O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, por 13 votos a 5, recomendou a cassação do deputado federal do PSOL, Glauber Braga. Ainda há outras tramitações pela frente, como um recurso junto à Comissão de Constituição de Justiça e a votação em plenário. Neste momento, o deputado entrou em greve de fome como forma de protestar contra o ocorrido. No dia de ontem, 9, foi a vez do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, apresentar-se à Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados. Infelizmente, não tivemos a oportunidade de acompanhar os debates, mas todos os indicadores apontam para as dificuldades de aprovação da PEC da Segurança Pública, em razão do grau de discordâncias entre Governo e Oposição sobre o assunto. Hugo Motta até sugeriu que daria uma força, mas, possivelmente não será suficiente.
Não há consenso mínimo possível por aqui e isso vai se arrastar até às eleições presidenciais de 2026, quando a oposição irá explorar essa vulnerabilidade do Governo Lula 3 em enfrentar o problema nas urnas. Estamos tratando aqui de óleo e água, duas substâncias que não se misturam. Segundo as pesquisas tem apontado, a segurança pública tornou-se o maior problema do país e, como já afirmamos antes, temos muitos candidatos a Nayib Bukele por aqui. A agenda do Governo Lula acerca desta questão é incongruente com o que a Oposição, principalmente a Bancada da Bala, pensa sobre o assunto. Soma-se a isso os entes federados governados pela Oposição, que já tomam iniciativas em conjunto para combater principalmente o crime organizado, ampliando este hiato.
É neste contexto de profundo acirramento de ânimos que transcorreu a analise do pedido de cassação do mandato do deputado Glauber Braga, um dos parlamentares mais combativos da Câmara dos Deputados. O sistema, mesmo os podres, tem os seus limites e Glauber parece que cruzou essa linha ao apontar os graves equívocos de alguns pares. Glauber se conhece bem e já disse que não irá se curvar. Mas é preciso conhecer também o potencial dos seus inimigos. Talvez seus parâmetros não tenham sido bem calibrados por aqui, conforme aconselhava Sun Tzu.
Derrotas são previsíveis em situações assim. A Folha sugere que houve manobra regimental até do atual Presidente da Câmara, Hugo Motta, em desfavor do deputado Glauber. No dia ontem, parlamentares bolsonaristas estavam em estado de graça, comemorando a vitória no Conselho de Ética, que já vetou a cassação do deputado Chiquinho Brazão. Pelo andar da carruagem política, não seria improvável, infelizmente, a perda do mandato de um dos parlamentares mais atuante, altivo, íntegro, que honra cada voto recebido dos seus eleitores. Uma pena. Uma desonra para as nossas instituições.
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