O
grande líder sul-africano que comandou a luta contra o "apartheid" em
seu país, Nelson Mandela, passou 15 anos preso numa cela comum.
Condenado várias vezes a morrer na forca, Mandela inspirou inúmeras
campanhas internacionais de solidariedade para si e sua causa
humanitária. Quando se findou o regime de segregação racial e espacial
da África do Sul, o prestígio mundial e nacional do líder africano só
fez crescer até torná-lo a maior personalidade política de seu país.
A prisão - mormente, por razões políticas - não retira o brilho e a
legitimidade de ninguém. Pelo contrário. Contribuí para a aura de
sacrifício e desprendimento do líder social. A morte seria uma
consagração definitiva de uma tipo de liderança carismática como essa.
Essas considerações vêm a
pelo, em razão da prisão política e ilegal do maior líder político do
Brasil, depois de Getúlio Vargas, o ex-metalúrgico e militante
sindical, Luis Inácio Lula da Silva.Hoje, com a publicação das conversas de bastidores dos integrantes
da operação Lava-Jato, tem-se a prova irrefutável (até para os "mais"
crentes) das motivações políticas do processo ilegal e da prisão do
líder político brasileiro. Desde que foi preso e condenado a 15 anos de
prisão, o prestígio político e eleitoral de Lula só fez crescer, no
mundo e no Brasil. Romaria e peregrinações de caravanas de intelectuais,
políticos, militantes ao seu cárcere curitibano só fizeram aumentar
cada vez mais. Pode se dizer, como uma consagração indiscutível de sua
reconhecida e justa popularidade nacional. Ele se transformou numa
bandeira de luta contra o estado de coisas ruinosas que temos diante de
nós. O sinônimo de tudo aquilo que contraria esse nefasto (des)governo.
Por isso, se essa manobra da
juíza das execuções penais do Paraná, tinha um efeito diversionista em
razão dos formidáveis protestos da sociedade em face da reforma da
previdência social (ora em fase final de votação), ela continha uma
mensagem mais grave: uma ameaça direta à vida do ilustre preso político.
Numa prisão comum, como a de Tremembé (SP), Lula poderia simplesmente
ser assassinado e tudo ficaria limitado ao universo das super populações
carcerárias e suas intermitentes revoltas. E assim, os golpistas de 2016
se veriam livres de um incômodo e perigoso nome, acusando-os
permanentemente do assalto ao estado brasileiro, a serviço do mercado.
A decisão do STF, por quase
unanimidade, sob a pressão de 70 parlamentares, deve agora ser
completada, se não tivesse sido uma mera manobra diversionista, com a
análise e deliberação sobre o processo de suspeição do senhor Sergio
Moro na condução do fraudulento processo de investigação e condenação do
presidente Lula, bem como pela perda do cargo do senhor Deltan
Dalagnol, pelo Conselho Nacional do Ministério Público Federal. São
medidas correlatas com a grande farsa judiciária do início do século XXI
no Brasil.
Michel Zaidan Filho é Filósofo, Historiador, Cientista Político, Professor Titular da Universidade Federal de Pernambuco e Coordenador do Núcleo de Estudos Eleitorais, Partidários e da Democracia
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