pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: 100 facetas de Paulo Emílio Sales Gomes
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domingo, 28 de agosto de 2016

100 facetas de Paulo Emílio Sales Gomes

100 facetas de Paulo Emílio Sales Gomes

Seminário 100 Paulo Emílio discute o amálgama que foi o crítico cinematográfico
Cinemateca Brasileira, Divulgação
Cinemateca Brasileira, Divulgação
por Eric Campi

Nos dias 24 e 25 de agosto, o Itaú Cultural realiza o seminário 100 Paulo Emílio em comemoração ao centenário do cineasta, escritor, professor universitário e crítico de cinema Paulo Emílio Sales Gomes, em parceria com a Cinemateca Brasileira, a Sociedade de Amigos da Cinemateca, o CINUSP e a ECA/USP. A curadoria é do professor da ECA Carlos Augusto Calil, organizador e editor da coletânea O cinema no século da Companhia das Letras.
O seminário, que conta com a participação de professores, cineastas e intelectuais, visa à análise e ao debate de todos os desdobramentos da figura Paulo Emílio, desde o engajamento político às diversas funções exercidas por ele no universo do audiovisual e da escrita. Entre as principais mesas, estão a palestra História e ideologia em Paulo Emílio, de Julierme Morais, que pretende discutir o ensaio Cinema: trajetória no subdesenvolvimento, célebre trabalho do historiador amador; Paulo Emílio e o moderno cinema brasileiro, sobre a conversão do autor ao Cinema Novo; O cômico popular na ficção de Paulo Emílio, analisando seu único romance ficcional, Três mulheres de três pppes; e Permanência de Paulo Emílioque convida o público a debater o legado emiliano nas instituições, na crítica, no pensamento, na universidade e na política.
A diferença temática entre os assuntos abordados pelo seminário se explica através das diversas facetas assumidas pelo paulistano. Ainda jovem, Paulo Emílio foi preso pela ditadura varguista por participar da organização Juventude Comunista, “porque o destino natural de um subversivo numa ditadura é mesmo a prisão”, nas palavras da esposa Lygia Fagundes Telles. Fugindo “por um túnel cavado nos subterrâneos do próprio presídio e que ia dar Deus sabe onde”, o escritor mudou-se para França, justamente o país em que se apaixonou pela obra do cineasta Jean Vigo, sobre o qual escreveu uma biografia, aclamada até por François Truffaut: “Passou por minhas mãos o manuscrito do mais belo livro de cinema que já li”.
Em 1941, já de volta ao Brasil, fundou a revista Clima com alguns amigos da FFLCH: Décio de Almeida Prado, Antonio Cândido, Rui Coelho, Gilda de Mello e Souza e Lourival Gomes Machado. Foi na Clima que Paulo Emílio começou a escrever críticas cinematográficas, da mesma forma que Décio de Almeida virou crítico teatral e Antonio Cândido literário, pelas quais tornou-se internacionalmente reconhecido.
Deixando de lado o método impressionista, as análises emilianas não carregam a pontualidade dos escritos jornalísticos, mas se caracterizam como uma mistura de crítica, crônica e ensaio, com inserção de relatos pessoais e narrativas de fatos históricos, casos e perfis. A linguagem se apresenta pedagógica sem se tornar superficial, o que aproxima ainda mais leitor e autor. Dessa forma, os textos têm fôlego para servir como verdadeiros testemunhos analíticos dos movimentos cinematográficos, como a Nouvelle Vague, o Cinema Novo, o Neorrealismo italiano e o Expressionismo alemão.
Ainda está em seu nome o posto de fundador da Cinemateca Brasileira que, apesar de orgulho, trouxe preocupação e desgosto para o crítico, inconformado com a falta de recursos e dificuldade em manter o acervo. No texto que fecha a série dedicada a Eisenstein, escreveu: “Desde o início do ano passado a Cinemateca Brasileira projetara para esta ocasião uma retrospectiva da obra completa do cineasta russo. A situação de penúria em que se encontra, obrigou, porém, o adiamento do projeto”. O que pensaria o escritor, hoje, se soubesse do corte de gastos promovido pelo presidente interino Michel Temer e a nomeação de diretor para Marcelo Calero, réu por estelionato?
Por fim, a primeira ficção, Três mulheres de três pppes, foi lançada em 1977, confirmando a crítica como gênero literário, a habilidade do professor universitário para a escrita e completando o amálgama que configura Paulo Emílio Sales Gomes.


Seminário 100 Paulo Emílio
Onde: Sala Itaú Cultural (Avenida Paulista, 149
Quando: 24 e 25 de agosto, das 15h às 21h30
Quanto: Grátis
Info: www.itaucultural.org.br/seminario-100-paulo-emilio
(Publicado originalmente no site da revista Cult)

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