pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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segunda-feira, 22 de julho de 2024

Editorial: PT tenta uma reaproximação com os evangélicos através de uma agenda social e econômica.

Crédito da Foto: Thiago Coelho\PT


Pelo menos isso o PT entendeu. A identificação dos evangélicos com o o bolsonarismo se dá, sobretudo, através da agenda de costumes. Por aqui o PT jamais construiria uma ponte de reaproximação como esses grupos neopentecostais. A adoção de uma agenda de políticas públicas na área social e econômica, por outro lado, poderia, sim, quebrar, em parte, a resistência desses grupos em relação ao partido. Jamais apostaríamos aqui numa nova lua de mel, como já se verificou num passado distante. A última pesquisa de avaliação do Governo Lula 3, por outro lado, realizada pelo Instituto Quaest\Genial, sugere que as resistências estão sendo quebradas. 

Trata-se de um mingau quente que precisa ser comido pelas beiradas e talvez só fique mesmo nas beiradas. A extrema direita sugere oferecer melhores condições políticas para esses grupos neopentecostais. É como se estivéssemos tratando aqui de um alinhamento natural. Um projeto de poder que não se coaduna-se com o Partido dos Trabalhadores, mas casa como uma luva com o ideário da extrema direita. Daí se entender que tal reconciliação absoluta seria algo impensável.   Até uma pessoa com grande expertise na área, pois é evangélica, a deputada federal Benedita da Silva, desde as últimas eleições, deu este conselho aos dirigentes da legenda. 

Do ponto de vista da área econômica, a trincheira tem sido o Banco Central, apontado pelos líderes da legenda como um órgão que atravanca, deliberadamente, os projetos do partido. Campos Neto deve deixar o cargo, mas já existe quem esteja sugerindo uma devassa da devassa no órgão. Do contrário o partido continuará sofrendo refregas, como esta última do Copom, onde até indicados pela legenda votaram contra as resoluções do Planalto. 


Editorial: As duas tendências eleitorais já verificadas para as eleições municipais de 2024.



O site da revista Veja traz uma matéria bastante interessante sobre a tendência eleitoral das próximas eleições municipais de 2024. Nesta matéria, muito bem elaborada por sinal, inclusive contando a com consulta a especialistas da área de Ciência Política, aponta-se duas tendências de voto já verificadas neste momento. A primeira delas diz respeito a uma provável reeleição de alguns prefeitos que já conduzem a máquina, como é o caso de João Campos(PSB-PE), em Recife, Bruno Reis(UB-BA), em Salvador, Eduardo Paes(PSD-RJ), no Rio de Janeiro, João Henrique Caldas(PL-AL),em Maceió. Trata-se, neste caso, de uma tendência motivada muito mais por uma questão de avaliação de gestão, independentemente de ideologia, o que significa dizer que a renitente polarização política no plano nacional talvez não seja assim um fator indutor do voto do eleitor. De alguma forma, as eleições municipais sempre guardam alguma reserva em relação às contendas da capital federal. 

Esta característica, aliás, é um dos fatores determinantes nas eleições municipais, onde o eleitor vota a partir de uma experiência cotidiana, ou seja, até que ponto a gestão do prefeito esta contribuindo para a melhoria das condições de infraestrutura do seu bairro, da opção de lazer dos rebentos, de como ele está chegando ao trabalho. Dizem que saúde e segurança também passaram a integrar essa pauta, mas são políticas públicas em relação às quais o gestor municipal não conta com absoluta autonomia. Mesmo assim, dito pelo não dito, os principais concorrentes à Prefeitura do Recife já assumiram o compromisso de armar a guarda municipal. 

A outra tendência de voto diz respeito à opção do eleitorado por candidatos de centro-direita do espectro político. Isso ainda poderia preocupar partidos como o PSOL ou PSTU. Para o PT, por exemplo, isso já não seria mais um problema porque o partido já se encontra à direita de nossa esquerda. Essa premissa vale aqui para o Recife, onde o partido apoia a reeleição do atual gestor, João Campos. Essa conformação ideológica é tão interessante que há quem diga que os petistas mais - ou ainda - orientados ideologicamente talvez optem em votar na candidata do PSOL, Dani Portela. 

A ala mais pragmática e burocrática já entrou de sola na bacia semântica, como diria Gilbert Durand. E, por falar em PT, dizem que a estratégia que está sendo priorizada nessas eleições municipais, já de olho no cenário politico de 2026, seria a de formar um exército de vereadores, que interferem diretamente na formação de uma boa bancada de deputados, o que poderia facilitar a conjuntura de governabilidade num eventual quarto mandato de Lula. É a mesma estratégia que está sendo pensada pelos estrategistas do PL, de Waldemar da Costa Neto. O propósito é o de eleger mais de mil prefeitos, um batalhão de vereadores, sempre com o propósito de eleger um número expressivo de senadores e tomar a Bastilha do Senador Federal, de onde poderiam enfrentar o Poder Judiciário e criar as condições de uma anistia para o capitão. 

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo

 


domingo, 21 de julho de 2024

Editorial: As narrativas sobre a violência contra as mulheres.



Nas décadas de 20\30 do século passado, o escritor alagoano Graciliano Ramos, muito tempo antes de consolidar-se como um dos grandes escritores regionalistas brasileiro, dedicava-se ao ofício de publicar suas crônicas em jornais do Estado. Posteriormente, essas crônicas foram reunidas no livro Linhas Tortas, que traz, mesmo que ainda incipientemente, algumas observações e conselhos do alagoano sobre o hábito de escrever. O texto chegou a ser utilizado pelo escritor pernambucano, Raimundo Carrero em uma de suas oficinas de escrita criativa. O livro deve ter sido publicado depois da morte de Graciliano. Em vida, exigente como ele era com a escrita, jamais permitiria que o texto fosse publicado. 

Graciliano morreu sem nunca ter aceito o seu primeiro romance, Caetés, que ele considerava uma obra muito aquém do seu talento, a despeito da boa receptividade da crítica literária, inclusive do insuspeito Antonio Candido. Haveria um outra razão para o escritor rejeitar Linhas Tortas. Numa dessas crônicas, Graciliano, num momento de infelicidade, externa um comportamento de caráter misógino ou machista, ao afirmar que O Quinze, da amiga Rachel de Queiroz não poderia ter sido escrito por uma mulher. Ambos participavam de um círculo literário que se reunia no Bar Central, em Maceió, ao lado de Jorge Amado, Gilberto Freyre, José Lins do Rego, Gilberto Amado, Olívio Montenegro, Aurélio Buarque de Holanda. 

É preciso tomar muito cuidado com as falas neste sentido.  Na escrita, então, até alguns verbos estão sendo abolidos, como é o caso de "Esclarecer", tido como racista. Preocupa esse radicalismo proposto pelo identitarismo neoliberal, mas não se pode negligenciar suas implicações, sobretudo quando se considera os lugares de fala. O nosso presidente, por exemplo, foi muito infeliz ao perdoar os corinthianos recentemente, quando se referiu à violência contra as mulheres. Nesses tempos bicudos de lacrações pelas redes sociais, todo o cuidado ainda é insuficiente. 

Charge! Jean Galvçao via Folha de São Paulo

 


Editorial: Ciro Gomes bolsonarista?



A militância petista tem uma grande indisposição com o ex-ministro Ciro Gomes. Daí não ser surpresa que ele esteja sendo malhado como Judas neste domingo, depois de aparecer ao lado do bolsonarista Carmelo Neto, na convenção que apoia a reeleição de Gleidson Bezerra para prefeito de Juazeiro do Norte. Apesar de polêmico, Ciro tem algumas características que são raras nos homens públicos brasileiros, como espírito público e honestidade na condução dos negócios de Estado. Não se conhece maracutaias de Ciro Gomes nos diversos cargos públicos que o cearense ocupou. Ciro sempre fez o dever de casa. Nesta última campanha presidencial era o postulante mais bem-preparado entre todos que disputavam a vaga ao Palácio do Planalto. Possivelmente o único que preparou um programa de governo consistente para enfrentar as enormes dificuldades que o país apresenta em diversas áreas. 

Atuou numa raia que se tornou inviável na política brasileira, tentando, inutilmente, cavar um espaço ali pelo centro, em contraponto a Lula e Bolsonaro. Continua ativo, emitindo suas opiniões sobre a política brasileira, mas já afirmou que não mais pretende concorrer novamente a algum cargo público. Muitos dos problemas que o Governo Lula 3 enfrenta neste momento foram antecipados por Ciro muito antes, numa demonstração de clarividência política ímpar. A questão do Ceará, conforme já antecipamos por aqui em inúmeras ocasiões, tornou-se bastante complicada. O racha no campo das forças progressistas, inevitavelmente fortalece as forças de direita que atuam naquela quadra. 

Aliás, o campo conservador sempre foi muito forte naquele Estado. Elmano de Freitas(PT-CE) foi eleito governador  com o apoio decisivo de Camilo Santana, hoje no Ministério da Educação, que concorreu à época ao Senado Federal. Há dúvidas sobre se ele conseguiria a mesma performance na capital Fortaleza, onde o candidato do PT, Evandro Leitão, não aparece bem nas primeiras pesquisas de intenção de voto. Naquela quadra, aliás, a direita também está dividida. Capitão Wagner(UB-CE), que lidera a disputa neste momento, também não se bica com o deputado federal André Fernandes(PL-CE). Brigado com o PT, as movimentações políticas de Ciro Gomes no Estado, inevitavelmente, o contingenciaria às alianças táticas com forças políticas que se contrapõem ao projeto hegemônico do PT. É o que está ocorrendo. Isso não significa dizer que ele se tornou bolsonarista. Perguntem ao Bolsonaro.     

sábado, 20 de julho de 2024

O xadrez político das eleições municipais de 2024 no Recife - Amanhã pode chover, João?



O nome para compor a chapa de reeleição do prefeito João Campos(PSB-PE) à Prefeitura da Cidade do Recife nas eleições municipais de 2024 já está definido. Trata-se do seu atual Chefe-de-Gabinete, Victor Marques, talvez um ilustre desconhecido no meio político. Os jornais de hoje trazem uma série de matérias sobre o assunto, especulando em torno da figura do jovem ungido para gerir os destinos dos recifenses a partir do momento, como se presume, da desincompatibilização de João Campos, uma vez reeleito prefeito do Recife em 2024, quando se habilitará a concorrer ao Palácio do Campo das Princesas. 

Inútil as especulações ou buscas em torno do currículo do jovem Victor Marques. Assim como João, o rapaz é formado em Engenharia Civil pela UFPE, é filho de família com atividades políticas no interior do Estado. Trata-se de alguém da absoluta confiança do gestor, o que, nesses momentos de trapaças recorrentes já é de bom tamanho. Coube ao assessor manter a situação sob controle no Palácio Capibaribe, enquanto João Campos saia às ruas, realizando um conjunto de obras que o credenciariam a continuar gerindo os destino dos recifenses, a julgar pela aprovação da gestão e à expectativa de reeleição que se apresenta neste momento, quando atinge o escore de 75% da preferência dos eleitores. 

Victor Marques é mais técnico do que político, embora a função ocupada de chefe-de-gabinete seja uma imersão no campo político. Victor não é um militante tradicional, a julgar pela própria filiação recente ao PCdoB, tão somente para viabilizar-se como herdeiro do espólio político do prefeito João Campos. Foi uma filiação circunstancial. Isso sugere que o prefeito adotou a mesma estratégia do pai, Eduardo Campos, quando optou por um técnico para substituí-lo como governador do Estado. Em meio a essas reações e especulações em torno do assunto, uma observação interessante, segundo dizem de um militante socialista local, argumentando que, diferentemente do pai, o ex-governador Eduardo Campos, João Campos nunca passou pela experiência de uma refrega eleitoral.  Não teve a experiência de perder uma eleição.  

A observação sugere que o rapaz possa estar de salto alto em alguns momentos, contando com a certeza absoluta de uma carreira política sem obstáculos pela frente. Na prática, se tal raciocínio procede, isso seria um problema porque este terreno é repleto de altos e baixos. As lições das adversidades fariam bem ao prefeito. As adversidades costumam formar pessoas de espírito elevado, o que se constitui num traço de personalidade importante no trato dos negócios públicos. Essa avenida política que se apresenta ou se imagina para o prefeito da capital, por outro lado, está sendo alicerçada numa grande capacidade de trabalho e autoconfiança. Amanhã pode chover, João? 

Editorial: Rede de intrigas palacianas.



A edição da revista Veja desta semana traz uma matéria tratando da rede de intrigas palacianas, ou, mais precisamente, sobre as indisposições entre membros da Polícia Federal, Abin, GSI e Casa Civil. Fazemos aqui a ressalva de personalizar tais indisposições para não incorrermos em generalizações. O Governo Lula 3 herdou uma herança maldita dos estertores da chamada comunidade de inteligência e informações. Não fazemos ideia sobre o nível das influências nefastas - ou aparelhamento, se preferirem - em relação a essas instituições, ocorridas no governo anterior.

Membros dessas próprias organizações, no entanto, já admitiram que o grau de comprometimento é sensível, daí a necessidade de um cuidado enorme na aplicação de medidas republicanas saneadoras, conforme, reiteradamente, insistimos por aqui. Por alguma razão desconhecida as medidas tomadas foram tímidas até este momento. A matéria da revista sugere que estão sendo produzidos dossiês contra o atual diretor da Polícia Federal,  delegado Andrei Rodrigues, em razão, muito provavelmente, dos trabalhos realizados pelo órgão. 

Não chega a ser uma surpresa que isso ocorra com um cidadão que ocupa um cargo desta dimensão, tendo que proceder investigações que envolvem atores do ancien régime e o governo atual, onde até ministros de Estado estão sendo indiciados, o que dá a dimensão do trabalho sério conduzido pelo órgão.  O problema era se houvesse alguma blindagem das autoridades.  Agrava esta situação o fato de convivermos ainda com um processo de instabilidade institucional renitente, onde quase nada se consolidou até este momento, à exceção da polarização política. É como se estivéssemos num barco à deriva,  em mar revolto. O delegado Andrei Rodrigues vai precisar de muitos amortecedores e resiliência para dar continuidade ao seu trabalho, importante para a sociedade brasileira, em meio a tais turbulências, inerentes ao momento político que o país atravessa. 

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 19 de julho de 2024

Editorial: Debates entre candidatos já começam no dia 08 de agosto.


Pelo menos em João Pessoa. É curioso como no Estado da Paraíba os debates políticos são recorrentes, contando com a presença de homens públicos que, geralmente, dão alguma satisfação à sociedade em relação à sua área de gestão. Há uma grade de programação nas TVs locais destinada a esta finalidade, algo incomum em boa parte do país. Neste aspecto os paraibanos estão de parabéns. A TV Aparuã\Band já comunicou que, no próximo dia 08 de agosto, a partir das 22:h, estará transmitindo um debate ao vivo com os principais concorrentes à Prefeitura de João Pessoa, nas eleições de 2024. Praticamente todos os candidatos já confirmaram presença neste primeiro debate. 

Como a Rede Bandeirante de Televisão dá sempre o pontapé inicial nesses debates, não seria improvável que esta data possa ser a arrancada desses encontros entre candidatos em todo o país. Não temos, porém, a confirmação dessa informação. Ao longo dos anos, esses debates perderam muito, em razão das mudanças introduzidas em seu formato, o que os tornou muito burocrático, comedido, impedindo que os candidatos possam se expressar de uma maneira mais espontânea. Perderam muito em termos de emoção. Em todo caso, são fundamentalmente importantes para que possamos escolher aquele candidato ou candidata que melhor possa gerir os destinos de nossas polis. 

Em João Pessoa a disputa promete ser bastante acirrada. Apesar de liderar as primeiras pesquisas de intenção de voto, não há uma distância considerável entre Cícero Lucena(PP-PB), que disputa a reeleição, e os demais concorrentes. Em política, realmente, é possível dá nó em água. Nilvan Ferreira, que concorre à Prefeitura de Santa Rita, um bolsonarista raiz no passado, hoje se vincula politicamente ao próprio Cicero Lucena, assim como ao socialista João Azevedo, governador do Estado. Nilvan é um poço até aqui de mágoa em relação aos bolsonaristas locais, pois foi traído, mas, mesmo assim, é difícil entender essas conversões. Depois, muito dificilmente, ele deixou de ter a admiração de sempre pelo seu guru político de outrora. 

O xadrez político das eleições municipais de 2024 no Recife - Enfim, o vice de João Campos é definido.



No próximo dia 04 de agosto, o prefeito do Recife, João Campos(PSB-PE), deve realizar a convenção da federação que apoia o seu projeto de reeleição, formada pelo PV, PT e PCdoB. Antes disso, ao lado do Presidente Nacional do PSB, Carlos Siqueira, Gleisi Hoffmann, Presidente Nacional do PT, e do morubixaba petista, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, João comunicou aos presentes que o nome do seu ex-chefe de gabinete, Victor Marques, hoje filiado ao PCdoB, deverá mesmo ser oficializado como vice em sua chapa. Havia alguns nomes que estavam na bolsa de apostas para tal escolha, mas, ao apagar das luzes do período de inaugurações de obras na capital, o nome de Victor Marques havia se consolidado. 

Num desses momentos, João Campos se disse perfeitamente confiante em seu assessor, condição fundamental para os seus projetos políticos futuros. Segundo especula a imprensa, antes mesmo da convenção, o nome poderá ser anunciado. O presidente Lula, em particular, não demonstrou qualquer contrariedade em torno do assunto, embora a decisão possa não ter sido recebida da mesmo forma pelos petistas aqui da província. Há rumores de que os grandes acertas envolvem as eleições estaduais de 2026, quando haveria duas vagas de senadores disponíveis e o PT, no plano nacional, deseja preservar um espaço na chapa para o senador Humberto Costa, que precisa renovar o mandato. 

Somente no conjunto de forças que dão suporte à gestão de João Campos há uma penca de nomes que tentam se credenciarem à disputa.  São curiosas as narrativas da imprensa nacional em torno da decisão do prefeito, quase sempre em torno da tese de que João Campos havia dobrado o PT, quando, na realidade, consoante seu projeto político, João Campos jamais abriria mão do controle do Palácio Capibaribe para o partido. Com a máquina municipal sob seu controle, sabe-se lá como se comportaria partido depois do processo de desincompatibilização do gestor, se reeleito, quando poderá habilitar-se à disputa do Governo do Estado.    

Editorial: Saiu os dados do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.



Embora aponte alguns indicadores de queda nas taxas de homicídios no país nos últimos três anos, no mais, os dados do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgados recentemente, não são animadores para o país. Na média dos índices de violência em escala global estamos muito mal e, pior, pelas informações apuradas até recentemente através de pesquisas, a questão da segurança pública é hoje um dos assuntos que mais preocupam os brasileiros. Mesmo numa eleição municipal, como a de 06 de outubro, o tema entrou na pauta dos candidatos em todo o país, principalmente nas grandes capitais. 

Aqui em Pernambuco, por exemplo, já existem propostas de armar a Guarda Municipal, agenda defendida pelos principais concorrentes ao Palácio Capibaribe. Para enfrentar este problema, exige-se desprendimento político, ou seja, a conjugação de forças entre Governo, Oposição e Sociedade Civil, algo que se tornou incongruente hoje no país, em razão do clima de acirramento político. O único consenso em torno do assunto diz respeito ao avanço do crime organizado como fator determinante para a ampliação desses índices de violência. Os fatos saltam aos olhos.  Nesses casos, registre-se, igualmente o aumento dos índices de letalidade em operações policiais. 

As mudanças na rota do tráfico, por exemplo, representou a incidência de maiores escores de violência em estados como o Amapá, Bahia, Pernambuco e Ceará, ou seja, estados localizados nas regiões Norte e Nordeste. Na Bahia e Ceará, por exemplo, há guerras abertas entre facções nacionais e estaduais. Essas facções estaduais que, em alguns casos disputam espaços com as facções nacionais, estão se multiplicando. Salvo melhor juízo, apenas na Bahia há quatorze delas em atuação. 

Por uma dessas ironias do destino, os estados que apresentam as maiores quedas das taxas de homicídios em 2023 são São Paulo e Santa Catarina, estados governados por bolsonaristas roxos, como Tarcísio de Freitas e Jorginho Mello.  A imagem acima mostra as cidades mais violentas do país. Sete delas se concentram em estados da região Nordeste.  

Charge! Cláudio Mor via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 18 de julho de 2024

Editorial: Todos os candidatos querem armar a Guarda Municipal do Recife.



Algumas candidaturas estão praticamente definidas na disputa pela Prefeitura da Cidade do Recife. Teremos as convenções, mas elas cumprem apenas as formalidade legais. Neste sentido, alguns candidatos, a exemplo do prefeito João Campos(PSB-PE), que tentará a reeleição, já sinalizam com algumas propostas de governo, como armar a guarda municipal, um tema que suscita grandes polêmicas. Inclusive os socialistas locais têm uma dificuldade série em lidar com este tema. Já mais experiente, praticamente com uma gestão do executivo municipal no currículo, João sinalizou que deseja abrir essa discussão, respaldado em alguma medidas que possam minimizar maiores complicações com a medida, como, por exemplo, o reforço das ações da corregedoria, certamente com o objetivo de se antecipar a eventuais abusos ou excessos cometidos pelos agentes. 

É curioso como, de repente, todo mundo deseja armar a guarda municipal. Não seria improvável que João tenha tomado a decisão antecipando-se às eventuais propostas neste sentido do candidato Gilson Manchado(PL_PE), representante do bolsonarismo na corrida pelo Palácio Capibaribe. Pois bem. Em entrevista recente, o candidato que representa os interesses do Palácio do Campo das Princesas nesta disputa, Daniel Coelho(PSD-PE), já afirmou que se trata de ponto pacificado em sua proposta de Governo. Não há nem o que pensar. Se eleito, vai não apenas armar a guarda municipal, mas realizar um concurso público para contratar novos agentes. 

Não ouvimos nenhum pronunciamento de Gilson Machado tratando deste assunto, mas, certamente, como bolsonarista raiz, dificilmente ele será contra a medida. A grande dúvida diz respeito à candidata do PSOL, Dani Portela.  Como será que a psolista se posicionará em torno deste assunto? Por outro lado, a princípio, nenhum candidato tem alguma informação privilegiada sobre o que pensa a população do Recife sobre este assunto. Muito provavelmente a população será a favor da medida, em razão do climão produzido sobre os índices de violência registrados no Estado.   

Charge! Aroeira via Facebook

 


Editorial: O depoimento de Ramagem à Polícia Federal.

Crédito da Foto: Pedro Kirilo\Estadão Conteúdo. 


Segundo informações divulgadas pela imprensa, foram 130 perguntas formuladas pela Polícia Federal ao deputado federal Alexandre Ramagem, ouvido em razão de áudios vazados, sugerindo a existência de uma Abin Paralela, ou seja, um suposto grupo de agentes públicos que estariam atuando de forma irregular, bisbilhotando, de forma ilegal, desafetos do ex-presidente Jair Bolsonaro nos Três Poderes. O depoimento de Ramagem teria durado mais de sete horas. Segundo se especula pela imprensa, o ex-homem forte da Abin teria negado qualquer participação nesta Abin Paralela, responsabilizando dois agentes que trabalharam na instituição. 

Deixamos aqui tudo no terreno das suposições, uma vez que compete tão somente à Policia Federal encaminhar as investigações e tirar as conclusões sobre o caso. Voltamos a insistir, no entanto, sobre a necessidade de o Governo Lula ouvir os servidores de carreira da Agência Brasileira de Informações, acatando suas sugestões acerca de uma assepsia institucional ou reestruturação do órgão, evitando, assim, generalizações de narrativas incorretas sobre o trabalho ali realizado pela agência. 

A Abin é um órgão de Estado, jamais uma agência de conveniência para governantes de turno. É preciso se tomar muito cuidado em relação a esses órgãos de segurança e inteligência do Estado. Lavrenti Beria, o todo poderoso chefe da KGB durante o período das trevas do Stalinismo, tinha tanta autoconfiança que morreu numa armação primária; 17 pessoas que tinham algum tipo de vinculação com a morte de Kennedy foram mortas e o caso nunca foi devidamente esclarecido; o maior artífice dos estertores da ditadura militar no país morreu depois de uma dose de Whisk.  

Editorial: Janja recomenda a Lula ler os discursos e não falar de improviso.



Algo sugere que Lula gosta mesmo é de falar de improviso. Ainda este ano, durante a cerimônia de anúncio da construção do Túnel do Guarujá, com a presença de autoridades públicas como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o presidente fez um longo discurso de improviso, lembrando, inclusive, o tempo em que o governador serviu ao Governo da ex-presidente Dilma Rousseff. O entusiasmo da plateia foi tanto, que alguém gritou, sugerindo que o governador, um bolsonarista convicto, voltasse ao PT.  Não é mais novidade para ninguém que o presidente Lula vem cometendo algumas derrapagens verbais, suscitando polêmicas que poderiam ser evitadas. 

Isso já ocorreu até mesmo quando ele lê o discurso, o que sugere que a sua equipe de ghost writers também é um pouco responsável por tais derrapagens.  Nessa época de identitarismo neoliberal todo o cuidado é pouco. Alguns palavras e expressões simplesmente não podem ser verbalizadas, muito menos ainda escritas, como é o caso de "esclarecer", "samba do crioulo doido", "meia tigela", "gordinho". Existe, salvo melhor juízo, até um index apontando as palavras e expressões proibidas. Isso tem gerado muitas polêmicas. Alguns consideram haver algum exagero por aqui. Hoje você não pode se referir a "escravos", mas "escravizados", tudo no sentido de ser correto com os descendentes da raça negra, nossos irmãos africanos.  

Pessoas portadoras de algum distúrbio mental ou físico é algo que precisa ser tratado com todo o cuidado possível, evitando as lacrações inevitáveis a até coisas mais graves. Quando estamos tratando do lugar de fala de um Presidente da República, então, o fato toma uma dimensão gigantesca.  Neste sentido, é perfeitamente compreensível que a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja,  tenha recomendado ao presidente que, principalmente em tais ocasiões, leia o discurso, não fale de improviso, evitando eventuais derrapagens. 

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 17 de julho de 2024

Editorial: Depois da ressaca dos "áudios da rachadinha", Bolsonaro e Ramagem aparecem juntos.

 


No Rio de Janeiro, este fato hoje parece-nos óbvio, não se faz mais política sem algum envolvimento com as milícias que atuam na área. Quem se contrapõe frontalmente aos interesses desses grupos no Estado, corre um risco maior de ser morto do que propriamente vencer uma eleição. Num futuro próximo, talvez possamos fazer apenas uma ligeira e tênue separação entre os grupos milicianos afinados com "L" ou afinados com "B".  Segundo estimativas, 60% do território da capital hoje é controlado por grupos milicianos. O aparelho de Estado, por outro lado, apresenta índices de contaminação somente observados em países como o México. O país já passa por um processo de "mexicanização". 

Em São Paulo, por exemplo, as polícias militar e civil travam uma verdadeira batalha para devolver a tranquilidade há alguns lugares, conflagrado na luta pela tomada de espaço desencadeada pelo PCC. Esses espaços haviam sido ocupados pelos grupos armados milicianos. O Rio de Janeiro é sempre apresentado como a área mais nevrálgica quando tratamos deste assunto, mas o problema vem ganhando dimensões preocupantes em todo o país, inclusive em Estados da região Nordeste, a exemplo da Bahia, Ceará e Pernambuco. 

Essa introdução é apenas para evidenciar o quanto tem sido complicado fazer política naquele Estado da Federação. Ainda no calor da ressaca produzida pelos áudios da rachadinha, o ex-presidente Jair Bolsonaro e o candidato à Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Alexandre Ramagem, aparecem juntos, prometendo intensificar a campanha naquela praça.  A rigor, a amizade entre ambos não foi abalada pela divulgação dos áudios. Circulou a versão de que o ex-presidente Bolsonaro não sabia que estava sendo gravado, versão logo desmintida pelo próprio Ramagem. 

Charge! Leandro Assis e Triscila Oliveira

 


Editorial: Pablo Marçal não sabe chegar ao Capão Redondo.



Secretário de Obras de um das gestões de Jarbas Vasconcelos como prefeito do Recife, João Braga considerou a possibilidade de ter o apoio do chefe ao seu projeto de candidatar-se à Prefeitura do Recife. Jarbas, que à época costurava alianças com o propósito de chegar ao Palácio do Campo das Princesas, porém, tinha outros planos. Salvo melhor juízo, Braga chegou a candidatar-se, mas por uma outra legenda, sem o apoio de Jarbas Vasconcelos. 

Braga conhecia muito bem o Recife. Certamente como nenhum dos outros postulantes ao cargo. Escreveu até um livro tratando deste assunto. Num desses debates, sugeriu que um dos concorrentes, se deixado no Largo Dona Regina, em Nova Descoberta, não mais conseguiria voltar à sede da Prefeitura sozinho. Aqui pertinho, em Olinda, um dos candidatos perguntou ao concorrente, durante um debate, o que ele faria com o posto de saúde do Beco da Marinete. Como ele não conhecia o Beco da Marinete, teceu alguns comentários genéricos sobre o assunto, para ser informado, logo em seguida, que não havia posto de saúde no Beco da Marinete. 

No dia de ontem, durante uma entrevista, o jornalista do SBT, Heródoto Barbeiro, insistiu com o entrevistado Pablo Marçal sobre se ele saberia como chegar ao Capão Redondo. Ele falou em GPS, helicópteros, aplicativos, mas, de fato, ficou evidente que ele desconhecia o itinerário do transporte público coletivo para se chegar ao local. Como o empresário parece bem versado na área de comunicação, convém aqui fazer uma consideração: o eleitor costumava levar a sério essas questões.  

Editorial: A força da direita no Ceará.


Ontem, dia 16, saiu mais uma pesquisa de intenção de voto para a Prefeitura de Fortaleza, desta vez realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas, um instituto que conseguiu angariar grande credibilidade nas últimas eleições presidenciais, obtendo os melhores escores de acertos no primeiro e no segundo turno daquelas eleições. Na realidade, o Instituto divulgou dados sobre a corrida eleitoral em Fortaleza e Salvador. Em Salvador, o Carlismo lidera a corrida com Bruno Reis, do União Brasil, apadrinhado por ACM Neto, que tenta a reeleição.  

No Ceará há, pelo menos, três candidatos identificados com a direita, como é o caso do capitão Wagner, do União Brasil, André Fernandes, do PL, e o senador Eduardo Girão, do Novo. Se somarmos os votos desses candidatos, podemos concluir que a direita vai muito na terra de Patativa do Assaré. No campo progressista, o atual prefeito, José Sarto(PDT-CE), é o melhor ranqueado. O candidato do PT, Evandro Leitão, que conta com o apoio dos caciques da legenda no estado e nacionalmente, aparece com apenas 9,4% das intenções de voto, ficando na quarta posição. 

O ex-governador Camilo Santana, que hoje é o Ministro da Educação, mas concorreu ao Senado Federal nas últimas eleições, foi o grande puxador de votos para o atual governador Elmano de Freitas. Caso curioso de um candidato a senador que puxa voto para o governador. Camilo deixou o Governo do Ceará com avaliação nas alturas. Neste caso, porém, estamos tratando de uma eleição para a capital, Fortaleza. As forças do campo progressista vivem às turras naquela praça, o que amplia as expectativas de êxito do projeto conservador. A direita também não vive em completa harmonia, mas leva vantagem neste momento. O capitão Wagner, que lidera a disputa, pontuando com 33% das intenções de voto, não se entende bem com o deputado federal André Fernandes(PL). Motivo? Ambos desejam o apadrinhamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. 

terça-feira, 16 de julho de 2024

Editorial: Diálogos das rachadinhas. Vísceras expostas da res publica tupiniquim.


Sempre que invocados a se pronunciarem sobre os graves equívocos cometidos em relação à doação de joias do Governo da Arábia Saudita ao Governo Brasileiro, que, segundo apurações da Polícia Federal estão eivados de procedimentos que poderiam perfeitamente ser enquadrados como de natureza pouco republicana, tais atores fazem referência aos famosos contêineres de presentes doados ao governo anterior. Isso, de imediato, mostra duas práticas igualmente danosas aos interesses públicos. A recorrência de tais procedimentos e a banalização de uma tese levantada pelo historiador Sérgio Buarque de Holanda, quando nos alertava, lá atrás, sobre as fragilidades de nossas instituições públicas. 

Ontem, dia 16, fomos informados de mais um desses casos que merecem uma vigilância - talvez até a interdição - dos órgãos de controle e fiscalização do Estado. Um banco estatal estaria realizando uma transação arriscadíssima e nebulosa com uma agência privada, envolvendo a bagatela de milhões de recursos públicos, mesmo depois das recomendações em contrário dos servidores da instituição. Aliás, dois servidores foram afastados dos seus cargos exatamente por se contraporem ao negócio. Se os leitores estão atentos,  hoje já pululam transações de caráter nebulosos na res publica. 

Para encerrar este editorial, ao se conformarem a versão de que um ex-governador de Estado teria proposto ao ex-presidente a interdição das investigações sobre as rachadinhas envolvendo seu filho, negociada a partir de uma vaga no Supremo Tribunal Federal, torna escabroso o escracho com as nossas instituições. Os leitores vão nos perdoar pela ausência de citações de nomes, por razões óbvias.  Isso nos faz lembrar daquela alegoria do elevador, descrita pelo antropólogo Roberto DaMatta, outro grande intérprete do país. A alegoria relata o caso de um ascensorista que, querendo tirar vantagem para se aproximar daquela empregada gostosa do 201, faz um acordo para que ele entre no elevador, quando a lotação já havia chegado ao limite. Resultado: Todos vão para o fundo do poço. Nada mais emblemático para explicar o país, apenas com a ressalva de que esses tiradores de vantagens, geralmente, acabam ficando bem na fita. Quem se arrebenta mesmo é o povo.  

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 15 de julho de 2024

Editorial: Moro admite candidatar-se ao Governo do Paraná em 2026.



O senador Sérgio Moro(UB-PR) está nas páginas amarelas da revista Veja desta semana. Como se trata de um ator político que esteve no epicentro de vários episódios recentes da vida política nacional, é possível extrairmos da entrevista vários elementos passíveis de algumas considerações. Vamos focar, no entanto, em duas posições assumidas pelo senador durante a entrevista: Considerar que a Polícia Federal possa está sendo prematura no julgamento envolvendo a doação das joias do Governo da Arábia Saudita ao Brasil, procedimento muito mal gerenciado pelo presidente de turno. 

A Policia Federal, na realidade, depois de um trabalho técnico impecável, reúne hoje elementos mais do que suficientes para indiciar o ex-presidente. Julgar que Lula administrou mal essas doações, desejando fazer um contraponto com Bolsonaro, apenas fornece elementos para reforçar as teses do historiador Sérgio Buarque de Holanda sobre as nossas fragilidades institucionais, onde não existem fronteiras entre as esferas pública e privada.  

Um outro dado da entrevista é quando o senador sugere que poderá vir a ser candidato ao Governo do Paraná nas eleições de 2026 e que fará de tudo para não permitir que o estado caia nas mãos do PT. O senador também se mostra simpático às movimentações do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, de olho no Planalto em 2026. 

Editorial: Rodrigo Pacheco para chanceler do Governo Lula?



A informação surgiu na coluna do jornalista Cláudio Humberto. O Planalto estaria especulando sobre a possibilidade de indicar o nome do atual Presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, para o cargo de Ministro das Relações Exteriores, em substituição a Mauro Vieira, que deve se aposentar. Com isso, soma-se mais uma opção para o futuro de Rodrigo Pacheco. É impressionante a bolsa de apostas em torno do assunto. 

Já se informou que ele teria interesse em governar o Estado de Minas Gerais, ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal, ser indicado como ministro do TCU. Preferimos aqui não apostar em nenhuma dessas eventuais pretensões do Presidente da Câmara Alta. Em qualquer circunstância, porém, Pacheco contaria com o apoio irrestrito do Planalto. As relações entre ele e Lula hoje são muito boas. É mais provável que ele fique mesmo em Brasília. 

A situação política nas Alterosas não é nada convidativa. Até o PT já está pensando em substituir o nome do deputado federal Rogério Correia, que concorre a prefeito de Belo Horizonte nessas eleições municipais. O Estado é estratégico para os planos de Lula nas eleições de 2026 e, consequentemente, o PT precisar ser competitivo naquela praça. 

Editorial: Por que a Abin precisaria ser reestruturada de forma mais efetiva?



Quando ocorreu a tentativa de golpe do 08 de janeiro, uma das primeiras declarações do presidente Lula foi a de que os seus serviços de inteligência haviam falhados clamorosamente. Curiosamente, citou até os órgãos diretamente ligados às forças militares, exemplo da Marinha, Aeronáutica e Exército. A declaração sugeria, a princípio, que o mandatário do país, já no seu terceiro mandato, se cercaria de todas as providências possíveis e imagináveis com o propósito de evitar novas surpresas. Pelo andar da carruagem política, algo sugere que não foi exatamente isso o que ocorreu. 

As medidas adotadas na abin, no nosso entendimento, foram tímidas, bem aquém daquilo que seria fundamentalmente importante realizar no órgão, tese que, a rigor, conta com apoio dos próprios servidores de carreira daquela instituição, que, por razões óbvias, não se sentem bem com esta situação. É típico de regimes ou governos de perfil autoritário, que flertam com o fascismo, um aparelhamento rigoroso dos serviços de inteligência e segurança do Estado. Não surpreende a ninguém minimamente informado os problemas encontrados não apenas na Abin, mas no GSI, por exemplo. 

Nas décadas de 30\40 do século passada, a ditadura do Estado Novo mantinha o DOPS - Departamento de Ordem Política e Social - uma espécie de polícia política bastante ativa, em Pernambuco, sediada na Rua da Aurora. Não por acaso, o chefe de polícia era o nome "natural" para substituir o interventor. Etelvino Lins, que chefiava o órgão, substituiu a raposa Agamenon Magalhães. Com o golpe civil-militar de 1964, criou-se o SNI - Serviço Nacional de Informações - um verdadeiro monstro que funcionou durante décadas. Na era FHC, depois da redemocratização, portanto, a grande questão que se colocava à época era se esses serviços de inteligência deveriam ficar sob o controle civil ou militar. 

Salvo melhor juízo, existe uma comissão parlamentar que fiscaliza a ação dessa comunidade de informações. Num regime democrático, tais órgãos precisam assumir um perfil de órgãos de Estado, atuando estritamente dentro de um escopo delimitado legalmente, sem extrapolar suas funções, constitucionalmente estabelecidas. Preocupa, neste caso, uma espécie de "herança de estrutura", ou seja, entra governo, sai governo, tais órgãos mudam de nomenclatura, mas, de alguma forma, acabam mantendo os resíduos da estrutura da comunidade de informação já existente. O problema da Abin Paralela foi tipicamente este. 

É preciso redobrar os cuidados com isso. Até recentemente, por ocasião das chamadas "Jornadas de Junho", havia um infiltrado nos grupos de estudantes. Boa pinta, jovem, barbudo à lá Che Guevarra, conquistou a confiança do grupo. Em seu relatório de trabalho recomendou a prisão de um perigoso agitador, quem sabe até o líder entre esses estudantes. Seu nome? Karl Marx. 

domingo, 14 de julho de 2024

Vamos aprofundar essas discussões?



Através do nosso perfil da plataforma Privacy, que pode ser assinado por aqui o leitor encontrará um aprofundamento dessas discussões diárias que estabelecemos através do blog. Assinem, recomendem aos amigos, deixem seus comentários ou impressões.

- Qual o debate que realmente interessa ao país quando está em jogo a questão nevrálgica da segurança pública, um dos temas que mais preocupam os eleitores neste momento? A oposição, infelizmente, procura desgastar o Governo Lula, através das críticas, de um lado, e das propostas radicais, de outro, confundindo a população sobre o que realmente interessa ao país. No nosso perfil, ao longo da semana, vamos abordar essa questão. 

- Um outro tema diz respeito à chamada Abin Paralela, um tema que dominou os debates nesta semana, sobretudo em razão de se entender que o órgão, possivelmente aparelhado durante o governo anterior, passa por um processo de desgaste junto à opinião pública. Conforme antecipamos, com base nas posições dos próprios servidores de carreira do órgão, as medidas que o Governo Lula 3 tomou em ralação à instituição foram tímidas. Os motivos, discutimos no perfil. Não por acaso, a Abin Oficial ficou de fora do acompanhamento das investigações sobre a Abin Paralela. 

Editorial: Queiroga festeja segundo lugar na pesquisa de intenções de voto para a Prefeitura de João Pessoa.



O ex-Ministro da Saúde do Governo Bolsonaro, Marcelo Queiroga, comemorou bastante o resultado da pesquisa do Instituto Veritá, divulgada recentemente, onde ele aparece em segundo lugar na disputa pela Prefeitura de João Pessoa, atrás do atual gestor, Cícero Lucena, que concorre à reeleição. Há motivos para a comemoração? Sim. Trata-se de uma boa performance, principalmente para alguém com o perfil do ex-ministro que, salvo melhor juízo, não teria experiência em disputar eleições. 

Assim como ocorre no Rio de Janeiro, a engenharia eleitoral naquela capital é um pouco complicada, uma vez que há mais de um candidato que poderia conquistar o eleitorado de perfil conservador. O próprio prefeito, Cícero Lucena, filiado ao Progressistas, não tem um perfil muito nítido de identificação com o eleitorado tipicamente de esquerda. Uma parcela de seu eleitorado é de perfil conservador e, quiçá, até simpático ao bolsonarismo. No Rio, Eduardo Paes, apoiado pela esquerda, não esquece de flertar com atores políticos de perfil conservador, o que talvez esteja impedindo o avanço do bolsonarismo, permitindo que ele feche a fatura ainda no primeiro turno.  

A missão de Queiroga, se deseja continuar competitivo na disputa,  seria a de consolidar esse eleitorado bolsonarista, e, de preferência, adentrar junto a um eleitorado conservador, não necessariamente bolsonarista. Por razões óbvias, ele não teria como penetrar junto ao eleitorado de esquerda. Cícero, por sua  vez, não teria as mesmas dificuldades. Possui o apoio dos socialistas do PSB e, por muito pouco, não contou com o apoio do PT, que lançou um candidato próprio, o deputado estadual Luciano Cartaxo. 

A pesquisa do Instituto Veritá foi realizada no período de 10 a 14 de junho, ouviu 1,202 pessoas, tem uma margem de erro de 3,5 p.p e índice de confiabilidade de 95%. Registro PB-07225\2024. Veja os números: 

Cícero Lucena 27,9%

Marcelo Queiroga 19,5%

Luciano Cartaxo  14,8% 

Editorial: O debate que interessa ao país na segurança pública.



Já faz algum tempo que as coisas não andam bem na nevrálgica área de segurança pública no país. Perfeitamente compreensível, portanto, que este tema domine as preocupações dos eleitores no tocante às próximas eleições municipais. Aqui no Recife, prefeito bem avaliado, liderando as pesquisas de intenção de voto, João Campos(PSB-PE) já prometeu que cogita da possibilidade de armar a guarda municipal, tomando algumas medidas que possam se antecipar aos eventuais problemas. 

O Estado de Pernambuco ostenta hoje um dos maiores índices de violência do país, como decorrência, em parte, de uma mudança geográfica de atuação do crime organizado, hoje bastante ativo na região Nordeste. Os três Estados mais violentos do país hoje estão concentrados nesta região, conforme indicadores do Atlas da Violência. Até recentemente, depois de provocado, o Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski veio a público para informar as providências de sua pasta sobre o combate ao crime organizado, informando que o assunto tem sido tratado como prioritário.

Estamos tratando aqui, naturalmente, de uma questão complexa. Não é tão simples diminuir os índices de violência, a começar pelo grau de comprometimento das próprias instituições policiais de Estado com o crime organizado. Dificilmente uma operação coordenada pelo Ministério Público e pela força tarefa do GAECO não envolve o cumprimento de mandados de prisão e buscas e apreensão contra uma penca de pseudos agentes policiais envolvidos em maracutaias, seja com a milícia, seja com o crime organizado, se é que ainda se pode fazer alguma distinção por aqui.

Outro gravíssimo problema diz respeito à absoluta ausência de consensos entre Governo e Oposição no tocante a esta questão. Matreiramente, a Oposição torce para que o Governo Lula 3 se enrede neste problema, assim como adota procedimentos adversos em algumas instâncias - como os governos estaduais sob o seu controle - que vão numa linha diametralmente opostas às políticas federais de enfrentamento do problema. 

Neste contexto de animosidades e divergências evidentes, por inúmeras razões, o ator político hoje mais emblemático para se acompanhar esse verdadeiro cabo de guerra seja mesmo o Secretário de Segurança Pública de São Paulo, o capitão Guilherme Derrite, bolsonarista raiz, filiado ao PL, deputado federal licenciado, que voltou à carga contra o Governo Lula 3, durante a última reunião da CPAC em Santa Catarina. Derrite foi o relator da PEC da Saidinha. Segundo especula-se seus projetos políticos são bem ambiciosos, como a disputa de uma cadeira de senador nas eleições de 2026.