segunda-feira, 26 de agosto de 2024
domingo, 25 de agosto de 2024
Editorial: A política brasileira em maus lençóis.
O ator francês, Alain Delon, morto recentemente, deixou uma declaração polêmica sobre seus últimos momentos neste plano. Falas assim sempre causam um forte impacto, geralmente negativo. Não foi diferente em relação ao ator francês, bastante criticado por suas declarações, onde ele observava que, passar mais tempo por aqui, talvez não valesse a pena. No dia ontem, tivemos o prazer de acompanhar uma palestra com um professor que admiro bastante, que sempre esteve ocupando um espaço privilegiado em nosso apreço, uma espécie de bússola teórica. Ali ele apontava para uma aliança perniciosa entre determinados segmentos sociais, com o potencial de destruir a política brasileira.
Já imaginávamos que isso estivesse ocorrendo, a julgar pelos recorrentes processos explícitos de assédios morais dentro das repartições públicas brasileiras nos últimos anos. As chefias, que deveriam proibir esses abusos, integravam, na realidade, uma rede de conivência, permitindo tais licenciosidades. Bastava o indivíduo ser identificado contra a engrenagem do bolsonarismo para tornar-se vítima de perseguições, de inquéritos administrativos e expedientes congêneres. Várias instituições públicas enfrentaram esses problemas, principalmente aquelas onde era necessário cercear suas ações para a boiada passar. Ocorreu uma espécie de banalização dessas práticas. O mais espantoso é que a máquina continuou moendo, mesmo sobre a égide de um novo governo, de onde se conclui que a semente do mal não foi abolida. A erva daninha viceja. Ou o governo anterior não reuniu condições de extirpá-la ou tornou-se conivente com esses abusos, o que é mais grave. Instituições "aparelhadas" durante o bolsonarismo permanecem aparelhadas.
Há uma aliança perniciosa entre grupos religiosos pentecostais e neopentecostais, a extrema ou ultradireita, facções do crime organizado, grupos milicianos e pseudos agentes de Estado ligados aos aparelho repressor. O amálgama de tudo isso é este fenômeno da economia da atenção, sob a égide da ideologia da prosperidade. Uma prosperidade até por caminhos tortuosos, como já se percebeu na engrenagem que une grupos evangélicos e facções, ou seja, a lavagem de dinheiro. O circuito do mal está completamente fechado, mesmo com alguns evangélicos achando que ainda vão para o céu, diante de tantos pecados. Os danos produzidos pelos quatro anos do bolsonarismo não mudaram em nada este cenário. A engrenagem continua moendo. Como disse Steve Bannon recentemente, nós ainda vamos sentir saudade de Donald Trump. Alguém consegue imaginar isso? Abriram as portas do inferno para fazermos o "M".
Editorial: A difícil missão do PT em Belo Horizonte.
Alguém nos chamou a atenção para a situação complicada do PT em Belo Horizonte, cidade das mais importantes, capital de um estado com o poder de decidir uma eleição presidencial. O candidato do PT naquela cidade, o deputado federal Rogério Correia, não aparece bem nas pesquisas de intenção de voto até aqui realizadas. Está embolado, num segundo pelotão, distante do apresentador Mauro Tramonte, que lidera até este momento. Tramonte é filiado ao Progressistas, partido que, em tese, é da base aliada do governo. Só me tese, como se sabe. pois, a princípio, a Executiva Nacional da legenda endossa o nome de Rogério Correia, que espera que o apoio de Lula possa alavancar sua candidatura.
Os murmurinho dos bastidores advertem, no entanto, sobre a possibilidade de o partido rever esta situação, preocupado, sobretudo, com o projeto de Lula 2026. A renovação do contrato de locação do Palácio do Planalto passa, necessariamente, pelas Alterosas. Outra possibilidade seria trabalhar a desistência de alguns nomes aliados que estão na disputa, a exemplo da deputada federal Duda Salabert, do PDT. A noticia menos ruim é que a disputa está embolada, indicando a possibilidade concreta de um segundo turno. Mauro Tramonte aparece com 27% das intenções de voto, mas, logo em seguida, aparece um segundo pelotão pontuando em média com 10% das intenções de voto.
Duda Salabert pontua com 12% das intenções de voto, embora conte com uma taxa de rejeição expressiva, 27%. Rogério Correia aparece no Datafolha com 7% das intenções de voto. O mais sensato, neste caso, seria o PT encampar o projeto de fazer da deputada a prefeita de Belo Horizonte. Rogério, no entanto sempre esteve com o prestígio em alta na legenda. É um fiel escudeiro do lulismo.
sábado, 24 de agosto de 2024
Editorial: Justiça determina suspensão das redes sociais do candidato Pablo Marçal.
A incrível ascensão do candidato Pablo Marçal nas pesquisas de intenção de voto realizadas nos últimos dias está produzindo um desnorteamento entre os seus adversários. O objetivo deles, neste momento, se traduz no uso de determinadas estratégias para impedir o seu crescimento como postulante à Prefeitura de São Paulo. Os recursos jurídicos ou denúncias sobre os seus métodos integram esse arsenal contra o coach. Segundo o Datafolha e o Paraná Pesquisas, o empresário conseguiu embolar o jogo da disputa, ficando num empate técnico entre Ricardo Nunes(MDB-SP) e Guilherme Boulos(PSOL-SP), assim como consegue bloquear as expectativas de crescimento de nomes como de Tabata Amaral(PSB-SP)e do apresentador José Luiz Datena(PSDB-SP).
No momento, são todos contra Marçal. A exceção aqui é para a candidata do Novo, Marina Helena, sempre poupada pelo empresário no uso de sua metralhadora giratória. Marina Helena também disputa o voto bolsonarista, mas sem chance se substituir o empresário entre os eleitores bolsonaristas, o que, possivelmente, o leva a concluir que um eventual crescimento da candidata do Novo seria mais prejudicial aos seus concorrentes e não a ele. Hoje, dia 24, atendendo a uma solicitação do PSB, a Justiça Eleitoral determinou a suspensão de todas as redes sociais do candidato. A decisão ainda cabe recurso.
Nossa impressão é que isso não altera significativamente o cenário. Fica evidente que os adversários não sabem ainda como enfrentar o empresário. O que está em jogo é a colonização da politica pela economia da atenção. E na economia da atenção, o empresário é hegemônico. É quase certo que ele já teria alternativas para enfrentar tal proibição. Marçal é reflexo desses tempos sombrios que o país experimentou com a ascensão da extrema-direita ao poder. Nossa única chance é a tomada de consciência do eleitorado no momento de sufragar o seu voto na urna eletrônica. Sonos políticos costumam produzirem os seus monstros.
sexta-feira, 23 de agosto de 2024
Editorial: Paraná Pesquisas confirma Datafolha. Cenário embolado em São Paulo.
Crédito da Foto: Bruno Santos\FolhaPress. |
Hoje, 23, foi divulgada mais uma pesquisa sobre a disputa eleitoral em São Paulo. Havia uma grande expectativa em torno do assunto, uma vez que a pesquisa do Instituto Datafolha produziu um rebuliço na disputa. Rebuliço em todos os sentidos. No que concerne aos resultados apresentados, que mostram mudanças substantivas na dinâmica da disputa, assim como no que concerne às analises acerca dos motivos pelos quais se verificou uma ascendência vertiginosa do influencer Pablo Marçal nas intenções de voto.
Hoje foi iniciada uma verdadeira batalha campal pelas redes sociais no sentido de desconstruir a imagem de Pablo Marçal. Não sei se os seus adversários terão algum êxito por aqui. Os "cortes" também estão vindo do outro lado, na mesma capacidade de artilharia, com miras específicas e certeiras. É a mesma estratégia utilizada por Trump, nos Estados Unidos. Mal o adversário consegue se explicar sobre uma fake news e já existe uma outra delas circulando. No final, atinge-se o objetivo, uma vez que o caboclo acaba não se recuperando do trampo. Quando a justiça vem julgar todas as demandas, a eleição já tem terminado.
Bem azeitado nas redes sociais, não faltará munição ao empresário. Isso é qualquer coisa, menos politica, mas, até o eleitorado tomar consciência sobre os fatos, o estrago já foi feito. Como afirmamos na última postagem, os danos institucionais, democráticos, civilizatórios, ambientais e de saúde pública produzidos pelo bolsonarismo ainda não foram suficientes. Se Marx estivesse vivo, certamente diria que a economia da atenção tornou-se o novo ópio do povo.
O xadrez político das eleições municipais de 2024 no Recife: Nem sob o aquecimento do início da campanha, João derrete.
No dia de ontem, 22, foram divulgados os números das pesquisas realizadas pelo Instituto Datafolha, em todo o Brasil, procurando inferir sobre as intenções de voto em relação às próximas eleições municipais de outubro. Este editor gosta muito de simbolismos. Mantendo uma situação bastante confortável em relação à avaliação de sua gestão, o prefeito do Recife, João Campos(PSB-PE), levou um repórter a se perguntar se ele seria uma neve que não derrete. A referência do repórter dizia respeito ao fato de, durante o carnaval que passou, o prefeito ter "nevado" ou seja, pintado a cabeleira de louro, algo que alcançou grandes repercussões nas redes sociais.
Pelo andar da carruagem politica, agora concorrendo à reeleição, sugere-se que, de fato, a neve não derrete. Nem sob o aquecimento dos adversários no início da campanha. A pesquisa do Datafolha traz o socialista ostentando uma folgada dianteira em seu projeto de continuar como inquilino do Palácio Capibaribe. João aparece ali com 76% das intenções de voto, possivelmente a melhor performance entre os candidatos que disputam a gestão de capitais no país, com possibilidades reais de liquidar a fatura ainda no primeiro turno. É tudo o que os seus adversários presentes e futuros não desejariam, mas está difícil derreter esta neve.
Mais de 60% da população recifense aprova a sua gestão. Sua taxa de rejeição é de apenas 7%, o que significa dizer que o gestor encontra-se em céu de brigadeiro. O Recife tem problemas? Sim. Muitos, mas a população parece ter dado um crédito a quem, de fato, mostrando serviços a pólis. Um outro dado que precisa ser melhor investigada depois dessas eleições é o papel da economia da atenção numa eleição. O prefeito mantém os melhores escores nas redes sociais. No nosso perfil na plataforma Privacy publicamos um texto onde tratamos deste assunto. Pode ser acessado por aqui.
Editorial: Um tsunami antipolítica chamado Marçal.
Em entrevista recente, o guru da extrema-direita, Steve Bannon, afirmou que o que vem por aí nos levará a sentir saudades de um Donald Trump. A ascensão do candidato Pablo Marçal na disputa pela prefeitura de São Paulo, fato verificado nesta última pesquisa do Instituto Datafolha, publicada no dia de ontem, 22, sugere que o ex-assessor da Casa Branca é um homem de extrema clarividência, independentemente de outros julgamentos. Sugere que o brasileiro não aprendeu nada com a experiência traumática produzida pelos quatro anos do bolsonarismo, onde descemos alguns degraus na escala civilizatória.
Não vamos entrar aqui na biografia do candidato Pablo Marçal, mas vale a advertência sobre o cidadão que pretende sentar na cadeira do Edifício Matarazzo. Estamos tratando aqui com algo mais radical do que o bolsonarismo. Os escores levantados pelos institutos Atlas\Intel e Datafolha, de alguma forma, já haviam sido antecipados por este editor, que sempre enfatizou que teríamos mudanças substantivas na dinâmica competitiva do pleito paulista, depois do debate promovido pela Rede Bandeirantes. Marçal já aparece tecnicamente empatado com Nunes e Guilherme Boulos.
Hoje, um dia depois da publicação da pesquisa, as redes sociais ligadas ao candidatos Guilherme Boulos tentam informar à população sobre com quem estamos lidando. Isso só ajuda o candidato a continuar ocupando o primeiro lugar no Trending Topics do Twitter. A contraposição dos bolsonaristas também é inócua e não ajuda muito , porque Pablo Marçal é aquele bolsonarista dos sonhos dos bolsonaristas. Entramos numa enrascada política dos diabos, uma vez que, quem deveria realizar essa clivagem, o eleitorado, mostra-se entorpecido, seduzido e fascinado pelo canto da sereia. Num ensaio intitulado O fascinante fascismo, a escritora americana Susan Sontag, discute os mecanismos utilizados por este agrupamento político para seduzir as massas. A economia da atenção faz hoje o que Leni Riefenstahl fazia no passado. Para aprofundar um pouco mais essas discussões, sugerimos o nosso perfil na Privacy.
quinta-feira, 22 de agosto de 2024
Editorial: Bolsonaristas contra bolsonaristas.
Nos últimos dias passaram a circular na imprensa posicionamentos de notórios bolsonaristas contra o empresário Pablo Marçal. Esta cizânia entre bolsonaristas é apontada por um consultor do Instituto AtlasIntel como um dos motivos que podem explicar a ascensão do coach na última pesquisa realizada sobre as intenções de voto para a Prefeitura de São Paulo, onde ele pontua com 16,3%, conforme levantamento do próprio Instituto. Vamos fazer uma afirmação por aqui. Os métodos utilizados na campanha pelo coach o aproximam irremediavelmente do bolsonarismo. Mais ainda: Se o prefeito Ricardo Nunes depender do voto bolsonarista para renovar o contrato de locação com o Edifício Matarazzo, estará encrencado, conforme sugerem o momento difícil que ele experimenta nas últimas pesquisas.
Como diria Steve Bannon, em entrevista recente, num exercício de futurologia, quando faz referência ao fato de que sentiríamos saudades de Donald Trump, o coach pode ser algo mais radical do que o bolsonarismo tradicional. Ele é a incorporação da negação da política em última instância. Uma espécie de pós-bolsonarismo. Segundo alguns analistas observam, não sem alguma razão, os planos do rapaz vão muito além do Edifício Matarazzo. Marçal passou a ser um bolsonarista que incomoda o bolsonarismo, mas será inútil os bolsonaristas lançarem uma cruzada contra ele.
Recentemente, o ex-presidente Jair Bolsonaro chegou a afirmar que ele estava mentindo. Eduardo Bolsonaro, no dia de ontem, criticou a sua ausência num programa de um canal de um notório bolsonarista. A estratégia do coach, segundo se presume, seria eximir-se das perguntas embaraçosas sobre os corredores da capital federal. Nem ele se arriscaria a tanto. Para mais análise sobre as eleições em São Paulo, assinem o nosso perfil da Privacy por aqui.
Editorial: Afinal, quem são os nossos "Gargantas Profundas".
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Crédito da foto: The New York Times. |
Os leitores mais atentos já devem ter percebido que passamos a evitar tratar de determinados assuntos por aqui. A julgar como procedentes o que anda sendo revelado pelos nossos gargantas profundas tupiniquins, todo o cuidado ainda é pouco. Tempos bicudos esses que o país atravessa. São fake news, factoides, denunciações caluniosas, insegurança jurídica, tudo junto e misturado. O desregramento jurídico tornou-se a regra. Não espanta que até ator pornô tenha sido inserido nesses enredos nebulosos. É tudo por fora, ao arrepio do Estado Democrático de Direito.
Na década de 70, nos Estados Unidos, uma desavença em torno da indicação do diretor do FBI, derrubou o presidente Richard Nixon. O garganta profunda Mark Felt, então preterido por Nixon para assumir a chefia do órgão, expôs a dois repórteres do The Washington Post, o enredo das ilegalidades do comitê de reeleição de Nixon, que usava agentes públicos para realizarem atividades ilegais de escuta no Partido Democrata, o que ficaria conhecido como o Escândalo Watergate.
No Brasil estão à procura do nosso "Garganta Profunda". Algo sugere, no entanto, que nós não temos um, mas vários gargantas profundas. No curso da Operação Lava Jato, por exemplo, há um cidadão que já admitiu ter sido usado com tal finalidade, ou seja, colher informações ilegais dos implicados que estavam sendo investigados. Fala-se até numa festa da cueca. Mais informações sobre os escaninhos da política nacional, assine o nosso perfil por aqui.
quarta-feira, 21 de agosto de 2024
Editorial: Atlas\Intel divulga primeira pesquisa após o debate da Band.
Finalmente, a primeira pesquisa após o tumultuado debate organizado pela Rede Bandeirantes entre os candidatos que concorrem à Prefeitura da Cidade de São Paulo. Para este editor, nenhuma surpresa com os números apresentados, uma vez que, por mais de um momento, antecipamos por aqui que teríamos mudanças na dinâmica competitiva entre os concorrentes à cadeira do Edifício Matarazzo. Guilherme Boulos(PSOL-SP)segue na liderança, mas Marçal (PRTB-SP) encostou em Ricardo Nunes(MDB-SP), sendo o candidato que mais avançou desde a última pesquisa realizada pelo Instituto.
Evidente que o estilo Marçal de fazer a antipolítica produziria seus efeitos danosos no processo eleitoral paulista, impondo a necessidade de os candidatos que realmente disputam o apoio do eleitorado, atendendo os requisitos de melhor condição ou preparo, conduta ilibada e o melhor programa para gerir a maior metrópoles do país repensem imediatamente as suas estratégias de campanha concedia no escopo da política. Com a entrada de Pablo Marçal na disputa, infelizmente, não é apenas isso que está em jogo.
É isso ou a economia da atenção irá colonizar a política. Ninguém com um perfil melhor do que Pablo Marçal para fazer este serviço. Já temos um exemplo bem pertinho, aqui na Argentina. O Instituto Atlas\Intel ouviu 1.803 pessoas, entre os dias 15 e 20 de agosto, e a pesquisa está registrada no TSE\SP sob o protocolo SP-02504\2024. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Para uma análise mais detalhada deste pesquisa, recomendamos aos leitores de assessores assinarem o nosso perfil da Plataforma Privacy por aqui. Eis os números.
Guilherme Boulos(PSOL) - 28,05%
Ricardo Nunes( MDB) - 21,8%
Pablo Marçal (PRTB) - 16,3%
Tabata Amaral(PSB) - 12%
José Luiz Datena(PSDB) - 9,5%
Marina Helena (Novo) - 4, 3%
Editorial: A antipolítica de Pablo Marçal.
A postura do empresário Pablo Marçal no primeiro debate programado pela Rede Bandeirantes de Televisão levou três dos principais concorrentes à Prefeitura de São Paulo a desistirem de participar do debate seguinte, desta vez organizado pela revista Veja. Salvo melhor juízo, por quatro vezes a Justiça Eleitoral concedeu direito de respostas nas redes sociais do empresário, depois das acusações contra o deputado federal Guilherme Boulos, do PSOL. Nada mudou deste então na estratégia adotada por Pablo Marçal, conforme havíamos previsto por aqui. Inclusive durante o debate da Veja o empresário chegou a insinuar que teria novas revelações a fazer sobre o candidato Guilherme Boulos.
De imediato, Marçal produz um estrago tremendo na política, ao afugentar os concorrentes de um dos principais fóruns de discussões e propostas para o enfrentamento dos problemas da pólis. Marçal faz uma espécie de antipolítica e os candidatos que ainda fazem politica terão que se desdobrarem em estratégias para não permitirem esse tipo de comportamento caracterizado pela fuga do confronto, o que só ampliam as possibilidades de êxito do empresário, uma vez que ainda não temos um eleitorado suficientemente esclarecidos para repelir esses tipos de antipolíticos. A ausência não deixou de ser explorada por Pablo Marçal.
Veja-se o caso da Argentina, por exemplo, veja-se o caso dos Estados Unidos. E, por falar nos Estados Unidos, numa entrevista recente, o guru Steve Bannon observou que ainda vamos sentir saudades do Donald Trump, ou seja, o que vem por aí é muito pior no contexto das tessituras engendradas pela extrema-direita, alicerçada na economia da atenção, algo que está destruindo completamente a política. Um espectro perigoso ronda a pólis. Em Santa Catarina já existe até caricatura de Javier Milei disputando vaga na câmara de vereadores. No último debate da Veja, Pablo insinuou que os candidatos ausentes teriam participado de um jantar num restaurante, com o propósito de ajustarem a não participação no debate. Não houve o jantar. Datena, inclusive, confirmou que deixou de comparecer por orientação do seu marqueteiro. Pensando bem, está na hora de ocorrer esse jantar. O cardápio? Como salvar a política.
Para um maior aprofundamento sobre os rumos das próximas eleições municipais, assinem o nosso perfil da Plataforma Privacy, que pode ser acessado por aqui. Neste semana iniciamos uma série sobre o que se espera de um prefeito.
terça-feira, 20 de agosto de 2024
Editorial: Ausências de Boulos, Nunes e Datena prejudicam debate da Veja.
A princípio, as ausências dos candidatos Ricardo Nunes(MDB-SP), José Luiz Datena(PSDB-SP) e Guilherme Boulos(PSOL-SP) foi apresentada como algo articulado em conjunto, ou seja, um acerto entre as assessorias desses postulantes à Prefeitura de São Paulo, motivada, sobretudo, em razão dos contratempos ocorridos durante o debate promovido pela Rede Bandeirantes. Os candidatos acima, apesar de terem assinado um documento informando que estariam presentes, deixaram de comparecer ao debate promovido pela revista Veja, a Escola de Superior de Propaganda e Marketing e o Instituto Paraná Pesquisas. O debate foi realizado assim mesmo, com as presenças de Tabata Amaral(PSB-SP), Pablo Marçal(PRTB-SP) e Marina Helena(Novo).
A ausência de Datena, Boulos e Nunes prejudicaram sensivelmente um debate tão bem-organizado por aquele tradicional veículo de comunicação e, mais importante, impediu que o eleitor pudesse aprofundar suas análises sobre os candidatos que concorrem à cadeira do Edifício Matarazzo. Um desrespeito com o eleitorado, algo a ser muito bem repensado pelas assessorias dos candidatos. Não é porque um candidato não se comporta de forma civilizada durante esses encontros que os demais devem desistir participar dos mesmos. Há coisas bem mais sérias em jogo.
Numa entrevista, logo após o debate da Veja, o apresentador José Luiz Datena informou que deixou de comparecer não por uma combinação com os demais candidatos, mas por recomendação do seu marqueteiro de campanha, que deverá indicar agora aqueles debates aos quais ele pode comparecer. Uma pena que as eleições para a principal metrópoles do país tenha chegado a este ponto. Pelo andar da carruagem política, vamos ter um eleição marcada por um nível que não seria o ideal.
segunda-feira, 19 de agosto de 2024
Editorial: Vamos ter os próximos debates apenas com Marçal?
Situação bastante complicada, se entendermos como verídicas as informações que estão circulando pelas redes sociais. O que se especula é que candidatos como Ricardo Nunes(MDB-SP), José Luiz Datena(PSTU-SP) e Guilherme Boulos(PSOL-SP) analisam a possibilidade de não mais comparecerem aos próximos debates, em razão do comportamento beligerante do candidato Pablo Marçal, do PRTB. Antes, já tínhamos a informação relativa ao candidato Guilherme Boulos, massacrado no primeiro desses debates, organizado pela Band, depois que o empresário andou exibindo em seu rosto uma carteira de trabalho, atitude que alcançou ampla repercussão nas redes sociais.
Quem perde com isso é a nossa democracia. Onde já se viu alguém ser eleito sem discutir suas propostas com a população, ser confrontado, de forma respeitosa e republicana, ou mostrar que tem capacidade e espírito público para ocupar o cargo? Fica realmente complicado. Esses debates já chegaram aos formatos atuais exatamente para permitir que eles ocorram dentro de parâmetros civilizados, evitando, tanto quanto possível, tais descalabros entre os concorrentes. Por outro lado, seria uma missão impossível tentar demover o candidato Marçal desse comportamento. É o estilo dele. Algo que estimula seus séquitos de apoiadores nas redes sociais.
Estamos diante de um impasse. O país enfrentou um retrocesso civilizatório nos últimos anos, algo que nos levam a concluir que as clivagens do eleitorado não vão no sentido de repelir tais atitudes. Marçal ganhou disparado nas redes sociais depois das provocações e presumimos que continue bem nas próximas pesquisas de intenções de voto. Este é o dano dos quatro anos de governo de tendência autoritária, de extrema-direita, que flerta com o fascismo e atiçou a ira contra seus opositores através desses expedientes, que foram simplesmente banalizados.
Eleições 2024 - O que esperamos de um bom prefeito.
Conforme prometemos aos leitores, a partir de hoje, dia 19, estaremos levantando essas e outras discussões pelo nosso perfil da plataforma Privacy, que pode ser acessado por aqui. Elencamos uma série de pré-requisitos que devem nortear a escolha dos candidatos a prefeito pelos eleitores. Consoante o atendimento desses pré-requisitos, afunilam-se a margem de escolha dos gestores das cidades. Um dos requisitos diz respeito ao cumprimento daquilo que ele promete em campanha, como uma forma de compromisso firmado entre os candidatos e os eleitores. Neste caso, os leitores estarão nos perguntando: e se o candidato não possui experiência na gestão da polis? Ora, ele precisará demonstrar essa sua capacidade fazendo alguns deveres de casa básico, credenciando-se para tal, com o domínio de conhecimento sobre os problemas da cidade, assim como propostas para solucioná-los.
Esses assuntos serão discutidos sistematicamente pelo nosso perfil na plataforma, de maneira mais densa, permitindo que tratemos pelo blog questões de caráter mais jornalístico. As recomendações que trataremos durante essas discussões se aplicam a todos os candidatos que concorrem à prefeito em todo o país. Aqui em Pernambuco, o Jornal do Commércio tomou uma iniciativa das mais importantes, ao levantar vários problemas da cidade, onde se presume que o próximo gestor possa demonstrar sua capacidade em lidar com tais problemas. O eleitor pode avaliar suas capacidades durante os debates que estarão sendo programados ou pela propaganda gratuita pelo rádio e a televisão. É assim que se exercita a democracia.
Dando importância às propostas dos programa de governo dos candidatos - e sendo democrático com todos os participantes - um dia antes da campanha, o jornal publicou a proposta de todos os candidatos, inclusive aquela de partidos sem grande representatividade parlamentar, como é o Partido da Causa Operária. da UP, do Novo e do PSTU. Candidatos e assessores, assinem o nosso perfil e vamos discutir essas questões por ali.
domingo, 18 de agosto de 2024
Editorial: A interpretação do "sincericídio" de Jair Bolsonaro.
Na semana que passou correram rumores de que o candidato Ricardo Nunes(MDB-SP) estaria preocupado com os elogios proferidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro sobre o seu rival na disputa pela Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, do PRTB. Na mesma entrevista, o ex-presidente teria dito que Ricardo Nunes não seria o seu candidato dos sonhos, o que levou muita gente a interpretar que ele poderia desembarcar do apoio ao atual gestor da cidade para apoiar o empresário Marçal. Tudo uma questão de interpretação.
Ricardo Nunes talvez nunca tenha sido, de fato, o candidato dos sonhos do ex-presidente, o que não significa dizer que, diante da frente montada pelo prefeito, que inclui o seu PL, ele deixaria de apoiá-lo. Marçal negou que tivesse mantido uma conversa com o ex-presidente, no que foi cabalmente desmentindo por Bolsonaro, durante a entrevista concedida à CNN. Ainda nesta entrevista, Bolsonaro fez elogios à postura de Marçal como candidato, que também não significa concluir que pretenda apoiá-lo. Mais uma situação onde as narrativas podem ser distorcidas, mediante alguns interesses em jogo.
Com as barbas ralas de molho, o prefeito Ricardo Nunes, por dúvidas das vias, conversou com o governador Tarcísio de Freitas no sentido de envolver de imediato o ex-presidente em sua campanha, possivelmente antes do previsto. Outro fator que preocupa é a predisposição do eleitorado bolsonarista em fazer o "M".
Editorial: Boulos cai na armadilha de Marçal e reavalia ida aos próximos debates.
Seria um desserviço a ausência de um candidato ao debate, sempre que facultado este espaço pelos organizadores. Num pleito como o de São Paulo, se o candidato é Guilherme Boulos(PSOL-SP), então, a ausência toma ares de irresponsabilidade com a população da capital que, dentro de parâmetros republicanos, precisa conhecer as propostas dos candidatos para os destinos da pólis. Recentemente, andou circulando a informação de que Lula teria aconselhado Boulos sobre como se comportar em relação ao candidato Pablo Marçal (PRTB-SP). Possivelmente os conselhos foram no sentido de que o psolista não deveria ter cedido às provocações do adversário, algo que rendeu bastante nas redes sociais.
Aliás, a repercussão sobre a carteira de trabalho nas redes sociais atendia essencialmente à estratégia elaborada por Marçal. Deu certo, embora não se conheça, até o momento, o tamanho do estrago produzido. Difícil não reagir a determinadas provocações. Lula, inclusive, não seria o melhor conselheiro neste sentido. É bastante lembrarmos o seu nervosismo com as provocações do padre Kelmon num dos últimos debates presidenciais. A essa altura do campeonato, depois de avaliar o desgaste produzido, o staff de campanha de Boulos deve estar se perguntando o que o coach Marçal deve está planejando para o próximo debate.
A informação de que Boulos cogita sobre tal possibilidade de não comparecer aos próximos debates está na coluna Radar, da revista Veja, assinada pelo jornalista Robson Bonin. É pouco provável que o candidato Pablo Marçal mude sua estratégia, que tem na repercussão nas redes sociais um dos seus principais alicerces. Aliás, se Pablo Marçal for bem-sucedido nessa estratégia, seria um bom momento para analistas se debruçarem sobre o real papel das redes sociais numa campanha política. A julgar pelas sondagens do Datafolha, avaliando as tendências de voto através de uma estratificação do eleitorado, Pablo Marçal começa a preocupar os concorrentes.
sábado, 17 de agosto de 2024
Editorial: Foi dada a largada para as eleições municipais deste ano.
Com regras bem estabelecidas pela Justiça Eleitoral, que mais uma vez deve ser rígida no que concerne à sua observância ou cumprimento, foi dada a largada da próxima eleição municipal de 2024. No dia de ontem já foi possível observar uma intensa movimentação de candidatos por todo o país e, desta vez, sem se descuidar das redes sociais, que se torna um espaço estratégico no processo eleitoral. Uma de nossas postagens tratando deste assunto aqui pelo blog tornou-se a mais lida pelo público. Alguns cientistas políticos abominam a ideia de que uma eleição possa ser decidida pela força do engajamento do candidato nas redes sociais.
Num raciocínio republicano, seria até salutar que eles tivessem total razão em torno do assunto. Como alguém pode ser eleito através de fake news ou factoides gerados pelas redes sociais, sem que apresente algum programa de governo consistente ou tenha seriedade e credibilidade em suas intenções, observadas pelo eleitor através de outros filtros, digamos assim? Nas eleições presidenciais de 2016 as redes sociais cumpriram um papel crucial para a eleição de Jair Bolsonaro. Nessas eleições, um candidato que concorre a prefeito da maior metrópoles brasileira, aposta todas as suas fichas no engajamento das redes sociais.
Fato é que seus principais oponentes estão sensivelmente preocupados com a sua ascensão nas pesquisas de intenção de voto. Nenhuma pesquisa foi publicada depois dos últimos debates, mas o DataFolha andou prospectando o comportamento dos chamados "nichos" eleitorais, ou seja, como votam os evangélico, o rico, o pobre, as mulheres, etc. Essa estratificação da tendência de voto dos eleitores sugere ter preocupado a assessoria dos principais concorrentes ao pleito. Um deles já está sugerindo que Bolsonaro entre desde já na campanha, sobretudo depois de seus elogios ao candidato Pablo Marçal, aquele de maior engajamento nas redes sociais.
Editorial: Câmara aprova PEC que limita decisões monocráticas do STF.
Estamos aqui diante de uma queda de braços entre os Três Poderes, algo com potencial de produzir consequências preocupantes para o país. O STF endossou, por unanimidade, uma medida do Ministro Flávio Dino que impõe limites às emendas impositivas e às chamadas emendas PIX. Logo em seguida, a Câmara dos Deputados aprovou uma PEC que impõe limites às medidas monocráticas tomadas pela Suprema Corte. A margem de manobra do Legislativo não se encerra por aí. Não sabemos se esta PEC trata especificamente deste assunto, mas os rumores são no sentido de que a autonomia em relação a essas emendas sejam preservadas a despeito das decisões tomadas pelo STF. Ou seja, haveria mais PEC's a serem desengavetadas.
Diante de uma fala de Lula advogando que seria insensato que o Executivo perdesse suas prerrogativas no tocante ao Orçamento da União, sugerem os parlamentares a possibilidade de haver aqui uma articulação entre o Executivo e o Judiciário. Faz algum tempo que estamos diante de uma engenharia política esquizofrênica. Desarticulado, sem base de sustentação confortável e lidando com uma oposição sensivelmente hostil, o Executivo se arranja como pode. Os expedientes do presidencialismo de coalizão, historicamente precários, já não dão conta do momento político difícil que o país atravessa. Há quem diga que, diante do descalabro do momento atual, o modelo de governança anterior, tão criticado, até deixou saudades.
Admitir tal hipótese seria uma blasfêmia entre os cientistas políticos, mas estes estão na academia. No corpo a corpo da realpolitik as coisas são bem diferentes. Por enquanto, os petardos da reação estão sendo lançado para a Corte. A essa altura do campeonato, o Governo Lula já deve estar com as barbas de molho, avaliando as consequências de ter cutucado o diabo com vara curta.
sexta-feira, 16 de agosto de 2024
Editorial: "Efeito Marçal" preocupa equipe de Ricardo Nunes.
Por enquanto, o candidato Pablo Marçal(PRTB-SP), tem focado suas baterias contra o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, que já chegou ao limite com as provocações do empresário. Possivelmente nenhum candidato se sente completamente seguro em enfrentar um candidato que usa de um estratagema novo, agressivo, debochado, alicerçado em seu suporte nas redes sociais, quase sem propostas ou com proposições mirabolantes para gerir os destinos dos paulistenses, como a construção de um edifício que seria o mais alto do mundo - sabe-se lá com que utilidade - ou mesmo a adoção dos teleféricos para o transporte de trabalhadores para os seus locais de trabalho, como ocorre em algumas cidades colombianas.
No último debate organizado pelo jornal O Estadão e pelo Portal Terra, de forma deselegante, ele passou todo o tempo praticamente esfregando uma carteira de trabalho no rosto do candidato do PSOL. Isso, longe de levar à reflexão e indignação dos eleitores, apenas ampliou seus escores nas redes sociais, que passaram a reproduzir a cena de forma orquestrada, indicado que ele sabe como mobilizá-las. Dizem que até o ex-presidente Jair Bolsonaro andou elogiando o empresário, o que passou a preocupar o staff político do candidato do MDB, Ricardo Nunes. Pesquisas recentes sugerem que Pablo Marçal pode crescer junto ao eleitorado bolsonarista.
O prefeito, que concorre à reeleição, andou conversando com o governador Tarcísio de Freitas e com o deputado federal Nikolas Ferreira, em encontro no Palácio Bandeirantes, sede do Governo de São Paulo, onde ficou ajustado que o capitão pode entrar na campanha mais cedo do que se esperava, assim como o Nikolas Ferreira. Segundo informações das coxias, o deputado afirmou que pode ajudar, mas teria se recusado a gravar algum vídeo com tal finalidade.
Editorial: Congresso entra com recurso contra medida de Flávio Dino.
Não há perspectivas de trégua entre os Três Poderes da República. Ao contrário, as rusgas entre eles se tornaram rotineiras a partir de um determinado momento, sem que se vislumbre algum aplainamento no curto prazo. No dia de ontem, após longas discussões em torno de medida recente do STF sobre as chamadas emendas impositivas - ou PIX, se os leitores preferirem - vetando tais liberações até que sejam estipuladas normas sobre a sua prestação de contas, o presidente Lula se posicionou sobre o assunto, argumentando que considera razoável que o Executivo não perca sua prerrogativa de gerir os recursos do orçamento da União.
Agora é o Legislativo que, praticamente uníssono, se volta contra a medida através de um recursos ao próprio STF, que deve ser analisado pelo pleno da Suprema Corte. Já seria previsível que a medida do Ministro Flávio Dino produzisse uma espécie de tsunami corporativo no Legislativo. Dificilmente vamos construir algum consenso por aqui, conforme enfatizamos no texto de ontem. Medida das mais salutares, que visa o mínimo de transparência sobre o uso dos recursos públicos, a medida do Ministro Flávio Dino produziu a ira, num ambiente onde o que talvez menos importa sejam as questões de natureza republicanas.
Seja lá qual for o resultado dessa queda de braços, a medida tomada pelo Ministro Flávio Dino visa proteger o interesse público e, como tal, deve merecer o reconhecimento da sociedade brasileira. O Legislativo, antes de se pautar pela tese da eventual extrapolação de poderes, deveria mesmo e orientar suas ações pelos princípios que norteiam o serviço público, publicidade dos seus atos e transparência entre eles.