pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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domingo, 13 de abril de 2025

Charge! Aroeira via Facebook.

 


Editorial: Sensação de insegurança.

 



Até recentemente, o Datafolha trouxe a público uma pesquisa onde se sobressai a questão da insegurança pública como o maior problema dos brasileiros neste momento. Convergente com esses indicadores, hoje, dia 13, o jornal Folha de São Paulo traz uma matéria onde evidencia-se  o aumento da sensação de insegurança entre os brasileiro. 58% dos brasileiros, de todas as faixas de idade, homens ou mulheres, ricos ou pobres consideram que a criminalidade aumentou nos últimos 12 meses. O termo correto é percepção. Trata-se daquele momento em que o cidadão restringe suas saídas a determinados locais; não se sente mais à vontade em suas caminhadas; fica mais apreensivo quando os filhos estão nas ruas. 

É aquela percepção parecida com os aumentos dos preços nas gôndolas dos supermercados, que já se constatou também estar sendo sentida pelos brasileiros, quando o indivíduo vai substituindo determinados itens, quando isso é possível, uma vez que não dá para substituir o ovo de galinha pelo de ema. No momento, esses dois indicadores são os mais preocupantes para os governantes de turno. Sugere haver aqui um componente psicológico capaz de potenciar um problema que, de fato, já existe. Dois gargalos sobre os quais o Governo Lula 3 encontra-se completamente paralisado, impotente ou dando maus exemplos, como o descontrole das contas públicas, apontado recentemente por uma autoridade do Banco Central como determinante para o aumento dos índices inflacionários.  

Já discutimos isso por aqui, mas, por mais que ensejemos alternativas concretas para que o enfrentamento do problema da segurança pública, a PEC da Segurança Pública que o Governo tenta destravar na Câmara dos Deputados tem poucas chances de vingar. Consideramos quase impossível a construção de algum consenso mínimo entre Governo e Oposição sobre este assunto, mas, em todo caso, soube recentemente que parlamentares da Oposição estariam se mobilizando para apresentar sugestões sobre o assunto. Se não forem sugestões do tipo "Bukele", que sejam bem-vindas. 

Editorial: Entre ice creams e golpes de Estado.

Se partirmos para esmiuçar o que ocorre em grandes aglomerações de pessoas, não ficaríamos surpresos com o que possa ser encontrado. Não seria diferente com essas concentrações nas portas do quartéis, onde bolsonaristas, por quase todo o Brasil, clamaram os militares por uma intervenção militar. No caso de Brasília, há denúncias até de eventual estupro ocorrido. Estávamos há pouco lendo uma declaração de uma autoridade policial que esteve nas investigações sobre a trama golpista, onde ele afirma que, em relação ao julgamento da jovem que pichou com batom a estátua A Justiça, que fica na entrada do Supremo Tribunal Federal, não estamos tratando de uma simples maquiagem. 

De fato, não. Assim como se evidenciou até mais recentemente que o pipoqueiro o o vendedor de sorvete não estavam ali comercializando seus produtos para os presentes. Engrossavam a trupe que depredaram o patrimônio da União e apoiavam as manifestações golpistas. Matreiramente, os bolsonaristas tentam isolar esses episódios, sugerindo que o que houve em Brasília no dia 08 de janeiro deve ser creditado na conta das mobilizações públicas de pessoas que não estavam satisfeitas com o resultado das eleições. Esta narrativa tem sido alimentada por alguns setores, por razões óbvias, tentando diluir as implicações graves de uma efetiva preparação para um golpe de Estado no país, envolvendo agentes civis e militares, alguns dele de alta patente, com o apoio ostensivo de forças especiais, a exemplo dos Kids Pretos. 

Outro dia estávamos lendo uma matéria onde os setores legalistas e constitucionalistas entre os militares estavam tentando entender o porque de as tessituras golpistas terem sido tão bem-vindas nesta tropa específica. Não há dúvidas de que estamos tratando aqui de uma estufa com bastante permeabilidade autoritária. Um dos fatores diz respeito ao processo de formação desses oficiais. Talvez não seja o único, mas, certamente o desenho curricular deu sua contribuição. Num dos áudios que vazaram das conversas entre os conspiradores, há uma fala emblemática, onde um oficial se refere à democracia de forma desprezível, a ela dirigindo impropérios. Na prestação de conta com a Justiça, seus advogados tentam traçar um perfil de clientes democratas, que defendem a democracia com unhas e dentes. Deixassem eles lograrem êxitos que, a esta altura, muitas unhas e dentes estavam sendo arrancados dos defensores reais do regime democrático. A charge que ilustra este editorial é do cartunista Kleber Alves, publicada no Correio Braziliense.  

sábado, 12 de abril de 2025

Editorial: Bolsonaro é atendido pelo SUS.


Possivelmente, os primeiros cuidados médicos recebidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, logo após ele sofrer o atentado em Minas Gerais, foi numa unidade conveniada ao SUS. Somente depois é que ele foi transferido para o Sírio Libanês, em São Paulo. Até hoje se comenta que o tratamento recebido numa Santa Casa de Misericórdia foi fundamentalmente importante para salvar a sua vida, dada a gravidade dos ferimentos apresentados. No dia de ontem, 11, quando excursionava por cidades do Rio Grande do Norte, Bolsonaro passou mal e precisou ser socorrido pelo SAMU e encaminhado a um hospital, tudo mantido pelo SUS. 

Depois dos primeiros cuidados, a governadora Fátima Bezerra, disponibilizou um helicóptero da Secretaria de Segurança do Estado para transferi-lo para Natal, um hospital de maior complexidade. Tudo correu bem com o ex-presidente, ele se recupera normalmente, e chegou a ser ovacionada quando dava entrada na unidade hospitalar, em vídeo que anda viralizando nas redes sociais. Gilson Machado, ex-Ministro do Turismo em seu Governo, que acompanhou todo o procedimento de socorro ao ex-presidente, fez questão de agradecer a atenção da governadora Fátima Bezerra. A questão se encerraria por aqui, mas ocorreram várias manifestações pelas redes sociais tratando desta questão, sempre enfatizando que o ex-presidente chegou a pensar em extinguir o SUS quando na Presidência da República. 

Isso realmente chegou a ser pensado, infelizmente. Apesar dos problemas, nós temos o melhor sistema de saúde pública do mundo. Temos enfatizado por aqui que, se o Governo Lula deseja realmente melhorar seus índices de aprovação precisa de enfrentar três graves problemas: A ameaça inflacionária, em parte como reflexo dessa gastança desenfreada; destravar programas e políticas públicas efetivas de enfrentamento da violência e, se ele conseguisse zerar as filas do SUS, como já propôs Alexandre Padilha, que hoje comanda a pasta, seria a cereja do bolo para 2026. Infelizmente, alguns ideólogos do partido consideram que programas de créditos populistas e isenções seriam suficientes para liquidar a fatura da ausência de popularidade do gestor.  

Charge! Kleber Sales via Correio Braziliense.

 


Editorial: Oposição já obteve as assinaturas suficientes para a urgência do PL da anistia.



No dia de ontem, 11, o deputado Sóstenes Cavalcante, líder do PL na Câmara dos Deputados, comemorava o fato de ter obtido as assinaturas suficientes para a apreciação, em caráter de urgência, do PL da Anistia. 258 assinaturas, entre as quais pelo menos 100 delas de parlamentares da base aliado do Governo Lula 3. Sabe-se de antemão que esta base é bastante amorfa e inconsistente, mas, mesmo assim, os números surpreenderam integrantes do Governo. Por enquanto, o Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, foi salvo pelo gongo de uma viagem e o feriadão da Semana Santa que se aproxima. 

Segundo matéria da Folha de São Paulo do dia de hoje, 12, Hugo Mota estaria costurando um consenso mínimo sobre o assunto, envolvendo os Três Poderes da República. São curiosas essas coisas da política. Em um dos casos, percebe-se aqui um blefe, na medida em que os atores jogam as suas cartas. Sóstenes e a Oposição asseguram que houve o compromisso de pautar o PL da Anistia. Atores relevantes do Governo, por outro lado, asseguram ter a certeza de que o PL não seria pautado. Esse PL trata-se de um momento crucial para o jovem presidente da instituição demonstrar toda a habilidade política que o conduziu ao cargo.

Não há dúvidas de que houve compromissos assumidos com a Oposição, tendo como negociações este PL da Anistia, que se tornou a grande bandeira oposicionista. Alguns atores deste campo político já teriam chutado o pau da barraca nas concentrações de massa, dirigindo impropérios ao Presidente da Câmara dos Deputados, no que foram imediatamente corrigidos, optando-se pela via a negociação diplomática. Alguém já andou até sugerindo mudança no PL, algo que pudesse ser mais palatável pelo Executivo e pelo Poder Judiciário. Nossa previsão é que o PL acabe mesmo sendo pautado, aprovado e o ônus da reversão caberá ao STF, que já informou que se trata de uma proposta inconstitucional. Mesmo atuando como para-choque, evitando, assim, o acirramento de ânimos entre os Três Poderes, Hugo Motta não teria condições de barrar o projeto. 

sexta-feira, 11 de abril de 2025

Editorial: O PT rachou.



Até recentemente, o ex-ministro José Dirceu, que ensaia sua volta à política - outro dia ele mesmo corrigiu a imprensa, informando que nunca havia saído - advertiu para uma possibilidade de um racha profundo no PT, em meio à turbulência produzida em torno da eleição de um novo dirigente para a agremiação política a partir de junho, quando teremos novas eleições para a escolha do presidente nacional da legenda. Noutros tempos, lideranças como José Dirceu e Lula possuíam o capital político suficiente para apagar o incêndio entre as diversas tendências do partido, evitando que as divergências internas pudessem produzir danos irreparáveis. 

Pelo andar da carruagem política, hoje, sugere-se que esta variável fugiu ao controle dos principais caciques da legenda. Há pouco tempo, o deputado federal por São Paulo, Rui Falcão, lançou uma carta à militância, apresentando-se como candidato, com uma plataforma, digamos assim, raiz, capaz de embalar a militância em torno de velhas teses. O candidato de Lula, Edinho Silva, sofre uma tremenda resistência de setores influentes do partido, curiosamente ligados ao próprio Lula, ou seja, de membros da corrente hegemônica, a Construindo um Novo Brasil. A resistência a Edinho Silva, há muito tempo deixou de ser uma questão apenas "regional", ou seja, pelo fato de ele ser paulista. 

A atual Ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann manteve uma conversa com Lula sobre o assunto. Para desespero do senador pernambucano, Humberto Costa, que dirige interinamente a legenda até as próximas eleições, agora começa uma espécie de lavagem de roupa suja relacionadas aos envolvidos na disputa, com acusações de parte a parte. Hoje ficamos sabendo do lançamento de mais uma candidatura, a do atual prefeito de Maricá, Washington Quaquá, que já entra na briga informando que Edinho Silva não sabe o que é povo. 

Editorial: A absolvição de Jair Bolsonaro.


Os arranjos políticos hoje são determinantes para o resultado de qualquer embate na capital federal. Os leitores vão dizer: E quando não foi assim? É verdade, mas hoje sugere-se alguns componentes sutilíssimos que se sobrepõem aos mais nítidos dispositivos técnicos e até jurídicos. Os arranjos tornaram-se tão complexos que, em determinados momentos, diante dos aperreios, não raro, o Executivo vem recorrendo ao Poder Judiciário, dada as sucessivas surras sofridas nos embates no Legislativo, onde a correlação de forças e majoritariamente favorável à Oposição. Um exemplo emblemático é a questão do PL da Anistia que, sob pressão forte, poderá obter o número de assinaturas necessárias, contingenciando o Presidente da Câmaras, Hugo Motta, a pautá-lo. 

Alguém sugeriu que, para não se expor demasiadamente, ele poderá arranjar uma viagem, entregando a batata quente ao seu vice. Hoje começaram a circular informações sobre uma eventual absolvição do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal, algo dado antes como irreversível. Um dos advogados de um dos integrantes desse núcleo duro da trama do golpe chegou a usar a expressão: "estamos lascados.  Até mesmo um integrante da Suprema Corte, durante uma entrevista recente, andou aventando tal possibilidade. Tecnicamente, a possibilidade existe e os "consensos" mínimos em relação ao julgamento dos participantes da tentativa de golpe de 08 de janeiro, assim como em relação às penas aplicadas,  começa a ficar diluída na Corte. 

O Ministro André Mendonça, por exemplo, recentemente votou pela absolvição de uma dezena de réus envolvidos naqueles episódios. A possibilidade de absolvição deixou Jair Bolsonaro animado, mas, sobre aquilo que ele tanto almeja, que é uma nova candidatura presidencial em 2026, esta ele pode ir descartando. O sistema político não comporta. A "quarentena" até 2030 é praticamente irreversível. 

quinta-feira, 10 de abril de 2025

Editorial: Por que Lyra e Bolsonaro estão se reaproximando?


Nos últimos meses, diante da fragilidade da frente jurídica, o ex-presidente Bolsonaro passou a investir todas as suas fichas na esfera política. Retraído até mesmo quando exercia o cargo de presidente da República, Bolsonaro tem intensificado o corpo a corpo, conversando com parlamentares, lideranças partidárias e participando de campanhas de mobilização por projeto como o da anistia aos envolvidos na tentativa de golpe de 08 de janeiro. Neste contexto, não estranha uma notícia que passou a ganhar repercussão - sabe-la porque - acerca de uma reaproximação do ex-presidente com o ex-Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. O termo reaproximação aqui pode ser traduzido como estreitando os contatos, uma vez que eles nunca estiveram rompidos.  

Lira tem um perfil essencialmente pragmático e as suas bases políticas estão hoje concentradas na terra dos marechais, onde disputa voto a voto o controle político daquela região com o grupo do senador Renan Calheiros. Segundo comenta-se, Lira pretende candidatar-se ao Senado Federal pelo estado. O prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, é filiado ao PL e um entusiasmado seguidor do presidente Jair Bolsonaro. Agora, deixando os entrementes e partindo para os finalmentes, mesmo em condições adversas, um eventual apoio de Bolsonaro ao projeto de Lira continua importante, até mesmo pelo contraponto, uma vez que o grupo de Calheiros sempre esteve ao lado de Lula. 

Por outro lado, o PP, partido sobre o qual Lira tem ascendência tem dado um apoio inestimável ao projeto de anistia que os bolsonaristas desejam ver aprovado. A espertise de Lira, neste momento de intensas articulações, certamente pode ser importante para destravar o projeto, que se encontra sob uma intensa queda de braços entre os Três Poderes da República. 

Charge! Kleber Sales via Correio Braziliense.

 


Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo.

 


Editorial: Glauber fica.



O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, por 13 votos a 5, recomendou a cassação do deputado federal do PSOL, Glauber Braga. Ainda há outras tramitações pela frente, como um recurso junto à Comissão de Constituição de Justiça e a votação em plenário. Neste momento, o deputado entrou em greve de fome como forma de protestar contra o ocorrido. No dia de ontem, 9, foi a vez do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, apresentar-se à Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados. Infelizmente, não tivemos a oportunidade de acompanhar os debates, mas todos os indicadores apontam para as dificuldades de aprovação da PEC da Segurança Pública, em razão do grau de discordâncias entre Governo e Oposição sobre o assunto. Hugo Motta até sugeriu que daria uma força, mas, possivelmente não será suficiente.

Não há consenso mínimo possível por aqui e isso vai se arrastar até às eleições presidenciais de 2026, quando a oposição irá explorar essa vulnerabilidade do Governo Lula 3 em enfrentar o problema nas urnas. Estamos tratando aqui de óleo e água, duas substâncias que não se misturam. Segundo as pesquisas tem apontado, a segurança pública tornou-se o maior problema do país e, como já afirmamos antes, temos muitos candidatos a Nayib Bukele por aqui. A agenda do Governo Lula acerca desta questão é incongruente com o que a Oposição, principalmente a Bancada da Bala, pensa sobre o assunto. Soma-se a isso os entes federados governados pela Oposição, que já tomam iniciativas em conjunto para combater principalmente o crime organizado, ampliando este hiato.  

É neste contexto de profundo acirramento de ânimos que transcorreu a analise do pedido de cassação do mandato do deputado Glauber Braga, um dos parlamentares mais combativos da Câmara dos Deputados. O sistema, mesmo os podres, tem os seus limites e Glauber parece que cruzou essa linha ao apontar os graves equívocos de alguns pares. Glauber se conhece bem e já disse que não irá se curvar. Mas é preciso conhecer também o potencial dos seus inimigos. Talvez seus parâmetros não tenham sido bem calibrados por aqui, conforme aconselhava Sun Tzu. 

Derrotas são previsíveis em situações assim. A Folha sugere que houve manobra regimental até do atual Presidente da Câmara, Hugo Motta, em desfavor do deputado Glauber. No dia ontem, parlamentares bolsonaristas estavam em estado de graça, comemorando a vitória no Conselho de Ética, que já vetou a cassação do deputado Chiquinho Brazão. Pelo andar da carruagem política, não seria improvável, infelizmente, a perda do mandato de um dos parlamentares mais atuante, altivo, íntegro, que honra cada voto recebido dos seus eleitores. Uma pena. Uma desonra para as nossas instituições. 

quarta-feira, 9 de abril de 2025

Charge! Renato Aroeira via Facebook.

 


Charge! Kleber Sales via Correio Braziliense.

 


Editorial: As boas dívidas de Fernando Haddad.


O jornal Folha de São Paulo, no dia de hoje, 09, deixando de lado as matérias sobre a corrupção, que voltou com toda força - onde até ministros de Estado estão perdendo a cabeça - traz duas outras notícias que merecem um aprofundamento. Numa delas, Márcia Lima, Secretária do Ministério da Igualdade Racial, comandado por Anielle Franco, pede demissão do cargo alegando problemas na comunicação do Governo Lula 3.  Márcia Lima alega a ausência de integração ou unificação das ações dos órgãos do governo neste sentido, tudo o que o novo Ministro da SECOM, Sidônio Palmeira está tentando implementar. Esforços ainda insuficientes? Resultados insatisfatórios até o momento? Equívocos na adoção de estratégias para enfrentar o problema? Precipitação da gestora? 

Num outro momento, Fernando Haddad fala sobre a desonestidade intelectual dos críticos do governo, uma vez que as contas públicas estão sendo colocadas em ordem. Aqui vamos fazer um reconhecimento a um integrante do Governo Lula 3 que, de fato, mostra-se preocupado com este problema, embora enfrente resistências dentro do próprio governo. Mas, o mais interessante são os seus conselhos sobre as chamadas dívidas boas, sugerindo que os indivíduos devem deixar ou trocar as dívidas ruins pelas dívidas boas. O que são dívidas boas na realidade, meus caros leitores endividados? As dívidas "boas", na realidade, talvez devesse ter outro nome, uma vez são dívidas contraídas não com propósito de adquirir bens de consumo ou coisa que o valha, dando vazão ao impulso consumista. Dívidas boas não são, necessariamente, aquelas contraídas com juros menores, conforme parece insinuar o ministro ao aconselhar os empréstimos consignados, talvez no bojo a abertura dessa linha de crédito para a iniciativa privada.   

Dívidas boas são aquelas contraídas com o propósito de fazer algum investimento, abrir um negócio, empreender um novo projeto, com a finalidade de ampliar o capital pessoal. Trocar um empréstimo normal na rede bancária ou através do expediente de pedir a um amigo, por um empréstimo consignado, se não houver uma finalidade mais consistente, continua sendo uma dívida ruim. Vou fazer uma confissão aqui para vocês: Quem escuta o áudio do Fernando Haddad falando sobre o assunto fica um pouco preocupado.  Em certos momentos, mesmo que indiretamente, ele faz referência aos procedimentos de dívidas contraídas com agiotas. Como diz o cancioneiro, este papo seu tá qualquer coisa. Pareceu que ele estava falando para uma plateia de endividados, com a corda no pescoço. 

Charge! Pedro Vinício via Folha de São Paulo.

 


terça-feira, 8 de abril de 2025

Charge! Kleber Sales via Correio Braziliense.

 


Editorial: PGR apresenta denúncia contra o Ministro das Comunicações, Juscelino Filho.



A Procuradoria-Geral da República considerou consistentes as investigações procedidas pela Polícia Federal e apresentou denúncia junto ao Supremo Tribunal Federal contra o Ministro das Comunicações, Juscelino Filho, por supostas irregularidades cometidas com emendas parlamentares, num período em que Juscelino ainda não ocupava a pasta da Comunicação do Governo Lula 3. Estamos aqui diante de uma situação complicada, uma vez que ele pode se tornar réu, depois da denúncia apreciada pela Suprema Corte. Segundo os escaninhos da política, o presidente Lula, numa conversa mantida com o auxiliar, assim que estourou o escândalo, teria advertido que, uma vez as denúncias acatadas pela PGR, ele seria demitido do cargo que ocupa. 

Juscelino integra os quadros do União Brasil e é de uma ala da legenda que defende que o partido acompanhe o projeto de um quarto mandato para o presidente Lula. É uma postura natural daqueles que já estão ocupando cargos na máquina. Outro dia estávamos tratando por aqui sobre uma espécie de generalização dessa prática de exigir propinas para a concessão dessas emendas parlamentares. Há situações grotescas, produzindo graves problemas para o país, como a retenção de emendas destinadas às universidade públicas por se encontrarem no cipoal dessas emendas bichadas. 

No caso de Juscelino, ao que se sabe, trata-se de suposto favorecimento de obras numa cidade do Maranhão, administrada por sua irmã, cujos recursos teriam asfaltado estradas que beneficiariam propriedades da família. Ao menos, é isso o que se sabe. Lula não terá como deixar de tomar alguma medida em relação a este fato, conforme prometera, uma vez que sustentou o desgaste de imagem até a entrega da denúncia pela PGR. 

P.S.: Ainda hoje, 08, o União Brasil divulgou uma nota em defesa do ministro Juscelino Filho. Logo mais, o ministro apresentou a sua carta de demissão do cargo.   

Editorial: Revoada do ninho tucano em Pernambuco.

Crédito: Divulgação PSD. 


O cenário político pernambucano, nos últimos dias, tem sido marcado por uma espécie de convulsão política, caracterizada por disputas partidárias que têm como horizonte os arranjos das eleições de 2026, hoje indicando uma polarização entre a atual governadora, Raquel Lyra(PSD), e, do outro lado, o jovem prefeito João Campos, do PSB, cuja candidatura ao Palácio do Campo das Princesas já não depende hoje apenas de sua vontade. É interessante essa questão da polarização política, alimentada sistematicamente pela mídia. A eleição de 2026 sugere-se que já está definida entre esses dois atores, não havendo espaço para nenhum outro postulante, sequer na condição de azarão. 

O mesmo fenômeno que ocorre com Lula no plano nacional, pilotando um governo com inúmeros percalços, mas resiliente eleitoralmente, sendo capaz de liderar todas as pesquisas até este momento como candidato a um novo mandato em 2026. Aqui em Pernambuco, a campanha de 2026 já está nas ruas, produzindo cenas desagradáveis, como as protagonizadas por alguns atores no sentido de manter a máquina dos partidos políticos sob o seu controle. Tivemos problemas com o PL, o União Brasil, com o MDB e, mais recentemente, com o PSDB, que praticamente decretou uma intervenção no diretório regional, entregando a legenda ao deputado estadual Álvaro Porto, presidente da Assembleia Legislativa do Estado. 

A manobra culminou com uma revoada de tucanos, ou seja, uma desfiliação em massa de prefeitos eleitos pela legenda em 2024, que agora estão pousando no PSD, de Gilberto Kassab, que fez questão de estar presente à cerimônia de filiação. Pelos cálculos da governadora, o PSD se torna o maior partido do estado, afiando as garras para as eleições vindouras. Kassab teve a preocupação de fazer o partido crescer sensivelmente na última eleição municipal, principalmente nos maiores colégios eleitorais do país, como Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Nem ele, que acompanha o desempenho do partido com uma lupa - seria capaz de dizer como o partido se saiu em Quebrangulo, por exemplo -  poderia antever a migração de tantos tucanos para a sua legenda no estado.  

Política tem algumas coisas curiosas. Pensou-se, em determinado momento,  na possibilidade de uma fusão entre os tucanos e o PSD, no plano nacional. Os arranjos não deram certo exatamente por questões regionais, mais precisamente consoante os interesses do deputado federal Aécio Neves, que não se sentiria confortável com a fusão nas Alterosas. Na prática, foi o que ocorreu aqui em Pernambuco. Vale aqui uma indagação: O que restou do PSDB pernambucano depois dessa revoada expressiva de prefeitos municipais? 

Charge! Renato Aroeira via Facebook.

 


Editorial: 52% dos brasileiros querem Bolsonaro preso.



Pelo andar da carruagem política e jurídica a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro não é nada alvissareira neste momento. Ele já chegou a externar a preocupação de que gente do seu próprio entorno pode desejar sua prisão neste momento, talvez com o propósito de ocupar o vácuo político deixado por ele. Apesar de reunir sete governadores e 55 mil pessoas  na Paulista no último domingo, as movimentações no sentido de pautar o projeto de anistia esbarra em forte resistência neste momento. Hugo Motta tornou-se mais ponderado em relação ao assunto. O cabo de guerra do outro lado parece ser mais resiliente e tem resistido às pressões.

A Folha de São Paulo de hoje, dia 08, traz uma pesquisa que aponta que 52% dos brasileiros desejam a prisão do ex-presidente. Escores semelhantes de pessoas que são contra o projeto de anistia, o que indica aqui uma coerência desses números. Pessoalmente, o ex-presidente ainda não aquiesceu que uma candidatura presidencial em 2026 torna-se cada vez mais improvável. Alguns observadores de sua fala no último encontro bolsonarista da Paulista observaram  que ele pautou-se muito mais em torno de um discurso de candidato do que propriamente uma defesa do projeto de anistia. 

Outro dado interessante a ser abstraído dessa pesquisa é a intermitente polarização do nosso espectro político, cindido ao meio. Isso explica, inclusive, porque, envolto em tantas dificuldades neste terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece como favorito para as eleições de 2026, em condições de enfrentar todos os demais postulantes, principalmente do campo de direita ou extrema direita. Aliás, Lula hegemoniza o campo de esquerda ou progressista. Do outro lado, o mais "moldado" neste momento é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, mas todos ainda aguardam uma sinalização do capitão, que já disse que só fará isso depois de morto.    

Charge! Benett via Folha de São Paulo.

 


segunda-feira, 7 de abril de 2025

Editorial: Líderes na Câmara não veem clima para a anistia.



Esta é uma das manchetes do jornal Folha de São Paulo, em sua edição de hoje, dia 07, pouco depois de uma intensa mobilização dos bolsonaristas na Avenida Paulista, onde a pauta se concentrou num pedido de anistia aos envolvidos na tentativa de golpe do 08 de janeiro. É curioso como o clima tem arrefecido em torno do assunto, a despeito do empenho da oposição. Hugo Motta, o Presidente da Câmara dos Deputados, já havia recomendado que os líderes não assinassem o requerimento. Pelo andar da carruagem política, a recomendação parece que está sendo acatada. Um dos principais expoentes do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias, acredita que a pressão tem contribuído, na realidade, para ampliar as reticências de Hugo Motta em torno do assunto. De fato, houve momentos até de indelicadezas proferidas contra Motta na Paulista. 

De fato, o cabo de guerra que se formou entre Governo, STF e Oposição em torno deste assunto é de resultado pouco favorável aos bolsonaristas, como já afirmamos por aqui em outras ocasiões. Estima-se que os bolsonaristas tenham reunido algo em torno de 55 mil pessoas na Paulista. Em Copacabana, algo em torno de 18 mil, embora haja controvérsias em torno desses números. Independentemente dessas controvérsias, não há, efetivamente - pelo menos por enquanto - mobilizações da sociedade em torno da aprovação do projeto de anistia. Claro que isso passa, necessariamente, por convocações como essas que estão sendo organizadas pelo bolsonarismo. Mas é cedo para afirmar que elas se ampliem daqui para frente. 

Institucionalmente, a oposição pretende adotar expedientes que possam levar Hugo Motta a pautar o projeto de anistia, independentemente das objeções em contrário. Nossa conclusão é que Hugo Motta vai acabar cedendo, cabendo ao STF a palavra final sobre o assunto, ampliando as zonas de atrito entre os Três Poderes da República. Mesmo sob pressão, há aqueles que acreditam que Hugo Motta poderá resistir, depois de dimensionar o tamanho da encrenca que uma aprovação desse projeto poderia produzir.  

Charge! Kleber Sales via Correio Braziliense.

 


Editorial: O simbolismo da camisa azul do Tarcísio de Freitas.


O país vive hoje, segunda-feira, dia 07, ainda sob os reflexos da mobilização organizada pelos bolsonaristas na Paulista. Segundo cálculos da USP - inapelavelmente rejeitados pelos bolsonaristas - estima-se um público da ordem de 50 mil pessoas. Não é um público pequeno, mas, em passado recente, os bolsonaristas já foram capazes de reunir muito mais pessoas. Tivemos alguns discursos inflamados, como foi o caso do discurso do deputado Nikolas Ferreira e do pastor Silas Malafaia. Alguns oradores, de fato, pautaram as suas falas em torno do tema da anistia, embora modulando as ponderações em torno do assunto. Os discursos mais inflamados, atingiram em cheio o atual presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, que hoje se mostra menos entusiasmado em torno do tema. 

Oito governadores de estado estiveram presentes ao encontro. Cláudio Castro, do Rio, em virtude dos problemas de calamidade pública provocados pelas fortes chuvas em algumas cidades cariocas, não compareceu ao evento. Matéria publicada no site Brasil 247 informa que, diante da previsibilidade de alguns oradores, o STF ficou atento ao discurso do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, um nome que está sendo trabalhado pelas hostes conservadores como alternativa real ao pleito presidencial de 2026. Conhecedor de suas responsabilidades institucionais, inclusive, o governador procura, neste momento, ampliar o seu diálogo com o Supremo Tribunal Federal. 

Na realidade, o que está ocorrendo é que o sistema está aferindo a temperatura e exigindo alguns exames básicos do Republicano. Apesar de insistir na candidatura em seu discurso, sabe-se que o ex-presidente Bolsonaro não tem chances de habilitar-se ao pleito em 2026. No encontro anterior, em Copacabana, até mesmo a camisa azul usada pelo governador mereceu a análise de um jornalista do Estadão. Talvez, quem sabe, ele desejasse comunicar que é de direita, mas não encampa algumas teses do bolsonarismo mais radical. Detalhe: Ele usou a mesma camisa na Paulista.  

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo.

 


domingo, 6 de abril de 2025

Editorial: Nova fase da operação overclean visa apadrinhados do "Rei do Lixo".



A Polícia Federal e a CGU realizam em conjunto uma operação contra fraudes, que, em princípio, já pode ser comparada às dimensões da Operação Lava Jato, aquela que é considerada a maior operação contra desvios de recursos públicos do planeta. Já entraram na quarta fase da operação, com o cumprimento de mandados em quatro estados da federação e sugere-se que estamos apenas na ponta do iceberg. O principal mentor da operação de fraudes envolvendo recursos públicos é um empresário baiano, conhecido como o Rei do Lixo, uma vez que suas empresas prestam serviços de limpeza, com contratos celebrados com órgãos públicos em todo o país. 

Esta quarta fase envolve os operadores, ou seja, os apadrinhados colocados em cargos estratégicos, com a finalidade de azeitar a burocracia, ou seja, pegar as assinaturas necessárias para a liberação dos recursos empenhados. Essa prática é relativamente comum, daí se explicar que determinados atores atuem durante tanto tempo na máquina pública, exercendo cargos comissionados, em gestões aparentemente tão distintas. É que eles sabem as senhas e onde está o azeite na cozinha, inclusive conhecendo a parte que  cabe a cada um neste latifúndio de roubalheira. Um caso curioso neste particular é que um apadrinhado do Rei do Lixo chegou a exercer o mesmo cargo na Bahia e em Belo Horizonte, ou seja, o cara foi indicado para a função em razão dessas competências

Outro dado que não surpreende mais, por outro lado, é o fato cada vez mais preocupantemente recorrente dos desvios de emendas parlamentares. Estão se tornando rotineiras as denúncias de cobrança de propinas pela liberação, ou seja, parlamentares ficando com um percentual em cima do montante da liberação dessas emendas. Justifica-se que algumas delas, destinadas às universidades públicas, estejam sendo "retidas" no Supremo Tribunal Federal, por determinação do Ministro Flávio Dino.  

Charge! Kleber Sales via Correio Braziliense.

 


Editorial: Lula venceria Bolsonaro caso as eleições fossem hoje.



O presidente Lula tem aparecido mais feliz aqui pelo blog. Geralmente, quando as matérias tratam das dificuldades que o Governo enfrenta, costumamos apresentá-lo meditativo, apreensivo, preocupado com alguma coisa. Em duas semanas, no entanto, as notícias em relação à sua popularidade e as perspectivas para as eleições de 2026 melhoraram. Sua esposa, Rosângela da Silva, teria confidenciado durante um programa televisivo que, se a saúde permitir, ele será mesmo candidato às eleições presidenciais de 2026. Os analistas se perguntam porque, diante de tantos percalços de popularidade, o presidente Lula mantém a resiliência eleitoral? 

A resposta é aparentemente simples. A centrífuga da polarização continua moendo. Mesmo diante de uma inelegibilidade praticamente irreversível, setores da direita continuam trabalhando o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro como eventual candidato, reforçando essa polarização. Na outra margem do rio, não há alternativas a Lula no escopo do campo progressista de centro-esquerda. Em entrevista recente, o mago das pesquisas, o cientista político pernambucano, Antônio Lavareda, afirmou que Sidônio Palmeira tem motivos para soltar fogos, depois da última Datafolha que assinalou uma oscilação positiva de cinco pontos na avaliação de Lula.  

Embora o jornal seja reticente em relação a um grande otimismo do Palácio do Planalto em relação ao assunto, recomendando cautela e o aguardo de novas pesquisas indicando alguma tendência efetiva de recuperação da popularidade, Lavareda sugere que a sangria pode ter estancado. As eleições presidenciais de 2022, vencida por Lula, foram caracterizadas por essa polarização, onde a ameaça às nossas instituições democráticas - representada pela extrema direita - foram sempre invocadas pelos setores populares e progressistas representado por Lula. Tornou-se uma eleição plebiscitária. Ainda persistem os reflexos disso, daí se entender essa resiliência do presidente Lula nas pesquisas de intenção de voto, mesmo diante das dificuldades do Governo.  A estratégia de comunicação da SECOM, sob o comando de Sidônio Palmeira, também reforça essa narrativa, ao voltar a bater na tese de terra arrasada encontrada, como foi posto no último encontro. Trata-se de uma narrativa bastante surrada, mas, sabe-se lá como funciona essas coisas de gatilhos na cabeça do eleitorado. 

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo.