O Brasil continua sendo um dos países mais desiguais do mundo em termos de distribuição de renda. Este assunto volta à tona no momento em que o Governo Lula está propondo a isenção de taxação da Receita Federal para quem recebe até cinco mil reais por mês. Para equilibrar o jogo, porém, o Governo propõe que os mais ricos compensem essa perda de arrecadação, contribuindo um pouco mais, o que já levanta protestos desses aquinhoados ou privilegiados. É sempre assim. Os do andar de cima da pirâmide social jamais se dispuseram a oferecer algum sacrifício em relação ao andar de baixo. A proposta do Governo ainda deve ser apreciada pelo Congresso, onde o presidente Lula já manifestou o deseja de que o projeto venha ainda melhor, permitindo que os privilegiados continuem comendo seu filé mignon e a sua picanha, mas os de baixo possam continuar consumindo outros cortes menos nobres, a exemplo do osso buco, da costela e do peito com osso.
Curioso que mais uma vez - parece que não tem jeito - Lula cometeu mais um escorregão, ao afirmar que os pobres poderiam comer também o filé mignon , já prometido pelo Ministro da Fazenda Fernando Haddad, numa outra ocasião. A psicologia explicaria esses atos falhos de Lula como um desejo inconsciente. Ele realmente gostaria que esse estrato social pudesse ter acesso ao produto, mas está difícil. Até o ovo andou sumindo da mesa dos mais pobres. Certamente o projeto sofrerá mudanças e podem ter certeza que o quinhão dos mais ricos serão preservados, assim como os supersalários sumiram das discussões quando Fernando Haddad apresentou o seu pacote de corte fiscal.
Existem alguns livros que todos os estudantes universitários brasileiros - seja qual for a sua graduação - precisar ler para começar a entender o Brasil. Quando estávamos no batente de sala de aula, dávamos sempre um jeito de inseri-lo nas nossas ementas, seja lá qual fosse a disciplina a ser ministrada. O termo "Belíndia" criado pelo economista Edmar Bacha, em 1974, quando um dos país do Plano Real, onde ele explica que temos as leis e os impostos da Bélgica e a realidade social da Índia, é um desses livros que precisam ser retirados da estante urgentemente. Foi muito feliz o economista, que ganhou o prêmio Jabuti com o texto.
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