José Luiz Gomes da Silva
Cientista Político.
A última pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha sobre as próximas eleições presidenciais traz alguns indicadores nada alvissareiros, como o expressivo percentual de eleitores indecisos ou que antecipam a possibilidade de anularem o seu voto ou votarem em branco: 36%, o que equivale a mais de um terço do eleitorado, percentual nunca antes observado em eleições presidenciais no país. A lavra de candidatos ora postos parece não entusiasmar - nem um pouco - os eleitores, absolutamente descrentes de um sistema político completamente necrosado, respirando por aparelhos, com morte cerebral já confirmada. Ainda não surgiram grandes pesquisas nas quadras estaduais, mas o diagnóstico parece indicar que estaremos diante do mesmo cenário, ou seja, a crescente desmotivação do eleitor com o processo eleitoral.
No domingo passado, o grupo de oposição ao Governo de Pernambuco - aqui denominado de Conspiração Macambirense - promoveu mais um dos seus grandes encontros, desta vez no Sertão do São Francisco, tendo como anfitrião o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho. Em mais uma demonstração de força, o grupo reuniu as grandes lideranças da aliança, entre as quais os senadores Fernando Bezerra Coelho(PMDB), Armando Monteiro(PTB), o ministro da Educação, Mendonça Filho(DEM), os ex-governadores, João Lyra(PSDB), Joaquim Francisco(PSDB), entre outros nomes. Em discursos no palanque e através da mídia, o alvo preferencial, obviamente, foi o atual mandatário do Estado, o governador Paulo Câmara, do PSB, que tentará a reeleição no próximo pleito. Um dos mais inflamados oradores foi o senador Fernando Bezerra Coelho que, em sua fala, dirigiu críticas ao Governo de Coalizão Petista, que integrou como ministro da Integração, o que se constitui numa aberrante contradição - ou uma demonstração de "oportunismo" político.
No próximo encontro, previsto para o dia 03 de março, o grupo de oposição deverá retornar às suas origens, ou seja, a Fazenda Macambira, em Caruaru, Agreste do Estado, que pertence a família Lyra. Ali começaram a se esboçar os primeiros convescotes políticos que culminaram na arregimentação do grupo de oposição ao Governo Paulo Câmara(PSB). É cedo afirmar se o grupo, até lá, já teria construído algum consenso em torno da formação de uma ou mais de uma chapa para disputa estadual de 2018. Há, no grupo, aqueles que defendem o lançamento de mais de uma candidatura no primeiro turno, o que aumentariam as chances de levar a disputa para um segundo turno. Se não surgir alguma surpresa nesse intricado agrupamento, os nomes mais cotados para a cabeça de chapa são os senadores Armando Monteiro(PTB) e Fernando Bezerra Coelho(PMDB).
Como ensinava o mestre florentino, Nicolau Bernardo Maquiavel, em seu tratado de ciência política, esse jogo de cena é apenas aparente. Deve está sendo travada uma disputa fratricida pela indicação do nome ou nomes que comporão a chapa que deve habilitar-se às eleições de 2018, principalmente num grupo de príncipes ambiciosos, que seguem à risca o princípio de mantenere lo stato. Para nós, que assistimos esse espetáculo de camarote, antecipar-se aos fatos significa uma probabilidade muito grande de cometimento de equívocos, embora esse ofício seja atinente à nossa condição de cientista político. Melhor aguardar a ressaca política do tradicional churrasco da Macambira, um dos grandes termômetros políticos do Estado.
A polêmica maior desse último encontro, no entanto, ficaria por conta de declarações do senador Armando Monteiro(PTB), em defesa do programa de privatizações do Ministério das Minas e Energias, que inclui a CHESF, numa média mal calculada com o ministro Fernando Filho. Depois ele andou se explicando, mas o estrago já estava feito, sobretudo em razão do movimento dos pernambucanos em defesa da estatal. Como se sabe esse movimento não se limita apenas ao PSB, mas atinge outros setores, o quem empresta uma capilaridade maior ao movimento. Seja qual for o rumo desse grupo, ele assume a condição de um grupo chapa-branca. Não apenas pelo nomes que o compõe, mas, sobretudo, pelas "teses" assumidas. Se hoje se pode dizer isso em relação ao senador Armando Monteiro, sobre FBC nem se fala. O que Michel Temer(PMDB) não pode afirmar é que falte políticos pernambucanos dispostos a defenderem o seu legado.
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