pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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quarta-feira, 26 de março de 2025

Editorial: Oposição obstrui pauta como protesto contra julgamento de Bolsonaro.



Em certa medida, o julgamento de Bolsonaro já começou. Com a aceitação da denúncia encaminhada pela PGR, algo tido como certo, ele se torna réu e vai ao julgamento efetivo. Neste momento, está sendo apreciada a denúncia da PGR, aqui incluso, além de Jair Bolsonaro, oito pessoas que formavam o núcleo crucial da tentativa de golpe, conforme denominação da própria PGR. Deste grupo, apenas Bolsonaro esteve presente à sessão do STF, coordenado por integrantes da primeira turma, acompanhado de alguns aliados, a exemplo do deputado federal pelo Rio Grande do Sul, Luciano Zucco. 

Agora há pouco ficamos sabendo que a oposição resolveu, como protesto, obstruir a pauta legislativa, com exceção apenas para a Comissão de Segurança Pública, a comissão da Bancada da Bala. Tivemos alguns cantratempos com partidários do ex-presidente e do advogado de um dos implicados, Filipe Martins, o desembargador Sebastião Coelho, que também tentou adentrar o recinto, mas foram impedidos, em razão das formalidades que não foram cumpridas. Há alguns meses escrevemos um editorial acerca dos eventuais danos da prisão desse núcleo golpista, com ramificações políticas e militares nada desprezáveis. Seria algo inédito no país encarcerar atores com tal plumagem. Algo como um teste da saúde de nossas instituições democráticas.  

Os militares envolvidos se queixam que estão sendo abandonado pelos pares, o que se constitui num indício de que a cúpula militar talvez tenha lavado as suas mãos, a exemplo de Pôncio Pilatos. Tribunais militares tem manifestado apoio às ações do STF, o que se constitui num outro indicador de que a sorte dos envolvidos pode ter sido lançada. São indícios ainda insuficientes, mas vamos ver como está a solidez de nossas instituições democráticas. 

Charge! Quinho via Correio Braziliense.

 


Charge! Pedro Vinício via Folha de São Paulo.

 


Editorial: Golpistas a caminho do patíbulo.


A primeira turma do Supremo Tribunal Federal decide hoje, dia 26, se torna réu o núcleo crucial da tentativa de golpe de Estado de 2023 no país. Como a própria denominação indica, este grupo, segundo investigações conduzidas pela Polícia Federal, era uma espécie de núcleo duro, sou seja, o cérebro da organização criminosa, como se refere a eles o procurador Paulo Gonet. Acompanhamos a sessão do dia de ontem, 25, transmitida ao vivo pela TV Câmara, e hoje, 26, a tendência é que os membros do grupo se tornem réus, a julgar pelo andar da carruagem jurídica. Num desses atos falhos, durante a condução dos trabalhos, um dos magistrados já se dirigiu a eles como réus.  

O grupo não pode se queixar do trabalho realizada pelos seus advogados de defesa, cujo desemprenho foi bastante elogiado pala ministra Cármen Lúcia, que refutou o fato de eles não terem encontrado as melhores condições para preparar a defesa dos seus constituídos. Ao final, se não estivessem assim bem inteirados da acusação, não teriam preparado uma peça de defesa tão bem elaborada. A tarde de ontem foi praticamente utilizada pelo ministro Alexandre de Moraes para se contrapor aos argumentos da defesa, refutando, uma a uma, as alegações dos advogados de defesa. Como as redes sociais estão sempre presentes nessas discussões - afinal, onde elas estão ausentes? -  o ministro fez críticas às narrativas que correm por ali, inclusive disseminando que o STF estaria condenando velhinhas com a Bíblia na mão passeando, inocentemente, num domingo a tarde nas praça dos Três Poderes, em Brasília. 

Com os dados sobre os condenados até o momento, o magistrado mostrou que a fake news não se sustenta. A esmagadora maioria dos condenados pelos atos golpistas do 08 de janeiro são pessoas abaixo de 50 anos de idade. Com o ex-presidente pressentindo o patíbulo, as forças de direita se movimentam para ocupar o seu espaço, pois não existe vácuo de poder. O capitão ainda é referenciado, tem apoio popular, mas os movimentos existem.  

terça-feira, 25 de março de 2025

Editorial: O julgamento de Jair Bolsonaro.



Hoje, dia 25, começa o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. Está sendo julgado neste momento, o que o Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, tratou de núcleo crucial do golpe, ou seja, o núcleo duro, os atores políticos com tarefas chaves para a materialização da insurreição golpista. É curioso como as autoridades públicas responsáveis diretos pelo indiciamento dos implicados na tentativa de golpe encadearam sistematicamente os diversos movimentos do grupo, tratado como organização criminosa, a começar pela disseminação da narrativa de eventuais fraudes nas eleições de 2022, algo que daria suporte aos planos posteriores. 

Em trinta minutos, com transmissão ao vivo pela TV Justiça, Paulo Gonet retoma todas as etapas do processo, como o aliciamentos de integrantes da Polícia Rodoviária Federal para criar dificuldades para a eleição de Lula em áreas estratégicas, nos colégios eleitorais identificados com tal candidatura, principalmente na região Nordeste. Outro fato foi a leniência de agentes públicos quando das manifestação em Brasília, que resultou no indiciamento de membros da Polícia Militar do Distrito Federal. Salvo melhor juízo, alguns deles permanecem presos. 

Estamos aqui na expectativa para acompanhamos a defesa, uma vez que a acusação é uma peça impecável, consistente e irrefutável, num trabalho que merece o nosso reconhecimento, inclusive a investigação procedida pela Polícia Federal, bastante elogiada por Paulo Gonet. Em sua fala, fica cada vez mais evidente a importância da resistência constitucional do Comandante do Exército à época, o general Freire Gomes,  e o Comandante da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro, Carlos Baptista, na não consumação do golpe de Estado. 

Editorial: O "Empréstimo do Lula"?



O Governo Lula 3 tem se notabilizado pelas derrapagens verbais, a começar pelo próprio Lula, que já cometeu algumas delas em eventos públicos. Supõe-se que esses equívocos surgiram no bojo da nova orientação da SECOM - Secretaria de Comunicação Institucional da Presidência da República, depois de comandada pelo marqueteiro baiano, Sidônio Palmeira. Partia-se do pressuposto de que integrantes do time não estariam fazendo chegar à mídia as realizações de suas pastas. A ideia, em princípio, seria conceder mais entrevistas, articular-se melhor com a SECOM, azeitar o trabalho das assessorias internas de comunicação dos órgãos, coisas assim. Claro que Sidônio não contava ou não previa algumas dessas derrapagens verbais, que culminaram por produzir problemas ainda maiores a serem administrados. 

Como em casa de popularidade baixa todos reclamam e ninguém tem razão, em menos de duas semanas, dois integrantes do alto escalão foram acometidos por alguma verborragia ou entusiasmo, cometendo mais duas dessas derrapagens ou infelicidades verbais. A última delas foi cometida pela Ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, que, num rompante de entusiasmo, publicou em uma de suas redes sociais a expressão: "Empréstimo do Lula". Parlamentares de oposição já estariam se mobilizando para acioná-la em razão do deslize verbal, que também é um deslize republicano, com odores de campanha antecipada, segundo avaliam esses parlamentares. 

Esta nova linha de crédito que está sendo liberada com o aval do Governo Federal, destinada aos celetistas, está eivada de problemas. Primeiro porque é um crédito concedido com fundos do FGTS, sou seja, financiado com recursos do próprio beneficiário, que poderá comprometer o montante geral do fundo, como garantia. Depois, a tendência é que o beneficiário vá estuporar os recursos em aquisições de bens de consumo, num comportamento imediatista e impulsivo, alimentando o processo inflacionário, além de contraírem novas dívidas. Nem as instituições bancárias, que nos primeiros governos do PT não tiveram do que reclamar, mostram grandes entusiasmos com esta nova linha de crédito. 

Hoje, com transmissão ao vivo da TV Câmara, começa o julgamento, no STF, de uma grupo seleto de implicados na tentativa de golpe de Estado. Um grupo de atores estratégicos da trama, inclusive o ex-presidente Jair Bolsonaro. A batalha jurídica sugere ser um caso perdido para os indiciados, que deverão  tornarem-se réus ainda nesta semana. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está no Japão, negociando mercado da carne brasileira naquela país asiático. Chamou a atenção uma preocupação manifestada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, no que concerne à saída política sobre o imbróglio em que está metido. Preocupa ao ex-presidente que, acompanhado de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco e dos atuais presidentes das Casas Legislativas, Hugo Motta e David Alcolumbre, haja mais alguma coisa no cardápio, além do mercado da carne brasileira.  

Charge! Kleber Sales via Correio Braziliense.

 


Charge! Benett via Folha de São Paulo.

 


segunda-feira, 24 de março de 2025

Editorial: A efervescência da política pernambucana.



O cenário político pernambucano passa por um momento de efervescência. Talvez, no inicio de 2026, possamos falar numa eventual decantação de tal processo, com as coisas mais definidas, principalmente em relação ao comando das agremiações ou federações políticas no estado, assim como a definição da formação das chapas que deverão disputar o Senado Federal, uma vez existe muitos candidatos para as chapas que se supõem sejam montadas para disputar o Palácio do Campo das Princesas. No artigo anterior anunciamos que o Presidente da Assembleia Legislativa do Estado, o deputado estadual Álvaro Porto, esteve em Brasília recentemente, onde havia se encontrado com o presidente do PSDB, Marconi Perillo, para tratar questões relativas ao comando do partido no estado. Álvaro, conforme informamos, mantém boas relações com o prefeito João Campos, que faz questão de retribuir a urbanidade do deputado. 

O Podemos, que já integra a base de apoio ao Governo Raquel Lyra, deverá formar uma federação com o PSDB. Depois dos arranjos na máquina do estado, realizados pela governadora, sabe-se hoje que quatro deputados do Solidariedade deverão migrar para o Podemos. Pelo andar da carruagem política, sugere-se que a vice-governadora, Priscila Krause, sabia o que estava fazendo ao filiar-se ao PSDB. Talvez fique mesmo com a direção da legenda, como se especula, afastando as supostas pretensões de Álvaro Porto. Processo semelhante deverá ocorrer em relação à formação da federação PP e União Brasil, quando o Presidente Nacional do PP, Ciro Nogueira, já antecipou que o comando nos estados fica com quem tem a maioria dos representantes no parlamento, critério que deve ser adotado em todo o país.  

Aqui em Pernambuco, vale dizer o deputado Eduardo da Fonte, desta vez apeando o clã dos Coelho, principalmente Miguel Coelho, que é aliado do prefeito João Campos, e disputa a indicação a uma das vagas ao Senado Federal na sua chapa apo Governo do Estado, em 2026. O curioso é que, com este movimento, a governadora matou dos coelhos com uma cajadada só. Consolidou o nome de Eduardo no seu staff, que talvez venha a compor uma das vagas ao Senado Federal, conforme se especula - além de criar embaraços para o representante da família Coelho. Miguel está tão entusiasmado com a eventual indicação que já andou tecendo algumas ponderações críticas aos atuais representantes do estado na Câmara Alta. 

Em relação ao PL, os problemas não são menores, uma vez que Valdemar da Costa Neto, Presidente Nacional do PL, fecha com a família Ferreira aqui no estado, desconsiderando as pretensões do ex-ministro Gilson Machado, representante autêntico do bolsonarismo na província pernambucana. Com relações orgânicas com o capitão Jair Bolsonaro, existe a possibilidade de Gilson deixar o partido, que fica sob o comando dos Ferreira, abrindo brecha para as pretensões de Anderson Ferreira integrar a chapa do Campo das Princesas como candidato ao Senado Federal, assegurando, quem sabe, a presença do voto conservador ao seu palanque, fato já ocorrido em 2022, quando ela foi eleita governadora. O arranjo não é tão simples, em razão dos seus padrões de relações com o Palácio do Planalto, o que implica em fazer concessões ao PT local, num momento crucial, onde a eleição para o Senado Federal torna-se crucial para o Governo Lula barrar os objetivos dos bolsonaristas. 

Os arranjos para a composição dessas chapas ao Senado Federal é uma obra de engenharia política complexa. São muitos nomes e poucas chapas. Mas política é isso mesmo. Se fosse perto, todo mundo ia; se fosse raso, ninguém se afogava; se fosse largo, tudo acomodava, como diria o cancioneiro popular. No comando do PSB nacional, o prefeito João Campos conquista um espaço mais robusto de negociações com o Palácio do Planalto, mas sabe-se, a priori, de suas relações com um eleitorado não necessariamente lulista e até antilulista, algo que foi fundamental em sua primeira eleição para o Palácio Capibaribe. Raquel também sabe disso. 

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo.

 


Editorial: Da escola de política mineira, Pacheco aguarda a formação das nuvens.

 



Antes de viajar ao Japão e ao Vietnã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve uma conversa amistosa com o ex-presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, onde se especulou que o teria convidado para ocupar um cargo no seu Governo. Os búzios sobre o destino de Pacheco já foram gentilmente jogados pela imprensa, que previa algumas possibilidades para o ex-presidente da Câmara Alta. Uma indicação ao STF, ao TCU, um ministério do Governo Lula 3 ou uma candidatura ao Palácio Tiradentes em 2026. Da escola política mineira, Pacheco, no entanto, parece não ter identificado ainda algo seguro nas indicações das nuvens, conforme preconizava a raposa Magalhães Pinto. 

Depois dessa conversa, Rodrigo Pacheco teria recusado o convite de Lula, a pretexto de cuidar da vida. Na realidade, o que está ocorrendo é uma sondagem do ambiente político, ou seja, em comum acordo com o Presidente Nacional do PSD, Gilberto Kassab, Pacheco aguarda o momento certo para uma tomada de posição, sobretudo em razão do desgaste que o  Governo Lula enfrenta neste momento, inclusive nas Alterosas. A disputa em Minas Gerais, como sempre, é uma das mais estratégicas do país. Sabiamente, o PSD apostou pesado nos maiores colégios eleitorais, a exemplo de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Salvo melhor juízo, foi em Minas Gerais que o partido mais cresceu. 

Em todo caso, a despeito dessa capilaridade política obtida pelo partido no estado, a quadra mineira é sensivelmente complicada, dada a boa receptividade da população mineira à gestão de Romeu Zema, o desgaste do PT e, por outro lado, as indisposições do bolsonarismo em relação ao ex-presidente do Senado Federal, que ficou bastante arestado com a oposição em razão do seu alinhamento ao Governo Lula 3. Esta difícil decifrar as nuvens

Charge! Kleber Sales via Correio Braziliense.

 


domingo, 23 de março de 2025

Editorial: A "equação" do Governo Lula 3 para recuperar a popularidade.



Estávamos fazendo uma leitura das linhas de ações que o Governo Lula 3 deve adotar para reverter a baixa avaliação que ostenta neste momento. Já vamos aqui antecipar um diagnóstico preocupante, embora haja uma narrativa, por parte dos integrantes do Governo, de que a hora da colheita está chegando, externamos aqui o nosso pessimismo em relação ao assunto, embora não esteja na relação daqueles cem empresários ouvidos recentemente por um instituto de pesquisa. Há indícios de que a conta não deve bater. Trata-se de uma equação orientada pela isenção de impostos, como é o caso das pessoas que recebem até cinco mil reais; ampliação de programas como o Minha Casa Minha Vida, com uma linha de crédito para atender às demandas da classe média; incremento de programas como o Pé-de-Meia, que atende aos jovens estudantes do ensino médio de escolas públicas; ampliação do auxílio gás e do farmácia popular; além da aposta na supersafra de alimentos, que pode contribuir para reduzir os preços dos produtos, mantendo sob controle os índices inflacionários. 

Não temos muita certeza sobre isso, daí sugerirmos as ponderações necessárias dos leitores, mas as mudanças de rubrica do orçamento, recentemente aprovado, sugerem a fragilização dos programas sociais já existentes - e, portanto, envelhecidos - dando-se prioridade aos novos programas, o que talvez atinja níveis mais efetivos de repercussão junto à sociedade. A conta, no entanto, não bate. Além da inflação, outra dor de cabeça para o governo diz respeito à segurança pública, onde não se vê, exceto por uma PEC da Segurança que teria sido ampliada, uma preocupação maior com esta questão, que deve fustigar as resistência do Governo Lula 3 até as eleições de 2026, constituindo-se numa bandeira de luta da oposição. Só não pode ter contenção de recursos é para as emendas dos parlamentares, eivadas de denúncias de recebimento de propinas por parte dos parlamentares. 

Lula encontra-se em viagem pelo Japão, com a presença de Hugo Motta, Presidente da Câmara dos Deputados, e com David Alcolumbre, Presidente do Senado Federal. A imprensa especula que seria um bom momento para as articulações políticas em relação às pautas de interesse do Governo nas duas Casas, a exemplo da aprovação da isenção de imposto de renda para quem ganha até cinco mil reais; assim como em relação à apreciação da proposta de anistia, que o governo abomina a ideia, mas há chance de avançar, em razão dos compromissos assumidos pelos dirigentes das Casas Legislativas com a oposição.  

Charge! Kleber Sales via Correio Braziliense.

 


Editorial: O imbróglio da segurança púbica no país.


A recente prisão dos envolvidos no latrocínio do ciclista Vitor Medrado, em São Paulo, crime bárbaro, que alcançou repercussão internacional, trouxe um alerta para o agravamento dos problemas relacionados à segurança pública no país. Merecedor do nosso reconhecimento o trabalho desenvolvido pela polícia paulista no desvendamento desse crime e consequentemente prisão dos implicados. Todas as vezes que um crime desta natureza é desvendado, porém, surgem novas vertentes sobre a complexidade de se enfrentar o problema da segurança pública no país. 

No caso do Rio de Janeiro, por exemplo, salvo melhor juízo em fevereiro, num curto espaço de tempo, estima-se que algo em torno de 800 automóveis foram roubados. Comentando sobre o assunto, as autoridades policiais do estado admitiram que se tratava de uma nova modalidade de atuação do crime organizado, ou seja, a recuperação de carros roubados. Eles mesmo roubavam e depois ofereciam um valor para a devolução do bem, que variava em torno de R$ 3 mil para motos e R$ 30 mil para o SUVs. No caso de São Paulo, descobriu-se que o crime organizada passa a atuar também no "varejo" de roubo de celulares. Existe a suspeita sobre uma senhora, com um apelido engraçado, que estaria fornecendo armas para a atuação desses marginais.

A palavra "imbróglio" é semanticamente fundamental para definirmos a situação da insegurança pública que o país atravessa, sem que se vislumbre uma luz nesta escuridão. Ao lado da inflação, a segurança pública contribui sensivelmente para a queda de popularidade do Governo Lula 3. Lula tem falado sobre o assunto e ampliou o escopo da PEC que será apreciada pelo Congresso, com enormes chances de ser rejeitada, em razão do "climão" que se produziu em torno do assunto. Às vésperas de apresentá-la, como cereja do bolo, declarações infelizes de autoridades públicas. Está complicada a coisa. Este impasse não será resolvido até as eleições de 2026. 

sábado, 22 de março de 2025

Editorial: Você é feliz? Avançamos dez posições no ranking da felicidade.



Concluímos um curso recente na área de cinema, uma de nossas paixões quando mais jovem. No final, um dos professores mais conceituados do Brasil nesta área, Ismail Xavier, faz uma revelação sobre a qual não tínhamos ficado devidamente atentos. Há uma gama de cineastas pernambucanos - elenco dos bons, a exemplo de Cláudio Assis, Lírio Ferreira e Kleber Mendonça - que foram muito influenciados pelo famoso Glauber Rocha.  Os filmes? Baile Perfumado, O Som ao Redor, Amarelo Manga ou Baixio das Bestas. O curso foi sobre a transição entre o tradicional e o moderno na arte cinematográfica, ruptura que, a nível mundial, pode ser identificada com a Nouvelle Vague francesa e com o realismo no cinema italiano. No Brasil, naturalmente, o Cinema Novo, de Glauber Rocha. 

Há outros nomes importantes nessas disrupturas, a exemplo de Serguei Eisenstein, o grande cineasta do realismo socialista soviético. Quando as Memórias Imorais de Serguei Eisenstein foi lançada, a livraria Livro 7 ainda existia e perdemos a oportunidade de adquirir um exemplar, dada as exigências de fazermos outras aquisições necessárias ao nosso curso universitário. Livros de linguística, que, passado o semestre letivo, nunca mais foram retirados da estante. Somente alguns anos depois é que tivemos acesso a um dos exemplares, que devoramos num ritmo frenético. Eisenstein conta fatos interessantes neste livro, como um momento de gala, num teatro russo, em que o filme O Encouraçada Potemkin foi exibido, em condições adversas. Alguns rolos do filme foram colados literalmente com cuspe. Quando na plateia, o cineasta russo ficou desesperado, pois a película, assim rodada, certamente arrebentaria. Por um desses milagres, o filme rodou sem interrupção. 

Dentro do espírito do materialismo soviético, muito influenciado pelo seu pai, Eisenstein se identificava bastante com o regime soviético, tornando-se professor de cinema naquele país. Mesmo com um bom trânsito com o regime, o magistério foi uma alternativa à censura a algumas de suas produções. Há um momento em que ele é confrontado com uma passagem bíblica que recomenda honrar pais e mães para prolongarmos nossas vidas aqui na terra. Ele se pergunta, diante de nossos sofrimentos, se valeria mesmo a pena prolongar nossas vidas no plano terrestre. Tudo isso vem a propósito de um ranking, realizado por uma entidade internacional, sobre a felicidade em alguns países. Um ranking, em princípio controverso, dada a subjetividade do conceito de felicidade. Afinal, somos um país de pessoas felizes? O estudo aponta que avançamos dez posições no ranking da felicidade. Somos o 36º entre os países avaliados. Os países nórdicos permanecem no topo deste ranking. 

A pesquisa leva em consideração variáveis como renda per capita, expectativa de vida saudável, apoio social, generosidade, liberdade e percepção de corrupção. Mais uma evidência de que o tema é controverso, dada a sua subjetividade. Diante das variáveis mensuradas, fica realmente muito difícil entender porque avançamos nessa escala de felicidade, diante de tanta desigualdade de renda, problemas com as liberdades individuais e coletivas e a corrupção que se espraia por todos os quadrantes, sob o silêncio sepulcral de algumas autoridades públicas que teriam como dever de ofício coibi-las.   

Editorial: Os segredos revelados pelos Arquivos Secretos do Assassinato de John Kennedy.



Não sabemos informar se a divulgação dos arquivos sobre o assassinato do presidente John Kennedy estava entre as promessas de campanha de Donald Trump. O fato é que ele vem tomando algumas medidas polêmicas, como a mais recente, que, num ato, extinguiu o Departamento Federal de Educação, o que corresponderia ao nosso Ministério da Educação. O assassinato do presidente Kennedy enquadra-se entre aqueles casos que não poderiam ser devidamente esclarecidos, talvez pela chamada razão de Estado. Durante o período de adolescente, ainda sem a má influência das telas dos celulares, reunimos um farto material sobre o assunto, como fitas cassetes com entrevistas, recortes de matérias de revistas e jornais, livros, entre outros materiais. Modéstia à parte, reunimos um dossiê de fazer inveja ao FBI. 

O crime foi atribuído a Lee Harvey Oswald, ex-fuzileiro naval que pediu licença antecipada da função, um cidadão de personalidade controversa, simpatizante do socialismo soviético, que havia passado alguns meses naquele país, onde havia recebido treinamento militar. Nunca houve uma prova incontestável sobre este caso. Confissões, então, não foram possíveis. Oswald foi assassinado antes. O enredo de filme de Stephen King envolve uma trama com eventual participação da CIA, da máfia americana e até da inteligência cubana. Ao longo do tempo, ganha corpo uma dessas possibilidades, a partir de novas revelações. 

Nós temos a nossa opinião formada sobre o assunto, mas também não podemos prová-la. Sabe-se que não apenas o assassinato de Lee Oswald foi morto logo em seguida, mas, numa sequência macabra, 12 outras pessoas que tiveram algum tipo de relação com aqueles fatos foram mortas.  O mais curioso é que, a partir da liberação desse dossiê, foram revelados alguns fatos sobre a ingerência americana em assuntos da América Latina, envolvendo acontecimentos e personalidades, como o caudilho Leonel Brizola, Juscelino, Jango, entre outros. Alguma surpresa por aqui? A paranoia em torno deste assunto era tão intensa que o documentário Cabra Marcado para Morrer, de Eduardo Coutinho, foi interpretado à época, pelos agentes da CIA mancomunados aos arapongas brasileiros, como uma lista de pessoas que deveriam ser assassinados pelos cubanos que, supostamente, atuavam aqui no Nordeste. A geopolítica norte-americana estava disposta a tudo para não permitir um outro foco revolucionário na região, a exemplo do que ocorrera em Cuba. 

Charge! Kleber Sales via Correio Braziliense.

 


Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo.

 


sexta-feira, 21 de março de 2025

Editorial: Os movimentos de Raquel Lyra no tabuleiro do xadrez da política pernambucana.



Este texto bem que poderia ser o primeiro de uma série que sempre publicamos aqui pelo blog, onde acompanhamos cada eleição no estado. Há um farto material sobre este assunto. Uma espécie de repositório sobre as eleições no estado. Pensamos em publicá-lo em livros, mas o tema cai no desinteresse do público assim que a Justiça Eleitoral determina os vencedores do pleito. Nos últimos dias, as movimentações da governadora Raquel Lyra no tabuleiro do xadrez da política pernambucana chamaram a atenção e vamos discuti-las neste espaço. Partimos do pressuposto de que um bom enxadrista político confunde os adversários em relação aos seus movimentos. Veja-se, por exemplo, o caso de Gilberto Kassab, Presidente Nacional do PSD, hoje, certamente, o melhor entre esses enxadristas. 

Sondado sobre a eventualidade de o seu partido acompanhar uma debandada da base de apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele foi enigmático, reticente ou desconversou, o que significa a mesma coisa. Ainda não seria este o momento. Por outro lado, num outro lance, abriu um diálogo com o ex-presidente Jair Bolsonaro, onde este último gaba-se de tê-lo convencido a apoiar o projeto de anistia aos envolvidos e condenados pelo 08 de janeiro, algo que está dando muita dor de cabeça ao Governo Lula, que não deseja que isso ocorra. Lá no fundo do tabuleiro, move a peça Ratinho Júnior como uma eventual opção à Presidência da República. Há uma peça reserva aqui que pode se constituir numa opção do partido em qualquer circunstância. 

Matreiramente, Lula, segundo dizem, anda sondando a possiblidade de convidar o governador do Paraná para ser vice em sua chapa de reeleição. Seria uma maneira de cindir os votos dos segmentos conservadores. Já discutimos por aqui que não acreditamos que o governador Ratinho entre nesta, pelas inúmeras razões expostas, mas, enfim. Recentemente Kassab esteve em Pernambuco para filiar a governadora Raquel Lyra ao seu PSD, depois de uma longa espera, uma vez que os bons jogadores também sabem esperar o momento certo. Curiosamente, depois de filiada ao partido, a governadora fez vários movimentos no tabuleiro da política pernambucana, de olho nas eleições de 2026. 

A começar por sua cerimônia de filiação, que ficou mais parecida como uma convenção partidária, e contou com a presença de inúmeras tribos politicas, inclusive com gente ligada ao PL, a exemplo do ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira, hoje o homem de interlocução no estado com a direção nacional da legenda em Brasília. Ou seja, a despeito dos flertes com o Planalto - onde se chegou até a especular uma filiação da governadora ao PT - segue-se a máxima de que nunca tão distante que não se possa se reaproximar. Até mesmo com o PL de Jair Bolsonaro. 

Com a eleição de Raquel Lyra, o PSDB cresceu bastante no interior do estado. A pergunta é se esses prefeitos acompanhariam a mudança de legenda da governadora ou permaneceriam no ninho tucano, mas apoiando o seu projeto de reeleição. Para tentar manter um controle sobre esta variável, a vice-governadora, Priscila Krause, logo em seguida filiou-se ao PSDB, argumentando que não se filiaria a um partido, obviamente, que fizesse oposição a governadora Raquel Lyra. O presidente da Assembleia Legislativa do Estado, Álvaro Porto, que é tucano, negocia em Brasília, com Marconi Perillo, o controle da legenda no estado. Álvaro mantém cordiais relações com o prefeito João Campos, possível adversário da governadora em 2026. 

Neste momento, João finca as suas bases na Região Metropolitana do Recife e já se aventura aos encontros partidários pelo interior do Estado, a exemplo do Sertão do Pajeú. Cobra que não anda não engole sapo, conforme aconselhava o ex-governador Joaquim Francisco. A região é um tradicional reduto político onde os socialistas sempre tiveram uma presença forte. Neste momento, a govenadora assegura a presença de agremiações menores à sua base de apoio, a exemplo do Avante, abrindo espaço na máquina. O mais estratégico dos seus movimentos, porém, diz respeito à sua relação com o PP, do deputado Eduardo da Fonte, que, como já afirmamos em artigos anteriores, possui uma penca de prefeitos em seu grupo político. 

Eduardo da Fonte é um ator político que se movimenta com relativa autonomia no cenário político pernambucano. No passado, foi o único político a não dobrar-se a eduardolização da política pernambucana. Sabiamente, não depende dos humores do Palácio do Campo das Princesas. Neste lance, porém, especula-se que deseja uma vaga ao Senado Federal na chapa da governadora. Com uma eventual federalização entre o PP e o União Brasil, ele fica com o controle da federação no estado, o que cria um problema para o clã dos Coelho, de Petrolina, que controla o União Brasil em Pernambuco. Miguel Coelho, ex-prefeito de Petrolina, é vinculado ao prefeito João Campos e luta por uma das vagas ao Senado Federal em sua chapa, em 2026. 

Numa entrevista concedida a um jornal local, o Presidente Nacional do PSD, Gilberto Kassab, anteviu que a governadora Raquel Lyra chega competitiva às eleições de 2026, daqui a alguns meses. Até agora a governadora acompanhava a movimentação dos seus adversários no tabuleiro em silêncio. Talvez aguardando o momento certo para mover-se. Este momento parece ter chegado. Pilotando a máquina, com entregas expressivas em andamento, não se surpreendam  com um xeque-mate da governadora nas próximas eleições estaduais. 

Imagem publicada no perfil de Elon Musk sobre a extinção do Departament of Education dos EUA.

 


Editorial: As placas tectônicas políticas se movem em Brasília.

Crédito da Foto: Cristiano Mariz. 


Não vamos aqui entrar nos impropérios já ditos nessa querela entre o Presidente Nacional do Republicanos, pastor Marcos Pereira, e o pastor Silas Malafaia, quando ambos entraram num entrevero depois que se evidenciou que o líder dos republicanos talvez não endosse o projeto de anistia aos envolvidos e já condenados pelo 08 de janeiro. Sinaliza-se, inclusive, a possibilidade de o governador Tarcísio de Freitas deixar a legenda e filiar-se ao PL, constituindo-se numa eventual alternativa de candidatura presidencial ainda em 2026, na hipótese de a candidatura do ex-presidente Jair Bolsonaro inviabilizar-se de vez. O pastor Silas Malafaia quase perdeu a voz bradando pela anistia na última concentração promovida pelos bolsonaristas na praia de Copacabana. 

Depois de tantos apelos e incentivos, hoje fica claro que não precisaria de um grande esforço para tornar Tarcísio de Freitas candidato ao Palácio do Planalto em 2026. Filiado ao PL, as chances aumentam. Outra movimentação importante que ocorre na capital federal diz respeito à federação entre o PP e o União Brasil, uma verdadeira movimentação de placa tectônica política. Muito se especula em torno dessa federação formada entre os dois partidos, a começar pelo musculatura daí decorrente, quando, uma vez federados, eles passam a ter 109 deputados federais, a maior bancada da Câmara Federal, superando o PL. 

Outra preocupação é que o PP, através de seu presidente, o senador Ciro Nogueira, esboça a possibilidade de desembarcar do trem governista. Segundo dizem, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, teria sido consultado sobre o assunto e dado o sinal verde para as negociações. Caiado é candidato a Presidência da República pelo União Brasil. Numa eventualidade de a nova federação desembarcar da base governista - que já é frágil - o dano seria ainda mais expressivo. Essas movimentações políticas entre as duas legendas, em Brasília, estão produzindo alguns arranjos curiosos na quadra política pernambucana, o que discutiremos mais tarde.  

Charge! Kleber Sales via Correio Braziliense.

 


quinta-feira, 20 de março de 2025

Editorial: Gleisi Hoffmann ainda não perdeu o sotaque da militância.



A nova Ministra da Secretaria de Relações Institucionais do Governo Lula 3, a deputada federal Gleisi Hoffmann, depois das polêmicas em torno de sua indicação para o cargo, já se pronunciou sobre o assunto, afirmando que entende bem as novas atribuições do cargo que assumiu recentemente. Uma coisa é a liderança do Governo, outra coisa é a direção partidária e outra, bem diferente, é a articulação política ou institucional do Governo. Mesmo assim, recentemente, ela fez algumas ponderações acerca das crítica de governadores de oposição ao Governo Lula 3. Eis aqui um posicionamento mais afeito ao novo dirigente da legenda, o senador pernambucano Humberto Costa, que também teceu suas considerações acerca dos investimentos que o Governo Lula fez em Minas Gerais. Romeu Zema, de oposição, na realidade, é um mal agradecido. 

Esse terceiro Governo Lula tem sido caracterizado pelos infindáveis tropeços. O próprio Lula, numa infelicidade sem tamanho, argumentou que a teria indicado ao cargo por ela ser bonita e que, assim, evitaria problemas com o pessoal do Centrão. Sua relação com o eleitorado feminino ficou estremecida, num momento em que ele tenta, desesperadamente, recuperar a popularidade perdida. Os dados não são nada alvissareiros. A última pesquisa do DataPoder indica que a sangria de popularidade continua. 

Agora é Gleisi Hoffmann, que faz suas ponderações, algo que poderia ter sido perfeitamente evitado ou não dito por ela, em relação ao lugar de sujeito, para usarmos uma expressão do filósofo francês, Michel Foucault. No cargo, os impulsos da militância partidária precisam ser contidos. Gleisi Parece ter esquecido que os estados tem representantes no parlamento e esses, geralmente, mantém bom trânsito com seus governadores, o que pode dificultar as relações institucionais. Principalmente porque estamos tratando aqui de governadores que fazem oposição ao Governo Lula.  

Editorial: A pesquisa do fim do mundo para o Governo Lula 3.



O Instituto Quaest\Genial realizou uma pesquisa junto a empresários e investidores para conhecer o humor desse pessoal em relação ao Governo Lula 3. Os petistas mais radicais devem, neste momento, ponderaram sobre o viés de uma pesquisa desta natureza. É como se fosse realizada uma pesquisa sobre o Palmeiras na torcida organizada do Corinthians, a Gaviões da Fiel,  ou sobre o Grêmio dentro de um reduto colorado. Estivemos dando uma olhada nos outros detalhes da pesquisa e, de fato, ela pode ser entendida, assim como na chamada do editorial, como uma pesquisa do fim do mundo sobre o governo Lula 3. Perspectivas de juros altos, retomada do processo inflacionário e pessimismo sobre a possibilidade de que as medidas até aqui adotadas possam reverter tal situação. A rejeição ao Governo Lula3 neste nicho do PIB nacional é de 88%. A pesquisa foi realizada no eixo Rio\São Paulo. 

Setores do partido, talvez hegemônicos hoje na condução das políticas públicas do Governo, fazem ouvidos de moucos acerca dessa reação do mercado, que, aliás, não é de hoje. Lá atrás o presidente da Cosan, Rubens Ometto, empresário privado que mais contribuiu financeiramente para o PT nas eleições presidenciais de 2022, já afirmou que estávamos lascados, durante um evento que reunia, inclusive representantes do Governo. Sabe-se, como afirma Lula, que o mercado não tem coração nem sentimento. Por outro lado, a dinâmica da economia realmente não permite essa gastança desenfreada, de forma irresponsável, sem lastro, apenas como um expediente eleitoral para se viabilizar politicamente nas próximas eleições. O processo é tão errático que o Governo transfere rubrica de gastos de programas como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida para essas novas políticas sociais e abertura de créditos populares. De uma coisa temos certeza: Isso dá inflação. Se vai dá voto é outro departamento. 

O andar de cima, a Bélgica de nossa Belíndia, na expressão criada pelo economista Edmar Bacha, um dos idealizadores do Plano Real, Não desejam pagar a conta da concessão da isenção de imposto de renda para ganha até cinco mil reais. Essas contas não batem e, em momentos, assim, a prudência recomenda tirar o pé do acelerador de gastos. Não há Governo que recupere a popularidade com índices de inflação em alta. O controle das contas públicas deveria ser a meta principal do Governo Lula 3. A austeridade de Gabriel Galípolo, do Banco Central, indicado por Lula, foi o único que escapou da degola do mercado. Ele está no caminho certo e aconselhou o Governo a fazer o mesmo.  

Charge! Kleber Sales via Correio Braziliense.

 


Charge! Laerte via Folha de São Paulo.

 


quarta-feira, 19 de março de 2025

Editorial: O equilíbrio instável do governador Tarcísio de Freitas.



Não há dúvidas de que o mainstream conservador vem dando suporte às pretensões políticas do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Antes relutante, ele hoje se parece mais identificado com este projeto, talvez antecipando-o para as eleições de 2026, quando era o seu objetivo, em princípio, renovar o contrato de locação com o Palácio Bandeirantes. A revista Veja, na semana passada, trouxe uma longa matéria tratando deste assunto, com o sugestivo título de chamada: O Plano 'T". Vamos ser francos por aqui. Sugere-se que a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro é bastante complicada, talvez mesmo inviabilizando uma nova candidatura presidencial para 2026. Aliás, sua inelegibilidade vai até 2030, quando teremos novas eleições e, se mantidas tais condições, ele ainda não poderia habilitar-se. 

O Estadão, num dos seus polêmicos editorias, discute a posição desconfortável e missão quase impossível do governador em relação a sua cria, Jair Bolsonaro, de quem foi ministro. O articulista cita o ex-governador Leonel de Moura Brizola para lembrar que, em política, como preconizava o caudilho, ama-se a traição, mas abomina-se o traidor. O governador Tarcísio de Freitas vive este dilema. O discurso dele na Paulista estava eivado de ponderações críticas ao Governo Lula 3, focado, por exemplo, em questões como carestia e segurança pública. Sua defesa do ex-chefe e do projeto de anistia teria sido sublimada diante das questões que o colocaria, num eventual futuro político, em contraposição ao Governo do PT. Até mesmo a camisa que ele suava foi lembrada. Embora da seleção brasileira, conforme padrão do bolsonarismo, era do uniforme reserva, na cor azul.

Sugere-se que o andar da carruagem neste momento não dependa apenas de suas convicções pessoais. Ninguém tem dúvida de que ele foi sempre muito leal ao ex-presidente Bolsonaro, a quem trata ainda hoje com grande reverência e admiração. Mas política é um pouco essa coisa. A traição faz parte do jogo. Alguém da crônica política nacional estava observando hoje que o próprio PL anda assumindo posições e estratégias que desvincula a agremiação política do extremismo.   

Editorial: A "Belíndia" já começa a reclamar.



O Brasil continua sendo um dos países mais desiguais do mundo em termos de distribuição de renda. Este assunto volta à tona no momento em que o Governo Lula está propondo a isenção de taxação da Receita Federal para quem recebe até cinco mil reais por mês. Para equilibrar o jogo, porém, o Governo propõe que os mais ricos compensem essa perda de arrecadação, contribuindo um pouco mais, o que já levanta protestos desses aquinhoados ou privilegiados. É sempre assim. Os do andar de cima da pirâmide social jamais se dispuseram a oferecer algum sacrifício em relação ao andar de baixo. A proposta do Governo ainda deve ser apreciada pelo Congresso, onde o presidente Lula já manifestou o deseja de que o projeto venha ainda melhor, permitindo que os privilegiados continuem comendo seu filé mignon e a sua picanha, mas os de baixo possam continuar consumindo outros cortes menos nobres, a exemplo do osso buco, da costela e do peito com osso. 

Curioso que mais uma vez - parece que não tem jeito - Lula cometeu mais um escorregão, ao afirmar que os pobres poderiam comer também o filé mignon , já prometido pelo Ministro da Fazenda Fernando Haddad, numa outra ocasião. A psicologia explicaria esses atos falhos de Lula como um desejo inconsciente. Ele realmente gostaria que esse estrato social pudesse ter acesso ao produto, mas está difícil. Até o ovo andou sumindo da mesa dos mais pobres. Certamente o projeto sofrerá mudanças e podem ter certeza que o quinhão dos mais ricos serão preservados, assim como os supersalários sumiram das discussões quando Fernando Haddad apresentou o seu pacote de corte fiscal.  

Existem alguns livros que todos os estudantes universitários brasileiros - seja qual for a sua graduação - precisar ler para começar a entender o Brasil. Quando estávamos no batente de sala de aula, dávamos sempre um jeito de inseri-lo nas nossas ementas, seja lá qual fosse a disciplina a ser ministrada. O termo "Belíndia" criado pelo economista Edmar Bacha, em 1974, quando um dos país do Plano Real, onde ele explica que temos as leis e os impostos da Bélgica e a realidade social da Índia, é um desses livros que precisam ser retirados da estante urgentemente. Foi muito feliz o economista, que ganhou o prêmio Jabuti com o texto. 

Charge! Kleber Sales via Correio Braziliense.