Aconteceu: Orson Welles no Recife.

Em viagem de trabalho ao México, Orson Welles recebeu em suas mãos a edição de uma revista que tratava da grande odisséia dos pescadores cearenses, que saíram de Fortaleza até o Rio de Janeiro para entregar uma série de reinvidicações da categoria ao Presidente Getúlio Vargas. Sem carta náutica, guiados apenas pela coragem, pela determinação e pelas estrelas, o reide dos pescadores ficaria para a história dos pescadores e, porque não dizê-lo, dos trabalhadores brasileiros. Orson Welles impressionou-se e viu naquele episódio a segunda parte de um trabalho que estava realizando para o Governo Americano sobre a América Latina. Decidiu, então, que depois do México, visitaria o Brasil. Veio ao Ceará, onde iniciou seus trabalhos, depois foi ao Rio de Janeiro dar continuidades às filmagens de Its all true. As filmagens no Rio de Janeiro foram marcadas por uma série de problemas, como a morte de Jacaré, líder do grupo, durante as tomadas. O Governo de Getúlio também passou a ficar incomodado com tantos negros, pobres e favelas das tomadas de Welles. As gestões do Governo de Getúlio junto ao Governo americano deixaram Welles à mingua. Mesmo assim, Welles resolve voltar ao Ceará para retomar as filmagens sem os menores recursos. Com afirmei num artigo recente publicado no Blog, foram os melhores dias da vida de Orson Welles. Longe do tedioso modo de vida americano, convivendo com os pescadores, comendo peixe assado com uma cervejinha bem gelada, dormindo em redes armadas em caiçaras, acompanhando o pôr-do-sol do alto das dunas... Num desses momentos, resolveu vir ao Recife. Ficou hospedado no Grande Hotel, hoje transformado num órgão do judiciário. Comenta-se que tomou um porre tão danado, tombou e caiu no Capibaribe. It's All True!