pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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sexta-feira, 3 de março de 2023

Editorial: O que Lula está esperando para demitir Juscelino Filho?



As redes sociais, no dia de hoje, amanheceram pedindo a cabeça do Ministro das Comunicações do G overno Lula, Juscelino Filho. Segundo conseguimos apurar, as pressões existem até mesmo entre as hostes petistas mais próximas ao presidente. Há um consenso de que já existem evidências suficientes para o seu afastamento do cargo, independentemente dos arrependimentos e eventuais ressarcimentos de despesas irregulares ao erário. O terceiro Governo Lula inicia com uma arrancada bastante positiva e, ao nosso ver, torna-se urgente tomar alguns cuidados para não torna-se alvo dos ataques da oposição, como se isso fosse possível. Na verdade, o que queremos afirmar é a necessidade de não fornecer mais munições aos adversários de sempre. 

Lula governa, como se sabe, sob arreia movediça. A nossa sorte é que temos um cara com profunda sensibilidade social e muita habilidade política, suficientes para enfrentar as indisposições do mercado; os arroubos dos bolsonaristmo renintente; as agruras impostas pelas dificuldades de governabilidade, num contexto politico extremamente desfavorável; as disputas políticas entre os atores de sua base política mais próxima, já de olho nas eleições presidenciais de 2026. São muitas as dores de cabeça. É preciso ter nervos de aço. O momento ainda é de muita instabilidade institucional. Vamos ver, por exemplo, como reagirão os quertéis em relação a uma determinação explícita do Ministério da Defesa, proibindo qualquer tipo de nota em alusão ao golpe civil-militar de 31 de março de 1962.  

Passamos a nos perguntar então, porque Lula estaria protelando uma decisão sobre o seu Ministro das Comuniações, flagrado em práticas pouco condizentes ao que se espera de um gestor público. Alguns avaliam que seria prematuro, ainda, demitir um ministro antes de 100 dias de governo. O desgaste seria evidente, mas é preciso, avaliar, igualmente, o ônus de mantê-lo no cargo a despeito de tanto desgaste. Lula afirmou recentemente que irá ouvi-lo antes de tomar uma decisão a esse respeito.  

Existem dois elementos fundamentais no direito que, nesses tempos de trevas e obscurantismo, de execrações públicas e linchamentos morais, foram completamente obolidos dos dicionários jurídicos: A presunção de inocência e o amplo direito de defesa. Embora, neste caso, as evidências sejam praticamente conclusivas em relação a algumas das acusações - como, por exemplo, a utilização indevida de aeronaves oficiais - algo nos informa que Lula, tão calejado por injustiças, não deseja cometê-las em seus julgamentos.   

Charge! Mor via Folha de São Paulo

 


Editorial: Gleisi, a ideóloga do terceiro Governo do PT?



No arranjo da composição do terceiro governo Lula, a fiel escudeira Gleisi Hoffmann, chegou a ser cotada para ocupar um ministério. Salvo melhor juízo, a Casa Civil, que acabou sendo entregue ao ex-governador da Bahia, Rui Costa. Aliás, a Casa Civil mudou completamente de perfil no Governo Lula, conferindo importância estratégica e visibilidade ao seu ocupante, que já se apresenta como um eventual candidato às eleições presidenciais de 2026, quando Lula pendurar as chuteiras.Existe até algumas dúvidas sobre se, de fato, Lula pretende mesmo adotar a postura do ex-prefeito de São Paulo, Jânio Quadros. Há quem aposte que ele pretende continuar no cargo, disputando a reeleição. 
Por ocasião daquele arranjo, Lula determinou que a missão da petista seria mesmo continuar na direção do partido, contribuindo com o governo a partir daquela trincheira. Mesmo não ocupando nenhum cargo oficial além deste e o mandato de Deputada Federal, a petista vem se projetando nacionalmente por estabelecer uma espécie de balisamento das diretrizes gerenciais do governo Lula e, ao que se sabe, não vem sofrendo nenhum tipo de reprimenda do chefe. Temos dúvidas acerca do termo "balisamento gerencial". Talvez o mais adequado fosse algo relativo ao "filtro' ideológico e programático, o que daria na mesma coisa, pois isso acabaria determinando as diretrizes gerenciais do governo.  

Na semana passada ela deu um pito no Ministério da Fazenda, ao se pronunciar sobre a questão dos tributos dos combustíveis, deixando o titular da pasta, Fernando Haddad, numa saia justa ao encontra-se com o presidente Lula. Agora foi a vez do ministro Alexandre Silveira, das Minas e Energias, que recebeu uma admoestação da petista, por indicar nomes do Centrão, de perfil privatista, para o Conselho de Adminstração da Petrobras. Se já havia profundos questionamentos acerca dos acertos dessas privatizações em governos anteriores, os mais recentes contribuiram para degradar ainda mais a situação, com as revelações de dos casos escabrosos descobertos pelo governo atual.  

Estava acomoanhando um vídeo do próprio Lula tratando deste assunto. Ele tem razão quando afirma que se construiu uma narrativa equivocada sobre empresas públicas e empresas privadas. Tudo que é privado presta e tudo que público não presta. Veja-se o caso dos Correios e das Americanas, por exemplo. Os Correiros, com as contas ajustadas, nunca deram tanto lucro como agora. Ainda bem que sua privatização será interrompida. As Americanas produziram um rombo de bilhões, trazendo enormes dores de cabeça para o sistema financeiro. Aqui em Pernambuco, os serviços do Aeroporto Internacional dos Guararapes, um dos mais rentáveis do país, depois de privatizado, cairam sensivelmente de qualidade. O curioso é que foi uma empresa estatal que o arrematou.    

quinta-feira, 2 de março de 2023

Charge! Amarildo!

 


Editorial: A reengenhaira de segurança institucional que precisa ser montada por Lula




Pelo andar da carrugagem política, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva parece estar bastante consciente sobre a nessecidade premente de se fazer profundas mudanças na estrutura de inteligência e segurança do Estado. Agora ele deve estar igualmente consciente dos motivos pelos quais deixou de ser informado sobre os acontecimentos do último dia 08 de janeiro. Houve um propósito e não necessariamente uma falha nos serviços de informações. Tais serviços de inteligência e informação precisam ser repensados dentro de um escopo republicano e democrático, que assegure, não o desmonte, mas a perenidade de um estado democrático de direito. 

Não vamos aqui entrar nos detalhes para não "melindrar" - já antecipamos que este verbo está na ordem do dia - ou mesmo ferir susceptibilidades. Por aqui, havíamos preparado um longo editorial sobre o contexto da negação do pedido de extradição do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, mas optamos por mantê-lo em stand by, para não provocar a ira das hordas bolsonaristas. É uma gente que não tem o menor escrúpulo no uso de expedientes nefastos para destruir os seus opositores. Não jogam limpo. Basta dar uma olhadinha no que está circulando pelas redes sociais em torno do assunto. 

Um cidadão ou uma cidadã, minimamente bem informado, sabe, hoje, com clareza, onde foi urdida a tentatva de golpe do último dia 08 de janeiro. Há endereço e nomes certos, que precisam enfrentar a clava forte da justiça ou serem sumariamente afastados de suas funções estratégicas. O problema é tão gigantesco que, em alguns casos, não seria suficiente mudar uma peça aqui e outra ali, mas a estrutura completa do órgão, como a retirada da ABIN do controle da GSI. A ABIN agora ficará surdinada ao Ministério da Casa Civil, comandadao pelo baiano Rui Costa. 

Convém aqui resgistrar que a má influência nesse aparato de inteligência e segurança remonta a um período anterior mesmo ao bolsonarismo. Embora não se posssa negar o papel preponderante do bolsonarismo neste processo, seja mudando estrutura; designando atores para cumprirem objetivos específicos; estabelecendo políticas. As águas, que nunca foram muito limpas ou transparentes em nosso incipiente processo democrático, ficaram ainda mais turvas a partir de 2013, quando foram iniciadas as tessituras que acabariam por minar o Governo da Presidente Dilma Rousseff. Como diria nossos avós, todo o cuidado é pouco. Muita coisa ainda precisa ser feita.  


Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 1 de março de 2023

Editorial: O óleo já está esquentando para as frituras políticas de 2026




No dia de ontem, o Instituto Paraná Pesquisas realizou sua primeira pesquisas sobre as próximas eleições municipais de 2024. Em tais circunstãncias, tais institutos sempre escolhem aquelas praças mais importantes, de maior visibilidade, algo que agregue valor ao levantamento. O Paraná Pesquisas foi um dos institutos mais bem-sucedidos das últimas eleições, tendo cravado um número expressivo de acertos, tanto no primeiro quanto no segundo turno daquelas eleições presidenciais. Criou-se uma atmosfera muito cinzenta em tordo de eventuais contratos do instituto, celebrados com o Governo Bolsonaro, mas nada que ofuscasse o profissionalismo do instituo que, no final, era isso que importava. 

Neste primeito levantamento o Deputado Federal Guilherme Boulos, do PSOL, aparece empatado, dentro da margem de erro, com o apresentador José Luiz Datena. Boulos crava 26,3%, enquanto Datena aparece com 24,3%. Ainda é muito cedo, muita água ainda deve rolar no rio daquela disputa, que promete ser um clássico a ser disputado entre forças ligadas ao Governo Lula e ao bolsonarismo que resiste.O grande nome do bolsonarismo para eleições presidenciais de 2026 deve ser mesmo o atual governador Tarcísio de Freitas. Comenta-se, até mesmo, que a decisão de Lula de visitar pessoalmente os locais e as pessoas atingidas pelas últimas enchentes no litoral paulista - além do componente de solidariedade de de responsabilidade pública do petista - havia um ingrendiente "politico". O bolsonarismo é mais forte, inclusive, em zonas afastadas da capital. Há uma possibilidade das candidaturas dos Deputados Federais Ricardo Salles e de Carla Zambelli para as próximas eleições municipais. Estamos diante, portanto, da fina flor do bolsonarismo.  

Para suceder Lula em 2026, as movimentações já estão num ritmo bastante acelerado, a julgar pelas escaramuças mais recentes. Não podemos falar de uma eventual queima de largada do presidente Lula ao oferecer as condições efetivas para tornar o professor Fernando Haddad o seu nome preferencial na corrida presidencial de 2026. Geralmente é isso o que ocorre. No plano federal são os superministros, no plano estadual, os supersecretários. No caso do PT, na realidade, o que está ocorrendo é que os demais aspirantes ao cargo estão se mobilizando com o mesmo projeto em curso e isso implica, naturalmente, num jogo de escaramuças e manobras, objetivando desgastar o eventual concorrente. O futuro dura muito tempo e, quem sabe, um outro ator político pode cair nas graças do morubixaba. 

Ás vezes, tais escaramuças são produzidas por iniciativas próprias, em outros casos, pode contar com o sinal verde do morubixaba. Pegou muito mal para Lula, por exemplo, permitir um pronunciamento público da presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, acerca de algumas posições de condução da política econômica do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, envolvendo este assunto polêmico dos tributos dos combustíveis. Ela não foi repreendida, embora Lula tenha ligado parao pupilo com o objetivo de desculpar-se. O estrago, no entanto, já estava feito. É preciso tomar cuidado com as manhas do morde e assopra.  

A lista dos pretendentes à cadeira presidencial no campo aliado é enorme e, a partir de agora, os aspirantes terão que se preocupar não apenas com a gestão de suas pastas, mas, sobretudo, em tomar os cuidados necessários ou reagir à altura em relação às manobras de bastidores. Devem alimentar aspirações presidenciais o senador Camilo Santana, Ministro da Educação; Wellington Dias, do Desenvolvimento Social; Rui Costa, da Casa Civil. Comenta-se, igualmente, na possibilidade dos nomes de Aloízio Mercadante e da própria Gleisi Hoffmann.  

terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Editorial: A frigideira petista está no "ponto".



Há algum tempo, este editor mantinha uma proximidade - sobretudo em função das contingências acadêmicas e partidárias - com um bispo anglicano ligado ao Partido dos Trabalhadores. Formado no IUPERJ, ele foi o primeiro cientista político aqui do Estado. Naqueles tempos bicudos, quando da primeira eleição de Lula à presidência do país, ele cumpriu a espinhosa missão de demover as resistências ao petista nas hostes evangélicas. A missão, hoje, seria bem mais espinhosa. Naquela época dizia-se apenas que Lula era comunista. 

No bolsonarismo de hoje, o termo pode ser considerado até um elogio. Tal vocabulário, de caráter depreciador de imagem, foi ampliado sensivelmente. Solidário, sensível, homem de um grande diálogo, abriu caminho para este então jovem estudante de pós-graduação estabelecer contatos com próceres atores daquele grêmio partidário, além de particpar dos encontros daquela agremiação política. Encontros que, aliás, ocorriam com maior frequência no passado. Era um bom momento para lavar as roupas sujas. Lavar en enxaguar, para depurar as impurezas, conforme recomendava o escritor Graciliano Ramos, numa referência ao texto literário, mas que se aplica à situação. 

Além dessas qualidades, sempre de bem com a vida, o pastor também tinha um grande senso de humor. Aliás, um humor mordaz, registre-se. Naqueles tempos, o PT chegava pela primeira vez à Prefeitura da Cidade do Recife e havia um secretário que tinha a alcunha de Peixe. Quando o tal secretário entrou numa fase de desgaste, a executiva estadual do partido organizou uma grande reunião para decidir sobre o seu destino, que foi seguida de um jantar. Aproveitando a deixa o professor foi sarcástico: dizem que no jantar será servido peixe frito. Não sabemos como anda a dispensa do Palácio do Planalto, tampouco o que teria sido servido ao ministro Fernando Haddad no dia de ontem. Mas, a rigor, isso não se constitui um bom parâmtro, uma vez que uma raposa política como o Dr. Arraes costumava negar os pleitos,  oferecendo um cafezinho. 

Lembramos deste episódio no momento em que a frigideira do PT foi colocada no fogo, apenas com dois meses do exercício do mandato. Hoje, o óleo já está no ponto. Não seria prudente, do ponto de vista das consequências políticas, que Lula fizesse alguma mudança no ministério antes de esquentar a cadeira. O desgaste seria enorme, embora já haja elementos para isso. É preciso calcular bem essa escala de desgaste político, uma vez que o PT passou a ser muito cobrado por uma tomada de decisão acerca de um determinado minitro que já deu todas as provas de que não reúne as condições para continuar no governo. 

De sua cota conservadora, imposta pelas contingências de governabilidade, o tal ministro possui um perfil contumaz dos desmandos produzidos por quem não tem a minima noção sobre os parâmetros que devem nortear a sua conduta como parlamentar e homem público. Não conhece as fronteiras que devem reger a vida privada e os interesses públicos. Não sabemos qual o preço a ser pago, pois o cidadão tem uns padrinhos importantes e estratégicos para o Governo Lula. 

No caso de Haddad, não se pode dizer que o mesmo queimou a largada. Lula, de fato, emite indicadores de que deseja fortalecê-lo para 2026. Falta algum tempo para aquelas eleições,mas, pelo andar da carruagem política, o óleo parece-nos que já está no ponto. De imediato, estamos cada vez mais conencidos de que a Fazenda não seria o ministério mais adequado para acomodar Fernando Haddad. Internamente, Lula sugere prestigiar o pupilo, mas sabe que a luta por sua sucessão será renhida entre os apoiadores. Já existe uma penca de "cozinheiros" - e cozinheiras, por que não? - tentando "fritar" o nosso ministro. 

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


domingo, 26 de fevereiro de 2023

Editorial: A famigerada lista negra do trabalho análogo à escravidão.



Uma das vantagens dos regimes democráticos é que o cidadão acaba sabendo de parte das safadezas que correm solta no mundo da política e da economia. Ainda ontem li um texto que trouxe informações novas sobre os estertores do que, de fato, poderia ter ocorrido nos bastidores da frustrada tentativa de golpe de Estado orquestrada no último dia 08 de janeiro. Aquele ato não foi coisa de amadores ou de uma massa ensandecida e descontrolado, mas algo muito bem urdido, planejado, com ações estratégicas, logística e tudo mais. Mas, vamos deixar essa discussão para outro momento para não "melindrarmos". Reparem que este verbo passará a ser usado bastante daqui para frente, por razões bem conhecidas. 

Agora, anda circulando nas redes sociais - sempre tomamos o cuidado de checar antes essas informações - uma espécie do que seria, num passado recente, a lista negra do trabalho escravo, que deve ser retomada com força neste governo, de perfil democrático e republicano. Logo após a ruptura institucional de 2016, foram criadas uma série de embaraços burocráticas que tinham, como objetivo, interditar a sua divulgação. Essa lista tem um caráter extremamente importante, pois não apenas o Estado, mas, sobretudo o cidadão comum fica informado sobre as empresas que utilizam o expediente execrável do trabalho análogo à escravidão, aplicando-lhes a censura e outras sanções efetivas, como, por exemplo, o boicote à compra dos seus produtos ou serviços. 

Ao Estado, naturalmente, cumpre as sanções legais previstas, aplicáveis nesta situação, como multas, a impossbilidade de realização de negócios com os entes públicos, não cencessão de empréstimos públicos ou qualquer outro tipo de concessão. Enquanto a lista mais ampla está sendo preparada, já se sabe que algumas vinículas gaúchas estariam adotando essa prática reprovável. Assim, recomendo aos nossos diletos leitores, consumirem o suco de uva natural acima, produzido na forma cooperativa rural, sem o emprego de trabalho escravo ou outros aditivos, muito bom para a saúde física, mental e, sobretudo, política.  

Editorial: Crise política na Nicarágua: Vamos por parte?




Ontem, depois das leituras e das rotinas de conclusão de mais um livro, nos dedicamos a acompanhar os acontecimentos da crise política na Nicarágua. Nessa época de pós-verdades, já vamos separando os "contra" - perdão pelo trocadilho - daqueles informes consistentes, produzidos por pessoas sérias, menos comprometidas com um dos lados, de preferência oriundos da academia e, melhor ainda, assinados por atores que estiveram envolvidos diretamente com a História recente daquele país, particicpando da luta guerrilheira, ao lado da FSLN - Frente Sandinista de Libertação Nacional - que depôs a sanguinária ditadura de Anastácio Somoza, apoiada, durante décadas, pelos Estados Unidos. 

Já enfatizamos inúmeras vezes por aqui que a democracia no Brasil sempre foi um projeto muito frágil, sobretudo em razão de nossa formação colonialista, escravagista, genocida. Até recentemente, surgiram várias denúncias que vinícolas gaúchas estariam sendo enquadradas pelas irregularidades da prática de trabalhos análogos à escravidão. A Justiça do Paraná acaba de aplicar as penalidades previstas a um cidadão por postar, na internet, o anúncio da venda de um escravo africano legítimo. O anúncide escravidão faria inveja o sociólogo Gilberto Freyre, que escreveu um trabalho sobre o assunto, tratando dos escravos nos anúncios de jornais da época da vigência do regime de trabalho escravo. Isso, naturalmente, antes de 1888, quando a escravidão no país foi extinta "oficialmente". Ou não?

Quarteladas e tentativas de quarteladas são relativamente frequentes, como esta que ocorreu no último dia 08 de janeiro, num rompante que parecia mais de torcida organizada, possivelmente, sem medir as reais consequências nefatas para o país e sua população. Claro que essa premissa se aplica há alguns atores, uma vez que, a cada dia que lemos mais notícias sobre o que, de fato, ocorreu em 08 de janeiro, ficamos convencidos de que tudo foi mililetricamente planejado, com atores releventes elaborando a estratégia, preparando o terreno e dando as coordenadas para o golpe. A questão que se coloca agora é se as nossas instituições democráticas reuniriam condições efetivas para puni-los. Um tema espinhoso e nevrálgico.   

Nossos mais ilustres intérpretes já deixaram isso muito claro. O historiador Sérgio Buarque de Holanda fala-nos da origem perversa dos vícios herdados da colonização portuquesa, que forjou uma sociedade com poucas chances de institucionalização, onde não se estabelece a diferenciação entre a res pública e os interesses privados. Gilberto Freyre entra na questão do sadomasoquismo formativo, na sociedade da aplicação do castigo, do açoite, do infringir ou ser indiferente ao sofrimento do outro. Nossa eleite política e econômica é a mais insensível do mundo. Noam Chomsky, o linguista americano, costuma afirmar que nunca viu coisa igual em nehuma parte do mundo.  

Nossa democracia é tão tão frágil que até para dizer que os militaress ficarão de fora do próximo reajuste dos servidores públicos federais isso se constitui num problema. Os militares tiveram reajustes regulares durante  governo de Jair Bolsonaro, enquanto os civis do Executivo guardam um jejum de 07 anos sem reajustes,  amargando perdas acumuladas que já corroeram mais de 40% dos seus proventos. Setores do governo atual ainda estavam preocupados em não melindrarem os militares, uma vez que a situação já estaria bastante tensionada.  

Fazemos essas considerações iniciais para entendermos o que se passa naquela país da América Central, para onde a comunidade internacional se volta, sobretudo em razão da violação de direitos humanos que ali estão ocorrendo, conduzidas pelo presidente Daniel Ortega, líder máximo da Revolução Sandinista, que chegou ao poder com ideais tão nobres. Assim como ocorre com o Brasil, a Nicarágua possui um sério problema de concentração de poder, ou mais precisamente, o poder concentrado em "famílias". A família do ditador Anastácio Somoza passou 38 anos no poder, saindo apenas em razão da vitória da Revolução Sandinista. 

Somoza pintou miséria contra os opositores, foi uma governo corrupto, concentrou riquezas. Foi impiedoso com os adversários políticos. Comentava-se, até, sobre a existência de covas de leões, onde os desafetos eram atiradaos para a morte. Uma ditadura sanguinária e corrupta, que ceifou a vida de milhares de opositores durante décadas. Nenhum reparo a fazer em relação a Sandino, que iniciou a luta de libertação daqueles país do jugo americano. Quando Sandino iniciou a luta pela libertação, o país era ocupado por fuzileiros americanos, o que feria solenemente a sua soberania. 

Nenhum reparo a fazer sobre a luta revolucionária do povo nicaraguense, iniciada no começo da década de 60, e que acabou chegando ao poder em 1976, depois de uma longa guerra de guerrilha, inspirada na Revolução Cubana. Uma frente ampla, formada por mulheres, jovens estudantes, inclusive com voluntários de outros países, inclusive do Brasil. Os primeiros anos do Governo Revolucinário, de reconstrução nacional, foram extremamente positivos para o país, ao fomentar a organização da sociedade civil, fazer a reforma agrária - principalmente nas terras do latifúndio da família Somoza - e criar programa de combate ao analfabetismo, incluive utilizando o método do brasileiro Paulo Freire. Mais de 50% da população do país era analfabeta. Ao final do programa, os índices caíram para 12%, merecendo o reconhecimento internacional, de órgãos como a ONU. 
A grande derrota da Revolução Sandista não ocorreu em 1991, quando o comandante Daniel Ortega perdeu as eleições presidenciais para Violeta Chamorro, após as duras pressões exercidas pelos Etados Unidos. Eleições, aliás, muito questionadas, a despeito das atenções mundicais. Ortega foi derrotado por ele mesmo, traindo os ideais mais nobres dos revolucionários que pegaram em armas para derrotar uma ditadura sanguinária. Faz algum tempo que o país deixou de ser uma democracia e tornou-se uma ditadura. E os métodos das ditaduras, infelizmente, são sempre muito parecidos. 

Os ingredientes mais nefastos na condução de uma gestão pública já podem ser encontrados no Governo de Daniel Ortega, sendo, justas, portanto, as preocupações com a condução do processo político naquele país, já manifestadas pelos presidentes do Chile e da Colômbia. Repressãp violenta contra os opositores; gestão tememária da contas públicas; mudanças constitucionais para se perpetuar no poder; ausência dos demais poderes do escopo de uma democracia - a exemplo de um Legislativo cooptado e de um Judiciário sem a independência necessária para atuar.

Até recentemente, o PT, ou o presidente Lula em particular, se pronunciou sobre o que ocorre naquele país da América Central, levantando as polêmicas de sempre. Há um legado de conquistas sociais, políticas e econômicas da Revolução Sandinista que  podem e precisam ser defendidos pelas forças do campo progressista. Mas há, por outro lado, os desvios de rumos que são indefensáveis, o que vem provocando os pronunciamentos recentes, por atores políticos representantes deste campo. É neste alinhamento que o PT precisa se situar, evitando oferecer munição aos seus adversários.   

 

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Editorial: A tragédia bolsonarista nossa de todos os dias

 



Infelizmente, vamos conviver com isto durante um bom tempo. Aliás, para ser mais preciso, o país sempre conviveu com esta violência, desde os tempos mais remotos.Violência contra os povos originários, contra os negros, contra os gays, contra as mulheres. Somos uma sociedade forjada na violência, no não reconhecimento do outro. O ódio, o genocídio sempre esteve em nosso DNA histórico. O sociólogo Gilbeto Freyre  afirmava que a democracia entre nós seria inviável, sobretudo por sermos uma nação de perfil sadomasoquista.Quem sabe ele não tinha razão. 
 
De fato, somos dados ao golpismo e às quarteladas, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo. Até recentemente milhares de pessoas insandecidas saíram às ruas para pedir uma intervenção militar, atacando violentamente as nossas instituições democráticas, sem medir as consequências. Irresponsavelmente. Democracia entre nós é coisa frágil e, possivelmente, sempre será. Basta aparecer um louco de vez em quando, com uma "receita" pronta para despertar o monstro das trevas e do obscurantismo e ele ressurge com uma facilidade incomum. 

A receita é simples: Escolhe-se os inimigos - o PT e, em particular, o atual presidente Lula; dissemina-se uma campanha sistemática de ódio e de mentiras, hoje  enormemente facilitada pelos aparatos tecnológicos modernos disponíveis; adota-se políticas públicas deliberadas de "suporte" a essas insanidades, como a facilitação na aquisição de armas pela população. E, aí, o resultado são essas tragédias que, como disse, estão se tornando recorrentes. A equação é simples: campnha de disseminação do ódio + facilidade na aquisição de armas: chacinas como esta que ocorreu recentemente em Sinop, no Mato Grosso do Sul.  
 
Pedimos perdão aos leitores se esquecemos de algum outro ingrediente nefasto. O bolsonarismo despertou o que há de pior na sociedade brasileira. Entende-se as preocupações e a repulsa da sociedade em relação à tragédia que ocorreu recentemente em Sinop, no Mato Grosso do Sul, onde dois bandidos mataram sete pessoas, inclusive uma criança de apenas sete anos de idade. Entende-se a indignação, mas, na realidade, os crimes de ódio já se tornaram recorrentes no país já faz algum tempo. 

A eleição de Lula se constituiu num antítodo ao avanço dessa engrenagem perversa, abjeta mas eles continuam ativos, dispostos a retomarem o poder a qualquer momento, de preferência por caminhos tortuosos, não pelas vias normais, previstas o escopo de uma democracia representativa, mesmo que frágil. É preciso ficarmos atentos e não voltarmos a dormir o sono político que produziu o monstro. 

Charge! Leandro Assis e Triscila Oliveira via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Editorial: Mocidade Independente de Padre Miguel homenageia o Mestre Vitalino.

Crédito da Foto: Fundação Pierre Verger

 


Todas as homenagens ao Mestre Vitalino são muito bem-vindas. Ainda mais se tal homenagem parte de uma escola de samba como a Mocidade Independente de Padre Miguel, que expôs o artesão de Caruaru no Sanbódromo da Sapucaí no desfile do carnaval deste ano. Além do mestre Vitalino, os seus discípulos do Alto do Moura também se fizeram presentes, como mestre Galdino, Manuel Eudócio e Zé Caboclo também homenageados pela mesma escola de samba. Em grande medida, boa parte dos artistas do Alto do Moura são discípulos do mestre Vitalino Pereira dos Santos. Aprenderam com o ele o ofício de transformar o barro em esculturas de arte, seja no estilo, seja nas temáticas da cultura nordestina explorada em seu trabalho artístico. 

As semelhanças são tão nítidas que, em alguns momentos, torna-se difícil identificar o verdadeiro Vitalino do "falso", exceto pelas digitais indeléveis, ou seja, traços únicos que apenas o artista sabia fazer com maestria. Na realidade, Vitalino, apesar de Caruaruense da gema, não nasceu no Alto do Moura, vindo morar no local, ainda jovem, com a família. Sua mãe utilizava o barro para fabricar cerâmicas utilitárias que comercializava na feira local. Com as sobras do barro, Vitalino foi dando os contornos a pequenas bonecos que comercializava, igualmente, na feira local, para conseguir alguns trocados. 

O reconhecimento do seu talento só viria com exposições fora do circuito local, naquilo que a gente chama de um reconhecimento "de fora para dentro", ou seja, a província só se rende quando os de fora reconhecem as qualidades artísticas do artesão local. Foi uma exposição organizada por Augusto Rodrigues, no Rio de Janeiro, que projetou o artista nacionalmente.   Os melhores registros imagéticos do artista, por exemplo, é uma realização do francês, Pierre Verger, quando de suas excursões de trabalho pelo Nordeste, onde registrou todas as etapas do trabalho do astista, desde o recolhimento do barro até a arte final, no forno, para a queima, que ainda existe no Museu Casa do Mestre Vitalino, em Caruaru. 

Museu que, inclusive, reclama a atenção dos poderes públicos, em todas as esferas, sobre os cuidados necessários com a sua manutenção. Graças às ações ou iniciativas de museólogos como Aécio de Oliveira, o Museu do Homem do Nordeste, da Fundação Joaquim Nabuco, detém um dos maiores acervos de obras do artista no país, que possui obras expostas até no famoso Museu do Louvre, em Paris.   

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Editorial: O carnaval de Lula



Depois de uma intensa mobilização para recuperar o tempo perdido e os desmandos do governo anterior, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva resolveu descansar e regarregar as baterias durante o período momesmo. Optou pela Base Naval de Aratu, na Bahia, que está se transformando numa especie de residência oficial de veraneio da Presidência da República, uma vez que uma leva de ex-presidentes estiveram no local durante os períodos de feriados prolongados. Como se trata de uma base militar, naturalmente, torna-se possível descansar sem ser incomodado. Mais o danado é que o presidente acabou sendo incomado pelo intenso temporal que caiu na região litorânea do Estado de São Paulo - principalmente na cidade de São Sebastião - acarretando mortes, desaparecidos e desabrigados. 

Com a sua sensibilidade e responsabilidade de um governante, Lula interrompeu o seu descanso merecido e partiu imediatamente para São Paulo, com o objetivo de solidarizar-se com os atingidos e estabelecer ações conjuntas dos governos Federal, Estadual e Municipal no sentido de socorrer as vítimas e adotar medidas para recuperar os danos produzidos pelas enxurradas. Este é um comportamento diametralmente oposto ao do governo anterior, que não demonstrava empatia com o próximo, por vezes até ridicularizando situações de calamidades públicas. 

Antes de mais nada, Lula não fez mais do que deveria ser feito, ou seja, a sua obrigação. mas, diante da conjuntura política que enfrentamos até recentemente, sua atitude está tendo uma excepcional repercussão nas redes sociais. O Governo Lula está dando um ponta pé dos melhores neste início de governo e, naturalmente, não poderia cometer uma falha dessa magnitude, em razão de sua responsabilidade pública. Ponto para Lula. Infelizmente, pelo andar da carruagem, essas tragédias estão se tornando rotineiras, em razão dos danos climáticos produzidos pela ação dos homens na natureza. Não é desejável, mas não seria improvável que outras possam vir a ocorrer.   

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Editorial: Convém manter distância do bolsonarismo tóxico, deputado.



O campo político exige muita civilidade dos seus atores. É necessário, no entanto, manter a cautela necessária para saber qual é o limite imposto por essa tal atitude respeitosa e civilizada, contingência determinada pelas boas regras de convivência democrática. Até recentemente, Lula, que faz um governo de ampla conciliação nacional, exigiu dos seus subordinados a imediata retirada de servidores, ligados ao bolsonarismo, de suas funções. Naturalmente, que estamos tratando aqui dos cargos de confiança bolsonaristas que, estariam, segundo ele, deliberadamente, emperrando o andamento do seu governo.
 
O ritmo do Governo Lula, aliás, está de bom tamanho, a julgar pelas avaliações de jornalistas insuspeitas, como a Miriam Leitão, que se disse surpresa com tantas realizações em tão pouco tempo. Mais ele tem pressa, contas a ajustar com os seus eleitores, sabe que o país esteve, até bem pouco tempo sob trevas, e vamos respeitar sua capacidade de trabalho. As bolsas de pesquisa de mestrado e doutorado da CAPES e CNPq, que já estavam há dez anos sem reajustes, tiveram suas recomposições. Algumas categorias de servidores do executivo estão há sete anos sem qualquer recomposição, um massacre que já corroeu mais de 40% dos seus proventos. 

Para esse pessoal, nem um aumento substantivo resolve - posto que é impossível repor isso de uma única vez - mas se faz necessário estabelecer uma "política" de aumentos escalonados e graduais, até que a granada do Paulo Guedes seja desativada. Lula tem pressa, perdão por ser repetitivo, mas são mais de 14 mil obras paradas em todo o Brasil. Segundo informações que circulam na imprensa - não é apenas nas redes sociais, o que exige cautela - 98% dessas casas entregues por Lula estavam completamente concluídas, restando, tão somente, uma mão de cal. O "descaso" é a marca indelével do governo anterior. 

Como disse no início, as alianças políticas celebradas por Lula atingiram amplos espectros ideológicos - talvez bem acima do que gostaríamos - mas isso faz parte de um jogo determinado pelas correlações de força. Em todo caso, senhor deputado Washington Quaquá, com todo o nosso respeito, convém manter uma distância regulamentar do bolsonarismo raiz. Ele não faz bem, tampouco é isso que se pode depreender das contingências impostas a Luiz Inácio Lula da Silva, que precisa engolir alguns sapos, menos os tóxicos.      

Editorial: O cálculo político de Jair Bolsonaro



Antes mesmo de concluir oficialmente o mandato, ao apagar das luzes, o ex-presidente Jair Bolsonaro deixou o país, num processo complicado, que envolveu questionamentos sobre o uso das prerrogativas ainda de presidente - como a utilização de aeronaves oficiais - e, pior, sem as despedidas formais e civilizadas, que incluiriam a passagem de faixa para o novo mandatário do país. Nos escaninhos, vazou a informação de que ele teria consultado o mundo jurídico sobre a eventualidade de alguma ação contra ele, sendo informado que, com a ausência do foro privilegiado, ele se tornaria um sujeito vulnerável juridicamente, ou seja, podia, sim, ser preso a qualquer momento. 

Sua saída do país gerou muitas especulações. No exterior, encontros com atores políticos comprometidos com o ideário da ultra-direita golpista norte-americana e, mais recentemente, uma palestra numa igreja evangélica, onde voltou a levantar questionamentos sobre as últimas eleições presidenciais no país, legitimamente vencidas pelo seu oponente, Luiz Inácio Lula da Silva. Depois de outras rotinas - que incluiu algumas caminhadas -  confirmou que estará de volta ao país, com o propósito de fazer uma oposição cerrada ao presidente Luiz Inácio Luda da Siva. 

Não existe nenhum problema em fazer oposição a Lula. É algo perfeitamente previsto no escopo de um regime de democracia representativa. Se souber conduzi-la bem, pode até trazer contribuição para o andamento do governo, embora se entenda que não seja bem este os seus objetivos. Estamos, agora, procurando entender qual seria o cálculo político do ex-presidente Jair Bolsonaro. Nas entrelinhas, em tom enigmático, ele já chegou a insinuar que o Governo de Lula iria acabar logo. A estrutura montada pelo bolsonarismo na máquina da burocracia pública permanece relativamente bem azeitada, principalmente entre o estamento militar. Salvo melhor juízo, voltaram a ocorrer as manifestações de rua, realizadas por bolsonaristas, mesmo diante da reação dura das instituições democráticas do país em relação aos envolvidos nos episódios do dia 08 de janeiro. 

Até recentemente, Lula se queixou que acredita que algumas coisas não andem por conta dessa "engrenagem". A preocupação tem cabimento. Agora circula a informação de que a possibilidade de uma prisão do ex-presidente são bastante remotas. Vamos afinando o violino político para entendermos qual seria exatamente o seu cálculo. Já vamos logo antecipando, seu Jair, que Lula vai muito bem de saúde e de governo. 

Charge! Mor via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Editorial: Bolsonaristas infiltrados emperram o Governo Lula.



Embora haja algumas ponderações naturais, este editor está bastante satisfeito com o Governo do senhor Luiz Inácio Lula da Silva. Somente o Governo ter interrompido a tragédia humintária que se abatia sobre os povos Yanomamis e freado o desmatamento na Amazonas, já estaria de bom tamanho. As críticas, logicamente, vão sempre no sentido de dar a nossa modesta contribuição à retomada do processo iluminista, pois havíamos mergulhado nas trevas, durante o governo anterior. Mais um mandato e não teríamos ideia para onde nos conduziriam esse porão miliciano, esta aliança nefasta entre cristãos protestantes, milicianos, crime organizado, grupos políticos e traficantes de drogas. Hoje, através de nossas redes sociais, um internauta nos deu uma pista para entendermos essa aliança, aparentemente esdrúxula: a lavagem de dinheiro. Tanto os falsos profetas quanto os traficantes têm interesse aqui. Um desses chefes do tráfico declarou ter aberto 06 igrejas evangélicas.  

O ritmo do Governo também está ótimo, entregando moradias, tocando obras paralizadas por todo o país. Ontem foi em Aracaju, Sergipe, mas a informação é de que há milhares delas paradas, o que se traduz num grande descalabro administrativo. Nós estamos satisfeitos, mas Lula não está. Ele acredita que, não sem motivos, o seu governo está sendo boicotado por bolsonaristas infiltrados, que permanecem na máquina pública, atuando num diapasão bolsonarista, impedindo que algumas coisas andem conforme seus objetivos de gestão.

Não seria improvável, meu caro Lula, mas vai aqui algumas ponderações. Um dos problemas é o padrão de construção dessa aliança pela governabilidade estabelecido por Vossa Excelência, que contribui para essa possibilidade concreta de boicote. Já houve denúncias até de Ministros de Estado com base política em redutos milicianos. Outro, fazendo uso indevido de recursos do famigerado orçamento secreto, que você considera uma excrescência, mas sabe que, politicamente, não há muito o que se possa ser feito na atual conjuntura política. 

No Estado da Paraíba há denúncias de pessoas que estiveram integradas ao bolsonarismo - inclusive nessas movimentações de caráter golpistas - ocupando cargos de DAS. Se faz necessário ter um filtro ideológico realmente rigoroso, mas essa gente, infelizmente, de alguma forma, encontra-se em sua base aliada, através de grêmios partidários de centro-direita. A nossa experiência na máquina pública, por outro lado, alerta para os chamados "homens rapariga", esses que são capazes de pisar no pesçoço da mãe para ocuparem um cargo de DAS, o que representa um acréscimo nos seus proventos. Esses são movidos por interesses vis. São as chamadas Dianas de Pastoril. Já estão trajados com as duas vestimentas, adequando-se à situação política conforme as conveniências. Esses são ainda mais perigosos. 

Editorial: É verdade que as casas entregues ontem por Lula estavam prontas desde 2016?



Em apenas 45 dias de governo, Lula retomou o Programa Minha Casa, Minha Vida a todo vapor, entregando centenas de unidades habitacionais, depois, como se diz no jargão dos pedreiros, que precisavam, apenas, passar uma mão de cal, uma vez que as residências estavam praticamente prontas. Na realidade, essas casas estariam prontas desde 2016 e não foram entregues pelo Governo Bolsonaro, segundo denúncias que estão sendo veiculadas pela imprensa. Se tais denúncias forem confirmadas, estamos diante de fatos graves, que precisam ser apurados e os responsáveis punidos. 

Não queremos aqui fazer algum julgamento precipitado - repercuto apenas as "denúncias" que ainda precisam de uma efetiva confirmação, para não incorrermos nas famigerdas fake news - pois existem uma série de entraves burocráticos nesses processos. Outro dia, aqui mesmo no Estado de Pernambuco, a Polícia Federal desbaratou uma quadrilha, formada por servidores públicos municipais, que estavam envolvidos em vendas ou distribuição irregular desses imóveis, ou seja, as unidades habitacionais não estavam indo para quem, de fato, precisavam delas, mas para parentes e amigos desses agentes públicos, mediante, naturalmente, ao recebimento de vantagens financeiras. Convém que o governo atual esclareça essa questão, de preferência separando o joio do trigo, deixando consubstanciado as razões efetivas sobre esse longo atraso na entrega dessas moradias, num país com o nosso déficit habitacional. 

No mais, é parabenizar o Governo Lula pela iniciativa, bastante convergente com as suas preocupações de gestão. Ontem, no Estado de Sergipe, também ocorreu a informação de que as obras que Lula começou a destravar estavam "paradas' há um bom tempo. Segundo cálculos, são milhares de obras paradas que ficaram como herança maldita do governo anterior. Deve existir alguma "lógica" ou  "motivação" por trás disso, algo que, igualmente, precisa ser urgentemente explicado. Má gestão? Ação deliberada? Auferimento de vantagens envolvendo agentes públicos e privados? Constrangimentos eleitorais?    

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Editorial: "Sou do Recife com orgulho e com saudade. Sou do Recife com vontade de chorar!"

 


Segundo as previsões das agências que monitoram o nosso clima, não seria improvável que tenhamos um carnaval com muita chuva aqui no Recife e, provavelmente, na Marim dos Caetés. Com muita chuva e pouco frevo, a julgar pelas atrações que estão sendo anunciadas, um fato profundamente lamentável. Já faz algum tempo que presenciamos - movido por interesses mercadológicos e políticos - essas idiossincrasias das atrações que se apresentam no nosso carnaval, que não guardam, absolutamente, nenhuma relação com o frevo pernambucano. Não seria um fenômeno exclusivamente nosso. Os baianos, outra praça de carnaval tradicional, também se queixa bastante desse problema. 

O grande público talvez nem se aperceba dessa descaracterização, cujos reclames recaem sobretudo, por atores do meio artístico e intelectual. Diríamos que por pernambucanos autêntcios, uma vez que o frevo é um ritmo musicial genuinamente nosso, assim como o bolo de rolo. Uma pena mesmo que este fato não seja respeitado pelas autoridades públicas no momento de celebrarem contratos com esses artistas, que cantam de tudo, menos o frevo pernambucano. 

O descaso, com raras e honrosas exceções - a Fundação Joaquim Nabuco é uma delas, que realizou um concurso de frevo até recentemente - é generalizado, à exceção, da nossa Rádio Universitária, que mantém, há décadas, um programa exclusivo tratando e tocando este ritmo. Nos sentimos, assim como o grande compositor e cronista Antonio Maria, no seu espetacular frevo número 3: Sou do Recife com orgulho e com saudade, mas com vontade de chorar!.  

Editorial: Quem matou Pablo Neruda?




O poeta Pablo Neruda, Prêmio Nobel de Literatura, era filiado ao Partido Comunista Chileno e um grande aliado do presidente Salvador Allende, morto durante o golpe militar ocorrido no Chile em 1973. Allende morreu lutando, no Palácio de Lá Moneda - sede da presidência do país -, quando tropas leais aos golpistas, comandados pelo general Augusto Pinochet, avançacam em seus objetivos. A versão de que ele teria se suicidado, ao longo dos anos, ficou completamente desmoralizada pelos fatos que vieram à tona envolvendo aqueles eventos sombrios, caracterizado por um golpe "tradicional", com o apoio logístico dos Estados Unidos e tudo. 

Segundo analistas, o Golpe Chileno foi o ponta pé inicial para a adoção do receituário neoliberal em todo o continente latino-americano. A Ditatura Chilena, como se sabe, se tornaria uma das mais sangrentas do continente, ceifando a vida de milhares de civis opositores do regime. Um dos principais assessores de Salvador Allende, Orlando Letelier, foi assassinado, imaginem, praticamente nos jardins da Casa Branca, num crime que se insere no script de execuções da Operação Condor. Havia sido Ministro da Defesa e atuava como embaixador do Chile nos Estados Unidos. Uma bomba foi colocada em seu carro.  

No Brasil, hoje, parece não existir mais dúvidas sobre um eventual assassinato de nomes como o dos ex-presidentes João Goulart, Juscelino Kubitschec e do educador Anísio Teixeira, que, supostamente, teria caído num poço de elevador, em condições técnicas absolutamente insustentáveis do ponto de vista de uma morte acidental. O agente encarregado de vigiar Jango, por outro lado, depois admitiria que ele havia tomado o remédio "errado" para o coração. A lista é grande e incluiria, também, o poeta chileno Pablo Neruda. 

Outro dia, na produção de um novo romance, lembramos das tórridas e emocionantes cenas de alumbramento do poeta chileno contidas no livro Confesso Que Vivi, uma espécie da autobiografia. A suspeita sobre uma eventual morte provocada pela Ditadura Chilena ao poeta permanceu em dúvida durante décadas. As suspeitas eram muitas. A exumação do corpo dissipou-as. Foram encontradas a presença de toxinas no seu corpo, indicando o assassinato por envenenamento. Resta saber quem, no escopo da Ditadura Chilena, ordenou a morte do grande poeta. 

Há um outro fato que este editor ficou sabendo. Antes de ele receber esta injeção suspeita, houve uma transferência emergencial do poeta de um hospital para outro. Esse outro era uma espécie de "morredouro" - como diria o filósofo Michel Foucault - dos opositores da Ditatura Chilenia. Sobre essas questões revisionistas, o Chile tem, pelo menos, uma vantagem sobre nós. Eles não se intimidam em exumar o passado... e punir aqueles que cometeram crimess hediondos contra a humanidade.  

terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Editorial: A cultura da "farra" com os cartões corporativos.

 


A cada dia surgem mais informações desabonadoras sobre o uso indevido, irregular - ou até imoral - dos chamados cartões corporativos. Há o que o jornalista Josias de Souza, do UOL, chama de perda do recato de integrantes do governo anterior em relaçaõ ao uso desses cartões. Ele foi transformado numa espécie de "rachadinha", segundo observa o jornalista. Vamos poupar os leitores dos inúmeros casos onde se vem verificando irregularidades com o uso desses cartões corporativos, indicativos de um absoluto despudor na sua utilização. Como já disse em outros momentos, sobretudo para os cronistas do cotidiano ou para os folcloristas, não deixa de ser interessante observar o "cardápio" ou os "hábitos" de consumo dos nossos gestores, onde surgem fatos curiosíssimos.

Ao trazermos a questão para o plano do interesse público, a coisa muda completamente de figura, pois fica patente que o dinheiro dos nossos impostos foram emopregados de forma indevida, implicando numa necessária punição aos agentes públicos que fizeram uso irregular desses cartões corporativos. Embora o governo atual não possa ser responsabilizado por tais desmandos, convém, urgentemente, que seja retomada uma campanha disciplinar sobre o uso correto desses cartões, que se assuma uma postura ética e republicana no uso desse instrumento, evitando, assim, maiores consequências futuras. 

Pelo andar da carruagem política, o ambiente anterior é de absoluto "descontrole", para usarmos aqui um termo eufemístico. Isso contribui para produzir uma espécie de cultura do "tudo pode", "usa o cartão", sem que se fique atento aos constrangimentos republicanos impostos ao uso desse instrumento de trabalho, criado com boas intenções, mas eivado de vários incentivos às maracutais. Há alguns anos atrás, se fez um alarde danado em torno de uma tapioca, comprada por ministro do Governo da Coalizão Petista, com o cartão corportativo. Uma tapioca, aqui no Alto da Sé, com recheio de camarão e tudo, não fica acima de R$ 20,00 reais. Ficamos aqui imaginando o que o ex-minsitro não deve estar pensando ao ver essas notícias dos jornais. 

Charge! Benett via Folha de São Paulo