pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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quarta-feira, 12 de abril de 2023

LIVRO: LULA: UMA NO CRAVO, OUTRA NA FERRADURA.

Crédito da foto: Ricardo Stuckert

 


Este livro-reportagem não esgota, naturalmente, todos aspectos das eleições presidenciais passadas. Tampouco incorpora todas as nossas reflexões acerca do tema, refletidas através das inúmeras postagens, aqui publicadas em 2022, tratando deste assunto. Por outro lado, consegue trazer ao público leitor um panorama do que foram aquelas eleições, assim como a sua importância para o nosso processo democrático. 

Embora as análises dos institutos e dos cientistas políticos se concentrassem, sobretudo, nas duas variáveis que definem uma reeleição – o bolso do eleitor e o seu humor sobre a avaliação do inquilino presidencial de turno – houve, sim, um caráter plebiscitário em jogo nessas últimas eleições presidenciais, onde os rumos de nossa democracia, de saúde já então debilitada, ganharia mais uma chance ou uma sobrevida com a eleição do candidato do PT, de Luiz Inácio Lula da Silva. 

Havia um retrocesso antidemocrático e anticivilizatório em curso, que, felizmente, temporariamente foi interrompido. Uma vitória da civilização contra a barbárie, embora precisemos ficar de olhos bem atentos, uma vez que as vinhas da ira foram plantadas e continuam florescendo, como neste último atentado bárbaro ocorrido em Blumenau, Santa Catarina, onde quatro inocentes crianças foram mortas, num ato de selvageria. 

Embora Lula tenha vencido as eleições, o Brasil continua sendo um laboratório de experimentos macabros da extrema-direita, na avaliação do sociólogo português, Boaventura de Sousa Santos. A informação histórica nos traz alguns dados importantes para entendermos a realidade. Não deixa de ser emblemática essas ocorrências frequentes na região Sul do país. Na década de 30 do século passado, a cidade de Blumenau, em Santa Catarina, abrigava a sede do maior partido nazista fora da Alemanha. 

É possível que a sequência dos temas abordados neste trabalho não siga uma ordem cronológica de todos os fatos importantes que estiveram envolvidos no jogo da disputa eleitoral daquelas eleições. Alguns temas, inclusive, podem ter assumido um status de relevância maior do que outros, consoante os nossos critérios, o que não quer dizer que sejam coincidentes com os critérios dos leitores e leitoras do texto. 

Chamamos a atenção dos leitores e leitoras sobre a discussão em torno do voto evangélico e como o Partido dos Trabalhadores se comportou em relação ao assunto. Na realidade, o partido acabou perdendo o norte, não construindo ou não implementando uma estratégia específica para conquistar esse nicho do eleitorado. Ao longo de sua existência, configurando-se aqui um processo de oligarquização, o PT acabou perdendo algumas premissas inciais, como a relação orgânica com alguns grupos sociais, entre os quais os evangélicos. 

Preocupado com o rumo de nossa incipiente experiência democrática e ancorado nas reflexões sobre o assunto produzidas pelo cientista político polonês Adam Przeworski, entramos na seara de um “cálculo da democracia”, ou seja, quais os índices ou escores econômicos e políticos que determinam a consolidação ou o desmoronamento de um regime democrático? Przeworski é hoje um dos mais respeitados intelectuais na abordagem do deste tema. 

Igualmente ancorado em Przeworski, trazemos uma discussão das mais importantes sobre os determinantes do voto. Como a condição social\política\econômica do eleitor o induz a votar neste ou naquele candidato? Reflexão das mais consequentes - talvez merecedora de um aprofundamento - é uma observação comparativa – longe de se constituir num estudo – da situação latino-americana no que concerne à instabilidade dos regimes democráticos, considerando países como o Chile, o Peru e o Brasil. 

Interessante observar o elenco de manobras institucionais possíveis que os atores de oposição poderão utilizar contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a partir do parlamento. Como o leitor e a leitora atenta já deve ter observado, à medida em que Lula cede às pressões do Centrão, amplia-se o fosso com a base mais identificada ou ideologicamente orientada do partido. Uma dirigente da legenda já andou tratando o assunto como um estelionato eleitoral. 

Não é fácil conduzir uma governabilidade sob(re) as águas turvas de um presidencialismo de coalizão. O título do livro-reportagem traduz bem a situação vivida pelo nosso presidente Lula. Num dia, precisa engolir sapos e manter seu ministro das comunicações para não prejudicar suas negociações com o União Brasil. No outro, acena com a brasa para sardinha dos mais humildes, anunciando o aumento dos valores da merenda escolar. O livro, em formato digital, pode ser adquirido por aqui, diretamente com o autor, ao valor de R$20,00, através da chave PIX jluizpesquisas8@gmail.com. Enviar comprovante, com e-mail para o recebimento do arquivo, para o ZAP 81986844557.       

 

Editorial: O circo dos horrores na Comissão de Constituição e Justiça.



Existem alguns setores da imprensa que não conseguem disfarçar sua torcida contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um deles, insatisfeito pela comparação esdrúxula entre petismo e bolsonarismo, agora se detém na aquisição de uma cama para o casal presidencial. Era preciso deixar claro aos editorialistas daquele jornal que a cama foi adquirida para o inquilino de turno do Palácio do Planalto, que, neste momento, é o senhor Luiz Inácio Lula da Silva. Por ocasião dos cem dias de governo, um outro anunciou que o Governo Lula havia envelhecido precocimente. 

Ontem, o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, enfrentaria um dia de cão, em audiência na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. A sessão precisou ser interrompida, depois do tumulto causado por deputados bolsonaristas radicais. Faltou civilidade, falotu decoro, faltou respeito ao regimento, faltou responsabilidade com o trabalhos daquela comissão e, por consequência, com a própria Câmara dos Deputados. Havia uma claque de bolsonaristas não dispota a debater os problemas do país, mas a colocar o convidado numa situação clara de constrangimento. De pouco adiantaram seus apelas republicanos, tendo que lidar com um segmento que não argumenta, deseja apenas achincalhar e impor sua vontade sobre o outro. 

Além de ofendido, Dino se sentiu ameaçado, informando que, em tais condições, repensaria a observância de uma nova convocação. Não será fácil a sua gestão à frente daquele ministério. Ele terá um enorme trabalho pela frente, sobretudo no sentido de revogar as irresponsabilidades do governo anterior. Os gargalos são enormes. Um deles é o sistema prisional, sob constante tensão em todo o território nacional. Mais do que um exemplo de má educação, os episódios de ontem dão uma indicação clara sobre o que o Governo Lula deverá enfrentar daqui para frente. Fica evidente o tipo de oposição que essa gente deseja fazer.     

Charge! Triscila via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 11 de abril de 2023

Editorial: Lewandowiski mantém julgamento de Moro no STF

Crédito da foto: André Borges (EFE)


As acusações que pesam contra o ex-juiz da Lava-Jato, Sérgio Moro, a partir das declarações do ex-advogado da Odebrecht, Taca Duran, serão mesmo julgadas pelo Supremo Tribunal Federal, conforme decisão do ministro Ricardo Lewandowiski. Moro afirmou que não gostaria de ser julgado pelo STF, sugerindo que irá recorrer da decisão. É natural que ele tem todo o direito de recorrer, mas é muito pouco provável que a decisão do ministro seja revogada, acredito que pelo próprio pleno do STF. É, por falar em pleno, hoje até ministro indicado para Corte pelo presidente Bolsonaro votou contra ele numa ação que envolvia o nome do ministro Alexandre de Moraes.  

As preocupações de Moro fazem todo o sentido, se considerarmos a linha de isenção jurídica e republicana que será adotada por aquela Corte em relação ao seu julgamento. As acusações do advogado Taca Duran, muito bem documentadas, são gravíssimas e podem criar alguns embaraços para o mandato conquistado pelo ex-juiz. Ele anda de namoro com o Partido Novo, que poderá ser uma alternativa, quem sabe, para as suas pretenções de tornar-se uma opção de direita para as eleições de 2026. 

O União Brasil esta cada vez mais próximo de um acordo com o Governo Lula, o que cria uma situação de desconforto para o senador. Se ele se sair bem no julgamento do STF, ainda assim, resta a Comissão de Ética do Senado Federal que, comandada pelo PT, procura cabelos em ovos para criar uma situação de um eventual pedido de cassação do mandato do senador. Vamos ser francos. O PT tem muitos inimigos, nenhum deles, porém, mais visado do que o ex-juiz da Lava-Jato, que, com suas sentenças, fez muitos inimigos, alguns deles hoje na condição de companheiros de parlamento, que podem se associar ao PT neste projeto de vingança.      

Editorial: A pregação do ódio produz mais uma tragédia. Desta vez em Goiás.



Na década de 30 do século passado, quando o Nazismo começava a mostrar sua face mais cruel na Alemanha, tornou-se emblemático um episódio onde crianças alemãs, incitadas pelo pregação do ódio contra os judeus, passaram a agredir um grupo de crianças judias. O episódio tornou-se emblemático porque, geralmente, crianças não costumam tomar essas atitudes, principalmente contra outras crianças, resguardados alguns casos específicos ou circunstâncias particulares. Há várias leituras possíveis aqui, mas uma delas diz respeito ao poder indutor produzido pela máquina de progagação do ódio conduzida pelos nazistas, atingido os diferentes estratos estários da população alemã, inclusive as crianças.

Estão se tornando recorrentes os ataques em escolas por todo o país. O mais recente deles em Blumenau e, agora, este ocorrido em Goiás, onde um aluno esfaqueou três outros colegas de classe. Felizmente, todos estão bem. O Ministro da Justiça, Flávio Dino, está adotando todas as medidas possíveis, junto como os dirigentes dessas plataformas de redes sociais, no sentido de suspender contas de usuários que poderiam estar estimulando esses ataques através dos seus perfis. Trata-se de algo inominável, mas, a rigor, pelas primeiras estimativas, o número desses perfis é expressivo, chegando a 270 a princípio.

Estamos pagando a conta do desgoverno anterior, onde o ódio foi destilado; a mentira tornou-se uma arma política; os "inimigos" foram identificados; o assédio tornou-se prática recorrente; reputações foram postas na lama, consoante interesses comezinhos; os maus exemplos vem de cima; estimulou-se o uso da violência. Ainda hoje circula nas redes sociais a imagem de Lula algemado, postado por um Senador da República, que deveria estar pensando em um país melhor para todos, nunca estimulando o ódio entre partidários "L" ou "B". Pior do que isso é a população não ter a consciência política necessária para, através do voto, impedir esses aventureiros de chegaram às casas legislativas do país. 

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


Editorial: Quando a esquerda ajuda a propagar as narrativas da extrema-direita.



Não é a extrema-direita ou o bolsonarismo radical que está reproduzindo uma imagem asquerosa, onde um Senador da República expõe a imagem de Lula dominado e algemado, mas os próprios partidários do petista. Entende-se que eles estão fazendo uma denúncia do caso e, consequentemente, pedindo providências ao Supremo Tribunal Federal, mas, por outro lado, acabam contribuindo para ampliar e dar maior visibilidade em torno dos objetivos vis por trás dessa estratégia da oposição, no sentido de prejudicar o governo do petista. Ou seja, acabam ajudando a fazer o jogo da direita mais renhida, que faz oposição ao presidente Lula. 

Ainda hoje não entendi muito bem o que algumas redes sociais entendem como violações das regras da comunidade. Por motivos bem mais simples algumas pessoas são punidas, suas postagens são bloqueadas e coisas assim. Talvez possamos entender, em última análise, que essas tais regras da comunidades estejam sendo orientadas, na realidade, muito mais por interesses comerciais do que qualquer outro. Afinal, entramos na era do tráfego pago. 

Um dos eixos dos ataques da extrema-direita às democracias é a narrativa de que existiriam ações deliberadas contra a liberdade de expressão. O contraponto a isso, estimulado por esses grupos extremistas, então, é a liberdade para tudo, para os ataques às pessoas, aos grupos minoritários, às instituições, mesmo que através da disseminação de mentiras. Não surpreende, portanto, pronunciamentos transfóbicos e, agora, esta foto postada por um Senador da República, que preferimos não publicar por aqui para não dá maior publicidade ao fato.  

segunda-feira, 10 de abril de 2023

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo

 


Charge! Renato Aroeira.


 

Editorial: O ovo da serpente

 



O Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, através do Ministério da Justiça, está solicitando à rede social Twitter a exclusão de 270 contas que, em algum momento, teriam tentando associar o agressor do ataque recente a uma creche em Blumenau ao atual presidente. Ainda não entendi qual a associação que estaria sendo feita, mas essas hordas de bolsonaristas radicais são capazes de tudo. Se não houver nada, eles inventam, plantam, afinal, se especializaram em espalhar fake news. Na realidade, o que ocorre é exatamrnte o contrário. Todos os envolvidsos nessas tragédias recentes do país têm, de alguma forma, alguma ligação ou, no mínimo, simpatias pelo bolsonarismo. 

Não cansamos de repetir por aqui que precisamos ficar atentos, pois esses radicais encontram estufa numa sociedade como a nossa, forjada na desigualdade, no racismo, na instituição da escravidão, em práticas genocidas, pois exterminou povos originários, matou escravos de açoites ou nos trabalhos forçados, ainda mata as mulheres e os gays. Ontem líamos algo que nos remetem ao Ovo da Serpente, de Ingmar Bergman, particularmente às suas condições ideais de eclosão, mais recentemente, na cidade de Blumenau, em Santa Catarina. 

Trata-se de um dado histórico revelador. Na década de 30 do século passado a cidade de Blumenau tinha o maior partido Nazista fora da Alemanha, o que significa confirmar a hipótese da estufa, tão invocada por aqui por este editor. Não podemos continuar dormindo o sono político que produziu o monstro. Todas as medidas legais e institucionais precisam ser adotadas contra essas práticas no país. Grupos de orientação nazista nunca crescerem tanto no Brasil com nos últimos quatro anos do desgoverno anterior, embalados pela pregação do ódio como arma política para atingir os adversários. Não podemos ser tolerantes ou indiferentes com essa gente.       

domingo, 9 de abril de 2023

Editorial: 100 dias de Governo Lula



Ainda estamos em campanha. Setores da população continua armado até os dentes, numa torcida infernal para que o Governo Lula não dê certo. Há um bolsonarismo renhido torcendo contra o governo e isso pode ser concluído pela última pesquisa de avaliação, quando os escores praticamente empataram na margem de erro do Instituto Datafolha. Entre os bolsonaristas, as razões são simples. Eles ainda não assimilaram a derrota. Mas aqui também se incluem alguns formadores de opinião, segmentos empresariais e políticos oposicionistas, cujas indisposições com Lula são conhecidas. 

De fato, o estrago produzido pelo governo anterior foi grande e não estamos tratando aqui de retórica - que poderia ser utilizada como justificativa para as eventuais dificuldades enfrentadas - mas de um dado efetivo da realidade. Lula enfrenta um grande problema estrutural, de qualquer chefe de Executivo no país: o chamado presidencialismo de coalizão, que contingencia o governante a estabalecer relações de corte nada republicanos com o Poder Legislativo, cedendo espaço na máquina e liberando emendas parlamentares. É isso ou se impõe o impasse, que pode desengavetar os pedidos de impeachment. Gente interessada em apresentá-los é o que não falta. 

No plano das definições das macropolíticas públicas, há um impasse com as taxas de juros praticados pelo Banco Central, que colide com a macropolítica econômica do governo, criando diversos embaraços para o deslanchamento de algumas atividades econômicas. Ou seja, tanto do ponto de vista político, quanto econômico, Lula continua travado. Até um prêmio Nobel de Economia já tratou deste assunto, endossando a narrativa de setores do partido de que nossas taxas de juros são injustificáveis, para ficarmos com um termo menos polêmico. Por outro lado, há bons analistas do campo econômico que endossam essas taxas de juros praticadas pelo Banco Central. Aqui, pouco coisa pode ser feita, uma vez que o mandato de Roberto Campos Neto continua até bem próximo do final do terceiro governo Lula. 

Para assegurar um mínimo de governabilidade, Lula já colocou até o Centrão no governo, mas o apetite dessa gente é insaciável. Este, aliás, é um dos aspectos que mais expõem o PT, pois vai de encontro às suas diretrizes político\ideológicas. A própria Gleisi Hoffmann, presidente nacional da legenda, trata o problema como um estelionato eleitoral. No varejo, Lula tem acertado todas, revogando medidas do governo anterior; retomando e moralizando programas importantes, como o Bolsa Família; atualiando os valores da merenda escolar e das bolsas de pesquisa da CAPES e do CNPq; reinstitucionalizando ou republicanizando a máquina, indicando servidores ou pessoas qualificadas e comprometidas para a direção de órgãos estratégicos, com anúncio, inclusive, de novos concursos públicos. Na realidade, Lula reverteu uma política de desmonte, de um lado, e de bolsonarização, do outro, ambas igualmente danosas. O Brasil voltou!  

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


sábado, 8 de abril de 2023

Editorial: O caos instaurado no sistema prisional brasileiro.



Até recentemente, o Rio Grande do Norte enfrentou uma grande onda de violência urbana - que ainda perdura - segundo foi constatado, em razão das péssimas condições de suas unidades prisionais. As denúncias vão desde alimentação estragada servida aos presos, às sessões de tortura infringida a alguns detentos. A crise estourou no Rio Grande do Norte, mas, a rigor, poderia ser em qualquer outra praça do país, pois os problemas são generalizados, atingindo todo o sistema carcerário brasileiro. O país, por razões obvias, possui uma cultura do encarceramento, da tortura, do açoite. Somos a segunda população carcerária do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos, onde o sistema prisional tornou-se uma indústria, nas palavras da ativista negra Angela Davis. 

Não vamos aqui entrar nos detalhes escabrosos sobre as causas dessa tragédia para não nos tornarmos repetitivos. O certo mesmo é os Ministério dos Direitos Humanos e o Ministério da Justiça terão um grande problema pela frente, seja no que concerne à revisão da legislação sobre o assunto, seja no que concerne a oferecer um tratamento mais civilizado e humanitário a esta população carcerária, que cumpre pena nos presídios brasileiros. É preciso, igualmente, evitar pesquisas ou inspeções para comprovar os "óbvios ululantes", no dizer do dramaturgo Nelson Rodrigues, como a questão da superlotação ou que a educação oferecida aos menonres infratores não consegue recuperá-los. Coisas  assim. Aqui em Pernambuco já estamos carecas de saber da existância dos chamados "chaveiros', que exercem, de fato, o poder de Estado nas unidades prisionais locais. Vamos, de fato, partir para resolver o problema, senhores ministros. 

Em pernambuco existe um caso emblemático. Um ex-Secretário dos Direitos Humanos, com grande capital político junto às entidades do setor, concedia uma entrevista a um canal de televisão durante o momento em que se avinzinhava mais uma rebelião no Aníbal Bruno. Questionado pela repórter sobre a gravidade da situação, ele a tranquilizou informando que havia entrada em contato, por telefone, com os líderes da eventual rebelião e fora informado que a situação estava sob controle. Detalhe: Em tese, não pode entrar telefones celulares nas unidades prisionais, tampouco com linha direta com o Secretário de Direitos Humanos.   

Charge! Mare via Folha de São Paulo

 


Editorial: Lula acerta em interromper a venda de algumas estatais.



O desastre em alguns programas de estatização de empresas públicas ou estatais, a nivel global, está levando alguns países a reavaliarem essa questão. Um dos casos mais emblemáticos são as empresas de saneamento básico, que, a nível, mundial, se mostraram inviváveis nas mãos da iniciatva privada e estão voltando ao controle do Estado. Dois outros gravíssimos problemas tem sido as malandragens por trás desses programas de privatizações, estabelecendo-se um conluio entre agentes público e agentes privados, em detrimento do interesse da sociedade. 

O outro aspecto diz respeito à narrativa falaciosa da melhoria da qualidade dos serviços, ou seja, a tese de que os agentes privados são melhores administradores do que os agentes públicos. Hoje, estamos eivados de casos que põem por terra essa tese. Um bom exemplos é o Aeroporto Internacional dos Guararapes, aqui no Recife, onde ocorreu um aumento sensível dos preços ali praticados, acompanhado da queda na qualidade dos serviços. 

O escândalo das joias das Arábias, serviu, didaticamente, para escancarar o malogro da privatização da refinaria Landulpho Alves, na Bahia, onde os cofres públicos amargaram um prejuízo de 10 bilhões de reais apenas. Como diria o Ciro Gomes, aí tem. Os Correios nunca estiveram tão bem, nunca deram tantos lucros. Por que privatizar, então? Entregar uma empresa pública rentável, enxuta, bem gerida, nas mãos da iniciativa privada, quase sempre em negociações onde apenas quem leva vantagem são os entes privados? 

sexta-feira, 7 de abril de 2023

Editorial: Detector de bolsonaristas radicais.



Sempre que ocorrem alguns desses atentados macabros no país - que estão se tornando preocupadamente comuns, como este último, em Blumenau, por exemplo, onde quatro inocentes crianças foram assassinadas - há uma pesquisa natural nas redes sociais sobre o perfil desses agressores. Quase sempre se chega à conclusão de que a trupe insana pertence aos grupos bolsonaristas mais radicais, desses que gostam de andar armados, pertencem a clube de prática de tiros, alguns deles até envolvidos em atos golpistas. Como os própiros pesquisadores observam, não se erra nunca. 

Essa onda de violência que o país enfrenta, hoje, foi macrabamente urdida durante os quatro anos de desgoverno anterior, onde o ódio foi disseminado por todos os poros da sociedade e do aparelho de Estado, atingindo amplos segmentos sociais. Recentemente, um ministro do Supremo Tribunal Federal, em visita aos golpitas que estão presos na Prisão da Papuda, em Brasília, se mostrou espantado com o nível de alienação dessa gente. Eles parecem que vivem num outro mundo, numa outra realidade. Até contato com extraterrestres eles tentam nessas mobilizações de rua. 

Pois bem. De onde menos se espera é que não pode sair boa coisa mesmo, contrariando a lei dos otimistas e sendo aqui mais realista. Um ilustre representante do clã bolsonarista levantou uma discussão inusitada. Talvez fosse interessante, segundo ele, se pensar em colocar detectores de metais nas entradas das escolas. A medida seria, em tese, salutar. Mas, o mais importante mesmo seria a sociedade brasileira, criar todas as condições de se proteger contra essas hordas de bolsonaristas radicais, que pregam o ódio, não valorizam a vida, desejam destruir os adversários, disseminam mentiras pelas redes sociais. O mal que precisa ser estirpado de nossa sociedade são essas pregações do bolsonarismo odiento, que estão produzindo essas tragédias em série. Fiquemos atentos, de olhos bem abertos contra essas patologias políticas de natureza fascista. 

Charge! Jaguar via Folha de São Paulo

 


Editorial: O plano para derrotar Lula



O feriadão da Semana Santa está sendo bastante útil para atualizarmos as leituras, assim como rever um livro em andamento, que em breve será disponibilizado aqui pelo blog, em formato digital. Vocês não perdem por esperar. Uma das abordagens do texto é uma análise comparativa entre as experiências políticas recentes envolvendo países como Chile, Peru e Brasil. Nos comentários que emitimos, logo em seguida ao texto original, é impressionante como, se substituirmos os atores Gabriel Boric, do Chile, o professor Pedro Castillo, do Peru, e Lula,do Brasil, o enredo é sensivelmente parecido, ou seja, o conjunto de manobras urdidas pela extrema-direita no continente para derrotar esses candidatos de perfil de centro-esquerda é assustadoramente semelhante. Segue um receituário comum.  

O sociólogo Boaventura de Sousa Santos já havia alertado para o problema, inclusive advertindo-nos sobre as possíveis tessituras pós-eleições, ou seja, se essa turma conseguisse sobreviver às manobras urdidas e ganhassem as eleições. No Peru conseguiram derrubar o professor Castillo, que se encontra preso neste momento, sob prostestos dos seus partidários, que colocaram o país em convulsão por algum tempo. No momento, Lula enfrenta dois grandes torniquetes. As altas taxas de juros praticadas pelo Bando Central, que impedem algumas atividades econômicas de deslancharem ou limitam as decisões e conduções de políticas públicas do atual governo, assim como os problemas de governabilidade, sempre sob pressão do Centrão, para mais liberação de emendas e ocupação de cargos na máquina. 

As últimas notícias que vêm da capital federal confirmam as manobras urdidas nas eleições passadas, que consistiam em criar dificuldades para que os eleitores de Lula, no seu principal reduto, o Nordeste, tivessem as melhores condições de sufragar o voto no canditato. Manobra urdida, muito bem planejada, que contou até com a presença de alguns atores ilustres na terra de Jorge Amado. E olha que eles não foram fazer uma visita ao Pelourinho, saborear um bom acarajé baiano, mas cuidar da logística da operação.    

quinta-feira, 6 de abril de 2023

Editorial: Bolsonaro poderá ser indiciado por peculato.



O ex-presidente Jair Bolsonaro depôs, no dia de ontem, na Polícia Federal. No dia de hoje, ja existem jornalistas até antecipando uma condenação do ex-presidente, inclusvie estipulando a pena que ele deverá cumprir. Este humilde blogueiro nao ousaria tanto, mas, a rigor, a situação do ex-presidente parece ser mesmo muito difícil. Há uma confusão dos diabos envolvendo essas joias doadas pelos sauditas e, neste, caso, a polícia se vê na contingência de se chegar a alguma conclusão sobre os fatos, de preferência responsabilizando alguns atores. O enredo é de fazer inveja às séries de suspense produzidas pelas plataformas de streaming. 

Na condiação de ex-presidente, sem mandato, Bolsonaro não possui foro privilegiado. Se estivesse ainda nos Estados Unidos, sua situação seria ainda mais complicada, segundo alguns observadores, esses da área atinentes, ou seja, a jurídica. Como se não fossem suficientes os rolo das joias, ainda existe os problemas relacionados ao seu ex-minitro da Justiça, Anderson Torres, que, segundo dizem, tem como única alternativa, hoje, entrar numa negociação de delação premiada, minimizando, se condenado, alguma penalidade mais rígida. 

Sua situaçao tornou-se ainda mais complicada com as evidências das tessituras muito bem armadas, ocorridas durante as últimas eleições presidenciais, no sentido de criar dificuldades para que os eleitores de Lula confirmassem seu voto no candidato em regiões como o Nordeste. Os problemas não seriam os pneus carecas dos ônibus, como sugeria o superintendente da PRF à época. Quem, por muito pouco, não ficou careca de votos foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.  

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


Editorial: A cultura do ódio disseminado pelo bolsonarismo



O bolsonarismo é intolerante, autoritário, dissemina a violência, propaga a mentira, arma a população, tem por objetivo eliminar seus adversários políticos. Um desses grandes jornais paulista está publicando um série de reportagens especiais acerca do futuro do bolsonarismo. Antes mesmo que as articulistas que opinaram no jornal chegassem a alguma conclusão sobre o futuro dessa patologia política, antecipamos por aqui que, infelizmente, o futuro do bolsonarismo é alimentado por uma esponja natural, numa sociedade como a nossa, de perfil autorirátio, racista e genocida. 

Por vezes, usamos a palavra estufa para exemplificar tal situação. Chegamos a imaginar se não estávamos usando o termo indevidamente. Não estávamos. Teríamos aqui o mesmo significado metafórico, uma vez que estufa é o local onde se coloca ingredientes para aquecer. O que havia de pior na sociedade brasileira foi aquecido durante o bolsonarismo. Muito coisa ainda vai precisar se feita para tentarmos conter esse monstro, que foi despertado durante um sono político de nossas instituições democráticas, que até o incentivaram numa conjuntura política específica.  

Matamos os povos origináros, matamos os negros durante e depois do período da escavidão, matamos as mulheres, matamos os gays. O bolsonarismo apenas despertou ou "estimulou" o que há de pior em nossa sociedade. A violência contra os adversários políticos são evidentes em todos os recantos do, sobretudo se entendermos que os simpatizantes do bolsonarismo são, naturalmente, pessoas alienadas, despreparados, violentas, em muitos casos com acesso a armas, estimulado durante um período nebuloso da história do país, onde o Estado, ao invés de restrigi-lo, criou facilidades para armar a população. Hoje, se sabe que um quantitativa nada desprezível dessas armas foi parar nas mãos de traficantes e milicianos. Ao fim e ao cabo, talvez fosse este mesmo o propósito.

A Polícia brasileira, que tem sua origem nos capitães do mato, nunca cometeu tanta violência. Anda circulando, nas redes sociais, um vídeo onde um policial, no Espírito Santo, executa, friamente, um jovem de 17 anos, desarmado e algemado. Um outro estava usando um chicote para espancar um vendedor ambulante. Não seria surpresa se os dados apontarem para um recrudescimento dessa violência policial, onde viceja simpatias pelo bolsonarismo. O crescimento de grupos neonazistas no país é um outro fator preocupante. Seria importante que o Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos adotassem medidas conjuntas para enfrentar, de forma estrutural, o problema do aumento dos índices de violência, que ontem massacrou quatro crianças inocentes numa creche em Blumenau.   

quarta-feira, 5 de abril de 2023

Editorial: Entre vetos à reforma do Novo Ensino Médio, uso indevido do cartão corporativo e depoimento de Bolsonaro à Polícia Federal.



Nós já perdemos a conta por aqui sobre, afinal, quantos estojos ou lotes de joias da Arábia Saudita foram doadas às autoridades do Governo Brasileiro, durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Num dia, um lote é devolvido, no outro dia, uma peça do estojo que sumiu ou foi incorporada ao patrimônio da União. A cada dia mais um mistério envolvendo essas joias, tornando o caso ainda mais confuso. Mas hoje, dia 05 de abril de 2023, finalmente, a Polícia Federal deve ouvir o ex-presidente Jair Bolsonaro sobre o assunto e ele terá a oportunidade de oferecer as explicações necessárias no sentido de elucidar o caso. Ou, talvez, quem sabe, trazer ainda mais complicadores para a sua elucidação. O enredo é longo e talvez haja espaço para mais uma temporada nessa série de suspense. 

Pelo menos a Polícia Federal deverá chegar a bom termo sobre o assunto. Também no dia de hoje, o portal UOL trás a notícia de que o montante de 21 mil lanches foram pagos com o cartão corportativo da Presidência da República, numa irregularidade flagrante do uso desse instrumento, criado apenas para cobrir despesas específicas, de servidores público, no uso de suas funções, com regras bem definidas. Em meio a tantas denúncias sobre o uso irregular desses cartões, não ficaria surpreso com o montante total da conta, que saiu dos impostos dos sofridos brasileiros e brasileiras, que tiveram que custear essas orgias irregulares com dinheiro público.  

Há indícios do uso do cartão até em zonas de baixo meretrício, o que significa que não há mais fundo do poço. Sugiro que algum jornalista investigativo - e bom de contas também - assuma essa tarefa. Seria interessante, igualmente, que os órgãos de controle e fiscalização dos gastos do Estado, cobrem essa continha a quem diz respeito. São tão zelosos contra os cidadãos comuns, porque nao aplicam o mesmo rigor em situações do gênero, envolvendo autoridades públicas? A imagem do sanduiche acima vem bem a propósito. Possivelmente, bolsonaristas não gostam de sanduiche de mortadela, sempre muito associado aos petistas, por se tratar de um lanche popular.    

terça-feira, 4 de abril de 2023

Editorial: A revogação da implementação da reforma do Novo Ensino Médio.



O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, através do Ministério da Educação, criou um grupo de trabalho para avaliar a reforma do ensino médio. A tendência, hoje, é que o governo reavalie essa reforma, em razão das conclusões do grupo de trabalho criado para tal finalidade. A proposta de reformulação é da época do governo Michel Temer, quando ainda era Ministro da Educação o pernambucano Mendonça Filho. Não se trata, porém, de algum revanchismo político ou alguma disputa pela primazia de iniciativas neste sentido. 

Na realidade, a conclusão do grupo de trabalho é que, de fato, existem algumas proposições que precisam ser reavaliadas nessa reforma que está sendo proposta. Não temos nenhuma formação na área de Economia da Educação, mas, a rigor, a reforma de ensino, tendo como eixo de orientação as teses neoliberais, incorrem no grave equívoco de não corrigir, mas consolidar injustiças sociais produzidas pela sociedade. Voltamos a bater numa velha tecla suscitada pelo sociólogo francês, Pierre Bourdieu, de tempos idos, onde ele demonstra como os reflexos das desigualdades sociais repercutem no sistema de ensino, seja em termos de oportunidades educacionais, seja consolidando e reproduzindo essas desigualdades.

A essência dessa lógica neoliberal aplicada ao processo educacional prevê, em tese, dois tipos de ensino médio. Um para os ilustrados bem-nascidos, aqueles que só precisam trabalhar depois de formados, teriam tempo e recursos para desenvolverem os seus talentos, para os quais os programas de ensino poderiam ser ampliados. E um outro ensino, este voltado para os "objetivos práticos", ou seja, alijeirados, com matérias específicas, voltados para atender às demandas do mercado, destinados àqueles que precisam trabalhar mais cedo para garantir os privilégios dos primeiros, os bem-nascidos. Esses últimos não precisam estudar belas artes, filosofia, desenvolver seus talentos e coisas assim. A prioridade seria a de atender às demandas do mercado. 

Essas teses de Bourdieu foram produzidas ainda na década de 60, tendo como objeto de estudos o sistema de ensino francês, através de livros complexos, mas é impressionante como elas ainda se aplicam ao modelo de ensino que se pratica no escopo de uma sociedade regida pelas regras de uma economia neoliberal. O Restaurante Universitário da UFPE voltará a funcionar em breve, inclusive  estabelecendo uma parceria com o Ministério da Pesca, que deverá cadastrar e treinar comunidades de pescadores para fornecerem pescados para aquele restaurante. 

Por vezes, tais restaurantes se constituem como única alternativa de se assegurar uma refeição digna para os estudantes empobrecidos que frequentam aquela unidade de ensino superior, demonstrando a perenidade das teses do sociólogo francês. As desigualdades começam e se reproduzirem no ensino fundamental e chegam até o circuito acadêmico. A merenda escolar fornecida pela rede de ensino público, igualmente, cumpre o papel de tirar milhões de crianças da condição de insegurança alimentar.


P.S.: Contexto Político: O Ministro da Educação, Camilo Santana, apressou-se em corrgir que não houve uma revogação, mas uma interrupção na implementação da reforma, em razão das polêmicas suscitadas, que estarão sob análise de grupo de estudo, criado no MEC, com tal finalidade.    

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 3 de abril de 2023

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo

 


Editorial: O mal humor de Lula

Crédito da foto: Sérgio Lima, AFP. 


Com as taxas de juros nas alturas - produzindo uma sequência de problemas na área econômica - aliada a um escore temerário de governabilidade, sob constantes chantagens e assédios da oposição, não se poderia esperar que o humor de Lula estivesse em estado de graça. Nos escaninhos da política comenta-se que ele anda bastante irritado, inclusive com os assessores mais próximos. Soma-se a isso a má-vontade de alguns órgãos de imprensa, que fazem questão de explorar o lado negativo do seu governo, como um desses grandes jornais, que, até recentemente, em editorial, afirmou que o retrocesso nefasto representado pelo bolsonarismo poderia se constituir numa alternativa viável de oposição ao petismo. Mesmo com as ressalvas posteriores, o próprio jornal admitiria a improcedência de se levantar tal hipótese.  O petismo é democrático, humanitário, republicano, civilizado. O bolsonarismo nunca foi alternativa ao petismo. 

E, por falar nessas fontes de mau humor, Lula terá mais um motivo a se preocupar. O pente-fino que está sendo passado no Programa Bolsa-Família está sendo realizado com a melhor das boas intenções. O objetivo é combater as fraudes e irregularidades, assim como ampliar o benefício para aqueles que, de fato, precisam dele, pois atendem aos requisitos exigidos. Como o número de "piolhos" ou irregularidades é grande - envolve milhões deles - a grita é generalizada e isso vem sendo matreiramente explorado pela oposição, que amplifica apenas o drama sem se ater, por motivos óbvios, às motivações dos cortes.

Há várias irregularidades nesses programas de benefícios que precisam ser corrigidas. Durante os dias mais nebulosos da pandemia da Covid-19, criou-se um programa emergencial, onde mais de 200 mil militares foram incorporados ao programa, naturalmente, de forma irregular. Ninguém sabe o que ocorreu por ali, mas se constitui uma ingenuidade trabalhar com a hipótese de um erro de sistema que incluiu mais de 200 mil benefícios.    

domingo, 2 de abril de 2023

Editorial: As falsas narrativas sobre o Golpe Civil-Militar de 31 de março de 1964



Sempre foi muito importante tomarmos alguns cuidados com as narrativas. Numa época como a de hoje, caracterizada pela pós-verdade, pela disseminação de fake news, então, esses cuidados precisam ser redobrados, para que não incorramos na possibilidade de disseminar mentiras como verdades absolutas. Alguns setores militares, por exemplo, não tratam do Golpe Civil-Militar de 1964 como um golpe de Estado, mas como uma revoluçãoAté mais recentemente, um dos expoentes ou viúvas desses estertores, voltou a tratar o assunto como tal, em fala proferida no dia 31 de março. 

Por vezes, as narrativas se tornam tão eficientes que as próprias vítimas acabam reproduzindo-as, como foi o caso de uma leitura que fizemos, até mais recentemente, de uma fala produzida por um operário têxtil, tratando o golpe de 1964 como revolução, reproduzindo a narrativa dos militares. Outra falsa narrativa sobre as razões do Golpe Civil-Militar de 1964 diz respeito à ausência de apoio popular do ex-presidnete João Goulart.Quando ocorreu o golpe, o presidente Goulart detinha 70% de apoio popular, não reprimia os movimentos sindicais, estudantis e populares em curso, que colocavam amplos setores sociais na luta pelas reformas de base. 

Foram exatamente essas reformas de base que passaram a incomdar amplos setores conservadores da burguesa nacional, que aliaram-se aos militares e arquitetaram a deposição de João Goulart, naquilo que o historiador e cientista político uruguaio, René Armand Dreifuss classifica como um golpe de classe. A burguesia nacional, consorciada aos interesses estratégicos norte-americanos na região, montou o cenário para a tomada do poder pelos militares. Até recentemente, um ministro do STF declarou-se estarrecido com o nível de alienação das pessoas que foram detidas por ocasião da tentativa de golpe frustrada do dia 08 de janeiro. É num ambiente como este que essas fake news ou narrativas falsas vicejam. Atenção, historiadores. Isso é um perigo!      

Charge! Jaean Galvão via Folha de São Paulo

 


sábado, 1 de abril de 2023

Editorial: Em nome de uma tal governabilidade, Lula divide o governo com ex-bolsonaristas.



Em nossas andanças pelo bairro de Casa Forte, encontramos um ex-prefeito do Recife, que reside na bucólica Estrada das Ubaias. O bucólico, aqui, naturalmente, trata-se de uma licença de expressão. Até um logradouro como o Poço da Panela, ali pertinho, antes uma estância onde os recifenses apreciavam o friozinho do inverno em épocas idas, hoje já se encontra assediado pelo sanha do arquiteto que dita as normas das intervenções urbanas do Recife, ou seja, o capital. Num comentário rápido sobre o destino do governo, ele se mostrava pessimista, em razão da amplitude das alianças celebradas pelo partido. E, pelo andar da carruagem política, parece-nos que ele tem razão.    

Lula completou 90 dias de Governo. Uma de suas primeiras medidas foi assinar uma portaria que tinha como objetivo, segundo fomos informados, desbolsonarizar a máquina pública. Fazer uma limpa ou passar a tesoura, como se diz no linguajar nordestino. Algum tempo depois, ainda demonstrava sua insatisfação com tal situação, alegando que os bolnaristas ainda sobraram na máquina estavam emperrando o seu governo, ou fazendo corpo mole, para usarmos uma outra expressão comum por aqui. 

Algum tempo depois, Lula parou de falar neste assunto. Logo em seguida, veio uma explicação para o silêncio. Foram pipocando, uma a uma, no Diário Oficial da União, as portarias com as nomeações e ou renomeações, em princípio estranhas ao seu governo, de bolsonaristas emperdenidos ou prepostos por eles indicados. Ministério das Comuniçoes, Ministério das Minas e Energias eram os mais contaminados pelo bolsonarismo, conforme as nossas poucas infomações. Mas, possivelmente, outros espaços devem estar na mira, inclusive o poupudo Minitério da Saúde, a menina dos olhos do Centrão.  

Até novos cargos na máquina, a nível de segundo escalação, estão sendo criados para acomodar nos neopetistas. Dos senadores Marcos Rogério ao pernambucano Fernando Bezerra Coelho, aquele mesmo que virava um camarão quando da defesa de Jair Bolsonaro duranre as sessões da CPI da Covid. O senador pernambucano acaba de emplacar uma das diretorias mais importanres da CODEVASF, que, historicamrnte, sempre teve influência da família Coelho, além de outros cargos na Hemobras e na Fundação Joaquim Nabuco, cuja presidência foi indicação do PT pernambucana, a senadora Teresa leitão e o senador Humberto Costa. 

Sob gestão bolsonarista, a CODEVASF foi marcada por uma série de denúncias de corrupção. Vamos ver até onde Lula vai nessa manha política para viabilizar uma governabilidade mínima. Acreditamos que o preço a pagar já está ficando muito alto, seja em políticas públicas coadunantes com as diretrizes do atual governo; seja em termos de desgate com base a ideológica e política do partido; seja, enfim, com os eventuais descuidos com as contas públicas, pois temos raposas cuidando de galinhas dos ovos de ouro.   

Editorial: O bolsonarismo perderia sua essência, Folha.



Há uma determinação do Ministério da Defesa no sentido de proibir os militares de se pronunciarem ou lançarem notas alusivas ao dia 31 de março, no dia hoje, portanto, em relação ao Golpe Civil-Militar de 1964, quando forças conservadores de nossa sociedade, aliada aos militares, tramaram e executaram um golpe de Estado para impedir as reformas de base que estavam sendo propostas pelo Governo do presidente João Goulart. Mas, como a caserva passou a se envolver perigosamente em assuntos políticos, os militares que obtiveram mandatos falam, acredito, com a prerrogativa de parlamentares. 

Um deles, que já havia sido punido por pronunciamentos de caráter golpistas ainda no governo da presidente Dilma Rousseff, voltou a falar no assunto, sugerino que não houve golpe em 1964 - talvez dentro daquela narrativa eufêmica utlizada pelos militares, que tratam o assunto como uma Revolução - e que a ditadura imprimiu uma dinâmica à sociedade brasileira. Dá até nojo voltar a falar sobre o assunto, mas talvez ele se refira ao chamado Milagre Econômico Brasileiro, que durou pouco tempo, mostrando que o santo era de barro. Ainda assim, sob que condições? sob torturas, perseguições aos adversários políticos, supressão às liberdades civis, mortos e desaparecidos nos porões da uma Ditadura Militar, fora do escopo de uma normalidade política saudável, entenda-se aqui, num ambiente de democracia. Sinceramente? Prefiro conviver com o índice de inflação sob um regime de democracia.

No dia ontem, o editorial da Folha de São Paulo foi infeliz ao sugerir que o bolsonarismo, mesmo com todas as ressalvas feitas pelo jornal, poderia fazer bem ao petismo. Erra o jornal ao apontar uma agenda democrática, civilizatória, humanitária e republicana que não tem absolutamente nada a a ver com o bolsonarismo. Se o bolsonarismo incorporasse essa agenda, deixaria de ser o bolsonarismo. O bolsonarismo é fascista, antidemocrático e anticivilizatório. Se o jornal desejou fazer alguma média com a política econômica, até se pode conversar. No aspecto político, não. E, por falar nessas questões, como se comportaram os militares no dia de ontem?  


P.S.:do Contexto Político: A Folha admite que errou no editorial, informando que haveria duas versões de um mesmo editorial e que teria sido publicado, na versão impressa do jornal, o que não havia sido aprovado internamente.