pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO
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quarta-feira, 28 de setembro de 2011



O XADREZ POLÍTICO DAS ELEIÇÕES DE 2012 NO RECIFE – Emparedado, Eduardo Campos pode ceder à manobra petista que costura uma possível candidatura de Humberto Costa à Prefeitura do Recife.
  

                                   A eleição da deputada Ana Arraes para o Tribunal de Contas da União – primeira mulher a ser eleita para aquela Corte – envolveu uma obra de engenharia política das mais complexas. Conforme afirmamos no blog, a eleição de Ana projetou, em definitivo, o nome do governador Eduardo Campos como um dos atores políticos mais importantes na definição do jogo presidencial na campanha de 2014. Como a tecitura política de Eduardo envolveu agremiações que se preparam para aquelas eleições, como PSDB, Lula, matreiramente, tratou de montar um arranjo político que mantivesse o neto de Arraes atrelado ao Partido dos Trabalhadores. Uma manobra até certo ponto bem-sucedida, pelo menos nesse momento do jogo.


                                   Embora articulado com grandes caciques tucanos – dentro e fora do Estado – as costuras políticas daquela eleição deixaram o governador socialista, temporariamente, atrelado aos planos do PT. É com esse espaço de barganha que os dirigentes da agremiação especulam algumas possíveis soluções para o impasse que o partido enfrenta na capital pernambucana, onde o quadro sucessório se arrasta numa briga paroquiana, que pode ser extremamente danosa aos planos da agremiação, numa das principais vitrines políticas do país, estratégica para os projetos presidenciais de 2014.


                                   Há um consenso na Frente Popular de que a administração do Recife precisa melhorar sensivelmente. O balanço não é dos mais positivos para a atual gestão. No escopo da situação, esse entendimento tornou-se suprapartidário. O desgaste da administração de João da Costa, na realidade, interessaria hoje muito mais à oposição, que pode beneficiar-se eleitoralmente na disputa pelo Palácio Antonio Farias em 2012. O lance mais evidente do impasse ao qual nos referimos – existem outros – é essa briga entre os “Joões”, com setores do partido exigindo a continuidade de uma gestão muito mal avaliada pela população – e que até o momento não emitiu sinais concretos de recuperação -, e  setores minoritários do partido que são simpáticos à candidatura do deputado federal João Paulo, ex-gestor bem-sucedido e com densidade eleitoral suficiente para tranqüilizar a Frente Popular quanto a uma possível vitória – todas as pesquisas indicam isso - mas fragilizado na máquina partidária.  


                                   Não é segredo para ninguém, já afirmamos isso em outros artigos, que o PSB tem interesse no Palácio Antonio Farias. Observem como as últimas inserções do partido estão focadas nas cidades, induzindo o eleitorado a concluir que quem administra tão bem o Estado, também pode fazê-lo nas cidades. Qualquer estagiário de publicidade sabe o que se vem à cabeça quando se fala em “cidade”.  As declarações de várias lideranças do partido nos levam a concluir que o Recife, como capital, tornou-se um calo para um Estado que vem ostentando os níveis de desenvolvimento de Pernambuco. Até mesmo uma transferência de “tecnologia de gestão” teria sido tentada, quando a equipe de Eduardo Campos realizou o acompanhamento de obras de interesse comum entre o Estado e o Recife.


                                   Além desses fatores, há a preocupação com os eleitores recifenses de Eduardo Campos e os danos que uma capital mal gerida  podem causar aos seus projetos presidenciais.O “moleque” dos Jardins da Fundação Joaquim Nabuco até quadros vem preparando para a eventualidade dos impasses políticos não serem equacionados, obrigando-o a tomar algumas decisões. Conforme já apontamos no blog, nesse time, o mais vistoso é o Secretário das Cidades, Danilo Cabral. Mas, sobretudo em política, é muito importante saber o tempo certo de emergir e submergir, voltando à superfície bem devagar, evitando os problemas com a descompressão. A cobrança da fatura petista a Eduardo Campos parece passar por um rearranjo em torno das eleições de 2012 na Veneza brasileira.


                                   Depois da operação desencadeada pela Direção Nacional do PT no sentido de segurar João Paulo na legenda, através do emissário Elói Pietá, que teria comido uma buchada com João no Mercado de São José – e ainda pedido segredo sobre sua passagem pelo Recife - começaram as especulações em torno de um cenário onde aparece o nome do senador Humberto Costa como possível candidato da Frente Popular à Prefeitura do Recife nas eleições de 2012.


                                   A princípio pode parecer estranho que o senador Humberto Costa, líder do partido no Congresso Nacional, com um ótimo trânsito junto à Dilma Rousseff, possa deixar aquela Casa e disputar uma eleição na capital. Por outro lado, há de se entender o seguinte: a) Humberto sempre desejou administrar o Recife. Pleiteou o apoio de João Paulo para sucedê-lo, que preferiu João da Costa, motivo das animosidades entre ambos. Até Lula tentou mediar o impasse, sem muito sucesso. b) Com o apoio de Eduardo Campos e do próprio João Paulo, suas chances de vitória são sensivelmente ampliadas. Humberto seria uma candidatura de consenso da Frente Popular.  C) Depois que rompeu com João Paulo, João da Costa se aproximou bastante de Humberto Costa, o que poderia facilitar o entendimento. d) Está em jogo, neste caso, os benefícios que atores como João Paulo e Eduardo Campos poderão auferir nas disputas de 2014, ainda mantidos em segredo. e) Caso essas combinações sejam bem-sucedidas, mesmo sem os acertos com os adversários – como sugeria Garrincha -, abre-se a vaga para Joaquim Francisco assumir a uma cadeira no Senado, tirando-o da meditação sob a maçaranduba do tempo.


                                   Trata-se, naturalmente, de mais um cenário possível nas eleições recifenses, sobretudo entendendo-se a natureza do problema que esse impasse vem causando ao PT. Até certo ponto, Costa ainda é Costa e João Paulo ainda fazia uma média com Eduardo, o astrólogo, que o aconselha a não candidatar-se a prefeito novamente e a não sair do Partido dos Trabalhadores. Para atiçar ainda mais o ódio dos verdes a Eduardo Maia, um passarinho nos contou que ele odeia comida vegetariana. Gosta mesmo é de um suculento churrasco na brasa. Se depender dele, João fica onde está. Teria sido em função desses rearranjos que João Paulo adiou sua decisão de deixar o PT?  

José Luiz Gomes da Silva, Cientista Político.

                                  

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