Se fosse o ex-presidente Lula que possuísse um luxuoso apartamento na prestigiada Avenida General Foch, em Paris, registrado no nome de um “laranja” chamado Jovelino de Carvalho, e por acaso sócio dos filhos de Fernando Henrique Cardoso na Fazenda Buritis, ele estaria muito encrencado.
Afinal, um ex-metalúrgico não teria como adquirir um imóvel tão caro na França.
Se fosse o ex-presidente Lula que tivesse suas contas no exterior denunciadas pela ex-amante, pedindo inclusive uma investigação policial dessas contas, estaria frito.
Se fosse o ex-presidente Lula que tivesse comprado os votos da sua reeleição ao preço de 500.000,00, pagos em “cash” pelo Banco Itaú, não sobraria nada de sua integridade moral e política.
Mas nada disso abalou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que continua lépido e fagueiro condenando Lula.
A respeito desse sociólogo paulistano, é preciso reconsiderar as observações feitas por Celso Furtado sobre a sua conduta, quando Cardoso, com uma só penada, extinguiu a SUDENE.
Trata-se de uma pessoa mesquinha, invejosa e despeitada.
Nunca gozou do imenso respeito que os franceses tinham por Furtado, como o grande teórico do subdesenvolvimento latino-americano.
Embora tenha sido ajudado pelo nosso grande economista no exílio voluntário parisiense.
E em relação a Lula, a inveja foi publicamente confessada numa entrevista a Marília Gabriela, quando perguntado pela imensa aprovação popular com que Lula deixava a Presidência da Republica, muito ao contrário dele.
A essa altura dos acontecimentos, só os cegos acreditam na imparcialidade da Justiça no Brasil, porque não contemplam a face da iniquidade do Poder Judiciário.
Para uns, tudo: presunção de inocência, absolvição, prisão aberta, tornozeleira eletrônica etc.
Para outros, suspeição, condenação in limine, preconceito e discriminação.
Direito Penal, direito dos pobres.
É inadmissível que um estadista tão bem sucedido, no Brasil e fora do Brasil, não tenha reunido condições para ter ou usufruir ou pretender comprar um apartamento tríplex em Guarujá ou um sítio em Atibaia ou outra coisa qualquer.
Como Bill Clinton, que fez inúmeras palestras ao custo de 11.000 dólares para pagar aos advogados que o livraram do “impeachment”, Lula foi frequentemente solicitado por universidades e personalidades do mundo inteiro, para falar sobre o êxito da sua liderança mundial (“global play”), como político, como árbitro, como liderança regional na América Latina, como líder sindical etc.E foi bem remunerado por essas palestras.
Não se conhece contas externas de Lula onde esse dinheiro foi depositado, como alega Fernando Henrique Cardoso, a respeito das suas.
Um patrimônio de um ex-presidente da República que constasse apenas de um apartamento tríplex e um sítio, ai sim, dir-se-ia que era um fracassado.
Mas o patrimônio de Lula é imaterial, e sumamente mais valioso (e temerário para as elites brasileiras) do que esse tríplex e esse sítio.
É o patrimônio político, social, ideológico.
Depois de Getúlio Vargas, nunca houve um presidente tão popular como Lula.
Carismático, identificado com o povo, e titular de um capital político de fazer inveja a qualquer sociólogo.
Lula está sendo julgado, não pelos seus erros, mas sim pelos acertos, inúmeros acertos.
A nossa elite tacanha e apátrida não suporta o tamanho do êxito de um filho do povo, tornado Presidente, não por um golpe, mas pela vontade soberana do Povo brasileiro.
Esse é o pecado cometido pelo ex-presidente Luiz Inácio LULA da Silva.
*Michel Zaidan Filho, cientista político e professor na UFPE
(Publicado originalmente no site Viomundo. O título original do artigo é "O julgamento de Lula".)
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