pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Crônicas do Cotidiano: O que aquele líder de facção está lendo na prisão?
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terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Crônicas do Cotidiano: O que aquele líder de facção está lendo na prisão?



Acabamos de revisar uma crônica que explodiu em leituras por aqui. Geralmente somos agraciados por episódios assim, ou seja, um boom de leitura de algum texto escrito em passado distante, o que nos deixam muito felizes. Ocorre por uma dessas possibilidades que não conseguimos identificar. Coisa de algoritmo ou de uma recomendação de algum professor amigo deste editor. A crônica à qual nos referimos trata da passagem do cineasta americano Orson Welles pela Veneza brasileira, onde ele participou de uma coletiva de imprensa prestigiadíssima, mas logo quis conhecer o baixo clero, ou as zonas de prostituição do Recife, religiosamente guiado, segundo dizem, pelo estudioso da cultura popular, Liêdo Maranhão. Quando Welles esteve no Rio de Janeiro, com a mesma finalidade de gravar a saga dos jangadeiros cearenses, foi ciceroneado pelo ator Grande Otelo. As farras eram de tal ordem, que Orson deixava o hotel lá para as cincos da tarde, quando já não havia mais luz para gravar as cenas. 

Como a obra de quem escreve nunca está concluída ou satisfaz plenamente os seus autores, geralmente fazemos alguns correções no texto. Neste caso, aprovamos sem restrições aquela crônica. Curioso como as zonas de baixo meretrício do Recife eram apreciadas por grandes artistas. Roberto Rossellini, quando esteve por aqui, com o propósito de filmar a Geografia da Fome, acabou pernoitando Cais do Recife Antigo, enebriado pelo whisky escocês, sob os cuidados das irmãs Passarinho, que o conduziram ao paraíso, fazendo-o esquecer de Ingrid Bergman. 

E, por falar em Josué de Castro, uma matéria de um site, no dia de hoje, 14, nos chamou muito a atenção. O site faz referência a um programa louvável de redução de pena a partir da leitura de algumas livros. O que estaria lendo aquele chefão de uma organização criminosa? Perdão aos leitores por não citarmos o nome, em razão desses tempos bicudos que o país atravessa. Outro dia um jovem foi morto no paraíso de Jericoacoara apenas por um gesto com as mãos. Fatos lamentáveis estão ocorrendo neste país. Mas, enfim, ele está lendo Homens e Caranguejos, de Josué de Castro, e Menino de Engenho, de José Lins do Rego. Em ambos os textos, o líder de facção irá se deparar com o drama das desigualdades sociais no país. 

No livro de José Lins, atenuada pelo lirismo da primeira infância do autor, vividos nas campinas do Engenho Corredor, em Pilar, na Paraíba, onde o texto foi ambientando, relatando o período de apogeu dos engenhos de cana de açúcar no Nordeste. No texto do pernambucano Josué de Castro, o drama da população pobre dos bairros alagados do Recife, vivendo em condições miseráveis, em palafitas, onde, em certo momento, segundo o autor, torna-se difícil distinguir quem é homem e quem é caranguejo. Na sequência, meu caro, recomendaríamos a leitura de Moleque Ricardo, do mesmo autor de Menino de Engenho, onde há referências sobre a sua passagem pelo presídio de Fernando de Noronha. Mas, se você se identificou com o menino Carlinhos, também pode se encantar com o Menino de Vila Operária

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