quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025
Editorial: Polícia Federal faz operação sobre desvios de emendas parlamentares em hospitais no Rio Grande do Sul.
É profundamente lamentável que tenhamos chegado a um estágio de degradação política onde as excrescências foram simplesmente banalizadas. Ontem comentávamos por aqui sobre a cruzada anticorrupção encetada pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal, o senhor Flávio Dino, envolvendo as concessões, finalidades, aplicação, e sobretudo a prestação de conta do dinheiro público que escoa pelo ralo dessas famigeradas emendas parlamentares. É uma pena - com graves prejuízos para o país - que os Três Poderes da República, por questões de picuinhas corporativas, não construam um consenso mínimo em torno deste o assunto. Pelo andar da carruagem política, sugere-se que eles preferem o enfrentamento e não o entendimento. Hoje, dia 13, a Polícia Federal realiza a Operação EmendasFest, no Rio Grande do Sul, onde há a suspeita de propinas cobradas para a liberação dessas emendas parlamentares. Mandados de busca estão sendo cumpridos, por determinação do ministro Flávio Dino. A propina de 6%, pasmem, estava prevista em contrato.
Há casos onde um único parlamentar teve liberado através do expediente dessas emendas o montante de R$ 60 milhões de reais. Ele deveria ser o primeiro a se preocupar rigorosamente com os mecanismos de transparência envolvendo o emprego desses recursos. O caso do DNOCS da Bahia ganhou repercussão internacional, no curso dos apontamentos da Ong Transparência Internacional, sobre os problemas persistentes de corrupção no país. Mais uma vez enaltecer as medidas saneadores tomadas pelo Ministro Flávio Dino, impondo critérios de transparência no uso desses recursos públicos. A questão crucial no trato dessa questão, como sugere que entende a Suprema Corte, não é uma questão de independência entre os Três Poderes. Está em jogo outra questão, de interesse público.
Tomamos conhecimentos de que o Ministro Flávio Dino está convocando várias autoridades dos Poder Legislativo e de órgãos do Executivo, com o propósito de discutir normas que disciplinem o tratamento dessas emendas. Há alguns anos atrás, um outro ministro da Suprema Corte já havia prenunciado que o sigilo sobre a concessão, liberação e prestação de contas dessas emendas depunham contra própria democracia.
Editorial: A crise dos correios.
Ali, já no final do Governo Bolsonaro, a Empresa de Correios e Telégrafos apresentava bons resultados em suas receitas. O projeto era privatizar a estatal, mas aí entraram aquelas questões que sempre envolvem tais processos, a começar pelos valores de avaliação, eventuais demissões de servidores, aumento de tarifas para os consumidores, entre outros fatores. Isso realmente precisa ser levado em conta, a começar pelos exemplos que temos observados em alguns desses serviços privatizados, principalmente aqueles relacionados a serviços essenciais, a exemplo de água, energia, transporte. O saneamento básico hoje, por exemplo, segue uma lógica inversa, ou seja, antes privados em alguns países, hoje volta a ser reestatizado. Não funcionou nas mãos da iniciativa privada.
Em São Paulo, a privatização dos cemitérios resultou em taxas abusivas para as cerimônias de adeus, com intervenção até mesmo do STF, que determinou que os preços praticados voltassem aos patamares de antes da privatização. Denuncia-se que as tarifas da Sabesp tiveram aumentos igualmente expressivos. Enfim, os Correios não foram privatizados, mas entraram numa espiral de equívocos e desmandos de dimensões preocupantes, resultando em queda na qualidade de serviços, atraso de salários dos servidores, insolvência gigantesca, maquiadas através de ginásticas com os números, numa explicação dada por membros do governo, que não convenceram ninguém.
Mesmo neste contexto, a estatal continua com sua política de patrocínios a eventos oficiais, instigando a ira dos seus servidores. Impõe-se a necessidade urgente de o Governo tomar as medidas cabíveis neste caso, ou seja, aquelas que possam imprimir diretrizes capazes de soerguer a estatal, melhorar os seus serviços, gerar superávit e, principalmente, honrar os compromissos com seus servidores.
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025
Editorial: Lula não desiste do petróleo da foz do Rio Amazonas.
São recorrentes as divergências entre os próprios membros do Governo Lula3, que se encontra bastante dividido, por sinal. O caso mais recente é o do Ministro do Desenvolvimento e Segurança Alimentar, Wellington Dias, acerca de um suposto aumento do valor do Bolsa Família, algo que não teria sido acordado com a Casa Civil e, muito provavelmente, com Sidônio Palmeira, que, certamente escalaria o próprio morubixaba petista para dar a boa notícia. Em conversas com Lula, sugere-se que tudo foi devidamente esclarecido e Wellington Dias saiu prestigiando no cargo. Deve permanecer como ministro.
E, por falar em Bolsa Família, um levantamento realizado pelo site Poder360 constatou inúmeras irregularidades com o programa, inclusive o fato curioso, onde há cidades com mais beneficiários do que o número de moradias existentes. Os prefeitos alegaram dados defasados do IBGE para explicar essa mágica, uma vez que, pelo regulamento do programa, o benefício só pode ser concedido a um beneficiário por família. Agora o embate é entre o Executivo, leia-se o próprio Lula, e Rodrigo Agostinho, Presidente do IBAMA, no que concerne à licença para exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas.
Alguns estudos preliminares sugerem a possibilidade de grande quantidade de petróleo naquela área o que atiçou o interesse de empresas, políticos etc. Por outro lado, pareceres técnicos do órgão apontam para os riscos ambientais da operação de extração de petróleo no local. Pelo andar da carruagem política, com a área de meio ambiente do governo com o prestígio em baixa, sabe-se quem vai perder essa batalha, sobretudo se entendermos as dificuldades do governo Lula neste momento. Medo que faz é o Tio Sam resolver expropriar o território, onde a soberania dos países do continente vai até onde não interfira nos seus interesses. É bronca.
Editorial: A cruzada moralizadora de Flávio Dino.
Há quem sugira que, em algum momento, o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, possa voltar à política. É pouco provável, diante das atuais circunstâncias, onde ele está bem satisfeito no cargo que ocupa, tendo atingido o ápice de sua carreira jurídica. Se voltasse seria bem-vindo, afinal, o sistema político carece de homens com seu espírito público. No STF o ministro tem se notabilizado por sua cruzada moralizadora em relação ao uso dos recursos públicos. Merece nosso reconhecimento o trabalho desenvolvido pelo ministro no que concerne à necessidade de se estabelecer normas republicanas na concessão, destinação, finalidade e prestação de contas das emendas do orçamento.
Isso tem produzido algumas indisposições com o Legislativo, que considera uma ingerência indevida em suas atividades, mas não é este bem o caso. O que está por trás disso o brasileiro comum sabe o que é. As recomendações do STF no tocante a este aspecto foram modificadas pelo parlamento, não acatando o que havia sido determinado. O impasse permanece e tende a agravar-se, se considerarmos aqui os primeiros pronunciamentos dos novos dirigentes do Poder Legislativo, eleitos depois de assumirem compromissos de contraposição e enfrentamento, com os votos de uma bancada conservadora, com duras rusgas contra o Poder Judiciário.
No dia ontem, 12, a Polícia Federal indiciou juízes, desembargadores, advogados, todos envolvidos no escândalo de vendas de sentença no Maranhão. De sua poltrona no STF, Flávio Dino tomou medidas contra os supersalários do Poder Judiciário, assim como mostrou-se contrário ao pagamento dos penduricalhos retroativos, que inflam esses recebimentos a milhões de reais, pagos no contracheque dos beneficiários. Somente com as folhas regulares, acrescida, por vezes, com esses penduricalhos, o país possui o Judiciário mais caro do mundo. E os caras ainda vendem sentença...
terça-feira, 11 de fevereiro de 2025
Editorial: Socialistas desejam candidatura de João Campos ainda em 2026.
Na capital federal especula-se que a deputada Tabata Amaral pode ser indicada para o Ministério da Ciência e Tecnologia, em substituição a pernambucana Luciana Santos, que deverá assumir o Ministério das Mulheres. A especulação ganha força quando se sabe que a saída de Aparecida Gonçalves da Esplanada dos Ministério é dada como certa. Aqui na província, o alvoroço gira em torno, mais uma vez, sobre os planos do prefeito João Campos para as eleições de 2026. Ontem, dia 10, o prefeito teve um almoço com integrantes do grupo Coelho, de Petrolina, onde ficou ajustado o compromisso do União Brasil em apoiar o seu projeto político, caso se confirme tal candidatura.
Nas linhas e entrelinhas, fica praticamente assegurada a presença de um representante do clã dos Coelhos na chapa majoritária. Miguel Coelho, ex-prefeito de Petrolina e candidato ao Governo do Estado nas eleições de 2022, deverá ocupar uma das vagas em disputa ao Senado Federal. Lideranças locais e nacionais do PSB não deixam de inflar a carreira política do filho do ex-governador Eduardo Campos. Para o staff socialista, o prefeito não deve perder a oportunidade de candidatar-se, já em 2026, para o Palácio do Campo das Princesas. Para Siqueira, Presidente Nacional do PSB, é uma maneira de projetá-lo nacionalmente.
O reencontro dos Coelho com os Campo se dá num momento em que andou-se especulando sobre uma eventual reaproximação da família Coelho com a governadora Raquel Lyra, algo completamente descartado. Pelo andar da carruagem política, a candidatura de João Campos em 2026 está se consolidando. Quem ocupará a outra vaga em disputa para o Senado Federal? Uma grande incógnita, sobretudo se considerarmos o desgaste que o PT enfrenta neste momento.
Editorial: Guerra das taxações. Diplomacia é o melhor caminho.
Ontem, dia 10, o presidente norte-americano, Donald Trump anunciou sua intenção de taxar o aço e o alumínio brasileiro quando importando para os Estados Unidos. Respostas dadas sob o calor das emoções, quase sempre produzem efeitos negativos. Foi o que ocorreu com as autoridades monetárias brasileiras, equívoco logo desfeito após a reprimenda do presidente Lula, que, ponderadamente, advoga o caminho da negociação para enfrentar essa queda de braços com o presidente americano. Salvo melhor juízo, os Estados Unidos é o maior mercado consumidor desse produtos brasileiros. O caminho realmente é o da diplomacia, embora o próprio presidente Lula tenha se pronunciado de forma mais contundente sobre o assunto num momento anterior, quando concedia uma entrevista coletiva.
O mundo civilizado enfrentará um longo e tenebroso inverno com a ascensão desses atores ao poder. As pastas estão sobre a mesa e teme-se pelas novas assinaturas. Foram dadas algumas horas para o grupo terrorista Hamas revê sua posição de não dar continuidade ao processo de libertação de prisioneiros judeus, sob pena de se transformar a faixa de Gaza, mais uma vez, num inferno. O Jornal Nacional em sua edição do dia de ontem, 1o, traz uma longa matéria tratando da estratégia que está em jogo, onde cita o ex-assessor Steve Bannon. A ideia que está por trás é assinar três decretos polêmicos por dia e, enquanto a sociedade tenta se refazer do choque do primeiro, os dois outros já estão em andamento, ou seja, enquanto lamentamos pelo boi de piranha sendo devorado, boiada já passou. Tempos difíceis.
Essa mesma estratégia está incorporada ao escopo das manobras eleitorais da extrema direita. Usa-se a mentira contra os adversários, reproduzidas sistematicamente através das big techs, causando danos irreparáveis para as vítimas. Um vídeo malicioso contra as medidas do governo em relação ao Pix alcançou mais de 300 milhões de visualizações, uma população superior à brasileira. A extrema direita criou um mecanismo perfeitamente azeitado para materializar essa estratégia, enquanto as forças do campo progressista dormia o sono que produziu o monstro. O caminho para reequilibrar essas forças é longo, impossível de ser tratado num simples editorial.
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025
Editorial: Jair Bolsonaro será reabilitado politicamente?
Em política é possível dá nó em pingo d'água. Entendida como poucos, a exemplo de Marco Maciel, conciliador por princípio, que afirmava que a política era a arte do possível. Marco Maciel era o homem do denominador comum. Se foi possível ao presidente Lula recuperar seus direitos políticos , tornar-se Presidente da Republica depois de amargar um ano e sete meses de prisão, mesmo encrencado até a medula, seus apoiadores advogam e lutam para reverter a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ao longo de sua vida pública, Bolsonaro cometeu alguns sincericídios que podem tê-lo prejudicado irremediavelmente. Deu com os burros n'água e, certamente acendeu a luz amarela do sistema político. Não enxergamos muita chance de sua reabilitação política.
Bolsonaristas, simpatizantes e apoiadores possivelmente não comungam desta mesma tese. Há um esforço, em várias frentes, no sentido de construir as condições políticas que o viabilizem para disputar as eleições presidenciais de 2026. Neste sentido, com a mudança de nomes no comando do Legislativo, a tese passou a contar com o apoio de atores estratégicos, consoante apoios políticos negociados antes das eleições para aquelas Casas. Alguns movimentos de atores conservadores, cotados para a disputa presidencial de 2026, como é o caso do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, estão sendo pautados pela decisão do líder do bolsonarismo.
O momento é de muita tensão política, com o Executivo visivelmente enfraquecido. Pelo andar da carruagem política, o Governo Lula3 não se recupera até as eleições de 2026. Colheita mesmo somente se assegurarmos ao PT mais um mandato. Curioso que as "novas" estratégias de comunicação parecem voltar a bater na tecla da polarização política como única alternativa capaz de colocar Lula de novo na disputa presidencial.
Editorial: Miguel Coelho desmente reaproximação com a governadora Raquel Lyra.
Em vídeo que está sendo divulgado por um blog local, o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, desmente que esteja em curso uma reaproximação do grupo Coelho com o Palácio do Campo das Princesas. A notícia dando conta desta eventualidade se espalhou a partir de uma conversa mantida pelo ex-prefeito e a governadora Raquel Lyra. Miguel não nega o encontro, mas afirma que o gesto pode ser creditado às normas civilizadas de se fazer política, nada além disso. Na realidade, integrante do grupo Coelho já ocupa espaço na gestão municipal do prefeito João Campos, daí se justificar, em parte, as especulações em torno dessas novas movimentações.
Na realidade, nas eleições de 2022, a família Coelho engajou-se no projeto de reeleição de Raquel Lyra, contribuindo para a sua vitória na região do Sertão de São Francisco. Miguel Coelho, mesmo diante do capital político acumulado em virtude de sua experiência administrativa exitosa na cidade de Petrolina, não foi aproveitado no Governo. Bem preparado, com um tino gerencial peculiar, o jovem prefeito poderia dar uma grande contribuição importante ao estado. As picuinhas políticas, os arranjos que não levam em contra a competência técnica dos convidados conduzem a esta situação.
Miguel Coelho permanece onde está, cuidando do crescimento de sua legenda, o União Brasil e, se articulando para compor uma chapa que viabilize seu nome como candidato ao Senado Federal nas eleições de 2026. Com a ausência de um titular da pasta de Educação, especulou-se que o nome de Mendonça Filho poderia assumir o cargo, o que ele negaria mais tarde. Pelo andar da carruagem política, o União Brasil é hoje um partido bem mais próximo do Capibaribe do que do Campo das Princesas.
domingo, 9 de fevereiro de 2025
Editorial: Como o PT se arranja em São Paulo?
Salvo umas miudezas aqui e ali, algumas vaidades a serem administradas, a direita encontra-se em céu de brigadeiro em São Paulo. Pelo andar da carruagem política, possivelmente o candidato será o próprio governador Tarcísio de Freitas, com Flávio Bolsonaro e Guilherme Derrite como candidatos ao Senado Federal. Gilberto Kassab, do PSD, segundo comenta-se, desejaria ser candidato a vice, mas isso ainda não está definido. Guilherme Boulos ainda não se recuperou da ressaca das ultimas eleições municipais e, a rigor, nem ele mesmo desejaria essa nova aventura. Fernando Haddad, está apanhando mais do que o Judas durante a Semana Santa e os escores econômicos não são alvissareiros. Nada que recomende uma nova candidatura em tais circunstâncias.
O dilema do PT atinge uma dimensão gigantesca no maior colégio eleitoral do país. Se considerarmos o chamado cinturão paulista, onde existem várias cidades com o um eleitorado superior a um milhão de eleitores, o drama se repete. Na capital, a rigor, o voto da periferia foi fundamental para a vitória de Ricardo Nunes, o que pode parecer uma contradição. Marta Suplicy não assegurou o voto desses eleitores no candidato Guilherme Boulos, como se esperava. É uma tempestade perfeita. Conseguir um ator político que possa assegurar os percentuais de voto das eleições de 2022, fundamental para equilibrar o jogo da disputa em favor de Lula, trata-se de uma tarefa hercúlea.
Editorial: Crescimento dos evangélicos pode impedir reeleição de Lula em 2026.
O estudo é simples, mas denso, preciso e sobretudo preocupante. O site Poder 360 publica, no dia de hoje, 09, um estudo que deve trazer muita dor de cabeça ao Palácio do Planalto. Desde algum tempo o PT se envolveu num enrosco sem tamanho junto a um eleitorado que tem se tornado cada vez mais decisivo nas eleições do país: O eleitorado evangélico. O PT já fez de tudo para recuperar terreno junto a este nicho eleitoral, mas tudo se mostrou insuficiente para reconquistar a capilaridade do partido neste segmento do eleitorado. Como se sabe, em tempos idos, nos primórdios do PT, a relação era de outro padrão. Abrir espaço no Governo para seus representantes no parlamento? Fazer acenos específicos para o grupo ou capturá-los através da melhoria de indicadores econômicos, sem tanta especificidade, conforme alguns recomendam desde as eleições de 2022?
O fato concreto é que o hiato foi mantido desde então. Aliado a este fato, conforme aponta a pesquisa realizada pelo Mar Asset Management, há o agravante do aumento desse contingente eleitoral evangélico, algo capaz de impedir a eleição de Lula em 2026, caso o grupo mantenha-se refratário ao PT. Em 2022 os eleitores evangélicos perfaziam o índice de 32,1% do eleitorado total do país. Considerando-se o ritmo de crescimento, prevê-se para 2026 os escores de 36,7% do eleitorado, o que, na prática, mantida as atuais condições de rejeição ao petista, conforme aponta o estudo, seria suficiente para inviabilizar a sua reeleição.
Nem precisamos informar por aqui que a direita ou extrema direita sempre contou com maior simpatia entre este estrato do eleitorado. Reforça este prognóstico sombrio a queda de popularidade do petista, o que seria um outro grande dificultador do processo de reeleição. Estudos apontam que gestor com escores inferiores a 40% de ótimo e bom não se reelegem. Enquanto isso, a SECOM, hoje comandada pelo marqueteiro Sidônio Palmeira, faz um esforço concentrado para recuperar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Algumas investidas, como a dos bonés, não deram certo.
sábado, 8 de fevereiro de 2025
Editorial: Os memes da oposição sobre carestia inflados pelo próprio Governo Lula.
Editorial: Hugo Motta nega que houve uma tentativa de golpe de Estado no país.
Há alguns assuntos controversos, outros nem tanto. Desde algum tempo que as nossas instituições democráticas sofrem o assédio sistemático de forças conservadoras, que tentam estabelecer no país um regime de governo autoritário. Não se pode negligenciar essas movimentações de caráter golpistas, que se intensificaram desde de 2013, sob pena de entrarmos numa espiral perigosa, marcada pela privação das liberdades individuais e coletivas, de consequências inimagináveis para toda a sociedade. A democracia precisa ser defendida com todas as nossas forças. Neste contexto, causa estranheza e preocupações quando um dos dirigentes do Poder Legislativo encampa teses negacionistas, sugerindo que deverá dar prosseguimento ao pleito da oposição no que concerne à proposta de anistia aos envolvidos no 08 de janeiro.
Hugo Motta, pragmaticamente, estaria apenas cumprindo acordos de campanha assumidos com a bancada do PL, que congrega boa parte dos bolsonaristas. Ontem ficamos sabendo que até mobilizações de ruas estão sendo programadas para março com este mesmo propósito, assim como esta será a bandeira prioritária da oposição para as eleições de 2026. Houve uma tentativa de golpe no país, envolvendo civis e militares de várias patentes, inclusive com a anuência de alguns militares de alto coturno. As investigações encetadas pela Polícia Federal já demonstraram isso de formal cabal, com dezenas de indiciados. O relatório da CPI do Golpe aponta e pede providências sobre os autores dessa tentativa de solapar as instituições democráticas do país.
O filósofo alemão Friedrich Nietzsche afirmava que todo discurso era uma farsa e toda palavra uma fraude, uma vez que não externavam as verdadeiras intenções de seus autores. Fica claro que as indisposições entre os Três Poderes estão longe de ser contornadas. Ao contrário, tendem a agravarem-se, uma vez que o Judiciário e o Executivo, sobretudo no tocante a esta questão, assumem posições diametralmente opostas. Com um Executivo fraco, perdendo, por inúmeros motivos, apoio da população, o cenário que se vislumbra não é nada promissor.
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025
Editorial: Lula intensifica viagens pelo país.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva intensifica suas viagens pelo país, numa estratégia definida pela SECOM, que procura melhorar sua popularidade. Em algumas dessas viagens, Lula será acompanhado de perto pelo marqueteiro, Sidônio Palmeira, titular da Secretaria de Comunicação Social do Governo Federal. Ao que se sugere, Sidônio já tem um diagnóstico dos problemas de comunicação do Governo, assim como já estabeleceu as estratégias para superá-los. A imprensa tem observado o seu trabalho com lupas ampliadas. Hoje, tudo que ocorre de novidade no Governo tem sido atribuído ao novo homem forte da comunicação institucional, o que se constitui, a rigor, num exagero.
Aliás, o Governo Lula3 enfrenta um momento tão delicado que será muito difícil manter o controle desta situação ou antecipar-se aos novos problemas criados pelos próprios membros do Governo. Está difícil estancar a sangria. De quem partiu, por exemplo, a ideia dos bonés, o que resultou num grande fiasco, uma vez que as redes bolsonaristas utilizaram memes sistemáticos em contraponto aos bonés azuis? Membros da oposição aproveitaram a oportunidade para utilizarem bonés com inscrições de críticas ao processo inflacionário que já ameaça as gôndolas dos supermercados, fazendo alusões à falta de alguns itens na mesa dos brasileiros. No dia de ontem, 06, Lula, possivelmente involuntariamente, acabou cometendo mais um equívoco de comunicação, ao sugerir que as pessoas deixassem de consumir determinados itens.
Hoje, dia 07, mais uma vez, a oposição tirou proveito da situação, tecendo críticas sobre o comentário infeliz. Pelo andar da carruagem política, Sidônio terá que redobrar os cuidados daqui para frente, se sua ascendência sobre Lula permitir, uma vez que assessores reclamam que o líder teria dificuldades de ouvir seus conselheiros. Algo sugere que a oposição conseguiu garrotear o Governo Lula3. Está difícil desatar este nó de notícias ruins, naturalmente amplificadas pelos parlamentares e setores da mídia que torcem pelo inferno astral. A cereja do bolo da vez é a CPI sobre a USAID, depois das declarações de que a entidade poderia ter injetado recursos financeiros na campanha do petista.
Editorial: Não tem pão? Vai de brioche.
Formou-se uma grande expectativa em torno do desempenho do marqueteiro Sidônio Palmeira à frente da Secretaria de Comunicação Social do Governo Federal, a SECOM, sobretudo porque, num determinado momento, atribuiu-se à gestão anterior os problemas relativos à avaliação do Governo. Ou seja, o Governo Lula3 amargava índices preocupantes de avaliação não em razão de uma gestão com falhas, mas em função de não estar se comunicando bem com a população. Sidônio, que já tinha uma relação próxima a Lula desde as últimas eleições presidenciais, quando foi o homem responsável pelo marketing político da campanha do petista, aceitou o desafio.
Antecipamos por aqui, em outras ocasiões, as dificuldades que o marqueteiro iria encontrar pela frente. Empenho na função não tem faltado ao novo auxiliar do presidente. Segundo dizem, ele tem explorado bastante a força do rádio, principalmente em cidades estratégicas pelo país afora. De fato, o velho rádio possui um potencial de comunicação nada desprezível. Possivelmente, ao longo do anos, este meio de comunicação também deve ter sofrido os efeitos das redes sociais, mas, a rigor, continua dando o seu recado, principalmente junto a alguns estratos sociais, em tese mais próximos ao PT.
Nem tudo sai conforme o combinado. Um observador atento da cena política brasileira observou que o marqueteiro parecia bastante nervoso por ocasião da última entrevista coletiva concedida por Lula a um pool de órgãos de imprensa. No dia de ontem, por ocasião de uma entrevista, o presidente Lula foi muito infeliz em seus conselhos sobre como se defender da carestia de alguns produtos. Primeiro, porque prometeu picanha durante a campanha e não chambaril. Depois, porque é o Governo que precisa fazer a sua parte para permitir o acesso da população a itens básicos, como o café, por exemplo, que está subindo a olhos vistos. Daqui a pouco vamos precisar trocar o café pela cevada, algo impensável pelos seus eleitores, que não dispensam o cafezinho, na banca do jogo do bicho, quando estão arriscando a sorte. É aqui que mora o perigo. Veja-se o caso dos boatos sobre o Pix. Se a moça que passa o jogo disser que não tem o cafezinho porque o preço está alto isso produz um efeito inimaginável.
A tradicional ponta de agulha, conhecida nos textos de José Lins do Rego como carne do Ceará, utilizada pelos nordestinos para engordar o feijão, voltou a registrar alta nos preço. Chegou a R$ 26,00 e hoje não fica por menos de R$40,00. Fernando Haddad, numa entrevista recente, afirmou que os índices de inflação para o mês de junho podem superar os escores previstos. Comunicação não é bem o que estamos querendo afirmar, mas o que os nossos interlocutores entendem. Sabe-se lá o que se passou pela cabeça de Maria Antonieta ao recomendar os brioches, mas o fato é que a afirmação serve de chacota até hoje.
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025
Editorial: A torre de marfim dos intelectuais.
Há alguns anos, em debate com colegas, ficamos impressionados com o número expressivo de clérigos e intelectuais latino-americanos que se engajaram em projetos revolucionários pelo continente, inclusive pegando em armas. A Nicarágua, onde o presidente, forjado na luta revolucionária, hoje expulsa do país representantes da Igreja Católica, talvez seja o caso que alcançou maior visibilidade em relação a este assunto. Ernesto Cardenal, teólogo da Teologia da Libertação, chegou a exercer cargo importante no Governo Sandinista após a luta armada. Esses episódios, naturalmente, ficaram circunscritos há décadas do século passado. Ao longo dos anos, os intelectuais buscaram refúgio e proteção nos centros acadêmicos, afastando da luta real dos povos por democracia, justiça social e avanço dos direitos humanos.
Especula-se, por exemplo, que o filósofo e professor francês, Régis Debray, tenha se integrado ao projeto revolucionário que Che Guevara iniciou na Bolívia, depois do êxito da Revolução Cubana. O foco guerrilheiro, como se sabe, não foi bem-sucedido, culminando com a prisão do filósofo e o assassinato do guerrilheiro argentino\cubano. Hoje, o distanciamento dos intelectuais desse mundo real, das intervenções na luta pelo poder, da emancipação ou da conquista de melhores condições da vida para a sociedade é algo preocupante. Ontem líamos um artigo tratando deste assunto, escrito por Mário Júlio Griggi, onde fica claro porque um filósofo como Olavo de Carvalho conseguiu desmoralizar os centros acadêmicos, num trabalho muito bem concebido e articulado pela extrema direita, que incluía formação sistemática e atuação ousada nas redes sociais, onde eles hoje ganham de braçada das forças do campo progressista, sempre com a ajuda inestimável do algoritmo das big techs.
Uma boa parte do êxito da extrema direita não deve creditado ao filósofo, mas à incompetência ou omissão dos nossos acadêmicos, hoje enclausurados em suas torres de marfim, em seus rituais e saraus, produzindo conhecimentos técnicos ou científico estéreis e isentos, que não podem ser questionados, se não pelos mesmos critérios e pelos pares com lastro acadêmico mensurados pelo Lattes, num corporativismo insuportável, quando não usando o nome de Paulo Freire como escudo ético. Júlio Griggi remonta a conceitos básicos, como intelectual tradicional e intelectual orgânico (Antonio Gramsci, tão enfatizado nos cursos de ciências sociais), conhecimento técnico \científico, de conhecimento popular.
Seu embasamento para justificar a necessidade de sair da redoma são as reflexões - e, mais importante - a atuação daquele descrito por um professor da UFPE, em artigo recente, publicado num jornal local, como o último intelectual engajado: Jean-Paul Sartre. Quando observamos algumas instituições de pesquisa ou acadêmicas discutindo os seus diálogos interinstitucionais ou mesmo avaliando a produção de órgãos de fomento à pesquisa, vale a pena fazer uma questionamento básico: a quem interessa mesmo esse debate? Na outra ponta, as dificuldades de liberações de recursos para a realização de suas atividades inerentes, que dificulta o atendimento de demandas legítimas da sociedade, numa discussão que envolve a liberação de recursos públicos que estão saindo pelos ralos - pelo que se presume em termos de desvios já constatados - cumprindo outras finalidades, naturalmente, de caráter não republicano. Eis aqui um debate que realmente importa.
Editorial: A CPI da USAID.
A Agência dos Estados Unidos para Desenvolvimento Internacional, USAID, deverá ser fechada, de acordo com recomendação do Elon Musk, Secretário de Eficiência do Governo Donald Trump. Não vamos aqui suscitar mais polêmicas em torno dessa agência controversa, cuja atuação sempre esteve envolta em grandes polêmicas e isso não é de hoje. Mais recentemente, o pesquisador Mike Benz, do Departamento de Estado, fez uma afirmação sobre a atuação da agência no Brasil, algo que chamou muito a atenção, sobretudo de parlamentares de oposição ao Governo Lula3.
Mike Benz afirmou que, se não fosse pela ajuda financeira da USAID ao candidato Lula, certamente Jair Bolsonaro teria vencido as últimas eleições presidenciais. A coluna do jornalista Cláudio Humberto, no dia de hoje, 06, traz a informação que o deputado federal Gustavo Gayer estaria entrando com um requerimento de pedido de CPI sobre o assunto. O democrata Joe Biden mantinha cordiais relações com o Governo Lula. Aliás, salvo melhor juízo, Joe Biden foi o primeiro chefe de Estado a reconhecer o Governo Lula3, eleito em 2022, até mesmo como estratégia para consolidar a sua vitória.
Não se sabe nada, entretanto, sobre eventual ajuda financeira, mas as declarações de Mike Benz trouxe o assunto à tona, suscitando eventuais investigações, caso a CPI seja aprovada. O pessoal da oposição possui bons créditos sobre os novos dirigentes do Poder Legislativo, além de comandarem comissões importantes. Com boa articulação política, não é improvável que uma CPI tratando deste assunto seja aprovada.

