pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Michel Zaidan Filho: Piromaquia amazônica
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quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Michel Zaidan Filho: Piromaquia amazônica

  
 
Seria um simples truísmo dizer que a floresta amazônica é o pulmão da humanidade e por isso deve ser preservada a qualquer custo. No entanto, ela é mais do que isso: sua vegetação abundante e robusta ajuda muito absorver a quantidade de carvão produzido na atmosfera pelo aquecimento global. A destruição da floresta implica num crime contra a humanidade,não só contra os brasileiros. A responsabilidade civil e penal pela destruição de um dos maiores biomas do planeta é, em primeiro lugar dos governos nacionais e estaduais da região amazônica (Brasil, Peru, Colômbia) que deve envidar todos os esforços  para protegê-lo, reflorestá-lo e punir energicamente os que atentam contra a sua existência (madeireiros, agropecuaristas, produtores rurais, empresas brasileiras e estrangeiras). Mas essa responsabilidade vai muito além das fronteiras nacionais do países que compõem a região amazônica. 
 
A biodiversidade ali reinante (animais, espécies vegetais e minérios) constituem patrimônio comum da humanidade e deve ser objeto de proteção da comunidade internacional, através de "fideicomissos" ou fiscais encarregados pelas organizações internacionais de velar pela sua sobrevivência e continuidade. Há tempo que se discute esse patrimônio comum: os oceanos, o espaço sideral, os cursos de água doce etc. Permitir que a incúria ou a inércia administrativa de um governante nacional deixe queimar 10% da floresta é um crime ambiental e internacional. O que se sabe é que o presidente foi avisado, através de ofício, da extensão das queimadas na região. E que uma associação de produtores se movimentou através das redes sociais para atear fogo na floresta. A  pergunta que não quer calar é se esse  crime pirotécnico não contou com a conivência tácita das autoridades federais e estaduais. 
 
O mais grave é que o atual ministro do meio-ambiente já demonstrou seu descaso e despreparo (para não dizer coisa pior) para ocupar o ministério. E que até mesmo o vice-presidente da República sugeriu que se vendesse a amazônia, em razão da "indolência " dos seus habitantes originais. Curiosa é a reação do chefe de governo, ao dizer que a amazônia não vai ser vendida a prestação a algumas nações do G7, que ofereceram ajuda financeira para a proteção da floresta. Tal afirmação pode ser interpretada como se ele quisesse vendê-la a grosso a países ou empresas interessadas em explorar a sua rica biodiversidade.
 
O Brasil  não vive isolado do mundo. A defesa do meio-ambiente faz parte de uma pauta internacional, como a paz, o combate a miséria e a defesa dos direitos humanos. Não se trata de perder a soberania, por integrar esse conjunto de países e aceitar a cooperação intergovernamental no que tange à preservação de nossos recursos ambientais. A  pior forma de nacionalismo é o chauvismo estreito e de conveniência para agradar incautos e idiotas.

Michel Zaidan Filho é filósofo, historiador, cientista político, professor titular da Universidade Federal de Pernambuco e coordenador do Núcleo de Estudos Eleitorais, Partidários e da Democracia - NEEPD-UFPE

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