pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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quarta-feira, 3 de agosto de 2022

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Um apelo à civilidade na política pernambucana



Li, não sem alguma apreensão, a estratégia que deverá ser usada por um grupo político pernambucano em relação à candidata do Solidariedade, Marília Arraes, nas próximas eleições estaduais. A preocupação desse grupo, de acordo com uma fonte ouvida por um blog local, é que a sua vitória desmontaria toda uma estrutura de poder montada no Estado, capitaneada por partidos como o PSB, o PT, e o PC,doB. Perder para qualquer outro candidato da oposição seria uma derrota eleitoral, não uma derrota política, caso Marília vença as eleições e passe a ocupar o Palácio do Campo das Princesas. Como as chances de uma reversão, na disputa, pelo candidato apoiado pelo grupo são remotas, atrapalhar os planos de Marília já estaria de bom tamanho.  

Uma eventual vitória de Marília provocaria um tsuname nessa estrutura de poder, construída durante anos no Estado, por esse grupo político. Assim, todas as baterias estarão apontadas para atingir a candidata do Solidariedade e, nós aqui da província pernambucana, já sabemos o que isso pode significar: Prenúncios preocupantes sobre o "debate político propositivo" que deverá ser travado nas eleições de outubro. Nas eleições passadas, para a Prefeitura da Cidade do Recife, já tivemos uma pequena amostra do que poderá vir por aí, com farto material apócrifo produzidos pelo chamado gabinete da sacanagem, que funciona nos moldes do gabinete do ódio, disseminando fake news com injúria, calúnias e difamações sobre os adversários. 

Um dos mais atingidos, inclusive, foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT), que hoje se encontra, por uma ironia do destino - ou seria conveniências políticas de ocasião - alinhado com esse grupo. Jogaram com todas as armas para não permitir que a candidata Marília pudesse ser bem-sucedida no segundo turno daquelas eleições. Aliás, o assédio contra a candidata vem de longas datas, desde suas indisposições com atores políticos do cenário pernambucano, quando a cidade amanhecia com cartazes com ilações à sua honra. 

Com couraça e resiliência testada ao longo de sua vida pública - quase sempre exposta a tais intempéries de natureza nada republicanas - a assesoria da candidata informa que, desta vez, enfrentará a disputa consoante as circunstâncias políticas determinarem, ou seja, já se prepararam para o que poderá vir por aí. Uma pena que o bom debate político no país tenha caído a tais níveis nos últimos anos. Aliás, a rigor, diante desses "padrões" de disputas políticas, o debate fica suprimido. No Recife, nas eleições passadas, a partir de um determinado momento, a campanha desceu aos níveis de baixarias e guerra jurídica, não permiitindo ao eleitor fazer suas escolhas sobre o melhor nome para conduzir os destinos da pólis.  

terça-feira, 2 de agosto de 2022

Editorial: Atentados à democracia no 7 de setembro?




Temos repetido por aqui, reiteradas vezes, que hoje, somos a democracia mais ameaçada do planeta. Esta afirmação não é do cunho deste humilde cientista político, mas de órgãos que se proponhem a analisar a saúde das democracias pelo mundo. Para este humilde observador de nossa cena política, é realmente uma lástima que tenhamos chegado a este estágio. Como informava o filósofo, dormimos o sono político que produziu o monstro. No futuro, é possível que cheguemos a conclusão de que talvez tenhamos sido demasidamente tolerantes com os intolerantes, quebrando uma regra básica do paradigma de Karl Popper, ao apontar os inimigos de uma sociedade livre.  

Somos informados pelo mídia que se planeja para o próximo 07 de setembro, quando comemoraremos os 200 anos de nossa independência do país, uma grande mobilização popular, tendo, entre as suas principais reivindicações, imaginem, um pedido de transparência do processo eleitoral. Isso equivale dizer que as urnas eletrônicas serão mais uma vez atacadas. O país possui uma das melhores espertises mundiais em eleições, isto com o reconheciemento da comunidade internacional. Eleições limpas, transparentes, com seus resultados respeitados e referendados, eis aqui um dos fatores que mais contribuíram para consolidar nossa democracia política nos últimos 34 anos, depois da redemocratização. 

Ainda ontem, por ocasião da retomada dos trabalhos no TSE, o ministro Edson Fachin voltou a falar sobre este assunto, enfatizando a absoluta condição de segurança do nosso sistema eleitoral. Infelizmente, o país atravessa um momento de instabilidade institucional e político, com capacidade de produzir danos ainda mais severos aos alicerces de nossa democracia. Esta é a primeiro vez, em muitos anos de eleições, que olhamos para os números das pesquisas de intenção de voto com alguma preocupação maior que a simples performance alcançada pelo nosso candidato em relação ao adversário. 

Nesses tempos bicudos, esses números passaram a se constituir em indicadores de risco para a nossa democracia, como já anda tendo rumores de que teremos um setembro negro no próximo dia 07, com suspeitas de que poderiam haver atentados, com o propósito de atingir os próprios partidários, e responsabilizar a esquerda pelos atos, com o objetivo de criar aquele climão tão bem conhecido de todos. Quando vejo a Polícia Federal pedir a prisão preventiva de candidato a vereador recentemente preso, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, depois de ameaças a membros do STF e ao candidato Lula, suspeitando de sua vinculação com organizações criminosas, fico de orelha em pé. 

Editorial: Pelo Paraná Pesquisas, a diferença entre Lula e Bolsonaro cai para 5,5 pontos



Como já afirmamos em outras ocasiões, a espertise adquirida por um instituto de pesquisa como o Datafolha torna-se sempre uma referência para os formadores de opinião.Mesmo quem não goste dos seus números não podem ignorá-los, sob pena de estar comentendo um grave equívoco ao seu planejamento de campanha. Certa vez observei o presidente Jair Bolsonaro(PL) desdenhando a pergunta de uma repórter sobre o assunto, mas duvido que seus assessores políticos não ponham esse dados sobre a mesa para as suas análises. 

Pela última pesquisa de intenção de voto do  Datafolha, por exemplo, Lula abre uma vantagem enorme sobre o seu principal concorrente, de dezoito pontos de diferença, o que pode indicar muita coisa, inclusive algum equívoco cometido na estratégia adotada por sua assesoria com o objetivo de recuperar alguns pontinhos nas pesquias de intenção de voto. A pesquisa do Datafolha, inclusive, apontou os segmentos do eleitorado que demonstram reticências ao candidato, como as mulheres, os mais jovens e os mais pobres. 

Confiando ou não nos indicadores do Datafolha, a convenção do PL pode ser traduzido como um aceno governista para enfrentar as resistências desse eleitorado, abrindo espaço para a sua esposa, Michele Bolsonaro, assumir, profissionalmente, um papel na campanha do marido. Naturalmente, que os bolsonaristas se sentem mais à vontade com os números de outros institutos, como é o caso do Paraná Pesquisas, onde essa diferença cai drasticamente para 5,5 pontos. 

A tarefa de explicar esse fenômeno da enorme diferença entre os institutos é hercúlea, para muito além de um espaço com os limites impostos por esses editoriais. Leitores mais atentos já entenderam que tais escores dependem de inúmeros fatores e não estão relacionados à teoria da conspiração. Entendendo isto já seria suficiente. A pesquisa do Paraná Pesquisas foi realizada entre os dias 28 de julho e primeiro de agosto, ouviu 2.020 pessoas em todas as regiões do país, está registrada no TSE - BR : 05251\2022 e apresenta os seguintes números: 


Luiz Inácio Lula da Silva(PT)         41,1%

Jair Bolsonaro(PL)                    35,6%

Ciro Gomes (PDT)                      7,9%

Simone Tebet(MDB)                     1,8%

André Janones(Avante)                 1,7%

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Editorial: O tom afinado entre o TSE e o STF na volta dos trabalhos



Pelo mundo, o Governo Americano anuncia a morte do médico Ayman Al-Zawahiri, através de uma operação militar com ataque de drone, em espaço aéreo do Afeganistão. Pelas informações divulgadas, Ayman Al-Zawahiri, que substituiu Osama Bin Laden no comando da Al Qaeda, seria um dos responsáveis pelos ataques do 11 de setembro. Esses aparatos tecnológicos têm sido usados com relativa regularidade pelo Governo Americano, sempre com críticas dos opositores sobre violação de direitos internacionais, como este último no Afeganistão. 

Mas, como diria o cronista Rubem Braga, a notícia mais importante está no nosso quintal, ou mais precisamente, nos corredores do  Tribunal Superior Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal. Nem se os ministros daquelas duas Cortes tivessem ensaiado teriam produzidos discursos tão convergentes na condenação das mentiras, do desrespeito às regras do jogo democrático e na defesa intransigente dos princípios que norteiam nossa democracia. 

Os ministros Edson Fachin, Luiz Roberto Barroso, Luiz Fux e Alexandre de Moraes deram o tom do entendimento e da linha de ações que serão adotadas para a gestão do processo eleitoral que teremos pela frente. Da fala de Barroso, destaco sua observação de que a mentira precisa voltar a assumir seu verdadeiro status, de algo falso, pernicioso, danoso, que precisa ser repelido. Como se sabe, nesses tempos bicudos que passamos a viver no país, as fake news, em alguns casos, passaram a assumir status de verdades absolutas, conduzidas por aparatos tecnológicos, plantadas para destruir a reputação dos adversários. A mentira tornou-se uma arma política poderosa nas mãos de atores políticos inescrupulosos. Tal expediente não se coaduna no escopo de um regime democrático. 

Editorial: Fernando Haddad lidera em São Paulo, mas o páreo será duro.



Em mais uma pesquisa de intenção de voto, realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas e publicada no dia de hoje, 01\08, o candidato do PT, Fernando Haddad, continua na liderança pelo Palácio dos Bandeirantes. Salvo melhor juízo, este é um dos melhores desempenhos de um candidato do Partido dos Trabalhadores naquele Estado da Federação, o maior colégio eleitoral do país. Se a situação se mantivesse no ritmo dessa carruagem política, seria Haddad que poderia ajudar Lula em sua corrida ao Palácio do Planalto e não o contrário, uma vez que o candidato do PL, Jair Bolsonaro, aparece à frente do petista naquela praça. 

A vida, no entanto, não será muito fácil para o professor Fernando Haddad daqui para fente, embora ele tenha adquirido, ao longo de sua vida pública, a couraça suficiente para enfrentá-la. Evidente que está sendo preparado um arsenal pesado pelos adversários, com o propósito de despertar o antipetismo histórico do eleitor paulista. A propaganda eleitoral pelo rádio e televisão será decisiva para o petista manter tais índices de liderança, observando que ele precisa construir um escudo resistente para enfrentar os petardos. 

Neste sentido, atores políticos como Márcio França(PSB-SP), que lidera a corrida pelo Senado Federal, e o ex-governador Garaldo Alckmin(PSB-SP) poderão exercer um papel estratégico no sentido de quebrar tais resistências junto ao eleitorado. Identificado naturalmente com o eleitorado do Tucanistão, o atual governador, Rodrigo Garcia(PSDB-SP), como já seria previsto - pois suas bases eleitorias sempre estiveram adubadas - avança a cada nova pesquisa nos índices de intenção de voto e poderá manter tal performance, salvo por algum "acidente" de percurso vier a ser cometido.  

Existem algumas arestas entre os bolsonaristas do Estado, mas a tendência é que as mesmas sejam aparadas até as eleições de outubro, prevendo-se uma disputa acirradíssima, voto por voto, entre os três principais competidores. Apesar de Lula ter ampliado sua vantagem sobre Bolsonaro na última pesquisa do Datafolha, o mês de agosto começa bem para o bolsonarismo, com sinais de equilíbrio dos índices no seu reduto, o Rio de Janeiro, e a superação do petista em São Paulo. 

Fernando Haddad(PT)       33,2%

Tarcísio de Freitas(Progressistas)    22,5%

Rodrigo Garcia(PSDB)       14%    

Editorial: Como está a corrida eleitoral em São Paulo



Ontem, aqui em Pernambuco, tivemos uma festa da democracia com a realização das convenções de alguns dos candidatos que disputarão o Palácio do Campo das Princesas nas próximas eleições. Apesar da verdadeira guerra de torcidas, tudo ocorreu na mais absoluta normalidade, com os concorrentes trazendo, em seus discursos, muito mais do que as críticas, as propostas para tirar o Estado de Pernambuco do limbo em que se encontra depois do desastre administrativo das últimas gestões. 

Hoje, segunda-feira, primeiro de agosto, ganha destaque na imprensa nacional uma nova pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas sobre a corrida eleitoral no Estado de São Paulo, com o desempenho dos principais concorrentes, no plano nacional, ao Palácio do Planalto. Por razões óbvias, sempre chama muito a atenção os levantamentos de desempenho dos candidatos naquele Estado, o maior colégio eleitoral do país, posto que São Paulo se constitue numa espécie de "termômetro eleitoral" para o país. 

Naquela praça, por exemplo, o candidato do PT ao Governo do Estado, Fernando Haddad(PT-SP), lidera as pesquisas de intenção de voto, mas Lula, embora esteja à frente do seu principal concorrente no plano nacional, ali aparece atrás do candidato Jair Bolsonaro(PL), ainda que no limite da margem de erro do Instituto, de 2,3 pontos percentuais para mais ou para menos. O tucano Rodrigo Garcia, que vinha num ritmo frenético, parece ter moderado o fôlego neste último levantamento, mas continua crescendo, a partir de levantamentos anteriores do próprio Instituto. Pontuava com um pouco mais de 9% no último levantamento e agora crava 14%.

O representante do bolsonarismo naquele Estado, o ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, do Progressistas, aparece em segundo lugar, com algo em torno de 10 pontos de diferença para o líder, Fernando Haddad, do PT. Enquanto Tarcísio crava 22,5% das intenções de voto, o petista assinala 33,2% das intenções de voto. Apesar de bater Lula, numericamente, naquele Estado, como se sabe, a relação entre Tarcísio é de indisposição com grupos ligados ao bolsonarismo, o que significa dizer que a transferência de votos de Bolsonaro para Tarcísio não seria assim tão orgânica. 

Segundo alguns observadores da cena política naquele Estado, o staff de campanha do tucano Rodrigo Garcia, aguarda o início da propaganda eleitoral pela televisão para continuar avançando, desta vez construindo uma narrativa de contraposição em relação, neste primeiro momento, contra o representante do bolsonarismo no Estado. Apesar da liderança neste momento, há quem advogue que o candidato do PT enfrentará muitas dificuldades daqui para a frente, num Estado com segmentos eleitorais francamente hostis ao petismo, principalmente no interior. Eis os números no plano nacional: A pesquisa ouviu 1.880 pessoas, entre os dias 25 e 28 de julho de 2022, com margem de erro de 2,3 pontos percentuais para mais ou para menos. TSE: SP 03818\2022. 

Jair Bolsonaro(PL)        40,1%

Lula(PT)                  36,2%

Ciro Gomes(PDT)           7,1%

Simone Tebet(MDB)         1,7%


O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: O Recife em ritmo de convenções - festa da democracia

Crédito: Blog do Magno Martins


Além da convenção do Partido Liberal, que homologou a candidatura do ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira, que concorre ao Governo do Estado de Pernambuco, nas próximas eleições, tivemos, neste domingo, 31\07, duas outras convenções partidárias. A do ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, do União Brasil, e a da candidato do Solidariedade, Marília Arraes. Podemos tratar aqui de uma festa da democracia, pois tudo ocorreu dentro da mais absoluta normalidade, cada qual procurando realizar o melhor evento possível, com o devido respeito pelos adversários. Apenas os transeuntes de ruas próximas aos eventos puderam reclamar de alguma coisa, uma vez que as ruas ficaram intransitáveis, devido ao grande público atraídos para os eventos.  

Até os discursos, embora contundentes e inflamados, foram conduzidos dentro dos parâmetros da civilidade política, evitando as baixarias. Críticas duras aos opositores e ao Governo do Estado - o saco de pancadas preerido, por razões óbvias - mas dentro do respeito e da urbanidade, conforme recomenda os bons manuais de convivência política num regime democrático. Os convencionais pernambucanos estão todos de parabéns. Deram um aula de organização, de mobilização da militância e, sobretudo, de respeito às regras impostas por um regime democrático. 

Vamos debater propostas de governo, alternativas para um Estado que se encontra no limbo, com indicadores sociais de fazer vergonha ao país. É preciso resgatar a auto-estima dos pernambucanos, que hoje anda cabisbaixo diante dessa situação a que chegamos, na condição de Ente Federado que mais contribuiu para baixar os níveis de pobreza do país. O Estado, na realidade, está precisando ser repensado, reconstruído e ficamos muito felizes com os concorrentes que estão, de fato, esquecendo as picuinhas políticas, para propor formas de enfrentamento dos grandes gargalos de atraso verificados.  

domingo, 31 de julho de 2022

Editorial: A hierarquia de prioridades dos eleitores nas eleições presidenciais de 2022.

Crédito da foto: Alan Santos e Ricardo Stuckert


Metaforicamente, alguém já afirmou que o maior inimigo de Bolsonaro nas próximas eleições não é Lula, mas os problemas decorrentes da economia, como inflação alta e desempregro. Os rumos da economia poderão determinar os resultados dessas próximas eleições presidenciais. Aqui abro um parêntese para observar que a adoção das medidas emergenciais - e até irresponsaveis do ponto de vista das contas pale públicas, traduzidas na PEC Kamikaze - como a distribuição de Vale Gás, Vale Caminhoneiro e o aumento do Auxílio Brasil - medidas para se contrapor aos sérios problemas econômicos enfrentados pela população socialmente mais fragilizada, não estão conseguindo atingir, ainda, os efeitos esperados pelo Governo. 

Concretemente, isso pode explicar, por exemplo, os 17 pontos que Lula abre de diferença em relação a Jair Bolsonato, de acordo com a última pesquisa do Instituto Datafolha. Estas observações vem a propósito de uma metéria publicada pela revista Veja desta semana, escrita pelo jornalista Alan Feuerwerker, onde ele observa que, a cada eleição, existiria ao menos duas variáveis que orientam as escolhas dos candidatos. Nas eleições passadas, as de 2018, observa Alan, Bolsonaro foi eleito na esteira da luta anticorrupção que, naquele momento, acrescento, se confudia com o próprio antipetismo. 

Hoje, a inflação que corrói o salário e o desemprego podem levar Lula de volta ao Palácio do Planalto. Competeria ao PT, observa o articulista, não perder essa narrativa junto ao eleitorado. Pelo histórico dos Governos da Coalizão Petista, de fato, Lula reúne as condições de se apresentat ao eleitorado como a "solução" para esses problemas, já escolhido pelos eleitores como as prioridades dessas eleições. Raposa política, Lula tem pautado a sua campanha de forma a não afastar, junto ao imaginário do eleitorado, essas preocupações mesmo diante das medidas emergenciais (ou seriam eleitoreiras?) 

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: O bolsonarismo se mobiliza para prestigiar Anderson Ferreira.



Quero, neste espaço, pedir perdão aos leitores por não ter mencionado, entre as convenções partidárias previstas para hoje, a do ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho(UB-PE), prevista para hoje, no Recife, à tarde, no Clube Internacional, sendo anunciada como a maior das convenções entre os concorrentes ao Palácio do Campo das Princesas nas eleições de 2022. E, por falar em convenções, está sendo realizada, neste momento, a convenção do Partido Liberal, que homologará a candidatura do ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira, ao Palácio do Campo das Princesas. 

De fato, uma das maiores convenções realizadas até agora, dando a dimensão da presença e força do bolsonarismo em nosso Estado. Não seria improvável que possamos ter, nas próximas eleições, um segundo turno entre um candidato apoiado por Lula e outro de perfil bolsonarista. Numa das últimas pesquisas de intenção de voto realizadas no Estado, o candidato Anderson Ferreira já aparece em segunda colocação, embora esteja ainda no chamado "bolo" de candidatos que ainda não consequem se deslocar do empate técnico, dentro das margens de erro dos institutos de pesquisa. 

O irmão de Anderson, André Ferreira, passou a coordenar a campanha do presidente Jair Bolsonaro aqui no Estado. A família tem uma forte tradição entre os evangélicos e, ao que se sabe, o presidente Jair Bolsonaro já teria confirmado sua presença na próxima Marcha para Jesus, a ser realizada no Recife. Na região Nordeste, há uma forte aposta do bolsonarismo em estados como Pernambuco e Ceará. No Ceará eles já lideram a corrida pelo Palácio da Abolição com o Capitão Wagner, que possui um forte apoio entre policiais militares, pois apoiou movimentos grevistas dessa categoria. 

A despeito de uma grande rejeição ao seu governo, Bolsonaro tem uma espécie de dívida de gratidão com o seu ex-Ministro do Turismo, Gilson Machado, a quem não tem poupado esforços no sentido de ajudá-lo. Quando não está presente fisicamente, sempre dá um jeito de aparecer através de uma videoconferência, como agora, por acosião da convenção estadual do partido, onde ele enviou uma mensagem aos convencionais, não esquecendo, claro, do pacote de medidas previstos na chamada PEC da Bondade. Sem uma pesquisa mais consistente, seria difícil tirar conclusões sobre as razões pelas quais o bolsonarismo consegue ser forte no Estado. Uma das possíveis razões - ou seria hipótese - é a forte presença de grupos evangélicos no Estado. Mas, como afirmamos, apenas pesquisas poderão nos conduzir a alguma conclusão sobre o assunto.       

Editorial: Simone Tebet no segundo turno? Bolivar Lamounier acredita.



Houve um tempo em que acompahávamos com mais frequência as publicações do cientista político Bolívar Lamounier. Sempre muito lúcido e arguto, suas reflexões ancoravam nossas ponderações sobre temas áridos do cenário político nacional, fornecendo pistas importantes para compreendermos nossa realidade. Por alguma razão, perdão se estivermos equivocados, suas análises deixaram de ser assim tão frequentes. Eis que hoje, a partir de uma postagem no blog do Magno Martins, fui pego de surpresa com o título de uma matéria informando que a candidata Simone Tebet(MDB-MS) iria desbancar o presidente Jair Bolsonaro(PL) e iria para um segundo turno com o candidato Luiz Inácio Lula da Silva(PT). 

O título da postagem, em si, já seria suficiente para causar um certo impacto em quem lesse a matéria. Mais impacto ainda sentiria o leitor ao se deparar com a autoria do conteúdo, informando que se trata do conceituado cientista político Bolívar Lamounier que, através das suas redes sociais, tem a coragem - acima de qualquer outra coisa - de fazer tais afirmações, num momento em que a banca acadêmica e jornalística já jogou a toalha em relação à viabilidade da chamada terceira-via. Simone Tebet - quem acompanha o blog sabe de nossa admiração pela senadora - enfrentou, na realidade, uma corrida de obstáculos para chegar à homologação de sua candidatura, ocorrida na semana passada, em convenção conjunta do MDB, PSDB e Cidadania. 

Há caciques da legenda emedebista que não apoiam o nome da senadora, pois já teriam assumidos compromissos com o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país. Vão cozinhar o apoio em banho maria, até o momento de comunicar oficialmente a traição. Pela última pesquisa do Datafolha, Simone crava apenas 2% das intenções de voto. Avança em relação às pesquisas anteriores, mas ainda muito longe de representar uma reação, uma vez que esta iniciando a corrida muito tardiamente e é pouco conhecida dos eleitores. 

Diante de tal contexto, seria pouco provável que um cientista político como Bolívar Lamounier arriscasse sua reputação com uma afirmação como esta. Como as postagens de redes sociais possuem limitações de espaço, sugere-se que o cintista político pudesse dissecar tal análise, oferecendo aos seus diletos leitores a oportunidade de interagir com os seus argumentos.    

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: É tempo de convenções no Recife.



No dia ontem, no Clube Português, aqui no Recife, a pré-candidata Raquel Lyra(PSDB-PE) foi oficializada como candidata da coligação PSDB e Cidadania ao Palácio do Campo das Pricesas, nas eleições de outubro. Acompanham Raquel, como candidata a vice, a Deputada Estadual Priscila Krause e o ex-Prefeito de Petrolina, Guilherme Coelho, que concorre ao Senado Federal. Ontem, por aqui, deixamos claro qual o nosso posicionamento em relação à candidatura da ex-prefeita de Caruaru, no contexto da dinâmica competitiva do cenário político pernambucano. 

Contrariando as expectativas deste editor, a candidata constrói uma narrativa que a coloca em contraposição a Lula e Bolsonaro, cravando um perfil de terceira-via. Como disse antes, o problema não é ela ser contra Lula ou Bolsonaro, mas assumir um discurso de terceira-via, sobretudo num contexto político historicamente tão polarizado, conforme é o nosso. A estratégia de marketing dela deveria estar focada num outro aspecto, conforme igualmente discutimos nesses artigos. Mas aqui quero enfatizar que respeito a opinião de sua assessoria política. 

Nossa opinião é apenas a de um observador da cena política. Hoje, teremos mais duas convenções de homologação de candidaturas, conforme vem sendo noticiado pela crônica política pernambucana: a do candidato do PL, Anderson Ferreira, e a da candidata do Solidariedade, Marília Arraes. O candidato do PSB, Danilo Cabral, será o último a realizar a sua convenção, programada para o dia 05 de agosto. Pelo andar da carruagem política, a cadeira de governador do Palácio do Campo das Princesas deverá estar reservada para um desses três últimos convencionais que, espelha, no Estado, a polarização que se verifica no cenário nacional. 

Não temos,naturalmente, alguma bola de cristal, mas é o que se apresenta como possibilidade real, deixando margem para alguma imprevisibilidade, mesmo que remota. Danilo teria que fazer um esforço hercúleo para reverter uma situação francamente desfavorável nas pesquisas de intenção de voto, mas conta com a máquina e o apoio oficial de Lula. A máquina bolsonarista já mói em favor de Anderson Ferreira(PL), uma das apostas do bolsonarismo. Bolsonaro o tem ajudado o quanto pode. Já teria confirmado presença na Marcha para Jesus, que será realizada em breve. 

Marília Arraes continua fazendo seus "estragos" nas bases de apoio socialistas e petistas pelo Estado afora. No dia de ontem, um conhecido blogueiro informou que um cacique da legenda petista estaria mapeando essas defecções com o propósito de expulsá-los do partido, um ato que tenderá a ser recorrente daqui para a frente. Preocupou uma eventual fala de um expoente da legenda, possivelmente da assessoria de Lula, tecendo críticas aos padrões de alianças da candidata que, até recentemente, durante o segundo turno das eleições para a Prefeitura da Cidade do Recife, havia celebrada uma aliança com atores políticos ligados ao bolsonarismo. 

Pura intriga da oposição, uma vez que até Lula já estaria entabulando conversações com partidos como o Progressistas e o Republicanos, que são partidos da base de apoio bolsonarista. Lula conhece essas nuances e sabe que precisará de muita abertura política para governar num regime de semipresidencialismo não oficial como o nosso. Outro dia um deles afirmou que se Fernando Haddad(PT-SP) fosse eleito, não chegaria ao final do mandato. Alguém duvida? 

sábado, 30 de julho de 2022

Editorial: Lula chega a um Ceará "Rachado"



Os padrões de civilidade na política precisam ser enaltecidos, sobretudo nestes momentos bicudos que o país atravessa, quando tornou-se comum o ataques às pessoas e às instituições da democracia. Ataques, aliás, recorrentes mesmo diante dos protestos da sociedade civil e das advertências dos poderes constituídos da República. Assim, louve-se aqui a demonstração de civilidade política do ex-governador Camilo Santana(PT-CE), ao pedir a saudação do público em relação ao ex-governador Cid Gomes(PDT-CE), uma espécie de padrinho político de Santana. 

Ao final de sua fala, ele afirmou que ninguém iria destruir a amizade entre ambos. Da mesma forma agiu Camilo ao se despedir de sua vice, a atual govenadora Izolda Cela, a quem queria que o sucedesse no Palácio da Abolição. Polido e educado, como afirmei antes, pareceu-nos muito sincero em suas palavas, quando percebeu que o partido de Izolda Cela, o PDT, a havia rifado em nome de uma possível imposição do candidato Ciro Gomes(PDT-CE) ao nome do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio(PDT-CE). 

Como se sabe, tal medida provocou um tsuname na relação entre o PT e o PDT naquele Estado, rompendo uma aliança que representou 16 anos de governos envolvendo o PT e o PDT. Os Ferreira Gomes construíram uma das alianças políticas mais exitosas e duradoras do Estado do Ceará, rompendo um antigo ciclo coronelista na gestão da máquina estadual. Camilo Santana é um dos resultados desse processo e teve a dignidade de reconhecer isso durante a sua fala, mesmo diante das circusntâncias políticas atuais, que os coloca em lados opostos na disputa. Isso talvez explique o fato de Camilo ter deixado o Palácio da Abolição com mais de 70% de aprovação e ter uma eleição assegurada para o Senado Federal.

Como o futuro a Deus pertence, Lula também evitou melindrar os Ferreira Gomes. Mesmo diante das falas de Ciro sugerindo que não o apaoiaria num eventual segundo turno. Não seria de todo improvável que possamos ter um reequilíbrio na competição eleitoral até outubro, a despeito da vantagem hoje do petista. Aquela praça, aliás, é uma das grandes apostas do bolsonarismo, através da figura do candidato do União Brasil, Capitão Wagner, como fortes ligações com as forças policiais do Estado. O racha entre o PT e o PDT pode ter dado um combustível às forças ligados ao bolsonarismo.    

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Raquel Lyra tem candidatura homologada em convenção.


Desde que sinalizou que seria candidata ao Palácio do Campo das Princesas, a ex-prefeita de Caruaru, Raquel Lyra(PSDB-PE), tem enfrentado muitos obstáculos nesta caminhada. Nada que a sua determinação não consiga superá-los, mas, em princípio, talvez nem ela mesma tenha previsto tantas dificuldades. Até mesmo em seu reduto político, o país de Caruaru, cujo prefeito que assumiu Rodrigo Pinheiro, adota uma postura claramente de quem segue uma diretriz política própria, afastando da prefeitura municipal os secretários indicados pela ex-prefeita. 

Pelo andar da carruagem política, ela não conta com um aliado dentro do seu próprio reduto político. Depois, vieram os problemas com a composição da chapa, um problema que, aliás, ela divide com os demais postulantes ao Palácio do Campo das Princesas. Depois de muitas idas e vindas, finalmente, ela conseguiu fechar a chapa para a disputa. O ex-Deputado e ex-prefeito de Petrolina, Guilherme Coelho, disputará a vaga para o Senado Federal, enquanto Priscila Krause foi escolhida como vice, num lance de alto risco, uma vez que teria sua eleição assegurada para continuar com o exitoso trabalho na ALEPE. 

O maior problema de Raquel, como já enfatizamos num outro momento, diz respeito à sua conformação na disputa, ou seja, sua identidade entre os demais competidores. Como a tendência da polarização tende a reproduzir-se nas praças estaduais, o eleitorado do Estado também poderia seguir tal alinhamento, ou seja, apostando num candidato identificado com Lula, por um lado, e outro identificado com o presidente Jair Bolsonaro(PL), isolando os demais no limbo da chamada terceira-via, que encontra enormes dificuldades de viabilidade política. 

Talvez percebendo que não havia outra alternativa, que não a de assumir a sua condição de terceira-via, buscando situar-se entre o grupo de candidatos mais competitivos - aqueles alinhados com Lula ou com Bolsonaro - em seu discurso durante a convenção do PSDB e do Cidadania, Raquel Lyra bateu forte numa narrativa anti-Lula e anti-Bolsonaro, o que significa que ela consolida seu posicionamento político como alternativa à polarização representada pelos dois candidatos presidenciais. Embora entenda o constrangimento imposto pelas articulações nacionais - no plano nacional, em tese, ela estaria com a senadora Simone Tebet, do MDB, que se apresenta como terceira-via - era tudo que ela não poderia fazer. 

Não temos dados precisos sobre este assunto, mas, assim, anpassant, fica difícil imaginar um Estado da Federação onde esta terceira-via está se tornando competitiva o suficiente para ameaçar candidaturas que se inserem nesta polarização. Assim como o Rio Grande do Sul, em Pernambco as disputas políticas, historicamente, são marcadas por essas lutas renhidas entre "esquerda" e "direita". Isso muito antes do ou "Lula" ou "Bolsonaro". Neste aspecto, somos muito parecidos com os gaúchos. Nos Pampas, ou se é gremista ou colorado. Salvo melhor juízo, até a Coca-Cola já aprendeu a lição e muda a embalagem do seu refrigerante consoante as necessidades de se atender um grupo ou outro.   

Editorial: O diálogo político - e programático - entre Lula e André Janones



Um dos aspectos mais enfatizados pelo Deputado Federal André Janones(Avante-MG), candidato à Presidência da República, durante a convenção que homologu sua candidatura, foi o programa de governo daquela agremiação política. Em determinado momento, ele assinala que ter elaborado aquele programa já seria algo que justificasse a sua candidatura, independentemente dos eventuais resultados eleitorais. Nã seria surpreendente, portanto, que ele, ao abrir uma janela de diálogo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estipulasse, como condição para a ampliação dessas negociações, a aceitação, por parte do petista, em cumprir alguns tópicos daquele programa de governo, entre os quais, a manutenção do Auxílio Brasil. 

As condições do diálogo neste sentido estão bem encaminhadas, posto que, nem se quizesse, Lula teria as condições políticas para interromper tal benefício, mesmo diante das dificuldades geradas no que concerne à manutenção do equilíbrio das contas públicas. Janones enfatiza que, em nenhum momento, Lula teria pedido para que ele retirasse sua candidatura presidencial, algo que provovelmente será posto na mesa de negociações. Trata-se de um diálogo bem-vindo, sobretudo num ambiente potítico como o nosso, hoje bastante conturbado. 

Um outro fator que poderá ajudar o petista é a capialiridade obtida pelo candidato André Janones nas redes sociais, onde o petista encontra algumas dificuldades em relação ao opositor Jair Bolsonaro(PL). Este, aliás, é um dos trunfos do bolsonarismo para tentar reverter os índices nas pesquisas de intenção de voto, hoje francamente favoráveis ao petista, de acordo com a última pesquisa do Datafolha. Depois dos arsenal de medidas já implementadas pelo Governo, tenho dúvidas sobre se eles ainda teriam alguma bala de prata no tambor. 

sexta-feira, 29 de julho de 2022

Editorial: André Janones sinaliza que aceita o diálogo com Lula


Pode ser apenas uma bravata, mas Ciro Gomes(PDT-CE), já teria dito que não aceitaria conversar com Lula sobre um eventual apoio à sua candidatura à Presidência da República. Pelo menos nesse primeiro turno das eleições. Hoje, pelos números do Datafolha, Lula pode liquidar a fatura das eleições de 2022 ainda no primeiro turno, pois abre 17 pontos de diferença em relação ao seu principal adversário, o Presidente Jair Bolsonaro(PL). Num momento anterior, Lula já teria sido aconselhado por assessores a procurar um diálogo com André Janones, do Avante, em busca daqueles dois pontinhos fundamentais para vencer as eleições de outubro no primeiro turno. Portanto, esse flerte é antigo.

Embora, hoje, de acordo com esta última pesquisa a situação esteja, a princípio, mais confortável, a premissa de vencer as eleições no primeiro turno é uma das grandes preocupações do staff político de Lula, sobretudo num contexto de um ambiente institucional tão inseguro. Daria uma menor margem de manobras para assédios contra as instituições da democracia. Não é algo nada saudável que tenhamos chegado a este estágio, para precisamos nos fortalecermos para enfrentá-lo. 

Curioso que, em seu Twitter, o candidato do Avante tenha enumerado todos os candidatos presidenciais com os quais tentou estabelecer algum diálogo, sem muito sucesso. Alguns deles apenas o ignorá-lo. Segundo ele, Lula teria vestido as sandálias da humildade, dando um excelente exemplo, pois vai muito bem nas pesquisas de intenção de voto, mas está propondo um diálogo com o qual ele, de pronto, está aceitando. Janones vem fazendo uma campanha política interessante, propositiva, e, certamente, poderia contribuir com ideias para um eventual Governo Lula. O programa do Avante está bem elaborado e enxuto. Um outro fato que não pode ser esquecido é que Janone já foi filiado ao PT. 

Editorial: A tensão institucional aumenta com a última Datafolha



Num país de democracia estável, o resultado de uma pesquisa de intenção de voto poderia provocar apenas duas coisas: A euforia dos partidários do candidato que estivesse liderando a pesquisa e, por outro lado, uma preocupação inerente daqueles candidatos que não estão conseguindo as condições de competitividade ideais para emparedar o líder das pesquisas. Isso num país de democracia estável, o que não é bem o nosso caso. Costumo enfatizar por aqui que, hoje, os organismos internacionais apontam o Brasil como a democracia mais ameaçada do mundo. 

Não deixa de ser curioso o fato de passarmos a olhar os números das pesquisas de intenção de voto com alguma preocupação a mais do que aquela que seria natural. O cenário de instabilidade política sugere tanta preocupação em torno do assunto, que várias questões podem estar inseridas nos seus resultados, para muito além de uma simples checagem de desempenho dos candidatos. Este é o caso desta última pesquisa do Datafolha, divulgado no dia de ontem, sobre a corrida presidencial de 2022. Lula crava 47% das intenções de voto, enquanto Jair Bolsonaro, que tenta a reeleição, aparece com 29%, numa evidente demonstração de que, até o momento, as ações empreendidas pelo Governo para tentar reverter o quadro não estão surtindo o efeito esperado.  

Sempre me pergunto por aqui como descemos a ladeira do autoritarismo a partir de 2013, culminando com o golpe institucional de 2016. Desde então, nunca mais tivemos sossego institucional. As ameaças às instituições democráticas são veladas e explícitas, causando o repúdio veemente dos atores que estão diretamente envolvidos na salvaguarda dessas instituições, como STE, o STF, o Congresso. 

Agora é a vez da sociedade civil e da comunidade internacional se mobilizarem em torno da defesa de nossas instituições democráticas. As centrais sindicais estão preparando uma grande mobilização com este propósito. Até recentemente, a Sociedade Brasileira de Direito Público, presidida pelo professor Carlos Ari Sundfeld, da Fundação Getúlio Vargas, lançou uma carta, assinada por empresários, em defesa de nossas instituições democráticas. As reações em contrário a esta iniciativa - traduzida em invasões hackers e falas inoportunas e descabidas - dá bem a dimensão do ambiente político em que estamos metidos.  

Charge! Mor via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 28 de julho de 2022

Artigo: O Anarquismo no Brasil

 


Há uma antiga teoria conspiratória na história do Brasil que chama de "flores exóticas" as ideologias revolucionárias e contestatárias do "status quo". Primeiro, foi o liberalismo e o republicanismo. Depois, as doutrinas socialistas, anarquistas e comunistas. É como se o pensamento nativo fosse o dos índios tapuias ou tupis-guaranis: o messianismo da terra dos sem-males.
Essa teoria se aplica perfeitamente ao tratamento dispensado ao anarquismo e anarco-sindicalista em nosso país. Planta exótica trazida pelos imigrantes italianos, espanhóis e portugueses para o Brasil.
Seria o caso de se perguntar qual seria o pensamento politico e social original das Américas, antes da colonização. o historiador argentino Eduardo Galiano escreveu um belo livro intitulado "Memórias de fogo" resgatando o imaginário social das nações indígenas antes da chegada dos colonizadores espanhóis. E há quem procure nos costumes indígenas a semente do comunismo primitivo,
O certo é que quando se contrapõe as ideologias sociais europeias modernas a esse pensamento nativo e original, é para desqualificar a importação dessas formas modernas de pensamento social e perseguir seus adeptos ou militantes.
No caso do anarquismo brasileiro (e depois, do comunismo-marxista) não foi diferente. Os imigrantes europeus que para cá vieram em busca da "cocunha", da riqueza, do trabalho, da sobrevivência digna e humana, foram responsabilizados pela introdução das ideias socialistas e anarquistas no fim do século XIX e início do século XX (COMO SE NUNCA TIVESSE EXISTIDO A LUTA DE CLASSES ENTRE NÓS). É de se lembrar que eram pessoas de mentalidade cosmopolita e não alimentavam nenhuma ilusão sobre a sua inserção legal em terras brasileiras. Não acreditavam nas instituições políticas do país. "Nem pátria, nem patrão", como dizia o título de uma obra sobre esses trabalhadores estrangeiros. Num ambiente assim de exclusão social e política, era natural que uma ideologia como o anarquismo ou anarco-sindicalismo ou mesmo o sindicalismo revolucionário imperasse no circulo mais restrito dos ativistas do movimento sindical e trabalhista nos começos do século.
A questão da pureza doutrinária do anaquismo brasileiro ainda continua em aberto. Ora Kropotikin, ora Bakunin, ora Malatesta, ainda se discute os "maitres-a-penseur" do movimento libertário no Brasil. Isso sem falar no acréscimo de uma forte pitada de positivismo e evolucionismo.
O fato é que as nossas doutrinas políticas e ideológicas resultam, muitas vezes, de verdadeiros "porres ideológicos", como disse o saudoso Evaristo de Moraes Filho. Alimentaram-se do caldo de cultura formado pelo jacobinismo da época da abolição e do movimento republicano. Vários militantes do movimento social vieram desse meio.
Estudar o anarquismo brasileiro não é tarefa fácil, em razão da mixórdia ideológica que havia nesse período. Há uma confusão, por exemplo, entre anarquismo, anarco-sindicalismo e sindicalismo revolucionário. É sempre bom esclarecer que os anarquistas não viam com bons olhos a atuação sindical como forma de educar as massas e transformar a sociedade. Preferiam uma militância pedagógica, cultural, através do teatro, da literatura, dos picnics, das palestras e outras atividades culturais. Já o anarco-sindicalismo e o sindicalismo revolucionário faziam do sindicato e da luta sindical o caminho, o aprendizado da chamada "greve geral revolucionária". Os sindicatos eram organizados a partir de declarações de princípios libertários e olhados com a escola preparatória da sociedade do futuro. A corrente influenciada por George Sorel era favorável a ação direta e ao emprego de meios violentos, o que muitas vezes fazia confundir os anarco-sindicalistas com os carbonários. As correntes que mias influenciaram o movimento social no país foram o sindicalismo revolucionário e o anarco-sndicalismo. Apesar da farta matéria doutrinária do anarquismo publicado nos jornais da impensa operária.
Os ciclos das greves operárias no Brasil são vários: 1903-1907, 1912-1917, 1909-1921, quando se inicia o descenso ou o declínio do movimento anarquista no Brasil, atribuído por alguns ora a influencia da repressão policial, ora à influencia das convenções internacionais ora à concorrência do Partido Comunista Brasileiro.
A repressão policial sempre foi muito dura e eficaz, agindo muitas vezes fora da lei contra brasileiros natos ou residentes há muito tempo no país. É conhecida a famosa expressão: "A questão social não passa de um caso de polícia". A Conferencia de Versalhes, cujo presidente da República (Epitácio Pessoa) foi o delegado brasileiro, desencadeou várias ações e medidas tendentes a influenciar as leis brasileiras no sentido da adoção de uma legislação social-trabalhista. O Brasil, como signatário desses convenções foi obrigado a se enquadrar do ponto de vista legal. Finalmente, a criação do Partido Comunista Brasileiro (PCB) se constituiu em fato novo no panorama sindical e passou a concorrer com a militância anarco-sindicalista, com serias consequências para a unidade do movimento sindical. Talvez não se devesse esquecer o crescimento do sindicalismo reformista e católico na década de vinte, como fator de dificuldades para a organização autônoma dos trabalhadores.
Greves que se destacaram durante este período: a greve de 1917 em vários estados brasileiros (inclusive em Recife), a greve revolucionário de 1918, a greve geral de 1919 (em Recife e outros estados) e a derrota da greve da Mogiana (Sao Paulo) e da Great Western, em Recife). A partir daí há um relativo descenso do movimento operário, um momento de discussão interna sobre a validade da forma de organização e de luta dos sindicatos anarco-socialistas, o surgimento da crise política da República Velha com o movimento tenentista e o aumento da repressão policial. Existe também um incremento das ações legislativas no Congresso brasileiro sobre a questão social e várias tentativas de cooptação da classe operária pelo Estado.
FONTES: ANARQUISTAS E COMUNISTAS NO BRASIL, ANARQUISTAS E IMIGRANTES NO MOVIMENTO OPERÁRIO BRASILEIRO, OS COMPANHEIROS DE SÃO PAULO.

Michel Zaidan Filho é filósofo, historiador, cientista político, professor titular da Universidade Federal de Pernambuco e Coordenador do NEEPD - Núcleo de Estudos Eleitorais, Partidários e da Democracia da UFPE.

Editorial: Após homologação, a senadora Simone Tebet entra na corrida presidencial.



A sorte, literalmente, está lançada para a senadora Simone Tebet na corrida presidencial das próximas eleições. Simone precisou trilhar um caminhos de muitos atropelhos e os pedregulhos ainda estão começando. Começa uma jornada que está sendo sabotada por elementos do próprio partido, que, por já terem feito uma opção por apoiar um outro candidato, não desejavam que o partido lançasse uma candidatura própria. Na verdade, estamos diante de uma corrida de obstáculos. 

Se a senadora reunirá as condições efetivas de superá-los é uma outra questão. Como já afirmamos por aqui, algumas dessas variáveis ela não controla, como, por exemplo, essa centríguda política da polarização, que não permite que uma alternativa de terceira via se viabilize no contexto político brasileiro. O consultor Thomas Traumann elencou, outro dia, dez razões entendermos o porquê da inviabilidade da terceira-via no país. Uma das razões é que tais candidaturas não são construídas dentro de um prazo razoável, ou seja, não existe condiçoes de sua viabilização se tais candidaturas são lançadas às vésperas das eleições. 

No caso de Simone Tebet essa premissa é mais do que verdadeira, uma vez que ela enfrentou todo tipo de atropelo até a homologação da sua candidatura pela coligação que reúne, além do MDB, o PSDB e o Cidadania. Costumamos repetir isso por aqui, trata-se de um excelente quadro, preparada, de perfil probo, democrático e republicano. Não resta a menor dúvida de que poderia ser testada na condução do Executivo Nacional, possivelmente com bons resultados coletivos. Infelizmente, os pedregulhos são muitos. 

Editorial: As advertências do Centrão a Lula



Mesmo que as eleições só ocorram em 02 de outubro, já se discutem as frágeis relações estabelecidas entre o nosso Executivo e o Legislativo, decorrente daquilo que o historiador Luiz Felipe de Alencastro denominou de presidencialismo de coalização. Na realidade, o país vive sob um regime de semipresidencialismo não assumido. Apesar de se colocarem como fiéis escudeiros do presidente Jair Bolsonaro - com direito a rasgados elogios em público durante a convenção do PL, como foi o caso do Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lyra - a maior preocupação do Centrão, hoje, é a formação de uma boa base parlamentar, o que lhes asseguraria o poder de barganha necessário para impor as suas condições ao próximo chefe do  Executivo, seja ele quem for.  

Um dos expoentes mais ilustres do grupo - ao ponto de ficar conhecido como uma espécie de Primeiro-Ministro de Jair Bolsonaro(PL) - afirmou que Lula irá precisar negociar bastante para assegurar as condições de governabilidade. Aproveitou para fazer uma afirmação ainda mais preocupante, ao dizer que, caso o professor Fernando Haddad(PT-SP) tivesse sido eleito, não concluiria o seu mandato. Já destrinchamos o DNA do Centrão por aqui em outras oportunidades, sendo, portanto, desnecessário voltar a fazê-lo. A chance de mudar este cenário seria uma reforma política efetiva, de preferência conduzida por atores que não estivessem vinculados a esse vícios. Estes que estão ai, certamente, não vão legislar contra o orçamento secreto.

De perfil íntegro e republicano, a ex-presidente Dilma Rousseff sofreu horrores com as hostilidades do Legislativo contra o seu Governo. Foi aplicado a ex-presidente um torniquete político que praticamente paralizou o seu Governo, levando-o a óbito com a aprovação de um processo de impeachment. Por conhecer esses meambros perigosos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo antes das eleições de outubro - e consequentemente a homologação dos seus resultados - já procura entabular uma estratégia política para enfrentar aquele que seria o seu terceiro round.  

Editorial: Lula é o preferido entre os jovens, de acordo com o Datafolha



No dia de ontem o Instituto Datafolha publicou mais uma pesquisa de intenção de voto, desta vez dirigida diretamente com o objetivo de identificar como os jovens eleitores estão reagindo às candidaturas que se apresentam para as eleições presidenciais de 2022. O público alvo da pesquisa são aqueles eleitores que se situam na faixa etária entre 16 e 29 anos de idade. A pesquisa ouviu cerca de 900 eleitores nas principais capitais do país, entre os dias 20 a 21 de julho, para concluir que 51% deles manifstam sua preferência pelo candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto 20% deles preferem o presidente Jair Bolsonaro. A popularidade de Ciro Gomes é de 12% entre os eleitores mais jovens. 

Na realidade, existem três grupos de eleitores onde o presidente Jair Bolsonaro enfrenta dificuldades e vem tentando construir alternativas discursivas para recuperar terreno entre eles: Os jovens, as mulheres e os mais pobres. Ao seu modo, ele vem focando nesses grupos, aconselhado pelo seu staff de campanha. Caso essa ordem de preferência seja mantida, são esses eleitores que poderão reconduzir, mais uma vez, Lula ao Palácio do Planalto. 

Ao longo do seu Governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva construiu uma grande capilaridade política entre o segmento dos jovens, pois criou condições efetivas para essa aproximação, ao ampliar sensivelmente as oportunidades educacionais, inclusive entre jovens negros, nordestinos e empobrecidos. Não ficaríamos surpresos se a questão de "gênero" também pudesse se inserida neste perfil. O PT tem aqui um dos maiores trunfos políticos. Foi o maior programa de inserção de jovens negros empobrecidos no ensino superior público. Um salto qualitativo incomensurável em termos de democracia subtantitva. Este foi o único indicador onde os negros avançaram no país nos últimos 522 anos. Justifica-se o reconhecimento.    

Editorial: O impasse Molon no Rio de Janeiro.



O mundo da política amanheceu bastante movimentado no dia de hoje. Saiu mais uma pesquisa do Instituto Datafolha; Em convenção conjunta do MDB, PSDB e Cidadania, houve a homologação da candidatura da senadora Simone Tebet(MDB-MS) à Presidência da República; O clima azedou entre o PT e o PSB em torno dos acordos políticos no Estado do Rio de Janeiro;  Ainda a repercussão da carta dos empresários em defesa da democracia; Finalmente, as veladas advertências de um dos principais expoentes do Centrão em torno das dificuldades de governança de um eventual Governo Lula, com um congresso de maioria oposicionista. 

Vamos começar pela imbróglio gerado em torno do lançamento da candidatura de Alessandro Molon(PSB), ao Senado Federal, no Rio de Janeiro, na chapa encabeçada por Marcelo Freixo, do PSB. Na realidade, ao oficializar o lançamento de Molon, o PSB sugere quebrar um acordo pré-existente com o PT, onde eles deveriam ocupar a cabeça de chapa, cabendo ao PT indicar o nome ao Senado Federal. Trata-se de um acordo fechado entre o PT e o PSB, onde ficaram ajustados alguns compromissos com a formação dos palanques estaduais. 

Bem nas pesquisas de intenção de voto e azeitado na máquina socialista carioca, Molon resolveu descumprir o trato e lançar uma candidatura própria ao Senado Federal, gerando uma crise entre as duas legendas. Lula, que procura sempre manter uma linha conciliadora - e de preferência equidistante - reagiu de forma contundente ao acordo, inclusive ameaçando deixar de cumprir os compromissos firmados em outras praças, mencionando o caso de Pernambuco. 

O PT enfrenta graves problemas em alguns palanques estaduais e o Rio de Janeiro é um caso dos mais intrincados. Justamente o Estado que é o reduto político do adversário Jair Bolsonaro, seu principal oponente na corrida ao Palácio do Planalto. O clima ficou pesado, levando o Presidente Nacional do PSB,Carlos Siqueira, a improvisar uma viagem às pressas para o Rio, com o propósito de apagar o incêndio. Em Pernambuco, o candidato da aliança, Danilo Cabral(PSB-PE), tratou de se pronunciar sobre o assunto, defendendo a posição do morubixaba petista. 

quarta-feira, 27 de julho de 2022

Editorial: Um grande equívoco político o não apoio ao nome de Izolda Cela para continuar no Palácio da Abolição



Noticiado assim sem maiores repercussões, o desligamento da governadora Izolda Cela do PDT deve ser analisado com mais cuidado, pois foi uma decisão tomada dentro de um contexto específico, onde os interesses coletivos foram subjugados em nome de arranjos políticos duvidosos. Li, com muita atenção, as suas explicações em torno do assunto, publicadas por uma de suas redes sociais. Há, ali, muitas lições sobre a sua personalidade, sua vocação para a causa pública e, igualmente, sobre a sua leitura precisa e contundente no que concerne ao contexto político daquele Estado, onde, um conjunto de forças políticas -representadas pelo PT e o PDT - se integraram, num passado recente, para não permitir que atores políticos sem compromissos republicanos e democráticos pudessem ocupar o Palácio da Abolição e a Prefeitura de Fortaleza. 

Agora, em razão das próximas eleições de 2022, isso pode ser posto tudo a perder em razão de interesses políticos menores, comezinhos - e até machistas - que afastaram da competição uma pessoa íntegra, proba na condução dos negócios públicos e que reunia todas as condições de continuar à frente do Palácio da Abolição, conforme todas as pesquisas de intenção de voto atestavam. Existia um consenso e uma unanimidade em torno do nome de Izolda, exceto, certamente nalgumas hostes controladas pelas novas oligarquias que passaram a hegemonizar o poder no Estado, que, apesar do verniz de mordernidade, preservam sempre o sotaque do coronelismo.  

Segundo um observador da cena política local, 12 partidos políticos teriam dito ao Ciro Gomes(PDT-CE) que o nome de Izolda Cela seria imbatível. Seria um antídoto contra o fascismo que viceja naquele Estado, que, ancorado numa capaliridade política construída nos motins da Polícia Militar, reúne condições efetivas de ocupar o Palacio da Abolição, sobretudo quando as forças do campo progressista, em razão de questiúnculas pessoais, agem no sentido não de barrar tais pretenções, mas, mesmo sem intenções - em função de escolhas equivocadas - parecem dar uma ajudinha.    

Editorial: A mobilização da sociedade civil em favor da democracia


Parece não haver mais dúvidas de que a nossas instituições democráticas precisam ser defendidas. Defendida não apenas pelos atores constituídos nos três Poderes - que teriam este dever como uma obrigação inerente aos seus cargos - mas pela própria sociedade civil, uma vez que a ampliação desse espectro autoritário não seria bom para ninguém. Na realidade, a nossa experiência democrática sofreu alguns solavancos nos últimos anos, tornando-a a democracia mais ameaçado do mundo neste momento, conforme organismos internacionais que se preocupam em aferir a saúde das democracia pelo mundo.  

No dia de ontem, em conversa com o cientista político e historiador Michel Zaidan Filho, ele informava que seriam muito bem-vindas essas mobilizações, inclusive da comunidade internacional. É preciso ampliar, sensivelmente, os "custos" políticos e econômicos de um retrocesso autoritário neste momento. Depois de décadas de experiência democrática, o país experimenta um flerte autocrático onde os pilares da democracia representativa - como é o caso da isenção e lisura da Justiça Eleitoral - estão sendo postos em duvida por atores que contaram, ao longo de sua vida pública, com o referendo dessa mesma Justiça Eleitoral para ratificar seus desempenhos nas urnas.

Como era comum ouvir na nossa fase de criança, são jogadores que não sabem perder, que não respeitam as regras do jogo. Circula na imprensa uma carta assinada por empresários, em defesa de nossas instituiçoes democráticas. O mercado, como se sabe, tem um papel preponderante neste processo. E 1964 eles chagaram a emprestar apoio ao golpe civil-militar que derrubou Jango Goulart da Presidência da República. Quem lidera essa mobiliação do mercado é o professor da Fundação Getúlio Vargas, Carlos Ari Sundfeld, que representa a Sociedade Brasileira de Direito Público.  

Outra mobilização que está sendo aguardada é a do Movimento Sem Terra, um movimento social que, por razões óbvias, sempre esteve ligado organicamente ao Partido dos Trabalhadores. Que venham mais mobilizações da socieade civil neste sentido. Serão todas bem-vindas. Nossa frágil democracia exige cuidados redobrados, sobretudo neste momento que enfrenta um violento assédio autoritário.   

Editorial: Sai hoje nova pesquisa do Instituto Datafolha

 


Há uma grande expectativa em torno de uma nova rodada de pesquisa de intenção de voto realizado pelo Instituto Datafolha, uma espécie de balisamento dos demais institutos de pesquisa, em razão da credibilidade e capilaridade adquirida em anos de atuação no mercado. Naturalmente que o Instituto tem seus críticos, mas, mesmo eles, estabelecem uma relação de respeito aos seus resultados. O candidato pode até ficar amuado, mas ignorá-los pode ser um tiro no pé. Esta última pesquisa será emblemática, uma vez que está sendo realizada em meio a um turbilhão de acontecimentos políticos, como os discursos inflamados durante a Convenção do PL, reflexos da PEC da Bondade junto aos seus beneficiários, assim como o problema da crise institucional que se instaurou no país, envolvendo o Executivo e segmentos do Poder Judiciário. Perdão se esqueci aqui algum outro fator importante, mas já estamos diante de nitroglicerina pura. 

A campanha do presidente Jair Bolsonaro(PL) tenta conquistar espaços onde há resistências do eleitorado ao seu nome, como entre os eleitores jovens, as mulheres e os pobres, conforme discutimos ontem por aqui, a partir da análise do cientista político pernambucano Antonio Lavareda, do IPESPE. Muito mais do que os pobres e as mulheres, parece-nos que o grande problema de Bolsonaro seria o de demover a tendência desse eleitorado mais jovem em votar no candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Outro dado a ser considerado é que, diferentemente do eleitorado mais idoso - que costuma abster-se - este segmento do eleitorado costuma ir às urnas.  

Um conhecido blogueiro enfatizou bastante essa nova pesquisa do Datafolha em relação aos jovens, como se o Instituto tivesse o cuidado de aferir, durante as enquetes, o comportamento específico desse segmento do eleitorado. Assim, tal pesquisa se reveste de uma importância ainda maior, pois pode captar o humor desse eleitorado no que concerne às eleições de 2022. Até fake news já foram disseminadas, informando que eles perderiam o acesso às redes sociais caso Lula seja eleito. Novas análises sobre as eleições poderão ser produzidas a partir desses números apresentados pelo Datafolha. Vamos aguardar.     

terça-feira, 26 de julho de 2022

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Raquel anuncia Priscila Krause como vice.



Repercute bastante nas redes sociais o anúncio da Deputada Estadual Priscila Krause, do Cidadania, como vice na chapa encabeçada pela ex-prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, do PSDB, que concorre ao Governo do Estado, nas próximas eleições. Há considerações a favor e contra a decisão da parlamentar, sobretudo em razão do reconhecimento da população em relação à sua ativa atuação na fiscalização dos negócios de Estado. Como já informamos por aqui em outra ocasião, a parlamentar honra o seu mandato, fiscalizando as contas públicas, apontando irregularidades e cobrando providências dos órgaos competentes quando observa algum desvio de finalidade. O sentimento é que uma parlamentar com o seu perfil irá fazer falta ao parlamento.  

Alguns observadores consideram que ele teria feito uma opção equivocado, colocando em risco sua carreira política com a decisão, o que seria uma pena, pois parlamentar sem mandato corre um sério risco de cair no ostracismo, gerando enormes dificuldades para voltar à ribalta. Trata-se, de fato, de uma aposta de risco, sobretudo se considerarmos a dinâmica da disputa política no Estado - com tendência a reporduzir a dinâmica nacional, ou seja, talvez tenhamos uma polarização entre um palanque de Lula e outro de Bolsonaro - o que tenderia a atirar a candidatura de Raquel na plano da terceira-via, tornando-a inviável. 

Ela teria como escapar dessa armadilha? Difícil afirmar, mas suas alternativas são escassas. A possibilidade seria quebrar essa polarização, provocando, quem sabe, uma disputa "feminina", ou seja, estabelecendo uma competição direta com Marília Arraes do Solidariedade, isolando as candidaturas de Danilo Cabral(PSB-PE), Anderson Ferreira(PL-PE) e Miguel Coelho(UB-PE). Conforme afirmamos anteriormente, o eleitorado feminino terá um papel importante nessas eleições. Não sem motivo, ele tem sido disputado, voto a voto, pelos principais competidores à Presidência da República no plano nacional. A presença de duas mulheres na chapa pode ajudar na construção desse perfil.  

O fato concreto é que o staff político e de marketing eleitoral da candidata terá um pepel importante daqui para frente, ou seja, reencontrar o seu lugar na disputa, afastando-a da centrífuga política da terceira-via, o que seria sua derrocada. Tem prejudicado enormemente a candidata a ausência de uma interlocução forte no plano nacional, assim como a composição de sua chapa, mas este parece ser um problema generalizado entre os candidatos.     

Editorial: A decepção com o arquivamento das investigações propostas pela CPI da Covid-19




Acompanhei de forma sistemática os trabalhos da CPI da Covid-19 e me sinto decepcionado com o encaminhamento dado pela PGR no que concerne às recomendações do grupo de senadores que estiveram envoldidos naqueles trabalhos. É profundamente lamentável que, neste clima de instabilidade política e institucional que o país atravessa, as leis estejam sendo regiamente desrespeitadas, em nome de um projeto político de caráter extremamente duvidoso e temerário. As referências são claras sobre quem seriam esses atores que estão, nos parece, com uma trave política nos olhos, deixando de cumprir as leis, consoante os interesses políticos que estão em jogo. 

Trata-se, na realidade, de uma espécie de "vista grossa" ou omissão deliberada. Agora mesmo, por ocasião dos ataques às nossas instituições democráticas, o presidente de um dos poderes mais importantes da República, praticamente não disse uma palavra sofre aqueles fatos tão graves. A CPI da Covid-19 realizou um trabalho excepcional sobre a conduta de gestores públicos e privados, durante aqueles dias sombrios vividos pelo país, que nos ceifaram milhares de mortos. Na realidade, a pandemia da Covid-19 ainda não acabou, mas já enfrentamos dias mais difíceis. 

Evidente que os suas recomendações deveriam ser acatadas e atendidos pelas autoridades da República, apurando os fatos, apontando responsáveis, recomendando os procedimentos consoante às suas atribuições inerentes. Tempo  e recursos públicos foram utilizados durante aqueles trabalhos, o que encejaria, no mínimo, um respeito maior por suas conclusões e recomendações. Infelizmente, o momento político vem produzindo essas esquizofrenias institucionais, com alguns órgãos deixando de cumprir seus papéis.    

Editorial: Quem é o eleitor que pode reconduzir Lula para o Palácio do Planalto?

 


Logo após a divulgação da última pesquisa do IPESPE, o cientista político Antonio Lavareda veio a público para analisar os resultados do seu Instituto, lançando o seu olhar - sempre muito aguçado - sobre o que dizem, na prática, aqueles números. Há, em sua análise, uma preocupação bastante evidente em relação ao segundo turno das próximas eleições presidenciais, mas este editor irá se concentrar na sua avaliação sobre o perfil do eleitorado do petista, que poderá voltar a sentar na cadeira de presidente do país, a julgar pelo andar da carruagem política até este momento. 

O staff político do presidente Jair Bolsonaro conhece bem tais eleitores, mas, daí a trazê-los para abraçar o seu projeto político é uma outra grande questão. Digo isso em relação à última Convenção do PL, realizada no último domingo, onde os discursos foram direcionados exclusivamente para tal público. Mas, afinal, quem é este público que está fazendo a diferença no eleitorado do ex-presidente Lula? Ele é formado pelas mulheres, os jovens e os pobres, de acordo com as conclusões do cientista político pernambucano, a partir dos dados colhidos por suas pesquisas. 

Há muitas leituras sobre o que ocorreu na última Convenção do PL, em alguns casos, leituras preocupantes, como a eventual probabilidade de dias sombrios de ampliação das dificuldades institucionais, que poderão agravar-se para o próximo 07 de setembro, quando os bolsonatistas prometem uma grande mobilização. Mas esta já é uma outra discussão. Importante frisar, neste momento, que apesar do assédio da campanha de Bolsonaro em relação a tais eleitores, eles se mantém fiéis ao projeto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT), o que pode significar sua volta ao Palácio do Planalto.   

Charge! Duke via O Tempo