São Paulo, o seu ninho mais emplumado, seria de muito bom alvitre. 

Lá já ocorreu uma revoada de integrantes da legenda. Seis vereadores deixaram o ninho tucano, insatisfeitos com os rumos que o partido está tomando na capital. Eles endossariam a candidatura de Ricardo Nunes(MDB-SP), mas as negociações não avançaram neste sentido. No momento, o partido entabula negociações com a candidata socialista, Tabata Amaral, para desespero da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra(PSDB), que trava uma luta ferrenha com o também socialista João Campos, de olho nas eleições de 2026 para o Governo do Estado. Para completar o enredo, Tabata ainda namora o seu arquiinimigo. 

Drops: População de Acari em festa. Após 13 anos, açude Gargalheira volta a sangrar.



O açude Gargalheira, localizado na cidade de Acari, na região do Seridó Potiguar, começou a sangrar na noite de ontem, fazendo a festa da população local. A última vez que ocorreu tal fenômeno foi no ano de 2011, há 13 anos portanto. O Gargalheira é maior açude do Estado do Rio Grande do Norte e um dos maiores do país. Trata-se de um patrimônio para a população local, que se enche de orgulho e contentamento quando ele atinge os limites do sangramento. Há quem afirme que a exibição do filme Bacurau, do pernambucano Kleber Mendonça, exibido pela Rede Globo recentemente, possa ter contribuído para ampliar as expectativas do público, através das redes sociais, sobre um eventual sangramento do açude. O filme tem uma de suas cenas gravadas no leito seco do açude. A cidade de Acari é conhecida nacionalmente pela limpeza de suas ruas e pelos pratos regionais à base de camarões, crustáceo muito abundante na região.  

Editorial: Datena filia-se ao PSDB. Vice de Tabata ou candidatura própria dos tucanos?



O apresentador José Luiz Datena deve filiar-se ao PSDB nesta quinta-feira, 04\04. O partido enfrenta uma grave crise no plano nacional, com alguns componentes específicos na capital paulista, onde deve ocorrer uma revoada de sua bancada, formada por seis vereadores. Os vereadores gostariam que o partido apoiasse o projeto de reeleição do atual prefeito, Ricardo Nunes, mas as conversas entre os dirigentes das duas legendas, PSDB e MDB, não prosperaram. 

Uma das exigêndias dos tucanos seria ocupar a vice na chapa de Ricardo Nunes, um imbróglio ainda não equacionado, mas com a prevalência de o PL indicar o nome. PL ou mais especificamente o ex-presidente Jair Bolsonaro, que sugeriu, a princípio, o nome do coronel Mello, ainda não completamente digerido, dadas as suas vinculações a um bolsonarismo mais radical. O coronel Mello é ex-comandante da Rota, as Rondas Ostensivas Tobias Aguiar. Segundo avaliações do staff de Nunes, o nome indicado não agregaria elementos eleitorais à chapa. 

Diante do impasse, restou aos tucanos estbelecer negociações com a Deputada Federal Tabata Amaral, candidata dos socialistas, mas com um perfil de centro, inclusive com o apoio efetivo de um antigo tucano, Geraldo Alckmin. Seria uma candidata que se conformaria às expectativas ou plataforma política do partido, que se coloca como um contraponto à polarização entre petistas e bolsonaristas. Os tucanos, no entanto, insistem na indicação do nome a vice na chapa, já prometida ao apresentador José Luiz Datena, que hoje filia-se ao PSDB. A questão que se coloca é: Filiou-se como um gesto no sentido de acomodar a aliança entre PSDB e PSB ou existe a expectativa de uma candidatura própria do tucano? É esperar para ver.   

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 3 de abril de 2024

Editorial: Enfim, o relatório final sobre o que ocorreu no Presídio Federal de Segurança Máxima de Mossoró.



Não há muito o que acrescentar por aqui, quem sabe, decepcionando aqueles que imaginavam que o relatório final das investigações conduzidas no sentido de apurar responsabilidades sobre a fuga de dois detentos do Presídio Federal de Segurança Máxima de Mossoró pudesse indicar eventuais facilitações por parte de agentes públicos. A conclusão é que ocorreram falhas de segurança que facilitaram a fuga dos dois internos, mas, por outro lado, não se pode concluir por alguma facilitação por parte de integrantes da segurança daquela unidade prisional. 

Salvo melhor juízo, algumas pessoas já teriam sido punidas, bem como dez agentes públicos responderão a inquérifos administrativos disciplinares instaurados. Conforme já enfatizamos em outro momento, apesar de lograrem êxito relativo no que concerne a emprenderem esta fuga espetacular, a situação dos ex-internos do presídio não é das melhores. Estão jurados de morte pela facção à qual pertenciam, não podem se vincularem a outras facções e estão num mato sem cachorro. 

A grande operação montada para a caçada humana está sendo desmobilizada. Primeiro a Guarda Nacional, e, agora, a tropa de elite da Polícia Federal. Vão trabalhar agora com a inteligência para recapturarem os fugitivos. Concretamente, não há qualquer convicção formada sobre o paradeiro desses presos. Fala-se na possibilidade de um conjunto de cavernas existentes no local, onde eles poderiam estar escondidos. São apenas hipóteses.   

Editorial: Ex-presidente Bolsonaro faz périplo pelo Nordeste e define nome a vice que concorre na chapa de Queiroga em João Pessoa.



O ex-presidente Jair Bolsonaro anuncia que estará realizando um périplo pela região Nordeste. A princípio, estão agendados os Estado de Alagoas, Pernambuco e Paraíba. No dia 11\04 deverá se encontrar com o seu ex-Ministro da Saúde, o médico Marcelo Queiroga, que concorre à Prefeitura de João Pessoa, nas eleições municipais de 2024. Nesta quadra, o ex-presidente, assim como ocorre em São Paulo, deve indicar o nome que concorrerá a vice na chapa. Especula-se que poderia ser o nome do pastor Sérgio Queiroz, o que não seria nada improvável, considerando-se as afinidades entre ambos, pois Sérgio também é um bolsonarista raiz. 

Isso significa que teremos uma chapa para bolsonarista nenhum botar defeito. Puro sangue, como se diz. Aqui em Pernambuco, mesmo conhecendo as dificuldades, o seu ex-Ministro do Turismo, Gilson Machado, deverá concorrer à Prefeitura do Recife, ainda não tendo definido quem o acompanha na chapa. O chamado campo progressista encontra algumas dificuldades na capital paraibana. O PT, por exemplo, com dificuldades de construir um conseno interno em torno de uma candidatura própria, inclina-se a apoiar o nome do atual prefeito, Cícero Lucena, do Progressistas, que concorre à reeleição. 

No momento o apoio do ex-presidente Bolsonaro para alguns candidatos do campo conservador ou assumidamente de direita, tem se tornado imprescindível, em razão de sua grande popularidade. O site Metrópolis, no entanto, chegou a informar que a Polícia Federal aguarda apenas uma decisão do STF para decretar uma eventual prisão do ex-presidente. Caso isso se confirme, materializa-se o grande temor de partidos como o PL, diante de uma iminente orfandade política.   

O xadrez político das eleições municipais de 2024 no Recife: Primos unidos pelo projeto de "João governador".



Bom seria se as famílias fossem coesas, unidas e harmônicas como a orquesta de Issac Karabtchevski. Na prática as coisas não funcionam bem assim. É preciso muitos arranjos para se conseguir, ao mínimo, um pouco de harmonia. A família Campos\Arraes possue um grande capital político no Estado de Pernambuco. Com as mortes do Dr. Arraes e, posteriormente, a do neto Eduardo Campos, que deixou precocimente a vida pública, vitimado por um acidente de aéreo. Ocorreu uma espécie de disputa interna no clã sobre quem deveria herdar esse espólio político\eleitoral deixado pelos antepassados. 

Segundo dizem, os problemas não seriam apenas políticos, tampouco culminou com a morte do ex-governador Eduardo Campos, uma vez que, ainda vivo, ele já não se entendia muito bem com Marília Arraes. Mas, a nossa seara aqui é política. Vamos nos restringir a ela. A esposa de Eduardo Campos, Renata Campos, de personalidade forte, no final, foi quem acabou batendo martelo sobre essas querelas, determinado que os filhos do ex-governador assumissem este espólio, como seus herdeiros legítimos. 

Restou a Marília Arraes comer o mingau quente pelas beiradas, se equilibrando como podia, no sentido de ocupar o seu espaço. Nas eleições municipais de 2022, por exemplo, disputou a prefeitura da cidade do Recife pelo PT, tendo como principal adversário o primo João Campos, filho de Eduardo Campos. Depois de uma disputa renhida e acirrada, com direitos a excessos, perdeu aquela eleição, colocando João em rota de colisão com o PT, afirmando que não abriria espaço em seu Governo para a legenda. Logo em seguida, as coisas foram sendo aplainadas, permitindo a João uma reaproximação com o Governo Lula e, consequentemente, com o PT local, em alguns casos, até para assegurar espaços para velhos companheiros socialistas no Governo Federal, como foi o caso de Danilo Cabral na SUDENE e Paulo Câmara no BNB.  

O PT voltou a fazer as pazes com João, ocupando espaço na máquina municipal. Arranjo antigo, que remonta ao Governo de Eduardo Campos, sempre orientado pelo pragmatismo. Integrando os quadros do Solidariedade, por algum motivo, a neta de Dr. Arraes não encontrou espaço no Governo Lula, como se previa a princípio. Suas relações com o Governo, pelo andar da carruagem política, não teriam ficado abaladas com este fato. Marília, que já integrou os quafros do PT local por um longo período, permanceu fiel aos seus princípios ideológicos. 

Segundo os escaninhos da política revelam, depois de algumas tentativas frustradas da legenda, o morubixaba petista deve entrar de sola nas conversações no sentido de levar o prefeito João Campos(PSB-PE) a aceitar um nome petista para ocupar a vaga de vice no seu projeto de reeleição. A trégua ou reaproximação entre João e Marília já poderia ser creditada na conta desse esforço do morubixaba. 

João abriu espaço na máquina para o Solidariedade, haveria alguns acordos de cavalheiros em relação aos candidatos a vereador pelo partido e, por fim, a aliança está selada entre os primos. O que está em jogo na realidade são as eleiçõe para o Governo do Estado em 2026, onde a família Campos\Arraes, através de João Campos, deve disputar o Palácio do Campo das Princesas com a atual ocupante do cargo, a governadora Raquel Lyra(PSDB-PE), que deve candidatar-se à reeleição.  

Editorial; Governo Lula pode sofrer novas baixas em sua representação feminina.



No início, como diriam os poetas, tudo são flores. Assim, quando anunciou os seus auxiliares, o morubixaba petista fez questão de enfatizar a necessidade de compor um ministério com uma efetiva participação de mulheres. Ao longo do tempo, passada essa fase de lua-de-mel, as cabeças que rolaram em seu ministério teve um efetivo peso de representação feminina. Difícil fazer alguma previsão sobre o que pode ocorrer daqui para a frente, mas, a julgar pela última reunião ministerial, não seria improvável que mais mulheres possam deixar o Governo. 

Existem alguns problemas estruturais, de variáveis incontroláveis, como no caso do Ministério da Saúde, onde o maior problema é a cobiça do Centrão pelos bilhões do orçamento do órgão. Sobre esse aspecto, a guerreira Nísia Trindade pouco pode fazer para se contrapor, exceto resistir em suas trincheiras, como, aliás, vem fazendo. Existem alguns problemas pontuais, como a assistência aos povos indígenas, a epidemia da dengue e o recrudescimento da Covid-19, que voltou a matar muito gente, embora esses números não sejam divulgados. O assédio do Centrão ao ministério é tão grotesco que eles já afirmaram que, se o problema for de representação feminina, eles também têm nomes de mulheres para ocupar a pasta.  

No Ministério da Ciência e Tecnologia, ocupado pela comunista Luciana Santos(PCdoB-PE), o que se comenta é que ela poderia se candidatar à Prefeitura da Cidade de Olinda, nas próximas eleições municipais, deixando a vaga aberta. Quando ainda havia alguma chance, o Governo pensou em oferecê-la a Deputada Federal Tabata Amaral(PSB-SP), com o propósito de tirá-la da disputa em São Paulo. A essa altura do campeonato político, é pouco provável que a socialista abra mão de sua candidatura. 

Luciana, por sua vez, já afirmou que gostaria de indicar o seu sucessor naquele ministério, tradicionalmente ocupado por pernambucanos. Uma coisa curiosa aqui é que a comunista não teria grandes interesses em voltar a disputar a prefeiuta da cidade, que já ocupou por dois mandatos. O Planalto também demonstra uma certa insatisfação em relação ao nome da ministra Anielle Franco, que não estaria entregando muita coisa. Uma saída honrada para a Ministra da Igualdade Racial seria indicá-la para concorrer à vice na chapa encabeçada por Eduardo Paes(PSD-RJ), no Rio de Janeiro, apoiado pelo PT. 

Editorial: Dirceu: Um discurso para os autênticos e progressistas petistas chamarem de seu.



Ontem, dia 03, no Plenário do Senado Federal, o ex-Ministro-Chefe da Casa Civil do Governo Lula, José Dirceu, fez um discurso para os setores mais autênticos do petismo chamarem de seu. Há de se considerar, no entanto, os lugares de fala  Uma coisa é falar como ex-ministro e outra, bem diferente, são as contingências impostas pela reapolitik que o morubixaba petista precisa enfrentar no dia-a-dia do seu Governo, sob fogo cerrado de setores conservadores e hostis da sociedade brasileira. 

Dirceu fala como um militante, ex-guerrilheiro, que esboça um retorno às atividades político\eleitorais, quem sabe colocando seu nome ao crivo do eleitorado já nas próximas eleições municipais de 2024, conforme se especula, humildemente, numa eventual candidatura a vereador.  A liberdade é tanta que ele não se furtou em dá uma estocada no próprio Governo do companheiro Lula, em razão de não ter reaberto os trabalhos da Comissão dos Mortos e Desaparecidos Políticos, que ele considera uma questão crucial para este Governo. Um contingente expressivo da sociedade brasileira o acompanha neste raciocínio. Uma questão de honra, para sermos mais precisos. 

Como já enfatizamos por diversas vezes por aqui, as sinalizações oficiais do Govrno neste sentido não são nada alvissareiras. Contrariando toda uma tendência que advogava que o melhor para o Governo Lula seria facultar as condições para permitir que os militares voltassem pacificamente às suas atividades inerentes na caserna, o petista faz questão de fazer uma média ponderada com os militares, principalmente aqueles que não estiveram envolvidos com as tessituras golpistas recentes, nomeando-os para cargos estratégicos nas Forças Armadas.

Dirceu volta a bater numa tecla que sempre foi muito cara ao partido, ou seja, a necessidade de ampliar a democracia substantiva, que funcionaria como antídoto para frear os ímpetos autoritários de setores conhecidos de nossa sociedade. O raciocínio do ex-ministro converge bastante com as reflexões do cientista político polonês, Adam Przeworski, que faz um cálculo de sobreviência das democracias políticas a partir da renda per capita da população. De fato, as políticas sociais do Governo Lula precisam ser consolidadas, em alguns casos,  e ampliadas em outros. Lula vem perdendo alguns pontihos de popularidade em estratos de baixa renda, inclusive no Nordeste. É fundamental estancar essa sangria.   

Charge! Leandro Assis e Triscila Oliveira via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 2 de abril de 2024

Artigo: Havia um Recife, naquele tempo, que nunca mais se repetiu!


Das cenas propriamente "pernambucanas" que marcaram o Golpe civil-militar-empresarial de 64, duas nunca saíram da minha memória: aquela do Governador Miguel Arraes sendo levado num Fusca para o IV° Exército, depois de ter recusado a proposta de "renúncia" (- "Só o Povo de Pernambuco tem o poder legítimo de me tirar daqui!"), e aquela em que dois tanques de guerra se postam à frente da sede do Movimento de Cultura Popular no Sítio Trindade, para em seguida queimarem arquivos e, sobretudo, o "subversivo" LIVRO DE LEITURA PARA ADULTOS DO MCP (Josina Godoy e Norma Porto Carreiro). Dessas duas cenas, a que acho mais representativa da infâmia e da barbárie dos militares, é a dos canhões apontados para a cultura!
Havia um Recife, naquele tempo, que nunca mais se repetiu!Havia as ligas Camponesas de Francisco Julião que tentavam, mais uma vez, nos livrar na díptico colonial - escravidão e latifúndio; havia o Acordo do Campo quando, pela primeira vez se estabeleceu um salário mínimo para o trabalhador rural; havia a Frente do Recife de Pelópidas da Silveira (PSB), Miguel Arraes (PTN), Artur Lima Cavalcanti (PTB), Gregório Bezerra, David Capistrano (PCB) que fizeram uma inaudita ampliação do ideal democrático através de consultas populares regulares em vista da definição e direcionamento do orçamento municipal; havia um cara chamado Paulo Freire que propunha uma revolução copernicana na educação tradicional (que ele chamava de "bancária"): um programa de alfabetização de adultos baseado na realidade, na vida e na palavra de um personagem "novo" na filosofia da educação: o OPRIMIDO, que não se confundia apenas com o "proletariado" do marxismo. Havia um movimento teatral (Hermilo Borba, Ariano Suassuna, Luiz Mendonça) que trazia a linguagem e os problemas sociais do homem do nordeste para o protagonismo da dramaturgia local; havia uma Orquestra Sinfônica (Geraldo Menucci, Fittipaldi, Mário Câncio) que se apresentavam nas praças públicas do Recife com explicações didáticas sobre a importância e significado da música chamada "erudita"; havia o Bumba-meu-boi do Capitão Pereira (O Boi Misterioso de Afogados), trazendo a tradição da ressurreição como promessa de uma nova vida; havia Abelardo da Hora com sua estética da denúncia de nossa miséria social; havia Tereza Costa Rêgo com sua moderna sensualidade; havia Anita Paes Barreto, Secretária de Educação, expandindo e organizando uma rede estadual de ensino com um orçamento jamais visto na história da educação local; havia a antiga Universidade do Recife, sob o reitorado de João Alfredo da Costa Lima, criando o Serviço de Extensão Cultural que, finalmente, colocava a nossa Universidade a "serviço" da sociedade inclusiva; havia um cara chamado Luís Costa Lima que criou a Revista Estudos Universitários, abrindo o ambiente acadêmico para a participação dos intelectuais da cidade; havia um outro chamado Laurênio Lima que dirigiu a Rádio Universidade (hoje Paulo Freire) dando voz e ouvido às demandas sociais e manifestações culturais recifenses... Havia uma "promesse de bonheur" (promessa de felicidade) no ar, havia estudantes, intelectuais, artistas, empresários, governantes, homens e mulheres do povo que viram, naquela quadratura, as chances de termos, finalmente, um país um pouco melhor com um pouquinho mais de modernidade social e institucional...
Mas havia também o IBAD de Marco Maciel, o General Bandeira, o Sr. Álvaro da Costa Lima, o Sr. Armando Samico, a Aliança para o Progresso, a USAID e um Consulado Americano com 14 "adidos culturais" (todos eles com uma faixa na testa escrito "Agente da CIA"). Depois veio Paulo Guerra, o CCC, a reativação da "Sorbonne da Rua da Aurora" (Secretaria de Segurança Pública), a perseguição aos professores, prisões e assassinatos de intelectuais, estudantes, militantes; veio o 477, o AI.5, veio o "jubilamento", os crimes de Estado, os desaparecimentos, as mortes e enterros clandestinos praticados por militares e agentes estatais que nunca foram punidos e que continuam achando que podem tutelar a sociedade com seus canhões apontados para a cultura, para a educação, para os adversários políticos, para a inteligência, para a Democracia...
Lamentável e inquietante a posição de Lula ao dizer que "tudo isso é história e não vamos ficar remoendo o passado"! Passado, Sr. Presidente, não se remói, não se tritura, não se joga na lata do lixo: se estuda, se rememora, se interpreta, se avalia, se julga..., não para que "nunca mais se repita", mas para que não possamos ter o álibi de que não sabíamos, de que não fomos avisados.
Havia - como naquele poema de Drummond- um Recife, havia um amanhecer, havia uma flor no jardim, havia uma criança que brincava...

Flávio Henrique Albert Brayner, professor emérito da Universidade Federal de Pernambuco.

(Publicado originalmente no Jornal do Commércio, em sua edição de 2\04\2024)

P.S.: Contexto Político: O livro de Educaçaõ de Adultos citado pelo professor Brayner, escrito por duas lideranças femininas do MCP, por algum motivo, embora a princípio esteja perfeitamente adequado aos pressupostos concebidos pelo Método Paulo Freire de Educação de Adultos, não era do agrado do autor. Sobre as lembranças boas daquele Recife, só faltou mesmo mencionar o delicioso cheirinho de biscoito saindo do forno da antiga Fábrica da Pilar, quando se transitava pela avenida Cais do Apolo.

Editorial: Em discurso no Senado Federal, Dirceu alfineta Lula sobre a Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos.



Se Lula já amargava alguns problemas relativos à popularidade, acreditamos que sua decisão de proibir atos oficiais de protestos contra os 60 anos do golpe civil-militar de 1964, muito provavelmente, deve ter tais problemas agravados. Fiquemos de olho nas próximas pesquisas de avaliação do Governo, principalmente nas análises mais aprofundadas, ou seja, aquelas que descem às minúcias dos números, indicando de onde eles procedem. A última delas, por exemplo, apontou algumas dificuldades no Nordeste, inclusive entre eleitores de baixa renda.  

Com a medida, o morubixaba petista cortou na pele, atingindo um público que se identifica historicamente com o seu Governo. Parece-nos que mais alguém acredita nesta tese, a julgar pelo discursso do ex-ministro José Dirceu, na manhã de hoje, dia 02, no Plenário do Senado Federal. Em sua fala, José Dirceu, que foi ex-guerrilheiro, enfatizou que a retomada dos trabalhos da Comissão dos Mortos e Desaparecidos é irrenunciável. O posicionamento de Dirceu é música para os ouvidos do Ministro dos Direitos Humanos, o sociólogo Sílvio Pessoa, que fica de mãos atadas diante das resistências esboçadas pelo morubixaba petista. 

Dirceu, conforme prenuncia-se, ensaia uma volta à política. Supõe-se que uma eventual candidatura a vereador nas próximas eleições poderia estar entre os seus planos. Seu aniversário, recentemente comemorado em Brasília, reuniu atores dos mais relevantes do mundo político, jurídico e empresarial, numa demonstração de que sua capilaridade política continua intacta. 

Editorial: No julgamanto de Moro sobrou até para o boneco de Olinda.



Contrariando eventuais expectativas de alguns grupos sociais, que, de fato, desejam a condenação do ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, o relator do processo junto ao TRE-PR, o desembargador Luciano Carrasco Falavinha, emitiu paracer contra a sua condenação, alegando, entre os seus argmentos, que o hoje senador Sérgio Moro(UB-PR) não teria, deliberadamente, se beneficiado de sua condição de ex-candidato à Presidência da República pelo Podemos para se eleger senador pelo Estado do Paraná. 

O que Sérgio Moro percebeu sobre a sua candidatura à Presidência pelo Podemos - a opinião aqui é nosso e não do desembargador - é que a mesma seria inviável. Foram sucessivos erros de avaliação cometidos pelo ex-juiz, conforme enfatizamos, restando, tão somente, no final, a transferência de seu domicílio eleitoral para o Estado do Paraná, na expectativa de que o capital político construído por sua atuação como juiz da Lava Jato ainda pudesse representar alguns dividendos eleitorais, o que, de fato, ocorreu. O Paraná é um Estado com expressivo eleitoraldo conservador, contingente que flerta com o bolsonarismo, o que deve ter contribuído para o êxito do ex-juiz nessa empreitada. 

Se ele beneficiou-se dessas exposições na mídia, dos espaços ou cargos públicos ocupados, é algo involutário. Seria injusto ser penalizado por isso. Segundo comentários da imprensa, no despacho do relator sobrou até para o boneco do ex-juiz da Lava Jato, confeccionado pelos bonequeiros de Olinda, aqui em Pernambuco, exibidos durante as festas carnavalescas. De fato, há um componente político muito forte neste julgamento do senador Sérgio Moro. Nos bastidores, já foi desencadeada uma disputa renhida pela vaga aberta caso ele seja realmente cassado. A "torcida" não consegue nem disfarçar. 


Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 1 de abril de 2024

Editorial: Começa o julgamento que pode cassar o mandato de Sérgio Moro e torná-lo inelegível.



Se depender das hordas petistas que atuam nas redes sociais, o senador Sérgio Moro já estaria com o seu mandato cassado e inelegível para o resto da vida. Começa hoje, no Paraná, o julgamento que definirá o destino do ex-juiz da Lava Jato, senhor Sérgio Moro. Pelo andar da carruagem jurídica, de fato, o senador corre, sim, o risco de ter seu mandato cassado. Aparentemente esta é a tendência, diante dos fatos arrolados. Pelo sim, pelo não,  sua esposa Rosângela Moro, que se elegeu Deputada Federal por São Paulo, já teria transferido seu domicílio eleitoral para o Estado do Paraná, segundo dizem, com o propósito de concorrer à vaga ao Senado aberta com uma eventual cassação do marido. 

A transferência de domicílio de sua esposa, como se sabe, gerou uma outra confusão político\jurídica, pois existe uma penca de pretendentes à vaga eventualmente deixada pelo senador. A briga é feia e ninguém se entende por aqui. Até a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, chegou a ter seu nome cogitado para a disputa, mas foi desautorizada pelo PL. Pelo lado do Governo Lula, uma candidatura da Deputada Federal Gleisi Hoffmann poderá suscitar a velha rinha entre petistas e bolsonaristas na disputa dessas eleições excepcionais. 

Além da encrenca jurídica, o senador também apresenta algumas dificuldades no campo político, uma vez que, na condição de juiz da Lava Jato, entrou em rota de colisão com o mundo político, daí ser considerado improvável que ele consiga reverter uma decisão desfavorável ao seu mandato no Senado Federal. O mais grave é que, neste caso, ele pode se tornar inelegível, além de perder o foro privilegiado.  

Charge! Montanaro via Folha de Sçao Paulo