O Diário Oficial da União traz a portaria de exoneração, assinada por Lula, do diretor-adjunto da ABIN, Alessandro Moretti, até então diretor-adjunto da agência de inteligência. Marco Aurélio Chaves Cepik, então diretor de formação da Agência de Informação Brasileira, assume o cargo deixado por Moretti. As mudanças ocorreram no curso das investigações da Polícia Federal sobre uma organização criminosa atuando na agência, num trabalho ilegal de contra-espionagem, com o propósito de monitorar os desafetos do bolsonarismo. Os nomes acima já teriam sido indicados sob o Governo Lula, mas a PF levanta a suspeita de um conluio na agência que continuou funcionando mesmo com a mudança de governo.
Voltamos a afirmar por aqui, todo o cuidado ainda é pouco. Lavrenti Beria, o homem forte da inteligência durante os anos sombrios do stalinismo na URSS, fundador da agência que se tornaria depois na temida KGB - ninguém melhor preparado e informado na área - caiu numa armadilha primária montada por antigos companheiros, enredado, implorando para não ser morto. Nos Estados Unidos, uma disputa pelo comando do FBI acabou derrubando o presidente Richard Nixon do cargo. E, por fala na ABIN, especula-se sobre a possibilidade de o ex-Secretário Excutivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, vir a assumir o cargo de diretor da agência.
É uma questão de reconhecimento o Governo Lula encontrar um espaço de atuação de Cappelli no Governo, depois dos relevantes serviços prestados pelo manranhense ao país, em defesa de nossas instituições democráticas. Há um sentimento na agência de que o cargo seja ocupado por um funcionário orgânico, de carreira. Há uma natural preocupação dos servidores com a imagem da agência. Na realidade, para ser mais preciso, toda a chamada comunidade de informação precisa passar por um pente fino do Governo Lula. Principalmente em alguns órgãos específicos, haveria, em princípio, uma esponja bastante permeável aos métodos sórdios do ancien régime.
O Governo Lula também precisa ficar atento ao que ocorreu com as polícias estaduais durante o bolsonarismo. Há vários episódios onde esse "alinhamento automático" ficou definitivamente comprovado, em alguns casos, com comandantes militares desafiando gorvernadores estaduais. O estrago institucional foi grande. Aqui em Pernambuco ocorreu um caso emblemático, quano o porrete foi baixado contra manifestantes ligados ao PT, sem ordem expressa do então governador Paulo Câmara. O resultado foi pessoas que perderam a visão depois de atingidas por balas de borracha.
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