pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Editorial: As costuras de Kassab em favor de Ratinho Júnior


Diferentemente de outros dias, hoje, 15, há uma profusão de assuntos que merecem a nossa apreciação por aqui. As intensas movimentações da governadora Raquel Lyra; a indisposição ideológica entre o cantor Zezé de Camargo e o SBT, contingenciando-o a retirar seu especial de final de ano da grade da emissora da família Abravanel; o eventual apoio do pastor Silas Malafaia ao projeto presidencial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, segundo matéria de uma revista semanal de informações; o preço cobrado pelos Estados Unidos para cessar as sanções contra o Ministro Alexandre de Moraes. Mas vamos nos ater a uma questão já levantada pelo publicitário José Nivaldo, em artigo publicado no Blog do Magno. 

Até recentemente, no bojo do lançamento da candidatura de Flávio Bolsonaro à Presidência da República, causou uma certa surpresa a este editor os movimentos da Faria Lima - claro que não sintonizada com a candidatura do filho do ex-presidente - mas com o mesmo entusiasmo em relação às candidaturas do governador do Paraná, Ratinho Júnior, e da candidatura do governador Tarcísio de Freitas. Há inúmeros fatores que podemos considerar por aqui, mas não deixa de ser interessante esta performance do governador do Paraná, principalmente quando traduzida nas intenções de voto junto ao eleitorado. Ratinho Júnior sugere ser mais enfático quando se refere à sua pré-candidatura presidencial, algo que não ocorre com o governador Tarcísio de Freitas, que sempre condiciona sua pré-candidatura no plano das possibilidades. Quando muito, uma vez que, em alguns momentos, deixa claro que o seu projeto é a reeleição em São Paulo. Um outro fator que não pode ser desconsiderado é a capacidade política do Presidente Nacional do PSD, Gilberto Kassab, que, embora instalado num bunker paulista, acompanha todos os movimentos do xadrez da política nacional, possivelmente puxando a brasas para os seus apadrinhados. De preferência do seu partido, claro. 

Kassab considera que o partido tem dois nomes competitivos para as eleições presidenciais de 2026. Os governadores Ratinho Junior e Eduardo Leite. Há de se considerar, no entanto, que as costuras em torno do nome do governador Tarcísio de Freitas começaram no momento em que ele assumiu o Palácio dos Bandeirantes, credenciando-o "naturalmente" ao Palácio do Planalto, pois, como observa o publicitário, São Paulo é São Paulo. Um homem com a habilidade política de Kassab, se perceber que as forças nada ocultas se inclinam, efetivamente, para consolidar o nome de Tarcísio como o representante das hostes conservadoras, ele não terá a mínima dificuldade em acompanhar o projeto. Aliás, até recentemente ele afirmou que o seu candidato ao Planalto é Tarcísio de Freitas. Não dá um passo em falso. 

domingo, 14 de dezembro de 2025

Editorial: Cabaceiras - Deu no The New York Times.



Nossa admiração pelo cineasta americano Orson Welles é tanta que ele até se tornou personagem de um de nossos romances. Leitores que acompanham o blog sabem o quanto de escritos já produzimos sobre o cineasta, inclusive contestando a tese de que o fim de sua carreira ocorreu no Brasil, depois das dificuldades de realizar a película que narrava a saga dos jangadeiros cearenses. Esta fase do cineasta, realmente, foi marcada por muito problemas seja de natureza política, seja de natureza pessoal. Ele chegou ao Brasil para as filmagens de Its all true durante o estágio mais agudo da ditadura do Estado Novo, que, indisfarçadamente, alinhava-se ao racismo científico e flertava com os regimes fascistas europeus. As tomadas de Orson Welles nas favelas cariocas, repletas de cenas de negros empobrecidos, desagradaram profundamente a ditadura de turno, que articulou-se com o Governo dos Estados Unidos para impedir a divulgação das imagens. 

Logo depois, o estúdio que financiava o projeto, RKO, cortou os recursos, deixando o cineasta à mingua. O resto da história todos conhecem, inclusive a sua obsessão de concluir as filmagens, mesmo diante das enormes dificuldades, fase em que ele vem ao Recife, mas apenas de passagem. Guardo até hoje um e-mail que recebi de um cineasta de Hollywood elogiando a nossa crônica, onde enfatizamos a fase em que ele retorna ao Ceará e tenta ainda continuar as filmagens, com equipamentos obsoletos, com um dos filhos de Jacaré assumindo o papel do pai. Este prólogo é apenas para fazer referência a uma matéria do prestigiado jornal americano, o New York Times, sobre a produção cinematográfica realizada numa cidadezinha do Sertão do Cariri Paraibano, Cabaceiras, a Hollywood do Nordeste. 

Esta cidade ficou famosa pela quantidade de películas que já foram filmadas ali, inclusive a obra de Ariano Suassuna, O Alto da Compadecida. Salvo melhor juízo, a cidade que Suassuna adotou como sendo o seu berço de nascimento, Taperoá - na realidade ele nasceu em João Pessoa - fica na mesma região. Era também a terra de minha mãe. Cabaceiras é conhecida por um fenômeno curioso. Chove em todo o seu entorno, mas não chove na cidade. Certa vez, numa palestra na Fundação Joaquim Nabuco, um agrônomo da Embrapa confirmou este fenômeno. Parabéns, Cabaceiras. 

Editorial: Ataque terrorista deixa onze mortos em Sydney, na Austrália.



Difícil combater um mal que está em toda parte. É este o caso dos ataques perpetrados por terroristas, que estão longe de se limitarem às zonas conflagradas. Ocorrem em Gaza, assim como pode ocorrer numa pacata praia, em  Sydney, na Austrália, como o ataque deste domingo, 14, que vitimou 11 pessoas até o momento. Judeus se reuniam para uma celebração religiosa numa praia quando foram atacados por dois homens armados, usando armas de grosso calibre. Não se sabe dos detalhes, mas, com certeza trata-se de mais um ataque execrável e abjeto ao povo judeu. A comunidade judia local havia alertado as autoridades acerca do problema, mas as providências devidas não foram adotadas. Quem impediu que o ataque assumisse proporções maiores foi um cidadão que, independentemente do risco que correu, desarmou um dos agressores. 

No veículo utilizado pelos terroristas, foram encontrados artefatos explosivos. O mais grave é que se sugere não tratar-se de um caso isolado, uma vez que tivemos outras ocorrências até mais recentemente pelo mundo afora, embora de menor proporção. Que notícia ruim para começarmos um domingo. O episódio abre as feridas daquela situação indesejável que ocorreu logo após os ataques do 11 de setembro, quando o mundo foi sacudido por uma onda de ataques terroristas. Enquanto isso, as indisposições entre Judeus e Palestinos se arrastam há dezenas de anos, sem que se vislumbre uma solução para o conflito. Decreta-se um cessar-fogo num dia, no outro dia o acordo é desrespeitado. Em regiões de Gaza, até comboios humanitários são atacadas, impedindo que alimentos e remédios cheguem aos desabrigados da guerra. 

Nesses tempos bicudos, até chefe de Estado já andou sugerindo propostas indecentes para a solução do problema do conflito entre Judeus e Palestinos. Não vale nem a pena comentarmos por aqui. No final, é lamentarmos profundamente o ocorrido e torcermos que, diplomaticamente, a humanidade encontre uma saída para esses conflitos. Ajudaria bastante diminuir esses ataques terroristas pelo mundo. 

sábado, 13 de dezembro de 2025

O xadrez político das eleições estaduais de 2026 em Pernambuco: A entrevista de João Campos ao Diário de Pernambuco.

Crédito da Foto: Arthur Motta, Folha de Pernambuco. 


Para falar das eleições de 2026 em Pernambuco vamos começar pelas eleições do próximo ano no estado vizinho, Paraíba. Por razões óbvias, por lá tem muita gente preocupada com as movimentações políticas do prefeito da capital, Cícero Lucena, sobretudo depois que ele assumiu sua candidatura ao Governo do Estado nas eleições de 2026. Seus adversários dizem que ele abandonou a cidade para cuidar da campanha. Há, naturalmente, um certo exagero por aqui. Em Pernambuco, não existe mais nenhuma dúvida sobre a candidatura do prefeito João Campos ao Governo do Estado nas próximas eleições. Pelo sim, pelo não, porém, convém tomar alguns cuidados em relação ao assunto. Assim, em sua entrevista ao grande jornal Diário de Pernambuco o prefeito afirmou que está cuidando do Recife e que a palavra eleição não faz parte do seu vocabulário neste momento.  

Durante a entrevista, numa clara evidência de quem despista os jornalistas em relação ao assunto, João enfatiza uma série de obras que estão sendo tocadas no governo municipal, a exemplo da melhoria da orla de Boa Viagem e do Pina, a revitalização do centro do Recife, além da Ponte Giratória que deverá ser entregue à população ainda antes do Natal. Sobre a revitalização do Recife - não sabemos se hoje o termo é o mais adequado - o prefeito enfatiza que estudou bastante o assunto, contratou o melhor escritório de urbanismo do Brasil e acionou o BNDES para financiar o projeto. Mais importante: abriu consulta pública para receber as sugestões. Ele aponta que há muita "lacração" sobre o assunto. O prefeito está diante de uma das tarefas das mais difíceis. 

Se ele de fato estudou bastante sobre o assunto, deve saber que existe muitos trabalhos sobre o tema, inclusive de natureza acadêmica. Já houve um tempo em que este assunto nos interessava bastante. Hoje, não mais. Mas, do que me recordo daquele período em que queimava as pestanas tratando do tema, recordo-me, sobretudo, de um elenco de razões apresentadas por um teórico de formação marxista que apontava os motivos pelos quais essas intervenções geralmente fracassam. Não vamos aqui entrar nos pormenores, mas aqui mesmo temos exemplos de intervenções que não trouxeram os resultados esperados, como as intervenções no Recife Antigo, em outras gestões. O Pelourinho, na Bahia, é outro grande exemplo. Mesmo com grandes intervenções, reforço na segurança - existe uma Batalhão da PM local apenas para cuidar da segurança do local - e eventos sistemáticos para atrair os turistas, hoje está degradado, dominado por usuários de drogas e batedores de carteira. 

O prefeito goza de uma situação bastante confortável nas pesquisas de intenção de voto. Geralmente abre algo em torno de 30% de diferença em relação aos escores da governadora Raquel Lyra, que deverá disputar a reeleição. Esta estabilidade nas pesquisas é preocupante para os objetivos da governadora, que tenta furar a bolha e equilibrar a disputa com a entrega de obras e melhoria da comunicação institucional. As reações, no entanto, são incipientes ou quase nenhuma. A sensação é a de que o eleitorado já tivesse tomado uma decisão antes mesmo do pleito, que ocorre em outubro. E, por falar em obras, o prefeito lembra das obras deixadas no estado pelo seu pai, o ex-governador Eduardo Campos. 

Charge! Aroeira via Brasil 247

 


Editorial: CPMI do INSS fica sem acesso aos dados do Banco Master.


Os escândalos financeiros no país são recorrentes, levando-nos sempre a meditar sobre uma máxima do saudoso Millôr Fernandes, quando o escritor afirmava que, quando estivéssemos diante da notícia de um assalto a banco, convinha se perguntar se era de fora para dentro ou de dentro para fora. Sugere-se que estamos diante de um escândalo de dentro para fora, uma vez que milhões de investidores foram lesados. De há muito já se sabia que as vantagens oferecidas pelo banco aos investidores estavam fora da realidade financeira possível. Sabe-se até que servidores de carreira da Caixa Econômica Federal teriam sido penalizados ao recomendarem, tecnicamente, que o banco estatal não deveria fazer investimentos naquela instituição. 

Depois que o escândalo estourou, medidas estão sendo tomadas, como uma decisão de um membro do STF no sentido de impor sigilo aos dados, concentrando as investigações apenas na Suprema Corte. Hoje, dia 13, tanto o presidente da CPMI do INSS, o senador Carlos Viana, quanto o relator, o deputado federal Alfredo Gaspar, protestaram contra a medida, uma vez que ela prejudica sensivelmente os trabalhos da comissão. De fato sim. No início do próximo ano, a CPMI do INSS pretende - ou pretendia? - abrir a caixa preta das instituições bancárias com o objetivo de investigar os famigerados empréstimos consignados, que prejudicaram milhões de aposentados e pensionistas. Em alguns casos, eles sequer haviam autorizados as transações. 

Pelo andar da carruagem política, percebe-se nitidamente uma preocupação, supostamente externada por membros das força de investigação sobre o escândalo do Banco Master, sugerindo se o sistema suportaria tal investigação. Algo sugere que não. Até este momento, a CPMI do INSS já revelou um dos maiores escândalos de corrupção do país. Isso somente em relação às entidades picaretas forjadas apenas para receber os descontos nos contracheques dos velhinhos. Esta CPMI talvez possa ser  elencada como uma das mais importantes criados no Legislativo brasileiro nas últimas décadas. Trata-se de um trabalho conduzido com muita seriedade. Esbarra-se, no entanto, em situação como esta descrita acima. 

Editorial: Uma nova derrota para o bolsonarismo



No dia de ontem, 12, foi divulgada uma nova pesquisa de simulação de candidaturas presidenciais para as eleições de 2026, onde foram testados os nomes de Luiz Inácio Lula da Silva, a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o senador Flávio Bolsonaro. Há um equilíbrio de forças quando o presidente Lula entra na rinha com Tarcísio e Michelle, mas, quando o confronto direto é com o senador Flávio Bolsonaro, o presidente renovaria o contrato de locação do Palácio do Planalto por mais quatro anos, com facilidade, ainda no primeiro turno, evidenciando, entre outras coisas, que o filho do ex-presidente Bolsonaro é um ótimo candidato a ser derrotado pelo petismo. Isso já se sabia. Quando ele foi anunciado como possível herdeiro do espólio político do ex-presidente Bolsonaro, os governistas comemoraram. 

O próprio Flávio Bolsonaro tem dado declarações onde afirma que será um representante "repaginado" do bolsonarismo. Não sabemos se isso mudará muito coisa. Possivelmente não. Por outro lado, embora inquestionavelmente doente, observa-se uma tendência do "sistema" em não facilitar a vida do ex-presidente Bolsonaro. Fala-se em veto presidencial ao PL da Dosimetria ou a exclusão do ex-presidente em relação ao abrandamento das penas impostas aos envolvidos na trama golpista do 08 de janeiro. Agora foi a vez do presidente Donald Trump revogar as imposições da Lei Magnitsky contra o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes e sua esposa. Credita-se aqui uma intervenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste sentido. 

Em todo caso, confirma-se a tese de que o bolsonarismo está agonizando no escopo do sistema político brasileiro, conforme enfatizamos em outros momentos por aqui. A equação é simples. O sistema político se protege contra o bolsonarismo. No bojo das indisposições - e, consequentemente durante o processo de distensionamento  - o presidente Lula deixou escapar uma expressão bem emblemática. Vaticínio, aliás. Não nos lembramos exatamente o que ele afirmou, mas, durante um questionamento de um repórter, o presidente afirmou que o bolsonarismo era coisa do passado. Devia saber do que estava falando. Na prática, a revogação da Magnitsky é um exemplo disso. 

sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Editorial: Amplia-se a crise entre os Três Poderes.


O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, sob o argumento da inconstitucionalidade da votação que preservou o mandato da deputada Carla Zambelli, determinou que o Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, casse o mandato da deputada em 48 horas e efetive o seu suplente no cargo. Neste momento, sua decisão passa pelo crivo da Primeira Turma do Supremo, que geralmente referenda as decisões tomada pelo Ministro Alexandre de Moraes. A deputada deve mesmo ter o seu mandato cassado. Por outro lado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria sido informado que será complicado recuar o PL da Dosimetria quando de sua apreciação pelo Senado Federal. 

O presidente já sinalizou que poderá vetar, uma vez que o ex-presidente Jair Bolsonaro deve pagar pelo que fez. Jair Bolsonaro está bastante enfermo. Estuda-se hoje alternativas para o cumprimento de sua pena, uma vez que as prisões convencionais não oferecem as mínimas condições para que ele possa ficar detido ali. Na sede da PF, por exemplo, ele se recusa até a receber a alimentação fornecida. Hoje, 12, especulou-se a possibilidade do cumprimento da pena na Papudinha, onde se encontra o ex-Ministro da Justiça do seu Governo, Anderson Torres. Hoje a imprensa enfatiza um eventual acordo preliminar onde ficara estabelecido que a deputada Carla Zambelli deveria mesmo perder o mandato. Faltou combinar, então, com os parlamentares de oposição. 

Não há mais crise, mas, na realidade, um ponto sem retorno entre os Três Poderes da República, o que vem contribuindo para as enormes dificuldades de governabilidade. O pior é que ninguém parece disposto a ceder, enquanto o cabo de guerra mantém-se retesado. A não cassação do mandato da deputada Carla Zambelli foi enormemente comemorada pela bancada de oposição. Vocês podem imaginar a pressão que será exercida contra Hugo Motta no sentido de não acatar a determinação da Suprema Corte. 

quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

O xadrez político das eleições estaduais de 2026 em Pernambuco: surpresa mesmo é o desempenho de Eduardo Moura, um bolsonarista no retrovisor de João Campos.



Faz algum tempo que não nos encontramos por aqui. Durante este período, inúmeras situações poderiam ressuscitar o debate, como as movimentações em torno da disputa pelo Senado Federal, onde uma penca de nomes anda concorrendo à composição das chapas de oposição e situação. Uma equação difícil, pois são muito os chamados e poucos os escolhidos, conforme ensina as sagradas escrituras no Evangelho de Mateus. Num arranjo mais complexo, durante este período, vale a pena as referências às portas abertas pela governadora Raquel Lyra ao PT, embora se saiba que acomodar o PT no seu grupo não seria uma tarefa simples. Mas, em política, tudo é possível. Neste aspecto, João Campos leva uma grande vantagem, pois já acomoda parte da legenda petista na gestão da Prefeitura da Cidade do Recife e mantém uma fidelidade canina ao Planalto. 

A rigor, João teria travado as portas para os movimentos da governadora nesta direção, conforme concluímos numa postagem anterior. Quando Raquel Lyra aguardava para recepcionar o presidente em sua última visita ao estado, João Campos já vinha na mesma aeronave presidencial, reafirmando sempre que será um soldado do projeto de sua reeleição em 2026. Há de se registrar, no entanto, os acenos de um fiel escudeiro da governadora, o prefeito de Caruaru, Rodrigo Pinheiro(PSD-PE), sugerindo que apoiará o projeto de reeleição do senador Humberto Costa, algo que causou uma certa surpresa no mundo político pernambucano. Dificilmente não foi algo combinado previamente com a governadora, dentro do raciocínio de Ulisses Guimarães, ou seja, nunca tão distante que não possa se reaproximar. 

Como resultado da adubação das bases e do processo de "metropolitanização", um dos postulantes ao Senado Federal, integrante do clã-familiar dos Coelho, de Petrolina, Miguel Coelho, passou a despontar, ao lado de Marília Arraes, como um candidato competitivo ao Senado Federal. Miguel Coelho, no entanto, precisa ultrapassar a barreira de obstáculo dentro da próprio federação União Progressista, além de ser ungido por João Campos(PSB-PE) como um dos nomes a compor a chapa ao Senado Federal. Muitos são os chamados, poucos os escolhidos (Mateus:22:14). A própria Marília Arraes anda colada no primo João. A pesquisa divulgado no dia de hoje, do Instituto Real Time Big Data, mostra um cenário sem alterações significativas, com o candidato João Campos abrindo algo em torno de 30 pontos de diferença em relação aos escores da governadora Raquel Lyra. Está assim há algum tempo, com ligeiras variações. Perigosamente estáveis tais números, a despeito dos esforços empreendidos pela governadora para revertê-los, reforçando sua presença na Região Metropolitana do Recife. 

Vale ressaltar, no entanto, o desempenho do "novato" Eduardo Moura, vereador do Recife, que tem se notabilizado por uma oposição ferrenha à gestão do prefeito João Campos. Eduardo Moura, em nenhum momento anunciou que seria candidato ao Governo do Estado, mas, sobretudo em função do capital midiático e das redes sociais, seu nome aparece cravando mais de 7% das intenções de voto. Embora dentro da margem de erro da última pesquisa, este escore apresenta indicadores de crescimento. Eduardo Moura vem conquistando capilaridade política junto aos eleitores pernambucanos, recifenses em particular, pois tudo sugere que seus votos teriam uma identidade mais urbana do que interiorana. Em última análise, trata-se de um indicador da aprovação do seu trabalho junto à população, assegurando, no mínimo, a renovação do seu mandato como vereador. 

Editorial: Glauber fica.


Em alguns momentos, o deputado federal Glauber Braga agiu sob forte emoção e, em tais circunstâncias, não raro, comete-se alguns erros estratégicos. Mesmo perseguido sistematicamente por um membro do MBL, as cenas que ficaram registradas pela imprensa dão conta do momento em que o deputado expulsa o tal sujeito a pontapés do Congresso Nacional. O rapaz, a serviço de interesses conhecidos, dirigiu ofensas até mesmo a mão do parlamentar. Na realidade, para sermos mais precisos, o "destino" do parlamentar foi selado quando ele entrou em rota de colisão com um mandatário da Câmara dos Deputados. Felizmente, o arranjo da última votação que poupou o seu mandato - determinado apenas uma suspensão de seis meses -  - coaduna-se com uma ampla manifestação nacional em favor da manutenção do seu mandato, desta vez com o engajamento efetivo do pessoal do Governo, liderado pela Ministra Gleisi Hoffmann. 

Ideologias à parte - havia quem torcesse pela expulsão do parlamentar - a permanência de Glauber Braga no nosso Legislativo deve ser comemorada. Estamos tratando aqui de um excelente deputado, íntegro, propositivo, o que se constitui em algo muito positivo. Nosso raciocínio não possui o viés ideológico, mas republicano. Ontem, por exemplo, pela terceira vez, o relator da CPMI do INSS, o deputado Alfredo Gaspar recebeu a honraria de ser indicado como o parlamentar mais atuante da Terra dos Marechais. Recebeu nosso reconhecimento e cumprimentos pelas redes sociais. Quem está atento ao que ocorre no parlamento do Rio de Janeiro, deve saber muito bem do que estamos falando. 

Depois de salvar o mandato da deputada Carla Zambelli, realmente não ficaria muito bem cassar Glauber Braga. Soubemos hoje que parlamentares da oposição se sentiram derrotados na manobra urdida no momento da votação. Hugo Motta mantém-se na condição de atuar sob uma situação de equilíbrio instável, ou seja, afagando, de um lado a oposição, do outro o Governo. Aprova-se isso, poupa-se o escalpo de alguém mais adiante. Faz parte do jogo. 

quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Charge! Aroeira via Brasil 247

 


Editorial: Desordem institucional.



O país passa por um momento de desordem institucional. Alguns dos exemplos mais emblemáticos não podemos mencioná-los por aqui, uma vez que, diante de tais circunstâncias, precisamos adotar o procedimento do nordestino mais autêntico, ou seja, falar por arrodeios. Chamar a atenção dos leitores nas entrelinhas. Ariano Suassuna sempre falava desta maneira e, numa de suas aula espetáculos, já com a idade avançada, confessa que antes ainda encontrava o fio da meada. Depois da idade, não assegurava que pudesse retomar ao assunto, de forma coerente, de onde havia partido. Acabava se perdendo mesmo. No escopo dos Três Poderes da República, no dia de ontem, 09, foram protagonizados episódios que poderíamos elencá-los aqui como exemplos dessa desordem institucional. Além de adotar o hábito de falar por arrodeios, evitamos tratar de determinados assuntos. 

Vamos nos ater apenas ao episódio da ocupação da cadeira do Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, que produziu um tumulto generalizado na sede de um dos poderes mais importantes da República. O deputado federal Glauber Braga, resolveu ocupar o assento de Hugo Motta, tendo que ser retirado do recinto à força, depois de uma longa resistência, mobilizando um contingente considerável de policiais legislativos federais. O que se passou pela cabeça do Glauber Braga, que já vive um momento difícil, correndo o risco de cassação do seu mandato parlamentar? A motivação seria a eventual apreciação do processo de cassação do parlamentar, algo que tende a ser mais célere a partir do episódio, indicando a ineficácia da ação do psolista. 

Ocorreram alguns excessos na retirada da imprensa do recinto, o que deverá ser apurado, conforme afirmou o próprio Hugo Motta. Ontem a Câmara dos Deputados aprovou o PL da Dosimetria, que estabelece penas menores aos condenados pelo 08 de janeiro, inclusive o ex-presidente Jair Bolsonaro. Hoje ficamos sabendo que sua defesa está requerendo ao STF sua liberação para uma cirurgia de emergência e eventual cumprimento da pena em prisão domiciliar. O senador Esperidião Amim, oposicionista, será o relator do PL da Dosimetria no Senado Federal. Sugere-se que, a carruagem possa emperrar no Senado Federal, mesmo com a relatoria sob os cuidados de Esperidião Amim. 

segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Charge! Laerte via Revista Piauí

 


Editorial: Cisão da União Progressista em Pernambuco.


Este é um fenômeno que ocorre em todo o país. Não se trata de um caso isolado. Quando os grêmios partidários formalizam alguma federação no plano nacional, fica sempre o dilema sobre qual o grupo político controlará a nova federação nos entes federados. A rigor, aqui no estado de Pernambuco, as fissuras são recorrentes até entre partidos que não chegaram a formalizar alguma federação no plano nacional, a exemplo do PL, praticamente cindido entre o grupo político do ex-ministro do turismo, Gilson Machado - muito identificado com o ex-presidente Jair Bolsonaro -  e  a família Ferreira. No MDB, então, a querela está sendo resolvida nos tribunais, ora favorável ao herdeiro do espólio político de Jarbas Vasconcelos, Jarbas Filho, Jarbinha, e o grupo ligado ao Secretário de Articulação Política da Prefeitura do Recife, Raul Henry. 

Agora foi a vez da União Progressistas expor as suas vísceras políticas em praça pública. Em princípio, consoante as regras estabelecidas no plano nacional, o comando deveria ficar com o grupo do deputado federal , eventual candidato ao Senado Federal nas eleições de 2026. O senador Ciro Nogueira, um dos caciques da federação, apoia integralmente o arranjo em favor do grupo político liderado por Eduardo da Fonte. Já Antônio Rueda, oriundo do União Brasil, mas que dirige a nova federação no plano nacional, defende que o comando deva ficar com os integrantes do clã Coelho, de Petrolina. Em recente visita ao estado, declarou que apoia o nome de João Campos para o Governo do Estado, de preferência com Miguel Coelho ocupando uma das vagas ao Senado Federal. 

A querela promete. Nos últimos dias o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, tem intensificado suas movimentações junto ao prefeito do Recife, João Campos. Em alguns momentos, é preciso tirar o embaçamento ideológico de nossas lupas quando observamos o cenário político. Já afirmamos isso num outro momento e voltamos a fazê-lo novamente por aqui. A gestão de Miguel Coelho em Petrolina o credencia a novas experiências políticas a nível estadual. Miguel apresentou, por exemplo, o melhor programa de governo quando se candidatou ao Palácio do Campo das Princesas.    

Editorial: O balão de ensaio da candidatura presidencial de Flávio Bolsonaro.


Sabia-se que, sob os olhares dos setores conservadores de nossa sociedade, a candidatura do senador Flávio Bolsonaro não soava muito convincente. Como já havíamos afirmado antes, esses setores já haviam "verificado" outros nomes. O bolsonarismo "queimou o filme" no que concerne ao nosso sistema político. Não vamos aqui nem entrar nos detalhes para não melindrar, mas há figuras proeminentes identificadas com o bolsonarismo que estão cumprindo pena por atentarem contra as instituições democráticas do país. Bolsonarismo é sinal de encrenca. Os jornais de hoje trazem algumas possíveis explicações acerca de um pronunciamento recente do senhor Flávio Bolsonaro acerca da fragilidade de sua pré-candidatura, quando ele afirmou que poderia desistir da mesma consoante o que fosse oferecido. Uma declaração das mais infelizes. 

Nem ele esta convencido de sua candidatura, o que se traduz num péssimo indicador. Os jornais apontam que a reação reticente do Centrão aliada à performance dos demais oponentes dentro do campo conservador, teriam sido os motivos pelos quais Flávio Bolsonaro demonstra insegurança sobre a sua pré-candidatura. O grande projeto de Flávio, na realidade, é a candidatura ao Senado Federal por São Paulo. Sempre foi este o projeto. Seu nome como candidato presidencial já nasce sob o signo do "improviso". Tem tudo para não dá certo. Um conselheiro político pernambucano, em conversa com o sanador, teria sugerido a ele que enfatizasse em sua pré-campanha apenas o nome de Bolsonaro. Seria um Bolsonaro presidente. 

Ele provavelmente deve desistir da candidatura e, se o bolsonarismo desejar mesmo continuar influindo sobre destino político do país, terá que se contentar em apoiar um outro nome, menos identificado com o bolsonarismo mais radical. No radar da Faria Lima, nomes como o do governador Tarcísio de Freitas, Ratinho Junior, Ronaldo Caiado e Romeu Zema continuam como opções melhores. A exigência de Flávio Bolsonaro muito provavelmente está relacionada ao projeto de anistia amplo, geral e irrestrito. Uma cobrança pesada, uma vez que o mesmo sistema político que repele o bolsonarismo não concorda com o projeto.  

sábado, 6 de dezembro de 2025

Editorial: A repercussão da escolha do nome de Flávio Bolsonaro como pré-candidato à Presidência da República.


Conforme antecipamos, as placas tectônicas da política nacional estão se movendo depois do anúncio do nome do filho de Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro, como pré-candidato às eleições presidenciais de 2026. Hoje, por exemplo, mais uma pesquisa, desta vez realizada pelo Instituto Datafolha, aponta uma estabilidade na aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Outros institutos chegaram a apontar, inclusive, uma queda da curva ascendente, de recuperação da popularidade. Em todo caso, considerando-se a famosa margem de erro, admitamos que os índices positivos da avaliação do presidente Lula estão estacionados. O anúncio do nome de Flávio Bolsonaro como um possível adversário do projeto de reeleição de Lula, no entanto, foi bastante festejado por seus apoiadores. 

Entende-se. Flávio representa aquele bolsonarismo raiz, um elemento que, certamente, alimenta a polarização política entre bolsonaristas e petistas. Os analistas políticos observam, por exemplo, que, se deseja mesmo viabilizar-se como um candidato competitivo, Flávio deverá afastar-se o quanto puder do bolsonarismo mais radical, o que não constitui uma tarefa das mais simples. É exatamente esta identificação tão orgânica com o bolsonarismo que leva amplos setores do conservadorismo da política nacional a externarem resistências ao seu nome. Próceres membros do Centrão já se manifestaram nesta linha de raciocínio. Uma candidatura que, em princípio, logo na largada, estimula adversários a afugenta eventuais apoiadores. Não há muito o que se possa considerar em termos da reação dos prepostos candidatos do campo conservador, que já se movimentavam no tabuleiro da política nacional há algum tempo. 

Alguns deles, inclusive, desejam um apoio, mas não tão ostensivo do bolsonarismo. O bolsonarismo está com o filme queimado no sistema político brasileiro. Não se sai desta condição com facilidade. Em termos familiares, pelo menos publicamente, a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, já declarou que a apoia o projeto de candidatura do senador. Não foi uma das melhores opções para se preservar o capital político do bolsonarismo no país. 

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Editorial: Flávio Bolsonaro é o nome escolhido por Jair Bolsonaro para sucedê-lo na política.


Até recentemente, o Ministro Alexandre de Moraes, possivelmente movido pelo agravamento do estado de saúde do ex-presidente Jair Bolsonaro, solicitou ao juiz das execuções penais um levantamento minucioso do cumprimento da pena imposta ao ex-mandatário, sobretudo no tocante à progressão da pena para um regime semiaberto. A situação não é nada alvissareira. Haveria de se encontrar algum outro argumento para a evolução do cumprimento de sua pena em uma prisão domiciliar, possivelmente com a comprovação de sua precária condição de saúde. Nos últimos dias, ocorreu um estremecimento na relação entre o senador Flávio Bolsonaro e a esposa de Bolsonaro, Michelle Bolsonaro. Afirmamos por aqui que o que estava em jogo, na realidade, era o espólio eleitoral do ex-presidente. 

Hoje, dia 05, Jair Messias Bolsonaro anuncia que o seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, será o representante da família nas eleições presidenciais de 2026. É difícil fazermos aqui alguma previsão sobre como o lançamento da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro pode mexer nas placas tectônicas dos arranjos de forças do campo conservador. Refrear aspirações daqueles candidatos de direita que contavam com um eventual apoio do ex-presidente? Estimular candidaturas que, desde algum tempo, procuravam manter uma equidistância do bolsonarismo, principalmente aquele bolsonarismo mais radical? 

Na realidade, a escolha do nome de Flávio Bolsonaro para sucedê-lo na política não se traduz, necessariamente, como uma novidade. Alguns jornalistas bem-informado já haviam cantado esta pedra há algum tempo. Uma solução caseira era o mais previsível. Embora bem aceita pelo eleitorado bolsonarista raiz, a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, não contava com o apoio da família para uma empreitada desta natureza. Eles desejam reservar a Michelle uma espaço menos relevante, possivelmente uma candidatura ao Senado Federal pelo Distrito Federal. Há rumores que indicam que ela seria candidata, com chances efetivas de êxito. 

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Editorial: A república das blindagens


Recentemente, escrevemos um romance de mais de 350 páginas, cujos personagens são o escritores José Lins do Rego, Olívio Montenegro e o antropólogo Gilberto Freyre. O texto está sob análise numa editora e, possivelmente, pode vir a ser publicado, caso seja aprovado. Trata-se de um romance biográfico, histórico, onde resgatamos a trajetória da carreira desses "personagens", com ênfase para os aspectos literários dessa relação. Questiona-se bastante, por exemplo, a ascendência literária de Gilberto sobre o escritor paraibano, principalmente no tocante a concepção dos seus principais romances, ou seja, os relacionados ao Ciclo da Cana-de-Açúcar. A inspiração se deu em função de uma espécie de "Viagem da Saudade" realizada pelo antropólogo aos engenhos da família Rego Cavalcanti, assim que retornou de sua temporada de estudos nos Estados Unidos e na Europa. Há sorvete de araticum cagão - o preferido de Gilberto - aroma de canavial, cuscuz com mel de engenho e sumo de cana caiana no romance. 

Gilberto dizia que no Brasil tudo seria possível. Estamos diante de um país surreal. Quem jura proteger a Constituição Federal pode rasgá-la ou ignorá-la na rodada seguinte, consoante suas conveniências. Hoje, por ocasião da sessão da CPMI do INSS, arrasta-se uma interminável discussão sobre blindagem de determinados envolvidos em eventuais desvios de conduta em relação às maracutaias com o dinheiro dos aposentados e pensionistas. Até instituições bancárias estão sendo blindadas. Alguns desses bancos lucraram bilhões em empréstimos consignados. Alguns deles, possivelmente, sem autorização expressa dos aposentados. A cada dia se descobre mais podridão envolvendo os escândalos do INSS. O pior é que estamos apenas vislumbrando a ponta do iceberg. 

Gilberto morreu em 18 de julho de 1987. Para justificar esta atipicidade do país, ele observava que não se surpreenderia que alguém programasse a realização de um Carnaval para a Sexta-Feira da Paixão. Há uma cidade no Agreste de Pernambuco que, por ocasião desse feriado, organiza uma grande festa, reservando este dia para a maior das atrações, transformando o evento numa espécie de prévia carnavalesca. Nada mais provoca espanto entre nós. Em vão, clérigos da Igreja Católica protestaram contra o evento.  


Editorial: "Homem que bate em mulher nem precisa votar em mim"



Políticos precisam de narrativas e posicionamentos. Às vezes, à procura de uma narrativa ou de um posicionamento, nem sempre eles se dão bem e, não raro, podem por em risco a sua carreira política. Muitos políticos já perderam eleições em razão dessas duas variáveis, como ocorreu com a atual deputada federal Marília Arraes, que, num determinado momento de sua campanha para o Governo do Estado, por uma estratégia infeliz, resolveu se alinhar com os socialistas, que os eleitores já haviam decidido que estava na hora de deixar de ocupar o Palácio do Campo das Princesas. A lista desses equívocos é enorme e, certamente, não caberia no espaço deste editorial. Por vezes, até quando a situação é desconfortável para o país - caso das tarifas impostas pelo Governo dos Estados Unidos aos produtos de exportação brasileiros - pode-se tirar proveito da defesa da soberania nacional como estratégia de comunicação institucional. 

Por vezes, há alguns exageros, como ocorreu recentemente em Pernambuco, quando a governadora Raquel Lyra, depois de vaiada durante sua fala junto ao presidente Lula, afirmou que o fato apenas teria ocorrido em razão de ela ser mulher. Não é verdade. Em todo caso, aproveitando a deixa, o presidente Lula fez um longo discurso em defesa das mulheres, citando vários casos novos de violência de gênero, até mesmo em Pernambuco, como o caso ocorrido num assentamento localizado na Zona Leste do Recife, quando um senhor ateou fogo na casa com sua mulher e quatro filhos. Todos morreram. Isso parece que não tem mais jeito. Hoje, 04, a imprensa noticia a morte e decapitação da cabeça de uma senhora de 88 anos, no interior do estado. Dizem que se tratava de uma senhora pacífica, que se dedicava apenas a criação de galinhas. 

Hoje, a imprensa dá destaque a uma frase dita por Lula, traduzida na chamada deste editorial: "Homem que bate em mulher nem precisa votar em mim". Não seria improvável que, diante do esgotamento de alguns temas, Lula esteja modulando suas narrativas. As últimas pesquisas de popularidade indicam indícios de uma saturação da sua curva ascendente de aprovação. Os institutos de pesquisa indicam várias causas para isso, inclusive a sua luta inglória entre os evangélicos, nicho eleitoral que vem se afastando do petismo há algum tempo.